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01/09/2011

Deus é totalmente simples?

Deus Pai
Rafael Sanzio
Parece que Deus não é totalmente simples:
1. Com efeito, as coisas que procedem de Deus se parecem com Ele, daí que do primeiro ente derivam todos os entes, e do primeiro bem, todos os bens. Ora, entre as obras de Deus, nada há de totalmente simples. Logo, Deus não é totalmente simples.
2. Além disso, tudo o que há de melhor há-de ser atribuído a Deus. Ora, entre nós, as coisas compostas são melhores que as simples; como os corpos mistos com respeito aos elementos, e os elementos às suas partes. Logo, não se deve dizer de Deus que seja totalmente simples.
EM SENTIDO CONTRÁRIO, Agostinho afirma: “que Deus é verdadeira e sumamente simples”.






Que Deus seja totalmente simples se pode provar de várias maneiras:
1. Pelo que precede. Como em Deus não há composição nem de partes quantitativas, pois não é um corpo; nem de forma e de matéria, nem distinção de natureza e supósito; nem de essência e ser; nem composição de género e diferença, nem de sujeito e de acidente, fica claro que Deus não é composto de nenhuma maneira, mas totalmente simples.
2. Porque todo composto é posterior a seus componentes e dependente deles. Ora, Deus é o primeiro ente, como já foi demonstrado (q.2 a.3).
3. Porque todo composto tem uma causa. Assim as coisas que por si são diversas não conformam uma unidade, a não ser por uma causa que as unifique. Ora, Deus não tem causa, como foi demonstrado (q.2 a.3), sendo a primeira causa eficiente.
4. Porque em todo composto, há de existir potência e ato, o que não há em Deus, porque, ou uma das partes é ato em relação à outra, ou pelo menos as partes se encontram todas em potência com respeito ao todo.
5. Porque todo composto é algo que não coincide com qualquer de suas partes. Isto é manifesto nas totalidades formadas de partes dessemelhantes: parte nenhuma do homem é o homem, e nenhuma parte do pé é o pé. Por outro lado, nas totalidades de partes semelhantes, embora algo que se diz do todo, se diga da parte, por exemplo: uma parte do ar é ar, uma parte da água é água, no entanto, algo diz do todo que não convém a alguma das partes; assim se toda água mede dois côvados, não se segue que cada parte também o meça. Por conseguinte, em todo composto existe algo que com ele não se identifica. Embora isso se possa dizer do que tem forma, a saber, que nele existe algo que não é ela (como em algo branco existe algo que não é da razão de branco), contudo, na forma nada existe de estranho. Daí que, como Deus é forma, melhor dizendo, é o mesmo ser, de maneira nenhuma pode ser composto. Hilário assinala essa razão em seu livro A Trindade quando diz: “Deus, que é poder, não comporta fraquezas; sendo luz, não admite obscuridade”.

Suma Teológica I, q.3 a.7

Quanto às objecções iniciais, portanto, deve-se dizer que:
1. O que procede de Deus a Ele se assemelha, como os efeitos da causa primeira a ela se assemelham. Ora, pertence à razão de ser causado ser composto de alguma maneira, porque pelo menos seu ser é distinto de sua essência, como se verá (q. 50 a.2).
2. Para nós, os compostos são melhores do que os simples, porque a perfeição da bondade da criatura não se encontra em um único simples, mas em muitos; ao passo que a perfeição da bondade divina se encontra em um único simples, como se verá (q. 4, a.2).


Sobre a família

Debate planetário sobre o matrimónio

O balanço final é que dos 192 países reconhecidos pela ONU (mais 10 de facto, não integrados oficialmente na dita organização) somente reconhecem o matrimónio entre pessoas do mesmo sexo um total de 10 países, mais alguns estados isolados do México e Estados Unidos. Entre eles, não se conta nenhum país asiático e nenhum africano (salvo a África do Sul), e somente um latino-americano, e parte de outro. Comparando a demografia desse pequeno grupo de países com a de todo o planeta que rejeita o modelo de matrimónio entre pessoas do mesmo sexo, a anomalia jurídica está todavia localizada. Desde logo é uma localização com tendência para a expansão, mas parece que a maioria da corrente sanguínea do organismo jurídico tende a defender-se, procurando outras fórmulas que equilibrem a concessão de alguns efeitos às uniões entre pessoas do mesmo sexo com o direito de manter na sua real configuração as instituições jurídicas, entre elas o matrimónio como união entre homem e mulher.
Desde logo, a prevalência do sentido comum e jurídico nesta importante matéria exige – em especial aos juristas – essa qualidade tão própria dos homens dedicados a defesa da justiça que consiste em manter a firmeza de uma rocha nas convicções, moderando-a com a flexibilidade de um junco nas suas aplicações.

rafael navarro-valls [i], trad ama




[i] rafael navarro-valls, catedrático de a Facultad de Derecho de a Universidad Complutense de Madrid, e secretario general de a Real Academia de Jurisprudencia e Legislación de España.

Perguntas e respostas sobre Jesus de Nazaré. 35

Jesus de NazaréO que se pede aos cristãos, como atitude de fundo?

