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14/03/2012

Leitura Espiritual para 14 Mar 2012

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.




Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Lc 8, 22-39

22 Um dia, subiu com os Seus discípulos para uma barca, e disse-lhes: «Passemos à outra margem do lago». Eles fizeram-se ao mar. 23 Enquanto iam navegando, Jesus adormeceu. Levantou-se uma tempestade de vento sobre o lago e a barca enchia-se de água e estavam em perigo. 24 Aproximando-se d'Ele, despertaram-n'O, dizendo: «Mestre, Mestre, nós perecemos!». Ele, levantando-Se, increpou o vento e as ondas, que acalmaram, e veio a bonança. 25 Então disse-lhes: «Onde está a vossa fé?». Eles, cheios de temor, admiraram-se, dizendo uns para os outros: «Quem é Este que manda aos ventos e ao mar, e eles Lhe obedecem?». 26 Arribaram ao país dos Gerasenos, que está fronteiro à Galileia. 27 Logo que saltou para terra, foi ter com Ele um homem daquele lugar, possesso de muitos demónios. Há muito tempo não se vestia nem habitava em casa, mas nos sepulcros. 28 Logo que viu Jesus, prostrou-se diante d'Ele a gritar: «Que tens Tu comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Suplico-Te que não me atormentes». 29 Porque Jesus mandava ao espírito imundo que saísse daquele homem, pois há muito tempo se tinha apoderado dele; estava preso com cadeias e grilhões, mas ele, quebradas as cadeias, era impelido pelo demónio para os desertos. 30 Jesus interrogou-o: «Qual é o teu nome?». Ele respondeu: «Legião»; porque tinham entrado nele muitos demónios. 31 Estes suplicavam-Lhe que não os mandasse ir para o abismo. 32 Ora andava por ali, pastando no monte, uma grande vara de porcos. Os demónios suplicavam-Lhe que lhes permitisse entrar neles. Jesus permitiu-o. 33 Saíram, pois, do homem os demónios e entraram nos porcos; e logo a vara se precipitou com ímpeto por um despenhadeiro no lago, e afogou-se. 34 Quando os guardas viram isto, fugiram e foram contá-lo pela cidade e pelas aldeias. 35 Saíram a ver o que tinha acontecido; foram ter com Jesus e encontraram sentado a Seus pés, vestido e em seu juízo, o homem de quem tinham saído os demónios; e tiveram medo. 36 Os que tinham presenciado o facto, contaram-lhes como o possesso tinha sido livrado. 37 E todo o povo do país dos Gerasenos pediu que Se retirasse deles, porque estavam possuídos de grande temor. Ele, subindo para a barca, dispunha-Se a regressar. 38 Entretanto, o homem de quem tinham saído os demónios, pedia-Lhe que o deixasse estar com Ele. Porém, Jesus o despediu dizendo: 39 «Volta para a tua casa, e conta quanto Deus te fez». Ele foi e publicou por toda a cidade quanto Jesus lhe tinha feito.



CARTA APOSTÓLICA
DIES DOMINI
DO SUMO PONTÍFICE
JOÃO PAULO II
AO EPISCOPADO
AO CLERO E AOS FIÉIS
DA IGREJA CATÓLICA
SOBRE A SANTIFICAÇÃO DO DOMINGO
/…3

O primeiro dia da semana

21. É nesta base que, desde os tempos apostólicos, “o primeiro dia depois do sábado”, primeiro da semana, começou a caracterizar o próprio ritmo da vida dos discípulos de Cristo (cf. 1 Cor 16,2). “Primeiro dia depois do sábado” era também aquele em que os fiéis de Tróade estavam reunidos “para partir o pão”, quando S. Paulo lhes dirigiu o discurso de despedida e realizou um milagre para devolver a vida ao jovem Eutico (cf. Act 20,7-12). O livro do Apocalipse testemunha o costume de dar a este primeiro dia da semana o nome de “dia do Senhor” (1,10). Doravante isto será uma das características que distinguirão os cristãos do mundo circunstante. Já o apontava, ao início do segundo século, o governador da Bitínia, Plínio o Jovem, constatando o hábito dos cristãos “se reunirem num dia fixo, antes da aurora, e entoarem juntos, um hino a Cristo, como a um deus”. [1] De facto, quando os cristãos diziam “dia do Senhor”, faziam-no atribuindo ao termo a plenitude de sentido que lhe vem da mensagem pascal: “Jesus Cristo é o Senhor” (Fil 2,11; cf. Act 2,36; 1 Cor 12,3). Reconhecia-se, deste modo, Cristo com o mesmo título usado pelos Setenta para traduzirem, na revelação do Antigo Testamento, o nome próprio de Deus, JHWH, que não era lícito pronunciar.

