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16/01/2012

Leitura Espiritual para 16 Jan 2012


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)



Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.





Para ver texto completo para hoje, clicar abaixo

Evangelho: Mt 26, 1-29

1 Aconteceu que, tendo Jesus acabado todos estes discursos, disse aos Seus discípulos:  2 «Vós sabeis que daqui a dois dias será celebrada a Páscoa e o Filho do Homem será entregue para ser crucificado». 3 Foi então que se reuniram os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo no palácio do sumo pontífice, que se chamava Caifás, 4 e tiveram conselho acerca dos meios de prenderem a Jesus por astúcia, e de O matarem. 5 Mas eles diziam: «Não se faça isto durante a festa, para que não suceda levantar-se algum tumulto entre o povo». 6 Estando Jesus em Betânia, em casa de Simão o leproso, 7 aproximou-se d'Ele uma mulher com um frasco de alabastro, cheio de um perfume precioso, e o derramou sobre a Sua cabeça, quando Ele estava à mesa. 8 Vendo isto, os discípulos indignaram-se, dizendo: «Para quê este desperdício? 9 Porque este perfume podia vender-se por bom preço, e dar-se aos pobres». 10 Jesus, sabendo isto, disse-lhes: «Porque molestais esta mulher? Ela fez-Me verdadeiramente uma obra boa. 11 Porque vós tereis sempre convosco pobres, mas a Mim nem sempre Me tereis. 12 Derramando ela este perfume sobre o Meu corpo, fê-lo como para a Minha sepultura. 13 Em verdade vos digo que onde quer que for pregado este Evangelho, em todo o mundo, publicar-se-á também para sua memória o que ela fez». 14 Então um dos doze, que se chamava Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes, 15 e disse-lhes: «Que me quereis dar e eu vo-l'O entregarei?». Eles prometeram-lhe trinta moedas de prata. 16 E desde então buscava oportunidade para O entregar. 17 No primeiro dia dos ázimos, aproximaram-se de Jesus os discípulos, dizendo: «Onde queres que Te preparemos o que é necessário para comer a Páscoa?». 18 Jesus disse-lhes: «Ide à cidade, a casa de um tal, e dizei-lhe: “O Mestre manda dizer: O Meu tempo está próximo, quero celebrar a Páscoa em tua casa com os Meus discípulos”». 19 Os discípulos fizeram como Jesus tinha ordenado e prepararam a Páscoa. 20 Ao entardecer, pôs-se Jesus à mesa com os doze. 21 Enquanto comiam, disse-lhes: «Em verdade vos digo que um de vós Me há-de trair». 22 Eles, muito tristes, cada um começou a dizer: «Porventura sou eu, Senhor?» 23 Ele respondeu: «O que mete comigo a mão no prato, esse é que Me há-de trair. 24 O Filho do Homem vai certamente, como está escrito d'Ele, mas ai daquele homem por quem será entregue o Filho do Homem! Melhor fora a tal homem não ter nascido». 25 Judas, o traidor, tomou a palavra e disse: «Porventura, sou eu, Mestre?». Jesus respondeu-lhe: «Tu o disseste». 26 Enquanto comiam, tomou Jesus o pão, pronunciou a bênção, e partiu-o, e deu-o aos Seus discípulos, dizendo: «Tomai e comei, isto é o Meu corpo». 27 Tomando depois o cálice, deu graças, e deu-lho, dizendo: «Bebei dele todos. 28 Porque isto é o Meu sangue, o sangue da nova aliança, que será derramado por todos para remissão dos pecados. 29 Digo-vos, porém: desta hora em diante não beberei mais deste fruto da videira, até àquele dia em que o beberei de novo convosco no reino de Meu Pai».

Talita Kum - Levanta-te
…/16

E, o ‘oleiro divino’ uma e outra vez refaz a mesma peça de que sou feito. Retoma o seu ‘trabalho’ da minha santificação como se nada se tivesse passado, como se eu não estivesse feito nos pedaços que as minhas frequentes quedas originam. E, no entanto, é assim que é!

