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02/10/2011

Música e entretenimento

  Mozart: Don Giovanni - Nikolaus Harnoncourt - Zurich Opera House


selecção ALS

A nossa coroação 2

Para lá do Túnel
Desde logo ninguém pode acusar São Paulo de falsa modéstia. Não se deve ir pela vida, acusando-se de ser um pecador sem remédio, que não pode aspirar à Jerusalém celestial: Primeiro, porque não há pecado por terrível que seja, que o Senhor não esteja disposto a perdoar e em segundo lugar, se se vive na graça e na amizade de Deus, ser-se-á sempre uma pessoa alegre, porque a tristeza é um património de satanás. De outro lado ninguém deve ocultar a sua amizade com o Senhor, pois Ele disse-o muito claramente: "Pois a todo o que me confessar diante dos homens, eu também o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus: mas a todo o que me negar diante dos homens, eu o também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus” (Mt 10,32-33).

Juan del Carmelo, trad ama

Princípios filosóficos do cristianismo


Princípios filosóficos do cristianismo
A Fé e a Razão
Filósofo
Rembrandt


O cardeal Lustiger, interrogado sobre a possibilidade de conhecer a Deus com a razão, respondia com simplicidade e convicção que a dita possibilidade é uma verdade que se deduz de dois factos indiscutíveis: se o homem vem de Deus, pode ascender a Ele com a luz da razão. Por outro lado, é inegável que a Bíblia apresenta o homem como um ser responsável perante Deus. Ora bem, somente podemos ser responsáveis perante Deus se o podemos conhecer de certeza.
Por outro lado, é claro que se o homem não tivesse capacidade natural de conhecer Deus, não O poderia reconhecer como tal na revelação. A revelação viria a ser como uma chamada a um homem surdo e insensível. É o caso de Karl Barth que, com a negação da analogia do ser compromete a própria possibilidade da revelação, pois se os nossos conceitos são incapazes de veicular a palavra de Deus, não poderão ser tornados capazes por decreto divino. Assim, pois, a analogia do ser é uma implicação da própria revelação.

(jose ramón ayllón, trad. ama)

Deus pertence a algum género?

Tratado De Deo Uno

 Art. 5 — Se Deus pertence a algum género.

(I Sent., dist. 8, q. 4, a. 2; dist. 19, q. 4, a. 2; Cont. Gent. I, 25; De Pot., q. 7, a. 3; Compend. Theol., c. 12; De Ent. Et Ess., c. 6)

O quinto discute-se assim. — Parece que Deus pertence a algum género.

1. — Pois, substância é o ser por si subsistente, o que é por excelência próprio de Deus. Logo, Deus pertence ao género da substância.

2. Demais. — Uma coisa mede-se pela sua congénere, como as longitudes, pela longitude e os números, pelo número. Ora, Deus é a medida de todas as substâncias, como o diz o Comentador [i]. Logo, Deus pertence ao género da substância.

Mas,  em contrário, o género é, racionalmente, anterior ao seu conteúdo. Ora, nada é anterior a Deus, nem material nem racionalmente. Logo, não pertence a nenhum género.

SOLUÇÃO. — De dois modos uma coisa pode pertencer a um género: absoluta e propriamente, como as espécies, que ele abrange; ou por via de redução, como os princípios e as privações. Assim, o ponto e a unidade se reduzem ao género da quantidade, como princípios; a cegueira, como toda privação, ao género do seu hábito. — Ora, de nenhum desses modos Deus pertence a um género. E, por outro lado, que não pode ser espécie de nenhum, de três modos pode ser demonstrado. Primeiro, porque uma espécie é constituída pelo seu género e pela sua diferença; e sempre a origem da diferença constitutiva da espécie está para a origem do género, como o ato, para a potência. Assim, animal deriva da natureza sensitiva, por concreção; pois, chama-se animal o ser dessa natureza sensitiva. Racional, por seu lado, deriva da natureza intelectiva, pois racional é o ser que tem essa natureza. Ora, intelectivo está para sensitivo como o ato, para a potência, o mesmo se dando em casos semelhantes. Ora, como em Deus nenhuma potência vem acrescentar-se ao ato, impossível é que seja espécie de qualquer género. Segundo, porque sendo a existência a essência de Deus, como já demonstramos [i], se Deus pertencesse a algum género, este seria necessariamente o do ser, pois o género exprime a essência de uma coisa e predica o que a coisa é. Ora, como o Filósofo o demonstra [ii], o ser não pode constituir género de nada; pois, todo género implica diferenças estranhas à sua essência. E não é possível descobrir nenhuma diferença exterior ao ser, visto que não pode o não-ser diferenciar nada. Donde resulta que Deus não pertence a nenhum género. Terceiro, porque todas as coisas pertencentes a um mesmo género devem ter também a mesma quididade ou essência genérica, que lhes é atribuída por atribuição essencial. Mas diferem pela existência; assim, não é a mesma a existência do homem e a do cavalo, nem a de tal homem e a de tal outro. Por onde é necessário que, em todas as coisas de um mesmo género, difira a existência da quididade ou essência. Ora, em Deus não há tal diferença, como já demonstramos [iii]. Portanto, é manifesto que Deus não pertence especificamente a nenhum género. Donde resulta que não tem género,  nem diferenças, nem definição, nem demonstração — salvo pelo efeito; porque a definição consta de género e diferença e é o meio para chegar à demonstração. — E também é claro que Deus não se inclui em nenhum género, como princípio, por via de redução. Pois, o principio redutível a um género não pode estender-se além desse género. Assim, o ponto só é princípio da quantidade contínua, e a unidade, da discreta. Ora, Deus é o princípio de todos os seres, como a seguir se demonstrará [iv]. Logo, não está contido em nenhum género, como em princípio.

