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06/04/2012

Leitura Espiritual para 06 Abr 2012


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Lc 19, 28-48

28 Dito isto, ia Jesus adiante, subindo para Jerusalém. 29 Aconteceu que, quando chegou perto de Betfagé e de Betânia junto do monte chamado das Oliveiras, enviou dois dos Seus discípulos, 30 dizendo-lhes: «Ide a essa aldeia que está em frente e, entrando nela, encontrareis um jumentinho atado em que nunca montou pessoa alguma; soltai-o e trazei-o. 31 Se alguém vos perguntar porque o soltais, dir-lhe-eis: Porque o Senhor tem necessidade dele». 32 Partiram, pois, os que tinham sido enviados e encontraram tudo como o Senhor lhes dissera. 33 Quando desprendiam o jumentinho, disseram-lhes os seus donos: «Porque soltais esse jumentinho?». 34 Eles responderam: «Porque o Senhor tem necessidade dele». 35 Levaram-no a Jesus. E, lançando sobre o jumentinho os seus mantos, fizeram-n'O montar em cima. 36 À Sua passagem, as multidões estendiam os seus mantos no caminho. 37 Quando já ia chegando à descida do monte das Oliveiras, toda a multidão dos Seus discípulos começou alegremente a louvar a Deus em altas vozes por todas as maravilhas que tinham visto, 38 dizendo: “Bendito o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!”». 39 Então alguns dos fariseus que se achavam entre o povo, disseram-Lhe: «Mestre, repreende os Teus discípulos». 40 Mas Ele respondeu-lhes: «Digo-vos que, se eles se calarem, gritarão as pedras». 41 Quando chegou perto, ao ver a cidade, chorou sobre ela, dizendo: 42 «Se ao menos neste dia que te é dado, tu também conhecesses o que te pode trazer a paz!... Mas agora isto está encoberto aos teus olhos. 43 Porque virão para ti dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, te sitiarão, te apertarão por todos os lados,44 te deitarão por terra a ti e aos teus filhos que estão dentro de ti, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não conheceste o tempo em que foste visitada». 45 Tendo entrado no templo, começou a expulsar os vendedores, 46 dizendo-lhes: «Está escrito: “A Minha casa é casa de oração; e vós fizestes dela um covil de ladrões”». 47 Todos os dias ensinava no templo. Mas os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os chefes do povo procuravam perdê-l'O; 48 porém, não sabiam como proceder, porque todo o povo estava suspenso quando O ouvia.

CARTA APOSTÓLICA
MULIERIS DIGNITATEM
DO SUMO PONTÍFICE
JOÃO PAULO II
SOBRE A DIGNIDADE
E A VOCAÇÃO DA MULHER
POR OCASIÃO DO ANO MARIANO
/…8

A “novidade” evangélica

24. O texto dirige-se aos esposos como homens e mulheres concretos, e recorda-lhes o “ethos” do amor esponsal que remonta à instituição divina do matrimónio desde o “princípio”. A verdade desta instituição corresponde a exortação: “Maridos, amai as vossas mulheres”, amai-as em virtude do vínculo especial e único, pelo qual o homem e a mulher, no matrimónio, se tornam “uma só carne” (Gén 2, 24; Ef 5, 31). Existe neste amor uma afirmação fundamental da mulher como pessoa, uma afirmação graças à qual a personalidade feminina pode desenvolver-se plenamente e enriquecer-se. É precisamente assim que age Cristo como esposo da Igreja, desejando que ela seja “resplandecente de glória, sem mancha, nem ruga” (Ef 5, 27). Pode-se dizer que aqui esteja plenamente assumido aquilo que constitui o “estilo” de Cristo no trato da mulher. O marido deveria fazer seus os elementos deste estilo em relação à sua esposa; e, analogamente, deveria fazer o homem a respeito da mulher, em todas as situações. Assim, os dois, homem e mulher, actuam o “dom sincero de si mesmos”!

O autor da Carta aos Efésios não vê contradição alguma entre uma exortação formulada dessa maneira e a constatação de que “as mulheres sejam submissas aos maridos como ao Senhor, porque o marido é a cabeça da mulher” (5, 22-23). O autor sabe que esta impostação, tão profundamente arraigada nos costumes e na tradição religiosa do tempo, deve ser entendida e actuada de um modo novo: como uma “submissão recíproca no temor de Cristo” (cf. Ef 5, 21); tanto mais que o marido é dito “cabeça” da mulher como Cristo é cabeça da Igreja; e ele o é para se entregar “a si mesmo por ela” (Ef 5, 25) e se entregar a si mesmo por ela é dar até a própria vida. Mas, enquanto na relação Cristo-Igreja a submissão é só da parte da Igreja, na relação marido-mulher a “submissão” não é unilateral, mas recíproca!

