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01/04/2012

Leitura Espiritual para 01 Abr 2012


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Lc 17, 1-19

1 Depois, Jesus disse a Seus discípulos: «É impossível que não haja escândalos, porém, ai daquele por quem eles vêm! 2 Seria melhor para ele que lhe pendurassem ao pescoço uma pedra de moinho, e que fosse precipitado no mar, do que ser causa de escândalo para um destes pequeninos. 3 «Estai com cuidado sobre vós. Se teu irmão pecar, repreende-o; e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. 4 E, se pecar sete vezes ao dia contra ti, e sete vezes ao dia for ter contigo, dizendo: estou arrependido, perdoa-lhe». 5 Os apóstolos disseram ao Senhor: «Aumenta-nos a fé!».6 O Senhor disse-lhes: «Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te para o mar, e ela vos obedecerá. 7 «Quem de vós, tendo um servo a lavrar ou a guardar gado, lhe dirá quando ele voltar do campo: Vem depressa, põe-te à mesa? 8 Não lhe dirá antes: Prepara-me a ceia, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois comerás tu e beberás? 9 Porventura, fica o senhor obrigado àquele servo, por ter feito o que lhe tinha mandado? 10 Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi mandado, dizei: Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer». 11 Indo Jesus para Jerusalém, passou pela Samaria e pela Galileia. 12 Ao entrar numa aldeia, saíram-Lhe ao encontro dez homens leprosos, que pararam ao longe, 13 e levantaram a voz, dizendo: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!». 14 Ele tendo-os visto, disse-lhes: «Ide, mostrai-vos aos sacerdotes». Aconteceu que, enquanto iam, ficaram limpos. 15 Um deles, quando viu que tinha ficado limpo, voltou atrás, glorificando a Deus em alta voz, 16 e prostrou-se por terra a Seus pés, dando-Lhe graças. Era um samaritano. 17 Jesus disse: «Não são dez os que foram curados? Onde estão os outros nove? 18 Não se encontrou quem voltasse e desse glória a Deus, senão este estrangeiro?». 19 Depois disse-lhe: «Levanta-te, vai; a tua fé te salvou».

CARTA APOSTÓLICA
MULIERIS DIGNITATEM
DO SUMO PONTÍFICE
JOÃO PAULO II
SOBRE A DIGNIDADE
E A VOCAÇÃO DA MULHER
POR OCASIÃO DO ANO MARIANO
/…3

Se à geração eterna do Verbo de Deus não se podem atribuir qualidades humanas, nem a paternidade divina possui caracteres “masculinos” em sentido físico, contudo o modelo absoluto de toda “geração” dos seres humanos no mundo deve ser procurado em Deus. Nesse sentido — parece — lemos na Carta aos Efésios: “dobro os joelhos diante do Pai, de quem recebe o nome toda a paternidade quer nos céus, quer na terra” (3, 14-15). Todo “gerar” na dimensão das criaturas encontra o seu primeiro modelo no gerar que em Deus é de modo completamente divino, isto é, espiritual. A este modelo absoluto, não-criado, é assimilado todo “gerar” no mundo criado. Por isso, tudo quanto no gerar humano é próprio do homem, como também tudo quanto é próprio da mulher, isto é, a “paternidade” e a “maternidade” humanas, trazem em si a semelhança, ou seja, a analogia com o “gerar” divino e com a “paternidade” que em Deus é “totalmente diversa”: completamente espiritual e divina por essência. Na ordem humana, ao invés, o gerar é próprio da “unidade dos dois”: um e outro são “genitores”, tanto o homem como a mulher.

IV

EVA - MARIA

O “princípio” e o pecado

9. “Constituído por Deus em estado de justiça, o homem, porém, tentado pelo Maligno, desde o início da história abusou de sua liberdade. Levanta-se contra Deus desejando atingir o seu fim fora dele”. Com estas palavras, o ensinamento do último Concílio recorda a doutrina revelada sobre o pecado e, em particular, sobre o primeiro pecado que é o pecado original. O “princípio” bíblico - a criação do mundo e do homem no mundo - contém, ao mesmo tempo, a verdade sobre este pecado, que pode ser chamado também o pecado do “princípio” do homem sobre a terra. Embora o que está escrito no Livro do Génesis venha expresso em forma de narração simbólica, como no caso da descrição da criação do homem como homem e mulher (cf. Gén 2, 18-25), mesmo assim revela aquilo a que é preciso chamar “o mistério do pecado” e, mais plenamente ainda, “o mistério do mal” existente no mundo criado por Deus.

