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28/01/2012

Tratado De Deo Trino 74

Questão 43: Da missão das Pessoas divinas.

Art. 8 – Se nenhuma Pessoa é enviada senão por aquela da qual procede eternamente.

(I Sent., dist. XV, q. 3; De Pot., q. 10, a. 4, ad 14; Contra errores Graec, cap. XIV).

O oitavo discute-se assim. – Parece que nenhuma Pessoa divina senão por aquela da qual procede eternamente.

1. – Porque, como diz Agostinho, o Pai por ninguém é enviado porque de ninguém procede [1]. Se pois uma Pessoa divina é enviada por outra, é necessário que dessa proceda.

2. Demais. – O emitente tem autoridade sobre o enviado. Mas, em relação à Pessoa divina, não pode haver autoridade senão pela origem. Logo, é necessário que a Pessoa enviada se origine da que envia.

3. Demais. – Se uma Pessoa divina pode ser enviada por outra, da qual não provém, nada impede dizer que o Espírito Santo é dado pelo homem, embora deste não provenha. O que vai contra Agostinho [2]. Logo, uma Pessoa divina não é enviada senão por outra, da qual procede.
Mas, em contrário, é que o Filho é enviado pelo Espírito Santo, segundo a Escritura (Is 48, 16): Agora o Senhor Deus me enviou e o seu Espírito. Ora, o Filho não procede do Espírito Santo. Logo, uma Pessoa divina é enviada por outra, da qual não procede.

Para ver a solução, clicar:


Há várias opiniões sobre esta matéria. Segundo uns, uma Pessoa divina não é enviada senão por outra, da qual procede eternamente. E deste modo, quando se diz, que o Filho de Deus foi enviado pelo Espírito Santo, isto se refere à natureza humana, em dependên­cia da qual foi enviado para pregar. Agostinho, porém, diz que o Filho é enviado tanto por si como pelo Espírito Santo [3]; e o Espírito Santo também é enviado por si e pelo Filho [4]; assim, não é a qualquer Pessoa divina que convém ser enviada, mas somente à Pessoa existente por outra; enviar, porém, convém a qualquer Pessoa.

Ora, ambas estas doutrinas encerram de algum modo a verdade. Porque quando se diz, que alguma Pessoa é enviada, com isso tanto se designa a própria Pessoa existente por outra, como o efeito visível ou invisível, no qual se funda a missão da Pessoa divina. Se, pois, o emitente é designado como princípio da Pessoa enviada, então não é qualquer pessoa que envia, mas somente aquela a que é próprio ser o princípio da outra pessoa. E assim, o Filho é enviado somente pelo Pai; o Espírito Santo, porém, pelo Pai e pelo Filho. Mas se a Pessoa emitente for entendida como o princípio do efeito no qual se funda a missão, nesse caso toda a Trindade envia a Pessoa enviada. Mas nem por isso o homem dá o Espírito Santo, pois ele não pode causar o efeito da graça.

Assim ficam claras as RESPOSTAS ÀS OBJEÇÕES.

(são tomás de aquino, Suma Teológica,)


[1] IV de Trin., c. 20.
[2] XV de Trin., c. 26.
[3] II de Trin., c. 5.
[4] De Trin., l. II, c. 5

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