Em relação ao “antigo” isto é evidentemente algo “novo”: é a novidade evangélica. Encontramos várias passagens em que os escritos apostólicos exprimem esta novidade, embora nelas se faça ouvir também aquilo que é “antigo”, aquilo que ainda está arraigado na tradição religiosa de Israel, no seu modo de compreender e de explicar os textos sagrados como, por exemplo, a passagem de Génesis (c. 2).

As Cartas apostólicas são dirigidas a pessoas que vivem num ambiente que tem o mesmo modo de pensar e de agir. A “novidade” de Cristo é um facto: ela constitui o conteúdo inequívoco da mensagem evangélica e é fruto da redenção. Ao mesmo tempo, porém, a consciência de que no matrimónio existe a recíproca “submissão dos cônjuges no temor de Cristo”, e não só a da mulher ao marido, deve abrir caminho nos corações e nas consciências, no comportamento e nos costumes. Este é um apelo que não cessa de urgir, desde então, as gerações que se sucedem, um apelo que os homens devem acolher sempre de novo. O apóstolo escreveu não só: “Em Cristo Jesus... não há homem nem mulher”, mas também: “não há escravo nem livre”. E, contudo, quantas gerações tiveram que passar, até que esse princípio se realizasse na história da humanidade com a abolição do instituto da escravidão! E que dizer de tantas formas de escravidão, às quais estão sujeitos homens e povos, que ainda não desapareceram da cena da história?

O desafio, porém, do “ethos” da redenção é claro e definitivo. Todas as razões a favor da “submissão” da mulher ao homem no matrimónio devem ser interpretadas no sentido de uma “submissão recíproca” de ambos “no temor de Cristo”. A medida do verdadeiro amor esponsal encontra a sua fonte mais profunda em Cristo, que é o Esposo da Igreja, sua Esposa.

A dimensão simbólica do “grande mistério”

25. No texto da Carta aos Efésios encontramos uma segunda dimensão da analogia que, no seu conjunto, deve servir à revelação do “grande mistério”: a dimensão simbólica. Se o amor de Deus para com o homem, para com o povo escolhido, Israel, é apresentado pelos profetas como o amor do esposo pela esposa, tal analogia exprime a qualidade “esponsal” e o carácter divino e não humano do amor de Deus: “O teu esposo é o teu Criador... que se chama Deus de toda a terra” (Is 54, 5). O mesmo se diga também do amor esponsal de Cristo redentor: «Com efeito, Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho unigénito» (Jo 3, 16). Trata-se, portanto, do amor de Deus expresso mediante a redenção, operada por Cristo. Segundo a Carta paulina, este amor é “semelhante” ao amor esponsal dos cônjuges humanos, mas naturalmente não é “igual”. A analogia, com efeito, implica conjuntamente uma semelhança e uma margem adequada de não-semelhança.

É fácil observá-lo, se tomarmos em consideração a figura da “esposa”. Segundo a Carta aos Efésios, a esposa é a Igreja, tal como para os profetas a esposa era Israel: portanto, é um sujeito coletivo, e não uma pessoa singular. Este sujeito colectivo é o Povo de Deus, ou seja, uma comunidade composta de muitas pessoas, tanto homens como mulheres. “Cristo amou a Igreja” precisamente como comunidade, como Povo de Deus e, ao mesmo tempo, nesta Igreja, que na mesma passagem é chamada também seu “corpo” (cf. Ef 5, 23), ele amou cada pessoa singularmente. De facto, Cristo remiu todos, sem excepção, todos os homens e todas as mulheres. Na redenção exprime-se justamente este amor de Deus e realiza-se, na história do homem e do mundo, o carácter esponsal desse amor.

Cristo entrou na história e permanece nela como o Esposo que “se entregou a si mesmo”. “Entregar-se” significa “tornar-se um dom sincero”, da maneira mais completa e radical: “Ninguém tem maior amor do que este” (Jo 15, 13). Nesta concepção, por meio da Igreja, todos os seres humanos — tanto homens como mulheres — são chamados a ser a “Esposa” de Cristo, redentor do mundo. Assim, “ser esposa”, portanto o “feminino”, torna-se símbolo de todo o “humano”, segundo as palavras de Paulo: “não há homem nem mulher: todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gál 3, 28).

