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28/02/2012

Leitura Espiritual para 28 Fev 2012

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver texto completo para hoje, clicar abaixo
Evangelho: Lc 1, 57-80

57 Completou-se para Isabel o tempo de dar à luz e deu à luz um filho. 58 Os seus vizinhos e parentes ouviram falar da graça que o Senhor lhe tinha feito e congratulavam-se com ela. 59 Aconteceu que, ao oitavo dia, foram circuncidar o menino e chamavam-lhe Zacarias, do nome do pai.60 Interveio, porém, sua mãe e disse: «Não; mas será chamado João».61 Disseram-lhe: «Ninguém há na tua família que tenha este nome».62 E perguntavam por acenos ao pai como queria que se chamasse.63 Ele, pedindo uma tabuinha, escreveu assim: «O seu nome é João». Todos ficaram admirados. 64 E logo se abriu a sua boca, soltou-se a lingua e falava bendizendo a Deus. 65 O temor se apoderou de todos os seus vizinhos, e divulgaram-se todas estas maravilhas por todas as montanhas da Judeia. 66 Todos os que as ouviram as ponderavam no seu coração, dizendo: «Quem virá a ser este menino?». Porque a mão do Senhor estava com ele. 67 Zacarias, seu pai, ficou cheio do Espírito Santo, e profetizou dizendo: 68 «Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e resgatou o Seu povo; 69 e suscitou uma força para nos salvar, na casa do Seu servo David, 70 conforme anunciou pela boca dos Seus santos profetas de outrora; 71 que nos livraria dos nossos inimigos, e das mãos de todos os que nos odeiam; 2 para exercer a Sua misericórdia a favor de nossos pais, e lembrar-Se da Sua santa aliança, 73 segundo o juramento que fez a nosso pai Abraão, de nos conceder 74 que, livres das mãos dos nossos inimigos, O sirvamos sem temor,75 diante d'Ele com santidade e justiça, durante todos os dias da nossa vida. 76 E tu, menino, serás chamado o profeta do Altíssimo, porque irás à frente do Senhor, a preparar os Seus caminhos; 77 para dar ao Seu povo o conhecimento da salvação, pela remissão dos seus pecados, 78 graças à terna misericórdia do nosso Deus, que nos trará do alto a visita do Sol Nascente, 79 para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte; para dirigir os nossos pés no caminho da paz». 80 Ora o menino crescia e se fortificava no espírito. E habitou nos desertos até ao dia da sua manifestação a Israel.

CARTA APOSTÓLICA
SPIRITUS ET SPONSA
DO SUMO PONTÍFICE
JOÃO PAULO II
NO XL ANIVERSÁRIO DA CONSTITUIÇÃO
«SACROSANCTUM CONCILIUM»
SOBRE A SAGRADA LITURGIA
2…/

Perspectivas

11. Olhando para o futuro, vários são os desafios que a Liturgia é chamada a enfrentar. Com efeito, durante estes quarenta anos a sociedade passou por profundas transformações, algumas das quais põem vigorosamente à prova o compromisso eclesial. Temos à nossa frente um mundo em que, também nas regiões de antiga tradição cristã, os sinais do Evangelho se vão atenuando. Chegou o tempo de uma nova evangelização. E a Liturgia é interpelada directamente por este desafio.

À primeira vista, ela parece ter sido posta de lado, por uma sociedade amplamente secularizada. Contudo, é um dado de facto que, apesar da secularização, no nosso tempo sobressai de muitas formas uma renovada necessidade de espiritualidade. Como deixar de ver nisto uma prova do facto de que, no íntimo do homem, não é possível anular a sede de Deus? Existem interrogações que só encontram a resposta no contacto pessoal com Cristo. Somente na intimidade com Ele cada existência adquire o seu significado e pode chegar a experimentar  a  alegria  que  levou  Pedro  a dizer,  no  monte  da  Transfiguração:  "Mestre,  é  bom  ficarmos  aqui!" (Lc 9, 33 par.).

12. Diante deste anseio pelo encontro com Deus, a Liturgia oferece a resposta mais profunda e eficaz. E fá-lo especialmente na Eucaristia, na qual nos é concedido unir-nos ao sacrifício de Cristo e alimentar-nos do seu Corpo e do seu Sangue. Todavia, é necessário que os Pastores façam com que o sentido do mistério penetre nas consciências, voltando a descobrir e praticando a arte "mistagógica", tão querida para os Padres da Igreja [1]. Compete-lhes, de modo particular, promover celebrações dignas, prestando a devida atenção às diversas categorias de pessoas:  crianças, jovens, adultos e portadores de dificiência. Todos devem sentir-se acolhidos no interior das nossas assembleias, de maneira a poder respirar a atmosfera da primeira comunidade crente:  "Eles eram assíduos na escuta do ensinamento dos Apóstolos e na união fraterna, na fracção do pão e nas orações" (Act 2, 42).

13. Um aspecto que é preciso cultivar com maior compromisso, no interior das nossas comunidades, é a experiência do silêncio. Temos necessidade dele "para acolher nos nossos corações a plena ressonância da voz do Espírito Santo, e para unir estreitamente a oração pessoal à Palavra de Deus e à voz pública da Igreja" [2]. Numa sociedade que vive de maneira cada vez mais frenética, muitas vezes atordoada pelos ruídos e perdida no efémero, é vital redescobrir o valor do silêncio. Não é por acaso que mesmo para além do culto cristão, se difundem práticas de meditação que dão importância ao recolhimento. Por que não começar, com audácia pedagógica, uma educação ao silêncio no contexto de coordenadas próprias da experiência cristã? Que esteja diante dos nossos olhos o exemplo de Jesus, que "tendo saído de casa, se retirou-se num lugar deserto para ali rezar" (Mc 1, 35). Entre os seus diversos momentos e sinais, a Liturgia não pode minimizar o silêncio.