22. Nestes primeiros tempos da Igreja, o ritmo semanal dos dias não era geralmente conhecido nas regiões onde o Evangelho se difundia, e os dias festivos dos calendários grego e romano não coincidiam com o domingo cristão. Isto comportava para os cristãos uma notável dificuldade para observar o dia do Senhor, com o seu carácter fixo semanal. Assim se explica porque os fiéis eram obrigados a reunirem-se antes do nascer do sol. [2] Todavia, a fidelidade ao ritmo semanal mantinha-se porque estava fundada no Novo Testamento e ligada à revelação do Antigo Testamento. Os Apologistas e os Padres da Igreja sublinham-no de bom grado nos seus escritos e na sua pregação. O mistério pascal era ilustrado através daqueles textos da Escritura que, conforme o testemunho de S. Lucas (cf. 24,27.44-47), o próprio Cristo ressuscitado devia ter explicado aos discípulos. Baseada nesses textos, a celebração do dia da ressurreição adquiria um valor doutrinal e simbólico, capaz de exprimir toda a novidade do mistério cristão.

Progressiva distinção do sábado

23. É precisamente sobre esta novidade que insiste a catequese dos primeiros séculos, procurando distinguir o domingo do sábado hebraico. O sábado, para os judeus, impunha o dever da reunião na sinagoga e exigia a prática do repouso prescrito pela Lei. Os Apóstolos, e de modo particular S. Paulo, continuaram de início a frequentar a sinagoga, para poderem anunciar lá Jesus Cristo, ao comentar “as profecias que são lidas todos os sábados” (Act 13,27). Em algumas comunidades, podia-se registar a coexistência da observância do sábado com a celebração dominical. Bem cedo, porém, se começou a diferenciar os dois dias de forma cada vez mais nítida, sobretudo para fazer frente às insistências daqueles cristãos que, vindos do judaísmo, eram favoráveis à conservação da obrigação da Lei Antiga. S. Inácio de Antioquia escreve: “Se os que viviam no antigo estado de coisas passaram a uma nova esperança, deixando de observar o sábado e vivendo segundo o dia do Senhor, dia em que a nossa vida despontou por meio d'Ele e da sua morte [...], mistério do qual recebemos a fé e no qual perseveramos para sermos reconhecidos discípulos de Cristo, nosso único Mestre, como poderemos viver sem Ele, se inclusive os profetas, que são seus discípulos no Espírito, O aguardavam como mestre?”. [3] E S. Agostinho, por sua vez, observa: “Por isso, o Senhor também imprimiu o seu selo no seu dia, que é o terceiro após a paixão. Porém, no ciclo semanal, aquele é o oitavo depois do sétimo, isto é, depois do sábado, e o primeiro da semana”. [4] A distinção entre o domingo e o sábado hebraico vai-se consolidando sempre mais na consciência eclesial, mas em certos períodos da história, devido à ênfase dada à obrigação do descanso festivo, regista-se uma certa tendência à “sabatização” do dia do Senhor. Não faltaram, inclusive, sectores da cristandade em que o sábado e o domingo foram observados como “dois dias irmãos”. [5]

O dia da nova criação

24. A comparação do domingo cristão com a concepção do sábado, própria do Antigo Testamento, suscitou também aprofundamentos teológicos de grande interesse. De modo particular, evidenciou-se a ligação especial que existe entre a ressurreição e a criação. Era, de facto, natural para a reflexão cristã relacionar a ressurreição, acontecida “no primeiro dia da semana”, com o primeiro dia daquela semana cósmica (cf. Gn 1,1-2,4) em que o livro do Génesis divide o evento da criação: o dia da criação da luz (cf. 1,3-5). O relacionamento feito convidava a ver a ressurreição como o início de uma nova criação, da qual Cristo glorioso constitui as primícias, sendo Ele “o Primogénito de toda a criação” (Col 1,15), e também “o Primogénito dos que ressuscitam dos mortos” (Col 1,18).