Não é possível ler “o mistério do pecado” sem fazer referência a toda a verdade sobre a “imagem e semelhança” com Deus, que está na base da antropologia bíblica. Esta verdade apresenta a criação do homem como uma doação especial por parte do Criador, na qual estão contidos não só o fundamento e a fonte da dignidade essencial do ser humano - homem e mulher - no mundo criado, mas também o início do chamamento dos dois a participarem da vida íntima do próprio Deus. A luz da Revelação, criação significa ao mesmo tempo início da história da salvação. Exactamente neste inicio o pecado se inscreve e se configura como contraste e negação.

Pode-se dizer paradoxalmente que o pecado, apresentado em Génesis (c. 3), é a confirmação da verdade sobre a imagem e semelhança de Deus no homem, se esta verdade significa a liberdade, isto é, o livre arbítrio, com o uso da qual o homem pode escolher o bem, mas pode também abusar escolhendo, contra a vontade de Deus, o mal. No seu significado essencial, todavia, o pecado é a negação daquilo que Deus é - como Criador -  em relação ao homem, e daquilo que Deus quer, desde o início e para sempre, para o homem. Criando o homem e a mulher à sua imagem e semelhança, Deus quer para eles a plenitude do bem, ou seja a felicidade sobrenatural, que deriva da participação na sua própria vida. Cometendo o pecado, o homem rejeita este dom e, ao mesmo tempo, quer tornar-se “como Deus, conhecendo o bem e o mal” (Gén 3, 5), isto é, decidindo do bem e do mal independentemente de Deus, seu Criador. O pecado das origens tem a sua “medida” humana, a sua dimensão interior na vontade livre do homem e juntamente traz em si uma certa característica “diabólica”, como é claramente posto em relevo no Livro do Génesis (3, 1-5). O pecado opera a ruptura da unidade originária, da qual o homem gozava no estado de justiça original: a união com Deus como fonte da unidade no interior do próprio “eu”, na relação recíproca do homem e da mulher (“communio personarum”) e, enfim, face ao mundo exterior e à natureza.

A descrição bíblica do pecado original em Génesis (c. 3) de certo modo “distribui os papéis” que nele desempenharam a mulher e o homem. A isto farão referência ainda mais tarde algumas passagens da Bíblia, como, por exemplo, a Carta de São Paulo a Timóteo: “Adão foi formado primeiro e depois Eva. E não foi Adão o seduzido; mas a mulher”. (1 Tim 2, 13-14). Não há dúvida, porém, que, independentemente desta “distribuição das partes” na descrição bíblica, esse primeiro pecado é o pecado do homem, criado por Deus homem e mulher. Esse é também o pecado dos “primeiros pais”, ao qual se prende o seu carácter hereditário. Neste sentido chamamo-lo “pecado original”.

Esse pecado, como já foi dito, não pode ser entendido adequadamente se não se referir ao mistério da criação do ser humano — homem e mulher — à imagem e semelhança de Deus. Através dessa referência se pode entender também o mistério da “não-semelhança” com Deus, na qual consiste o pecado, e que se manifesta no mal presente na história do mundo; da “não-semelhança” com Deus, o único que é bom (cf. Mt 19, 17) e que é a plenitude do bem. Se esta “não-semelhança” do pecado com Deus, a própria Santidade, pressupõe a “semelhança” no campo da liberdade, do livre arbítrio, pode-se dizer então que, precisamente por esta razão, a “não-semelhança” contida no pecado é tanto mais dramática e tanto mais dolorosa. É preciso também admitir que Deus, como Criador e Pai, é aqui atingido, “ofendido” e, obviamente, ofendido no coração mesmo da doação que faz parte do desígnio eterno de Deus sobre o homem.

