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19/02/2012

Leitura Espiritual para 19 Fev 2012

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.



Para ver texto completo para hoje, clicar abaixo
Evangelho: Mc 14, 17-31

17 Chegada a tarde, foi Jesus com os doze. 18 Quando estavam à mesa e comiam, disse Jesus: «Em verdade vos digo que um de vós, que come comigo, Me há-de entregar». 19 Então começaram a entristecer-se, e a dizer-Lhe um por um: «Porventura sou eu?». 20 Ele disse-lhes: «É um dos doze que se serve comigo do mesmo prato. 21 O Filho do Homem vai, segundo está escrito d'Ele, mas, ai daquele homem por quem for entregue o Filho do Homem! Melhor fora a esse homem não ter nascido». 22 Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, depois de pronunciada a bênção, partiu-o, deu-lho e disse: «Tomai, isto é o Meu corpo». 23 Em seguida, tendo tomado o cálice, dando graças, deu-lho, e todos beberam dele. 24 E disse-lhes: «Isto é o Meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado por todos. 25 Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da videira, até àquele dia em que o beberei novo no reino de Deus». 26 Cantados os salmos, foram para o monte das Oliveiras. 27 Então Jesus, disse-lhes: «Todos vós vos escandalizareis, pois está escrito: “Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão”. 28 Mas, depois de Eu ressuscitar, preceder-vos-ei na Galileia». 29 Pedro, porém, disse-Lhe: «Ainda que todos se escandalizem a Teu respeito, eu não». 30 Jesus disse-lhe: «Em verdade te digo que hoje, nesta mesma noite, antes que o galo cante a segunda vez, Me negarás três vezes». 31 Porém, ele insistia ainda mais: «Ainda que seja preciso morrer contigo, não Te negarei». E todos diziam o mesmo.

Talita Kum - Levanta-te
…/48


Dentro de casa, a mesma multidão de pessoas que choram, gritam e se arrepelam num alarido ensurdecedor, impedindo a passagem. «Mas Ele fá-los sair a todos, toma consigo o pai e a mãe e os que trazia consigo, entra onde jazia a criança». Dentro desta divisão da casa, há um silêncio que contrasta com o alarido exterior. Sobre a janela estreita a luz do dia é coada por uma cortina. Mal se distinguem, nas sombras as formas da jovem deitada sobre a cama.
O seu rosto transmite uma serenidade que só a morte tranquila pode conferir. A sua juventude é bem patente nas feições delicadas, no cabelo bem arranjado, nas mãos firmes que agora descansam, inertes, sobre o seu peito.
A mãe e o pai contendo os soluços deixam-se cair de joelhos aos pés do leito, entrelaçando as mãos num gesto de amor solidário em hora tão triste. Os seus olhos, húmidos das lágrimas mal contidas, procuram avidamente o olhar de Cristo que se debruça agora sobre a jovem. Com um gesto de carinho afasta do jovem rosto um caracol do cabelo que, rebelde, insistira e cobrir a jovem fronte. Jesus, também tem os olhos húmidos porque se enternece sobremaneira com esta figurinha frágil de jovem mulher que, agora, jaz ali, à Sua frente, na imobilidade da morte.

Os discípulos estão mudos, também, porque sabem por experiência, que está prestes a acontecer algo extraordinário. Conhecem bem aquela expressão no rosto mo Mestre. A expressão de ternura, de pena, de doce recriminação. Lentamente, também eles se ajoelham porque se dão conta que o momento é de profunda seriedade e que, realmente, Deus está ali naquele quarto, câmara mortuária da jovem filha de Jairo.

Como que suspenso no ar, há um clima de mistério e profunda elevação. Os raios da luz do Sol que a cortina deixa passar, iluminam os rostos estáticos dos presentes, num jogo de luz e sombras que tudo transformam num quadro quase irreal. Sente-se uma tensão que vibra no mais íntimo de cada um, fazendo sentir-se como que diminuindo cada vez mais até se assumir num minúsculo ponto sem entidade nem referência espacial.
É uma atmosfera tão irreal e etérea, mas ao mesmo tempo tão concreta palpável, que todos se sentem confusos e expectantes, expostos e permeáveis, inseguros e confundidos.

É neste ambiente que se dão conta que o Mestre se inclina uma vez mais sobre o leito, que toma delicadamente a mão da menina e, numa voz profunda e tranquila, diz imperiosamente: «Talitha kum!»

A voz de comando de Jesus, não admite discussão. «A menina pôs-se logo em pé e começou a andar, pois tinha doze anos».

No espaço de poucos dias, seguindo a cronologia do Evangelho de S. Lucas, Jesus ressuscita dois jovens. Ao filho da viúva de Naín também ordenara sem titubeios: «Adolescens, tibi dico, surge!» A este refere-se como “rapaz”, aquela como “menina”. A ambos manda que se levantem; àquele do catafalco onde seguia cadáver, a esta da cama onde a morte a colhera.
A um e a outro foi como se dissesse, “Não quero que continues deitado como se estivesses a dormir, quero-te de pé, desperto na tua juventude para viveres a vida que está à tua frente. Deitado dorme-se; de pé vive-se”.

Não nos damos conta que o que nos mantém “deitados” é o egoísmo, a indiferença, a tibieza. Quem assim se sente, viveu uma vida para si, em que os objectivos e planos foram sempre os seus, a sua pessoa, os seus interesses. Se ainda não o está, virá a ficar “comodamente” sozinho, porque não terá ninguém, que agradecido, solidário, deseje retribuir-lhe um amor, interesse e carinho que dele deveria ter recebido.
Quantas vezes estamos deitados no torpor da nossa consciência, na modorra da nossa falta de entusiasmo. Parece que nada nos importa, que estamos à margem de tudo, que já não contamos para nada. A vida vai passando, numa sucessão monótona de dias e noites, sempre iguais, sem incidentes de percurso. Acomodamo-nos nesta vida de pequenas certezas, de esquemas bem organizados em que tudo está previsto, numa sucessão de actos que se vão sucedendo, num maquinismo bem oleado que funciona perfeitamente.
Construímos laboriosamente esse estilo de vida a que chamamos “a felicidade tranquila a que tenho direito”; custou-nos não pouco trabalho e muita, muitíssima aplicação. Os vendavais da vida não nos arrancam do nosso posto, nem as torrentes ou temporais alteram a nossa postura.
Ao nosso lado, vemos um cortejo de misérias, dificuldades e pobreza gritantes, mas, olhamos de lado porque não nos diz respeito. No nosso bem esquematizado sistema pessoal de vida, já contemplámos esses casos e destinámos uma verba, nalguns casos significativa, para essa “solidariedade institucional”, a que não nos eximimos.
Já demos o nosso contributo, já trabalhámos, já nos cansámos, agora, é tempo de descanso, de colher frutos, de… ficar deitado.

Eu, agora, estou reformado! Outros que trabalhem, que façam que… vivam!

[1]…/


[1]Escrito por AMA em 2010, visto por autoridade eclesiástica.
      Agrad. Dr. V. Costa Lima, pelo aconselhamento e sugestões

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