25. O domingo, com efeito, é o dia em que, mais do que qualquer outro, o cristão é chamado a lembrar a salvação que lhe foi oferecida no baptismo e que o tornou homem novo em Cristo. “Sepultados com Ele no baptismo, foi também com Ele que ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que O ressuscitou dos mortos” (Col 2,12; cf. Rom 6,4-6). A liturgia põe em evidência esta dimensão baptismal do domingo, quer exortando a celebrar os baptismos, para além da Vigília Pascal, também neste dia da semana “em que a Igreja comemora a ressurreição do Senhor”, [6] quer sugerindo, como oportuno rito penitencial no início da Missa, a aspersão com a água benta, que evoca precisamente o evento baptismal em que nasce toda a existência cristã. [7]

O oitavo dia, imagem da eternidade

26. Por outro lado, o facto de o sábado ser o sétimo dia da semana fez considerar o dia do Senhor à luz de um simbolismo complementar, muito apreciado pelos Padres: o domingo, além de ser o primeiro dia, é também “o oitavo dia”, ou seja, situado, relativamente à sucessão septenária dos dias, numa posição única e transcendente evocadora, não só do início do tempo, mas também do seu fim no “século futuro”. S. Basílio explica que o domingo significa o dia realmente único que virá após o tempo actual, o dia sem fim, que não conhecerá tarde nem manhã, o século imorredouro que não poderá envelhecer; o domingo é o prenúncio incessante da vida sem fim, que reanima a esperança dos cristãos e os estimula no seu caminho. [8] Nesta perspectiva do dia último, que realiza plenamente o simbolismo prefigurativo do sábado, S. Agostinho conclui as Confissões falando do eschaton como “paz tranquila, paz do sábado, que não entardece”. [9] A celebração do domingo, dia simultaneamente “primeiro” e “oitavo”, orienta o cristão para a meta da vida eterna. [10]

O dia de Cristo-luz

27. Nesta perspectiva cristocêntrica, compreende-se uma outra valência simbólica que a reflexão crente e a prática pastoral atribuíram ao dia do Senhor. De facto, uma perspicaz intuição pastoral sugeriu à Igreja de cristianizar, aplicando-a ao domingo, a conotação de “dia do sol”, expressão esta com que os romanos denominavam este dia e que ainda aparece em algumas línguas contemporâneas, [11] subtraindo os fiéis às seduções de cultos que divinizavam o sol e orientando a celebração deste dia para Cristo, verdadeiro “sol” da humanidade. S. Justino, escrevendo aos pagãos, utiliza a terminologia corrente para dizer que os cristãos faziam a sua reunião “no chamado dia do sol”, [12] mas a alusão a esta expressão assume, já então, para os crentes um novo sentido perfeitamente evangélico. [13] Cristo é realmente a luz do mundo (cf. Jo 9,5; veja-se também 1,4-5.9), e o dia comemorativo da sua ressurreição é o reflexo perene, no ritmo semanal do tempo, desta epifania da sua glória. O tema do domingo, como dia iluminado pelo triunfo de Cristo ressuscitado, está presente na Liturgia das Horas, [14] e possui uma ênfase especial na vigília noturna que, nas liturgias orientais, prepara e introduz o domingo. Reunindo-se neste dia, a Igreja, de geração em geração, torna própria a admiração de Zacarias, quando dirige o olhar para Cristo anunciando-O como “o sol nascente para iluminar os que se jazem nas trevas e na sombra da morte” (Lc 1,78-79), e vibra em sintonia com a alegria experimentada por Simeão quando tomou em seus braços o Deus Menino enviado como “luz para iluminar as nações” (Lc 2,32).