Do ponto de vista linguístico, pode-se dizer que a analogia do amor esponsal segundo a Carta aos Efésios reporta o que é “masculino” ao que é “feminino”, dado que, como membros da Igreja, também os homens estão compreendidos no conceito de “Esposa”. E isto não pode causar admiração, pois o apóstolo, para exprimir a sua missão em Cristo e na Igreja, fala de “filhinhos por quem eu sofro as dores de parto” (cf. Gál 4, 19). No âmbito daquilo que é “humano”, daquilo que é humanamente pessoal, a “masculinidade” e a “feminilidade” se distinguem e, ao mesmo tempo, se completam e se explicam mutuamente. Isso está presente também na grande analogia da “Esposa” na Carta aos Efésios. Na Igreja, todo ser humano — homem e mulher — é a “Esposa”, enquanto acolhe como dom o amor de Cristo redentor, e enquanto procura corresponder-lhe com o dom da própria pessoa.

Cristo é o Esposo. Nisto se exprime a verdade sobre o amor de Deus que “foi o primeiro a amar-nos” (1 Jo 4, 19) e que com o dom gerado por este amor esponsal pelo homem superou todas as expectativas humanas: «amou até o fim» (Jo 13, 1). O Esposo — o Filho consubstancial ao Pai enquanto Deus — tornou-se filho de Maria, “filho do homem”, verdadeiro homem, do sexo masculino. O símbolo do Esposo é de Género masculino. Neste símbolo masculino é representado o carácterhumano do amor pelo qual Deus expressou o seu amor divino por Israel, pela Igreja, por todos os homens. Meditando no que os Evangelhos dizem sobre o comportamento de Cristo com as mulheres, podemos concluir que como homem, filho de Israel, ele revelou a dignidade das “filhas de Abraão” (cf. Lc 13, 16), a dignidade possuída pela mulher desde o “princípio” em igualdade com o homem. E, ao mesmo tempo, Cristo colocou em evidência toda a originalidade que distingue a mulher do homem, toda a riqueza a ela conferida no mistério da criação. No comportamento de Cristo em relação à mulher realiza-se de maneira exemplar aquilo que o texto da Carta aos Efésios exprime com o conceito de “esposo”. Precisamente porque o amor divino de Cristo é amor de Esposo, esse amor é o paradigma e o exemplar de todo amor humano, particularmente do amor dos homens-varões.

A Eucaristia

26. Sobre o amplo horizonte do “grande mistério”, que se exprime na relação esponsal entre Cristo e a Igreja, é possível também compreender de modo adequado o facto do chamamento dos “Doze”. Chamando só homens como seus apóstolos, Cristo agiu de maneira totalmente livre e soberana. Fez isto com a mesma liberdade com que, em todo o seu comportamento, pôs em destaque a dignidade e a vocação da mulher, sem se conformar ao costume dominante e à tradição sancionada também pela legislação do tempo. Por conseguinte, a hipótese segundo a qual ele teria chamado homens como apóstolos, seguindo a mentalidade difusa no seu tempo, não corresponde em absoluto ao modo de agir de Cristo. «Mestre, sabemos que és verdadeiro e que ensinas o caminho de Deus com verdade... pois não fazes acepção de pessoa» (Mt 22, 16). Estas palavras caracterizam plenamente o comportamento de Jesus de Nazaré. Nisto se pode encontrar também uma explicação para o chamamento dos “Doze”. Eles estão com Cristo durante a última Ceia; só eles recebem o mandato sacramental: «fazei isto em minha memória»« (Lc 22, 19; 1 Cor 11, 24), ligado à instituição da Eucaristia. Eles, na tarde do dia da Ressurreição, recebem o Espírito Santo para perdoar os pecados: «àqueles a quem perdoardes os pecados, ficar-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficar-lhes-ão retidos» (Jo 20, 23).