DONDE A RESPOSTA A PRIMEIRA OBJEÇÃO. — O nome de substância não significa somente o que subsiste por si, porque o ser em si mesmo não é género, como demonstramos [vi]. Mas, significa a essência, à qual convém existir desse modo, i. é, por si mesma; sem que isso, porém, lhe constitua a essência própria. Por onde, é claro que Deus não está incluído no género da substância.

RESPOSTA À SEGUNDA. — A objecção colhe quanto à medida proporcionada, pois esta há de, necessariamente, ser homogénea com o que mede. Ora, Deus não é medida proporcionada a nenhum ser; mas é considerado como medida de todos, porque cada um existe enquanto dele se aproxima.




[i] Art. Praec.
[ii] III Metaphys., c. 3
[iii] Art. Praec.
[iv] Q. 44, a. 1



[i] Averróis, X. Metaphys., comm. VII
[ii] Art. Praec.
[iii] III Metaphys., c. 3
[iv] Art. Praec.
[v] Q. 44, a. 1
[vi] In corp.

Evangelho do dia e comentário

 Santos Anjos da Guarda [i]












T. Comum– XXVII Semana




Evangelho: Mt 21, 33-43

33 «Ouvi outra parábola: Havia um pai de família que plantou uma vinha, e a cercou com uma sebe, e cavou nela um lagar e edificou uma torre; depois, arrendou-a a uns vinhateiros, e ausentou-se daquela região. 34 Estando próxima a época da colheita, enviou os seus servos aos vinhateiros para receberem os frutos da sua vinha. 35 Mas os vinhateiros, agarrando os servos, feriram um, mataram outro, e a outro apedrejaram-no. 36 Enviou novamente outros servos em maior número do que os primeiros, e fizeram-lhes o mesmo. 37 Por último enviou-lhes seu filho, dizendo: “Hão-de respeitar o meu filho”. 38 Porém, os vinhateiros, vendo o filho, disseram entre si: “Este é o herdeiro; vamos, matemo-lo, e ficaremos com a herança”. 39 E, agarrando-o, puseram-no fora da vinha, e mataram-no. 40 Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles vinhateiros?». 41 Responderam-Lhe: «Matará sem piedade esses malvados, e arrendará a sua vinha a outros vinhateiros que lhe paguem o fruto a seu tempo». 42 Jesus disse-lhes: «Nunca lestes nas Escrituras: “A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular; pelo Senhor foi feito isto, e é coisa maravilhosa aos nossos olhos”? 43 Por isso vos digo que vos será tirado o reino de Deus e será dado a um povo que produza os seus frutos.

Comentário:

O zelo do pai de família leva-o a plantar a sua vinha com todos os cuidados, dotando-a de meios para a produção do vinho, protegendo-a com uma sebe e dotando-a de uma torre de vigilância.

O que os arrendatários têm de fazer, é tratar com esmero aquilo que lhes é arrendado para que com o fruto do seu trabalho criterioso e dedicado se gerem os fundos suficientes para pagar a renda ao dono da vinha.

De facto, se aceitam as condições do dono da vinha, não podem fazer outra coisa a não ser honrar o acordado sob pena de sofrerem as consequências do incumprimento.

Repare-se bem que não se trata de escravos ou contratados pelo pai de família para trabalhar na vinha, mas de arrendatários, isto é, de pessoas que celebram de livre vontade um acordo com regras e deveres.

(ama, comentário sobre Mt 21, 33-43, 2011.08.29)


[i] Santos Anjos da Guarda
Quando desejamos a ajuda do Anjo da Guarda, seja no que for, temos de dar-lhe a conhecer, de alguma forma, as nossas intenções e os nossos desejos.
Não obstante a grande perfeição da sua natureza, os anjos não têm o poder de Deus nem a Sua sabedoria infinita, de modo que não podem ler o interior das consciências.
O trato de amizade e confiança com o Nosso anjo da Guarda é fundamental para que possamos dar-lhe a entender o que desejamos e para possa deduzir do nosso interior mais do que nós mesmos somos capazes de expressar.
Nas coisas mais comezinhas da nossa vida como nas mais importantes, está sempre ao nosso lado desejoso de ser útil.
Habituemo-nos a solicitar-lhe que fale com os Anjos da Guarda das pessoas com quem falamos para que os induzam ao que desejamos. (ama, sobre o Anjo da Guarda, 2010.07.31)