O dia do dom do Espírito

28. Dia de luz, o domingo poderia chamar-se também, com referência ao Espírito Santo, dia do “fogo”. A luz de Cristo, de facto, liga-se intimamente con o “fogo” do Espírito, e ambas as imagens indicam o sentido do domingo cristão. [15] Mostrando-Se aos Apóstolos no entardecer do dia de Páscoa, Jesus soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhe-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,22-23). A efusão do Espírito foi o grande dom do Ressuscitado aos seus discípulos no domingo de Páscoa. Era também domingo, quando, cinquenta dias após a ressurreição, o Espírito desceu com força, como “vento impetuoso” e “fogo” (Act 2,2-3) sobre os Apóstolos reunidos com Maria. O Pentecostes não é só um acontecimento das origens, mas um mistério que anima perenemente a Igreja. [16] Se tal acontecimento tem o seu tempo litúrgico forte na celebração anual com que se encerra o “grande domingo”, [17] ele permanece também inscrito, precisamente pela sua íntima ligação com o mistério pascal, no sentido profundo de cada domingo. A “Páscoa da semana” torna-se assim, de certa forma, “Pentecostes da semana”, no qual os cristãos revivem a experiência feliz do encontro dos Apóstolos com o Ressuscitado, deixando-se vivificar pelo sopro do seu Espírito.

O dia da fé

29. Por todas estas dimensões que o caracterizam, o domingo revela-se como o dia da fé por excelência. Nele, o Espírito Santo, “memória” viva da Igreja (cf. Jo 14,26), faz da primeira manifestação do Ressuscitado um evento que se renova no “hoje” de cada um dos discípulos de Cristo. Encontrando-O na assembleia dominical, os crentes sentem-se interpelados como o apóstolo Tomé: “Chega aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente” (Jo 20,27). Sim, o domingo é o dia da fé. Salienta-o o facto de a liturgia dominical, como de resto a das solenidades litúrgicas, prever a profissão de fé. O “Credo”, recitado ou cantado, põe em relevo o carácter baptismal e pascal do domingo, fazendo deste o dia em que, por título especial, o baptizado renova a própria adesão a Cristo e ao seu Evangelho, numa consciência mais viva das promessas baptismais. Acolhendo a Palavra e recebendo o Corpo do Senhor, ele contempla Jesus ressuscitado, presente nos “sinais sagrados”, e confessa com o apóstolo Tomé: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28).

Um dia irrenunciável!

30. Compreende-se assim, porque mesmo no contexto das dificuldades do nosso tempo, a identidade deste dia deva ser salvaguardada e, sobretudo, vivida profundamente. Um autor oriental, do início do século III, conta que em toda a região os crentes, já então, santificavam regularmente o Domingo. [18] A prática espontânea tornou-se depois, norma sancionada juridicamente: o dia do Senhor ritmou a história bimilenária da Igreja. Como se poderia pensar que ele deixe de marcar o seu futuro? Os problemas que, no nosso tempo, podem tornar mais difícil a prática do dever dominical, não deixam de sensibilizar a Igreja permanecendo maternalmente atenta às condições de cada um dos seus filhos. De modo particular, ela sente-se chamada a um novo esforço catequético e pastoral, para que nenhum deles, nas condições normais de vida, fique privado do abundante fluxo de graças que a celebração do dia do Senhor traz consigo. Dentro do mesmo espírito, tomando posição acerca de hipóteses de reforma do calendário eclesial em concomitância com variações dos sistemas do calendário civil, o Concílio Ecuménico Vaticano II declarou que a Igreja “só não se opõe àqueles que conservem a semana de sete dias, e com o respectivo domingo”. [19] No limiar do terceiro Milénio, a celebração do domingo cristão, pelos significados que evoca e as dimensões que implica, relativamente aos fundamentos mesmos da fé, permanece um elemento qualificante da identidade cristã.