14. Através da introdução nas várias celebrações, a pastoral litúrgica deve incutir o gosto pela oração. Sem dúvida, fá-lo-á se tiver em consideração as capacidades dos fiéis singularmente, nas suas diferentes condições de idade e de cultura; mas fá-lo-á procurando não se contentar com o "mínimo". A pedagogia da Igreja deve saber "ousar". É importante introduzir os fiéis na celebração da Liturgia das Horas que, "enquanto oração pública da Igreja, é fonte de piedade e alimentação da oração pessoal" [3]. Ela não é uma acção individual ou "particular, mas pertence a todo o Corpo da Igreja [...] Por conseguinte, se os fiéis são convocados para a Liturgia das Horas e se reúnem em conjunto, unindo os seus corações e as suas vozes, manifestam a Igreja que celebra o mistério de Cristo" [4]. Esta atenção privilegiada à oração litúrgica não se põe em tensão com  a  oração  pessoal  mas,  ao  contrário, supõe-na e exige-a [5], e está em sintonia com outras formas de oração comunitária, sobretudo se forem reconhecidas e recomendadas pela Autoridade eclesial [6].

15. É irrenunciável na educação à oração e, de modo especial na promoção da vida litúrgica, a tarefa dos Pastores. Ela implica um dever de discernimento e de orientação. Isto não deve ser compreendido como um princípio de rigor, em contraste com a necessidade da alma cristã de se abandonar à acção do Espírito de Deus, que intercede em nós e "por nós, com gemidos inexprimíveis" (Rm 8, 26). Através da orientação dos Pastores realiza-se sobretudo um princípio de "garantia", previsto pelo desígnio de Deus sobre a Igreja e ele mesmo governado pela assistência do Espírito Santo. A renovação litúrgica realizada ao longo destas décadas demonstrou que é possível unir uma normativa que assegure à Liturgia a sua identidade e o seu decoro, a espaços de criatividade e de adaptação, que a aproximem das exigências expressivas das várias regiões, situações e culturas. Sem respeitar a normativa litúrgica, chega-se às vezes a abusos até mesmo graves, que ofuscam a verdade do mistério  e criam desconcerto e tensões no meio do Povo de Deus [7]. Estes abusos nada têm a ver com o autêntico espírito do Concílio e devem ser emendados pelos Pastores com uma atitude de determinação prudente.

Conclusão

16. A promulgação da Constituição litúrgica assinalou, na vida da Igreja, uma etapa de importância fundamental para a promoção e o desenvolvimento da Liturgia. A Igreja que, animada pelo sopro do Espírito, vive a sua missão de "sacramento, ou seja, sinal e instrumento da união íntima com Deus e da unidade de todo o género humano" [8], encontra na Liturgia a mais excelta expressão da sua realidade mistérica.

No Senhor Jesus e no seu Espírito, toda a existência cristã se torna "sacrifício vivo, santo e agradável a Deus", autêntico "culto espiritual" (Rm 12, 1). É verdadeiramente grandioso o mistério que se realiza na Liturgia. Nele, abre-se sobre a terra uma brecha de Céu e, da comunidade dos fiéis eleva-se, em sintonia com o cântico da Jerusalém celestial, o perene hino de louvor:  "Sanctus, Sanctus, Sanctus Dominus Deus Sabaoth. Pleni sunt caeli et terra gloria tua. Hosanna in excelsis!".

Que neste início de milénio se desenvolva uma "espiritualidade litúrgica", que leve as pessoas a tomarem consciência de Cristo como primeiro "liturgista", que não cessa de agir na Igreja e no mundo, em virtude do Mistério pascal continuamente celebrado, e associa a si a Igreja, para louvor do Pai, na unidade do Espírito Santo.

Com estes bons votos, concedo-vos a todos, do íntimo do coração, a minha Bênção.

Vaticano, 4 de Dezembro de 2003, vigésimo sexto ano de Pontificado.

JOÃO PAULO II


Copyright © Libreria Editrice Vaticana



[1] Cf. João Paulo II, Carta Apostólica Vicesimus quintus (4 de Dezembro de 1988), 21, em:  AAS 81 (1989), pág. 917.
[2] Institutio generalis liturgiae horarum, 213.
[3] Concílio Ecuménico Vaticano II, Constituição Dogmática sobre a Sagrada Liturgia, Sacrosanctum concilium, 90.
[4] Institutio generalis liturgiae horarum, 20 e 22.
[5] Cf. Concílio Ecuménico Vaticano II, Constituição Dogmática sobre a Sagrada Liturgia, Sacrosanctum concilium, 12.
[6] Cf. Concílio Ecuménico Vaticano II, Constituição Dogmática sobre a Sagrada Liturgia, Sacrosanctum concilium, n. 13.
[7] João Paulo II, Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia (17 de Abril de 2003), 52, em:  AAS 95 (2003), 468; João Paulo II, Carta Apostólica Vicesimus quintus (4 de Dezembro de 1988), 13, em:  AAS 81 (1989), pp. 910-911.
[8] Concílio Ecuménico Vaticano II, Constituição Dogmática sobre a Igreja, Lumen gentium, 1.

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