Recordo, agora, dias em que me senti tão profundamente imerso num poço que parecia não ter fundo:

 «Este foi o dia dos exames, ‘passeei’ por todo o hospital – deitado na cama, é claro – o frio dos corredores, as esperas intermináveis, o desconforto das mudanças da cama para os tabuleiros da maquinaria dos exames radiológicos. As pernas já não respondiam a qualquer estímulo e, as mãos e os braços começavam a dar sinais de preocupante paralisia.
‘Agarrei-me’ ao manto de Nossa Senhora, ‘debrucei-me’ sobre o ombro de S. Josemaria, ‘aninhei-me’ nos braços do Anjo da Guarda.
Vieram nada menos que três médicos. Percebi que um seria o ‘chefe’ os outros assistentes. Ao que vinham? Nada mais nada menos que fazer nova punção lombar.
Nem disse nada – que havia eu de dizer? – Limitei-me a pedir ajuda para me enrolar de lado, numa posição quase fetal, a cabeça bem metida no regaço da minha Mãe do Céu, pedindo ao Anjo da Guarda que ‘falasse’ com o seu ‘colega’ do médico que me iria fazer a punção, para lhe guiar as mãos…
Quem começou o ‘serviço’ foi um dos assistentes. Correu mal. Três tentativas, nada menos! Eu comecei a tremer por dentro, cheio de medo que começasse também a tremer por fora. Tem de ser assim. O assistente (como todos, afinal) tinha de ganhar experiência e… ali estava eu, disponível…
Percebi que mudava o executante e logo senti na coluna, uma mão experiente, calma, confiada e a agulha a entrar com suavidade no local certo. Fora o ‘chefe’ que numa performance impecável, terminava a ‘aula’ prática.
Depois foi mais um passeio de cama, pelos corredores intermináveis do hospital. Para quem conhece o Hospital de Santo António, sabe que ‘OBS 3’, onde eu me encontrava, está situado na parte nova na entrada da Urgência, e, a ‘ressonância magnética’, está na parte antiga. Não faço ideia exacta, mas calculo que serão talvez uns quinhentos metros…
Dentro do ‘túnel’ da ‘ressonância magnética’, com o corpo todo a tremer dos disparos constantes do aparelho, a coluna a despedaçar-se – julgava eu – no meio daquele barulho ensurdecedor e do enorme desconforto da interminável situação, invoquei o meu Anjo da Guarda, ele atendeu-me e… adormeci!

Não quero lembrar-me dessa noite!

Foi algo terrível: as dores, o desconforto, a confusão na minha cabeça, sem conseguir coordenar as ideias, rezar uma Ave-Maria até ao fim…
Algures, na sala, uma mulher, de cabeça perdida, insultava, aos berros, as enfermeiras nos termos mais soezes e grosseiros.
Numa outra cama, em frente da minha, um homem agonizava (morreu essa noite).
Eu, meio adormecido meio desperto, mergulhado num ‘limbo’ estranho de sensações, dores, ideias desencontradas, lá passei aquela noite.» [1]

Às vezes – quantas vezes! – parece que estamos sozinhos no mundo.

Rodeados de pessoas, no afã da vida diária, no corre-corre de todos os dias, mesmo assim, estamos sozinhos. Sentimo-nos “individuais” como se, no mundo, não existisse mais ninguém senão nós.

Rezamos e, a oração sai insípida, árida.

Sentimo-nos desconfortáveis, achamos que ‘não vale a pena’ e… deixamo-nos ir.
Logo entra o desânimo, o descoroçoamento e, a tempo, a tristeza.

«Clamei bem alto e não me ouvias! No denso nevoeiro da doença, mergulhado num mar povoado de estranhos seres, sem saber se estava acordado ou adormecido, sem ter a noção onde começava e acabava o meu corpo: a cabeça... os pés... as mãos...; ‘aparafusado’ numa cama que fazia parte de mim... os calcanhares...? (como é possível doerem tanto, os calcanhares?!...), clamei por Ti e não me ouvias!
E, eu, mergulhava outra vez naquele oceano de perdição, e voltava à superfície, e de novo me perdia.
Havia uma espécie de estratificação dos pensamentos, tinha tudo ordenado, muito bem organizado na minha cabeça: azuis, encarnados, verdes... dois azuis, três verdes... não... agora é um verde e depois... três ou quatro doutra cor qualquer. (decidi que as cores não eram importantes).
Nada fazia sentido, estava vivo...?; morto...?; moribundo...? calado...?; aos gritos...? e o ar? Sim o ar: era solene, composto, digno ou, pelo contrário tinha a boca retorcida num esgar, os olhos vítreos esbugalhados, o gesto descontrolado?

Ne timeas! Ouvi-te, finalmente!
   
Percebi, então, só então, que estava tão preocupado com a minha doença, o meu sofrimento, que ficara incapacitado para Te ouvir...
Tranquilo, fui repetindo até adormecer: Ofereço..., ofereço..., ofereço!
Faça-se, cumpra-se a Tua Justíssima e Amabilíssima Vontade sobre todas as coisas. Ámen. Ámen.» [2]

[3]…/



[1] ama, Diário do Hospital, Porto, 2007.
[2] ama, Diário do Hospital, 2007.
[3] AMA, com revisão eclesiástica (agrad. Dr. V. Costa Lima, pela revisão e sugestões)

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