CAPÍTULO III

DIES ECCLESIA

A assembleia eucarística, alma do domingo

A presença do Ressuscitado

31. “Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo” (Mt 28,20). Esta promessa de Cristo continua a ser ouvida pela Igreja, que dela colhe o segredo da sua vida e fonte da sua esperança. Se o domingo é o dia da ressurreição, ele não se reduz à recordação de um acontecimento passado: é a celebração da presença viva do Ressuscitado no meio de nós.

Para que esta presença seja anunciada e vivida adequadamente, não é suficiente que os discípulos de Cristo rezem individualmente e recordem interiormente, no segredo do coração, a morte e a ressurreição de Cristo. Com efeito, todos os que receberam a graça do baptismo, não foram salvos somente a título individual, mas enquanto membros do Corpo místico, que entraram a fazer parte do Povo de Deus. [20] Por isso, é importante que se reúnam, para exprimir em plenitude a própria identidade da Igreja, a ekklesía, assembleia convocada pelo Senhor ressuscitado, que ofereceu a sua vida “para trazer à unidade os filhos de Deus que andavam dispersos” (Jo 11,52). Estes tornaram-se “um só” em Cristo (cf. Gal 3,28), pelo dom do Espírito. Esta unidade manifesta-se exteriormente, quando os cristãos se reúnem: é então, que adquirem consciência viva e dão ao mundo testemunho de serem o povo dos redimidos, formado por “homens de toda a tribo, língua, povo e nação” (Ap 5,9). Através da assembleia dos discípulos de Cristo, perpetua-se no tempo a imagem da primeira comunidade cristã, descrita como modelo por S. Lucas nos Actos dos Apóstolos, quando diz que os primeiros baptizados “eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fracção do pão, e às orações” (2,42).

A assembleia eucarística

32. Esta realidade da vida eclesial possui, na Eucaristia, não só uma especial intensidade expressiva, mas, de certo modo, o seu lugar “fontal”. [21] A Eucaristia nutre e plasma a Igreja: “Uma vez que há um só pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo, porque todos participamos de mesmo pão” (1 Cor 10,17). Por esta ligação vital com o sacramento do Corpo e do Sangue do Senhor, o mistério da Igreja é anunciado, saboreado e vivido de modo supremo na Eucaristia. [22]

A dimensão eclesial intrínseca da Eucaristia realiza-se todas as vezes que esta é celebrada. Mas com maior razão, exprime-se no dia em que toda a comunidade é convocada para relembrar a ressurreição do Senhor. De modo significativo, o Catecismo da Igreja Católica ensina que “a celebração dominical do Dia e da Eucaristia do Senhor está no centro da vida da Igreja”. [23]

33. De facto, é precisamente na Missa dominical que os cristãos revivem, com particular intensidade, a experiência feita pelos Apóstolos na tarde de Páscoa, quando, estando eles reunidos, o Ressuscitado lhes apareceu (cf. Jo 20,19). Naquele pequeno núcleo de discípulos, primícia da Igreja, estava, de algum modo, presente o Povo de Deus de todos os tempos. Pelo seu testemunho, estende-se a cada geração de crentes a saudação de Cristo, transbordante do dom messiânico da paz, conquistada pelo seu sangue e oferecida juntamente com o seu Espírito: “A paz esteja convosco!”. No facto de Cristo voltar ao meio deles “oito dias depois” (Jo 20,26), pode-se ver representado, na sua raiz, o costume da comunidade cristã de reunir todos os oito dias, no “dia do Senhor” o domingo, para professar a fé na sua ressurreição e recolher os frutos da bem-aventurança prometida por Ele: “Bema-venturados os que, sem terem visto, acreditam!” (Jo 20,29). Esta íntima conexão entre a manifestação do Ressuscitado e a Eucaristia é sugerida pelo Evangelho de S. Lucas na narração dos dois discípulos de Emaús, aos quais Cristo mesmo fez companhia, servindo-lhes de guia na compreensão da Palavra e depois sentando-Se com eles à mesa. Reconheceram-n'O, quando Ele “tomou o pão, pronunciou a bênção e, depois de o partir, entregou-lho” (24,30). Os gestos de Jesus, nesta narração, são os mesmos que Ele realizou na última Ceia, com clara alusão à “fracção do pão”, como é denominada a Eucaristia na primeira geração cristã.