Ao mesmo tempo, porém, também o ser humano — homem e mulher — é atingido pelo mal do pecado, do qual é autor. O texto bíblico de Génesis (c. 3) mostra-o com as palavras que descrevem claramente a nova situação do homem no mundo criado. Ele mostra a perspectiva da “fadiga” com que o homem há de procurar os meios para viver (cf. Gén 3, 17-19), bem como a das grandes “dores” em meio às quais a mulher dará à luz seus filhos (cf. Gén 3, 16). Tudo isto, depois, é marcado pela necessidade da morte, que constitui o termo da vida humana sobre a terra. Deste modo o homem, como pó, “voltará à terra, porque dela foi tirado”: “porque és pó, e em pó te hás-de tornar” (cf. Gén 3, 19).

Estas palavras confirmam-se de geração em geração. Elas não significam que a imagem e a semelhança de Deus no ser humano, quer mulher quer homem, foi destruída pelo pecado; significam, ao invés, que foi “ofuscada” e, em certo sentido, “diminuída”. Na verdade, o pecado “diminui” o homem, como recorda também o Concílio Vaticano II. Se o homem, já pela sua própria natureza de pessoa, é imagem e semelhança de Deus, então a sua grandeza e dignidade se realizam na aliança com Deus, na união com ele, no facto de procurar a unidade fundamental que pertence à “lógica” interior do mistério próprio da criação. Essa unidade corresponde à verdade profunda de todas as criaturas dotadas de inteligência e, em particular, do homem, o qual, entre as criaturas do mundo visível, desde o início foi elevado, mediante a eleição eterna por parte de Deus em Jesus: “Em Cristo... ele nos elegeu antes da criação do mundo... Por puro amor ele nos predestinou a sermos por ele adoptados por filhos, por intermédio de Jesus

Cristo, segundo o beneplácito da sua vontade (cf. Ef 1,4-6). O ensinamento bíblico, no seu conjunto, consente-nos dizer que a predestinação diz respeito a todas as pessoas humanas, a homens e mulheres, a cada um e cada uma, sem excepção.

“Ele te dominará”

10. A descrição bíblica do Livro do Génesis delineia a verdade sobre as consequências do pecado do homem, como indica também a perturbação da relação original entre o homem e a mulher que corresponde à dignidade pessoal de cada um deles. O ser humano, tanto homem como mulher, é uma pessoa e, por conseguinte, “a única criatura na terra que Deus quis por si mesma”; e, ao mesmo tempo, precisamente esta criatura única e irrepetível “não pode se encontrar plenamente senão por um dom sincero de si mesma”. Daqui se origina a relação de “comunhão”, na qual se exprimem a “unidade dos dois” e a dignidade pessoal tanto do homem como da mulher. Quando lemos, pois, na descrição bíblica, as palavras dirigidas à mulher: “sentir-te-ás atraída para o teu marido, e ele te dominará” (Gén 3, 16), descobrimos uma ruptura e uma constante ameaça precisamente a respeito desta “unidade dos dois”, que corresponde à dignidade da imagem e da semelhança de Deus em ambos. Tal ameaça resulta, porém, mais grave para a mulher. Com efeito, ao ser um dom sincero, e por isso ao viver “para” o outro, sucede o domínio: “ele te dominará”. Este “domínio” indica a perturbação e a perda da estabilidade da igualdade fundamental, que na “unidade dos dois” possuem o homem e a mulher: e isto vem sobretudo em desfavor da mulher, porquanto somente a igualdade, resultante da dignidade de ambos como pessoas, pode dar às relações recíprocas o carácter de uma autêntica “communio personarum” (comunhão de pessoas). Se a violação desta igualdade, que é conjuntamente dom e direito que derivam do próprio Deus Criador, comporta um elemento em desfavor da mulher, ao mesmo tempo tal violação diminui também a verdadeira dignidade do homem. Tocamos aqui um ponto extremamente sensível na dimensão do “ethos” inscrito originariamente pelo Criador, já no facto mesmo da criação de ambos à sua imagem e semelhança.

