Art. 8 – Se há criação nas obras da natureza e da arte.
(II Sent., dist. I. q. 1, a. 3, ad 5; a. 4, ad 4; De Pot., q. 3, a. 8; VII Metaphys., Lect. VII).
O oitavo discute-se assim. – Parece haver criação nas obras da natureza e da arte.
1. – Pois, em qualquer obra da natureza e da arte se produz alguma forma. Ora, esta não é produzida de alguma coisa, porque, por sua parte, não tem matéria. Logo, é produzida do nada. Assim que, em qualquer operação da natureza e da arte há criação.
2. Demais. – O efeito não é mais poderoso que a causa. Ora, nas coisas naturais só se encontra, como agente, a forma acidental, que é forma activa ou passiva. Logo, por operação da natureza, não se produz nenhuma forma substancial. Resta, portanto, que o seja por criação.
3. Demais. – A natureza faz o semelhante a si. Ora, encontram-se certos seres gerados, em a natureza, que não o são por algo de semelhante a eles, como é claro nos animais gerados por putrefacção. Logo, a forma deles não provém da natureza, mas existe por criação. E idêntica é a razão em casos similares.
4. Demais. – O que não é criado não é criatura. Se, pois nos seres da natureza não há criação, segue-se que não são criaturas; o que é herético.
Mas, em contrário, Agostinho distingue a obra da propagação, que é obra da natureza, da de criação [1].
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – As formas começam a existir em ato quando os compostos estão feitos; não que elas sejam feitas por si, mas somente por acidente.
RESPOSTA À SEGUNDA. – As qualidades activas em a natureza agem em virtude das formas substanciais. Por onde, o agente natural não somente produz um semelhante a si pela qualidade, mas pela espécie.
RESPOSTA À TERCEIRA. – Para a geração dos animais imperfeitos basta o agente universal, que é a virtude celeste, à qual eles se assemelham, não pela espécie, mas por certa analogia; nem vale dizer que as formas deles são criadas por um agente separado. Porém para a geração dos animais perfeitos não basta o agente universal, mas se requer um agente próprio, que é um gerador unívoco.
RESPOSTA À QUARTA. – A operação da natureza pressupõe princípios criados; assim que, as coisas feitas pela natureza se chamam criaturas.
(são tomás de aquino, Suma Teológica,)
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