[24]…/



[1] Epistula 10, 96, 7.
[2] Epistula 10, 96, 7.A propósito da referência feita pela carta de Plínio, também Tertuliano lembra os coetus antelucani, em Apologeticum 2,6: CCL 1, 88; De corona 3,3: CCL 2, 1043.
[3] Aos cristãos da Magnésia 9, 1-2: SC 10, 88-89.
[4] Sermo 8 in octava Paschalis 1, 4: PL 46, 841. Este carácter de “primeiro dia” próprio do domingo é evidente no calendário litúrgico latino, onde a Segunda-feira se diz feria secunda, a Terça, feria tertia, etc. Tal denominação dos dias da semana encontra-se na língua portuguesa.
[5] S. Gregório de Nissa, De castigatione: PG 46, 309. Também na Liturgia Maronita se sublinha a ligação entre o sábado e o domingo, a partir do “mistério do Sábado Santo” (cf. M. Hayek, Maronite (Eglise): Dictionnaire de spiritualité, X (1980), 632-644).
[6] Ritual do Baptismo das crianças, n. 9; cf. Ritual da iniciação cristã dos adultos, n. 59.
[7] Cf. Missal Romano, Rito para a aspersão dominical da água benta.
[8] Cf. Sobre o Espírito Santo, 27, 66: SC 17, 484-485. Ver também Epístola de Barnabé 15, 8-9: SC 172, 186-189; Justino, Diálogo com Trifão 24.138: PG 6,528 e 793; Orígenes, Comentário sobre os Salmos, Salmo 118 (119), 1: PG 12, 1588.
[9] “Domine, praestitisti nobis pacem quietis, pacem sabbati, pacem sine vespera”: Conf., 13, 50: CCL 27, 272.
[10] Cf. S. Agostinho, Epist. 55, 17: CSEL 34, 188: “Ita ergo erit octavus, qui primus, ut prima vita sed aeterna reddatur”.
[11] No inglês, por exemplo, Sunday, e no alemão Sonntag.
[12] Apologia I, 67: PG 6,430.
[13] Cf. S. Máximo de Turim, Sermo 44, 1: CCL 23, 178; Idem, Sermo 53, 2: CCL 12, 219; Eusébio de Cesareia, Comm. in Ps 91: PG 23, 1169-1173.
[14] Veja-se, por exemplo, o hino para o Ofício das Leituras: “Dies aestasque ceteris octava splendet sanctior in te quam, Iesu, consecras primitiae surgentium” (I sem.); e também: “Salve dies, dierum gloria, dies felix Christi victoria, dies digna iugi laetitia dies prima. Lux divina caecis irradiat, in qua Christus infernum spoliat, mortem vincit et reconciliat summis ima” (II sem.). Idênticas expressões aparecem em hinos adoptados na Liturgia das Horas, de diversas línguas modernas.
[15] Cf. Clemente de Alexandria, Stromates, VI, 138, 1-2: PG 9,364
[16] Cf. João Paulo II, Carta enc. Dominum et vivificantem (18 de Maio de 1986), 22-26: AAS 78 (1986), 829-837.
[17] S. Atanásio de Alexandria, Cartas dominicais, 1,10: PG 26,1366.
[18] Cf. Bardesane, Diálogo sobre o destino, 46: PS 2, 606-607.
[19] Const. sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, Apêndice: Declaração sobre a reforma do calendário.
[20] Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 9.
[21] Cf. João Paulo II, Carta Dominicae Cenae (24 de Fevereiro de 1980), 4: AAS 72 (1980), 120; Carta enc. Dominum et vivificantem (18 de Maio de 1986), 62-64: AAS 78 (1986), 889-894.
[22] Cf. João Paulo II, Carta ap. Vicesimus quintus annus (4 de Dezembro de 1988), 9: AAS 81 (1989), 905-906.
[23] N. 2177.
[24] Copyright © Libreria Editrice Vaticana



