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05/01/2012

Porquê Deus se esconde? 5

No primeiro capítulo do Evangelho de João conta-se que dois discípulos do Baptista seguiram Jesus. Ele volta-se e pergunta-lhes: “Que procurais?”. Antes, o Baptista tinha assinalado Jesus como o Cordeiro de Deus. Pois bem, à pergunta de Jesus os discípulos respondem-lhe: “Onde vives?”, ao que o Senhor os convida a segui-lo: “vinde e vereis”. Atrevo-me a sugerir que, esta passajem, descreve a estrutura básica da relação entre nosso Senhor e os seus seguidores. Nesta passajem, parece-me, podemos encontrar luz para a pergunta sobre um Deus que se oculta. Vejamo-lo.
Em primeiro lugar, os discípulos do Baptista seguem a Jesus porque o seu mestre o assinalou como o Cordeiro de Deus. Basta esta observação para que os discípulos sigam Jesus. Seguem-no sem O conhecer talvez com curiosidade, porque o seu mestre o tinha identificado com o Cordeiro. É uma notícia extraordinária, mas todavia estranha para eles. Provavelmente o que procuram é comprovar a verdade das palavras de João Baptista.
Com efeito, na nossa vida  Jesus costuma tornar-se presente através de outros que no-lo assinalaram como o Deus vivo, salvador. Outros falaram-nos dele. Padres, catequistas, sacerdotes, amigos. A noticia do Deus feito carne ouvimo-la como uma estranha informação de alguém que fez o bem, milagres, prodígios. A importância pessoal  da notícia de Deus é variável: uns ouvem-na e ignoram-na, outros pelo contrário sentem curiosidade suficiente para saber algo mais  dele. Os discípulos do Baptista, deixando o seu mestre por umas horas, seguem o Messias.
Em segundo lugar, quando o Senhor comprova que alguém se interessa por Ele, volta-se e interpela pessoalmente (“o que procurais?”). É a pergunta que também nos dirige a nós. Não pergunta “o que queres?”, “porque me segues?”. É uma pergunta indefinida quanto ao objecto, mas que supõe que quem o segue busca “algo”. O que buscamos quando nos interessamos pelo Senhor?   É possível que nós próprios não possamos responder com clareza. Num primeiro encontro só sabemos que sentimos uma certa curiosidade por Ele; talvez noutros casos admiração ou inclusive uma pitada de sedução misturada com  desconfiança.

(carlos jariod borrego [1], trad  ama)


[1] Professor de filosofia num Instituto de Toledo e professor convidado de teoria educativa num instituto de ciências religiosas da mesma cidade. Interessado pela educação, presidiu à Federação toledana de CONCAPA durante quatro anos e é co-fundador e presidente da associação toledana de professores Educação e Pessoa.

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