Esta afirmação de Génesis 3, 16 tem um grande e significativo alcance. Ela implica uma referência à relação recíproca entre o homem e a mulher no matrimónio. Trata-se do desejo nascido no clima do amor esponsal, que faz com que “o dom sincero de si mesmo” da parte da mulher encontre resposta e complemento num “dom” análogo da parte do marido. Somente apoiados neste princípio podem os dois, e em particular a mulher, “encontrar-se” como verdadeira “unidade dos dois” segundo a dignidade da pessoa. A união matrimonial exige o respeito e o aperfeiçoamento da verdadeira subjectividade pessoal dos dois. A mulher não pode tornar-se “objecto” de “domínio” e de “posse” do homem. Mas as palavras do texto bíblico referem-se directamente ao pecado original e às suas consequências duradouras no homem e na mulher. Onerados pela pecaminosidade hereditária, carregam em si a constante “causa do pecado”, ou seja a tendência a ferir a ordem moral, que corresponde à própria natureza racional e à dignidade do ser humano como pessoa. Esta tendência exprime-se na tríplice concupiscência, que o texto apostólico precisa como concupiscência dos olhos, concupiscência da carne e fausto da vida (cf. 1 Jo 2, 16). As palavras do Génesis, acima citadas (3, 16), indicam de que modo esta tríplice concupiscência, como “causa do pecado”, pesará sobre a relação recíproca entre homem e mulher.

Essas mesmas palavras se referem directamente ao matrimónio, mas indirectamente abrangem os diversos campos da convivência social: as situações em que a mulher permanece em desvantagem ou é discriminada pelo facto de ser mulher. A verdade revelada sobre a criação do homem como homem e mulher constitui o principal argumento contra todas as situações que, sendo objectivamente prejudiciais, isto é injustas, contêm e exprimem a herança do pecado que todos os seres humanos trazem em si. Os Livros da Sagrada Escritura confirmam em vários pontos a existência efectiva de tais situações e juntamente proclamam a necessidade de converter-se, isto é, de purificar-se do mal e de libertar-se do pecado: de tudo aquilo que ofende o outro, que “diminui” o homem, não só aquele a quem se ofende, mas também aquele que comete a ofensa. Essa é a mensagem imutável da Palavra revelada de Deus. Nisso se exprime o “ethos” bíblico até o fim.

Nos nossos dias a questão dos “direitos da mulher” tem adquirido um novo significado no amplo contexto dos direitos da pessoa humana. Iluminando este programa, constantemente declarado e de várias maneiras recordado, a mensagem bíblica e evangélica guarda a verdade sobre a “unidade” dos “dois”, isto é, sobre a dignidade e a vocação que resultam da diversidade específica e originalidade pessoal do homem e da mulher. Por isso, também a justa oposição da mulher face àquilo que exprimem as palavras bíblicas: “ele te dominará” (Gén 3, 16) não pode sob pretexto algum conduzir à “masculinização” das mulheres. A mulher - em nome da libertação do “domínio” do homem - não pode tender à apropriação das características masculinas, contra a sua própria “originalidade” feminina. Existe o temor fundado de que por este caminho a mulher não se “realizará”, mas poderia, ao invés, deformar e perder aquilo que constitui a sua riqueza essencial. Trata-se de uma riqueza imensa. Na descrição bíblica, a exclamação do primeiro homem à vista da mulher criada é uma exclamação de admiração e de encanto, que atravessa toda a história do homem sobre a terra.

Os recursos pessoais da feminilidade certamente não são menores que os recursos da masculinidade, mas são diversos. A mulher, portanto, — como, de resto, também o homem — deve entender a sua “realização” como pessoa, a sua dignidade e vocação, em função destes recursos, segundo a riqueza da feminilidade, que ela recebeu no dia da criação e que herda como expressão, que lhe é peculiar, da “imagem e semelhança de Deus”. Somente por este caminho pode ser superada também aquela herança do pecado que é sugerida nas palavras da Bíblia: “sentir-te-ás atraída para o teu marido, e ele te dominará”. A superação desta má herança é, de geração em geração, dever de todo homem, seja homem, seja mulher. Efectivamente, em todos os casos em que o homem é responsável de quanto ofende a dignidade pessoal e a vocação da mulher, ele age contra a própria dignidade pessoal e a própria vocação.

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