[i] Epistula 10, 96, 7.
[ii] Epistula 10, 96, 7.A propósito da referência feita pela carta de Plínio, também Tertuliano lembra os coetus antelucani, em Apologeticum 2,6: CCL 1, 88; De corona 3,3: CCL 2, 1043.
[iii] Aos cristãos da Magnésia 9, 1-2: SC 10, 88-89.
[iv] Sermo 8 in octava Paschalis 1, 4: PL 46, 841. Este carácter de “primeiro dia” próprio do domingo é evidente no calendário litúrgico latino, onde a Segunda-feira se diz feria secunda, a Terça, feria tertia, etc. Tal denominação dos dias da semana encontra-se na língua portuguesa.
[v] S. Gregório de Nissa, De castigatione: PG 46, 309. Também na Liturgia Maronita se sublinha a ligação entre o sábado e o domingo, a partir do “mistério do Sábado Santo” (cf. M. Hayek, Maronite (Eglise): Dictionnaire de spiritualité, X (1980), 632-644).
[vi] Ritual do Baptismo das crianças, n. 9; cf. Ritual da iniciação cristã dos adultos, n. 59.
[vii] Cf. Missal Romano, Rito para a aspersão dominical da água benta.
[viii] Cf. Sobre o Espírito Santo, 27, 66: SC 17, 484-485. Ver também Epístola de Barnabé 15, 8-9: SC 172, 186-189; Justino, Diálogo com Trifão 24.138: PG 6,528 e 793; Orígenes, Comentário sobre os Salmos, Salmo 118 (119), 1: PG 12, 1588.
[ix] “Domine, praestitisti nobis pacem quietis, pacem sabbati, pacem sine vespera”: Conf., 13, 50: CCL 27, 272.
[x] Cf. S. Agostinho, Epist. 55, 17: CSEL 34, 188: “Ita ergo erit octavus, qui primus, ut prima vita sed aeterna reddatur”.
[xi] No inglês, por exemplo, Sunday, e no alemão Sonntag.
[xii] Apologia I, 67: PG 6,430.
[xiii] Cf. S. Máximo de Turim, Sermo 44, 1: CCL 23, 178; Idem, Sermo 53, 2: CCL 12, 219; Eusébio de Cesareia, Comm. in Ps 91: PG 23, 1169-1173.
[xiv] Veja-se, por exemplo, o hino para o Ofício das Leituras: “Dies aestasque ceteris octava splendet sanctior in te quam, Iesu, consecras primitiae surgentium” (I sem.); e também: “Salve dies, dierum gloria, dies felix Christi victoria, dies digna iugi laetitia dies prima. Lux divina caecis irradiat, in qua Christus infernum spoliat, mortem vincit et reconciliat summis ima” (II sem.). Idênticas expressões aparecem em hinos adoptados na Liturgia das Horas, de diversas línguas modernas.
[xv] Cf. Clemente de Alexandria, Stromates, VI, 138, 1-2: PG 9,364
[xvi] Cf. João Paulo II, Carta enc. Dominum et vivificantem (18 de Maio de 1986), 22-26: AAS 78 (1986), 829-837.
[xvii] S. Atanásio de Alexandria, Cartas dominicais, 1,10: PG 26,1366.
[xviii] Cf. Bardesane, Diálogo sobre o destino, 46: PS 2, 606-607.
[xix] Const. sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, Apêndice: Declaração sobre a reforma do calendário.
[xx] Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 9.
[xxi] Cf. João Paulo II, Carta Dominicae Cenae (24 de Fevereiro de 1980), 4: AAS 72 (1980), 120; Carta enc. Dominum et vivificantem (18 de Maio de 1986), 62-64: AAS 78 (1986), 889-894.
[xxii] Cf. João Paulo II, Carta ap. Vicesimus quintus annus (4 de Dezembro de 1988), 9: AAS 81 (1989), 905-906.
[xxiii] N. 2177.
[xxiv] Copyright © Libreria Editrice Vaticana

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