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23/01/2012

Testamento de Martín Vigil

Passado um ano, conheceu-se a discreta morte do novelista de êxito José Luis Martín Vigil, o autor de "La vida sale al encuentro".

O escritor, que tinha deixado a Companhia de Jesus e posteriormente o sacerdócio, alcançou a fama com a sua primeira novela, "La vida sale al encuentro" (1960), experiência dos seus anos como educador no colégio dos jesuítas de Vigo e que foi um bestseller, reeditado até 2006, numa última versão revista pelo próprio autor.

O sacerdote jesuíta e destacado escritor Pedro Miguel Lamet faz referencia num artigo publicado hoje em “El Mundo” " às amargas situações em que decorreu a vida do ex sacerdote, a quem acabaram por proibir confessar, e depois pregar - enchia a Igreja de Salamanca - e que definitivamente o conduziram a secularizar-se”.

Testamento
Em Outubro passado, o boletim “Bellavista” dos antigos alunos dos jesuítas de Vigo, colégio onde Martín Vigil foi educador, publicou o seu testamento.

Trata-se de um escrito emocionante no qual Martín Vigil confessa abertamente a sua fé, o seu amor à Companhia de Jesus, ignora a sua obra literária e se despede com uma enorme simplicidade:

“Bom, afinal morro cristão como comecei. Creio em Deus. Amo a Deus. Espero em Deus. Não perseverei na Companhia de Jesus, mais jamais deixei de ama-la e estar-lhe agradecido. Não conheço o ódio, não necessito perdoar a ninguém. Mas sim que me perdoem quantos se sintam com razão meus credores, que serão mais dos que estão na minha memória. Amei o próximo. Não tanto como a mim mesmo, ainda que o tenha tentado muitas vezes. Não farei um discurso sobre a minha passagem pela vida. Quanto há que saber de mim sabe-o Deus. Quanto aos meus restos, só desejo a cremação e conseguinte devolução das cinzas à terra, na forma mais simples, discreta e menos aborrecida e onerosa. Dispensai pois as flores, pagelas, recordatórios e similares. Todo isso é fumo: Só desejo orações. Deste mundo só levo comigo o que trouxe, a minha alma. Declarado tudo, agradecido a todos, desejo causar os mínimos incómodos. Deus vos pague”.

(pedro miguel lamet, sj, trad ama)

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