Encontramo-nos no próprio centro do Mistério pascal, que revela até o fundo o amor esponsal de Deus. Cristo é o Esposo porque “se entregou a si mesmo”: o seu corpo foi “dado”, o seu sangue foi “derramado” (cf. Lc 22, 19-20). Deste modo “amou até o fim” (Jo 13, 1). O “dom sincero” atuado no sacrifício da Cruz ressalta de modo definitivo o sentido esponsal do amor de Deus. Cristo é o Esposo da Igreja, como redentor do mundo. A Eucaristia é o sacramento da nossa redenção. É o sacramento do Esposo, da Esposa. A Eucaristia torna presente e de modo sacramental realiza novamente o ato redentor de Cristo, que “cria” a Igreja, seu corpo. Com este “corpo” Cristo está unido como o esposo com a esposa. Tudo isto está presente na Carta aos Efésios. No “grande mistério” de Cristo e da Igreja é introduzida a perene “unidade dos dois”, constituída desde o “princípio” entre o homem e a mulher.

Se Cristo, instituindo a Eucaristia, a ligou de modo tão explícito ao serviço sacerdotal dos apóstolos, é lícito pensar que dessa maneira ele queria exprimir a relação entre homem e mulher, entre o que é “feminino” e o que é “masculino”, querida por Deus, tanto no mistério da criação como no da redenção. É na Eucaristia que, em primeiro lugar, se exprime de modo sacramental o ato redentor de Cristo Esposo em relação à Igreja Esposa. Isto se torna transparente e unívoco, quando o serviço sacramental da Eucaristia, no qual o sacerdote age “in persona Christi”, é realizado pelo homem. É uma explicação que confirma o ensinamento da Declaração Inter insigniores, publicada por incumbência do Papa Paulo VI para responder à interrogação sobre a questão da admissão das mulheres ao sacerdócio ministerial.

O dom da Esposa

27. O Concílio Vaticano II renovou na Igreja a consciência da universalidade do sacerdócio. Na Nova Aliança há um só sacrifício e um só sacerdote: Cristo. Deste único sacerdócio participam todos os batizados, tanto homens como mulheres, enquanto devem “oferecer a si mesmos como vítima viva, santa, agradável a Deus” (cf. Rom 12, 1), dar em toda parte testemunho de Cristo e, a quem pergunte, dar uma resposta acerca da esperança da vida eterna (cf. 1 Pdr 3, 15 ). A participação universal no sacrifício de Cristo, no qual o Redentor ofereceu ao Pai o mundo inteiro e, particularmente, a humanidade, faz com que todos, na Igreja, sejam “um reino de sacerdotes” (Apoc 5, 10; cf. 1 Pdr 2, 9), isto é, participem não só na missão sacerdotal, mas também na profética e real de Cristo Messias. Esta participação determina, outrossim, a união orgânica da Igreja, como Povo de Deus, com Cristo. Nela se exprime ao mesmo tempo o “grande mistério” da Carta aos Efésios: a Esposa unida ao seu Esposo, unida porque vive a sua vida; unida porque participa na sua tríplice missão (tria munera Christi); unida de maneira a responder com um “dom sincero de si mesma” ao dom inefável do amor do Esposo, redentor do mundo. Isto diz respeito a todos na Igreja, tanto a mulheres como a homens, e diz respeito obviamente também àqueles que são participantes no “sacerdócio ministerial”, que possui o carácter de serviço. No âmbito do “grande mistério” de Cristo e da Igreja, todos são chamados a responder — como uma esposa — com o dom da sua vida ao dom inefável do amor de Cristo, o qual, como Redentor do mundo, é o único Esposo da Igreja. No “sacerdócio real”, que é universal, exprime-se contemporaneamente o dom da Esposa.

Isso é de fundamental importância para compreender a Igreja na sua própria essência, fazendo com que se evite transferir à Igreja - também na sua qualidade de “instituição” composta de seres humanos e inserida na história - critérios de compreensão e de julgamento que não dizem respeito à sua natureza. Mesmo que a Igreja possua uma estrutura “hierárquica”, esta, todavia, se ordena integralmente à santidade dos membros corpo místico de Cristo. E a santidade é medida segundo o “grande mistério”, em que a Esposa responde com o dom do amor ao dom do Esposo, e o faz “no Espírito Santo”, pois “o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (cf. Rom 5, 5). O Concílio Vaticano II, confirmando o ensinamento de toda a tradição, recordou que, na hierarquia da santidade, precisamente a “mulher”, Maria de Nazaré, é “figura” da Igreja. Ela “precede” todos no caminho rumo à santidade; na sua pessoa “a Igreja já atingiu a perfeição, pela qual existe sem mácula e sem ruga” (cf. Ef 5, 27). Neste sentido, pode-se dizer que a Igreja é conjuntamente “mariana” e “apostólico-petrina”.

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