“Pede-se-lhes vigilância. Esta vigilância significa, por um lado, que o homem não se encerre no momento presente, abandonando-se às coisas tangíveis, mas que levante o olhar mais para além do momentâneo e as suas urgências. Do que se trata é de ter o olhar posto em Deus para receber dele o critério e a capacidade de obrar de forma justa. Por outro lado, vigilância significa sobretudo abertura ao bem, à verdade, a Deus, no meio de um mundo a amiúde inexplicável e acossado pelo poder do mal. Significa que o homem procure com todas as suas forças e com grande sobriedade fazer o que é justo, não vivendo segundo os seus próprios desejos, mas segundo a orientação da fé”

55 Preguntas e respuestas sobre Jesús de Nazaret, extraídas del libro de Joseph Ratzinger-Benedicto XVI: “Jesús de Nazaret. Desde la Entrada en Jerusalén hasta la Resurrección”, Madrid 2011, Ediciones Encuentro. Página 81-82, marc argemí, trad. ama

Música e oração

Taizé Song - The Kingdom of God




Tema para breve reflexão

Fidelidade




Fidelidade é o devotamento voluntário prático e completo de uma pessoa a uma causa.



(josiah royce, Filosofia de la Fidelidad, Hachette, Buenos Aires, 1949, nr. 34, trad ama)

Evolucionismo

Do Céu à Terra
A evolução do evolucionismo

Existe azar na evolução?

Ao lançar uma moeda ao ar, não sai cara ou cruz por azar, mas sim devido ao movimento que se deu à moeda, pela resistência do ar e o tipo de superfície sobre que cai: factores que são impossíveis de medir com exactidão. Por isso se fala de jogos de azar. Aristóteles expressou-o de forma insuperável quando disse que "o azar é uma etiqueta para a nossa ignorância". Pode falar-se de azar na linguagem coloquial, mas não na científica, porque a ciência define-o precisamente como "conhecimento por causas", e apelar ao azar é uma forma acientífica de prescindir das causas. Talvez, por excepção, poderia surgir, por azar, um órgão de um ser vivo, mas não se pode converter a excepção em lei, como pretendem muitos darwinistas. O azar, na realidade, tem a mesma capacidade explicativa que a geração espontânea. Hoje torna-se risível a ingenuidade que suporia acreditar na geração espontânea, mas é igualmente ingénuo crer no azar.

jose ramón ayllón, trad. ama


Princípios filosóficos do Cristianismo

Caminho e Luz

Princípio de substância (I)

A estrutura do juízo
Ponhamos outro exemplo. Eu posso afirmar «Deus existe. Deus é uma realidade». Neste caso sei perfeitamente o que é a essência de Deus (ser criador, infinito, etc.). O que me falta é saber se o que conhecemos com o nome de Deus é ou não uma realidade. Quando afirmo que Deus existe, o que então faço é dizer que o que conhecemos por Deus (essência de Deus) é uma realidade. Proclamo de novo uma realidade de uma essência.
Em nenhum dos juízos referidos cometemos qualquer tautologia, uma vez que o que fazemos é proclamar não uma realidade de uma realidade, mas uma essência de uma realidade ou uma realidade de uma essência. Mas vejamos outro exemplo mais difícil. Como entendemos o juízo existencial «Pedro existe»? O que é que fazemos neste juízo?
Indubitavelmente, no juízo «Pedro existe» afirmamos a existência de Pedro, ou, o que é o mesmo, dizemos que Pedro é uma realidade. Mas, o que é Pedro como sujeito do juízo? Quando respondemos a isto, dizemos que Pedro é um homem, que tem portanto a essência de homem, incluso que tem a essência de homem determinada por algumas notas ulteriores como as de alto, interessante, etc. É dizer, conheço algumas das notas determinantes deste homem, mas todavia não sei se existe. Imaginemos que vi a pintura de um homem, debaixo da qual estava escrito: «retrato de Pedro». Todavia posso perguntar-me: mas, este Pedro da pintura é uma realidade ou uma ficção do pintor? O mesmo ocorre se ouvi falar de Pedro ou escutei descrições dele. Posso então perguntar-me: o tal Pedro existe ou não na realidade? é um personagem lendário? Portanto, também no juízo «Pedro existe». «Pedro é uma realidade». Atribuo uma realidade a uma essência, neste caso particularizada por certas notas ulteriores. Estamos, por consequência, num caso particular do juízo «o homem existe».

josé antonio sayés, [i], trad ama,



[i] Sacerdote, doutor em teologia pela Universidade Gregoriana e professor de Teologia fundamental na Faculdade de Teologia do Norte de Espanha.
Escreveu mais de quarenta obras de teologia e filosofia e é um dos Teólogos vivos mais importantes da Igreja Católica. Destacou-se pelas suas prolíferas conferências, a publicação de livros quase anualmente e pelos seus artigos incisivos em defesa da fé verdadeira.

Reanimação dos neonatos

Medicina e Apostolado

Nos últimos anos assistimos a um florescimento dos protocolos clínicos destinados a regular a suspensão dos tratamentos nos recém-nascidos. Os protocolos mais em voga nos países ocidentais baseiam-se na não reanimação abaixo de uma certa idade gestacional, pelos quais se deixariam sem reanimação recém-nascidos que teriam a possibilidade de sobreviver. Esta decisão"justifica-se" por se acreditar que abaixo de uma certa idade gestacional o risco de surgir alguma deficiência é tão grande que faz pensar não ser a sobrevivência o melhor para a criança. Por outro lado, segundo investigações recentes, muitos médicos não só têm em conta o interesse do recém-nascido como também dos seus pais, especialmente quando se trata de um recém-nascido grande prematuro.
Quer dizer, existem critérios diferentes quanto ao tratamento a administrar a um recém-nascido ou a um adulto. Os critérios médicos para suspender o tratamento a um adulto fundamentam-se em: certeza do diagnóstico e do prognóstico; consentimento informado; prognóstico de morte certa; inutilidade do tratamento e, em casos particulares, intolerabilidade do tratamento, segundo se depreende do protocolo clínico da "American Lung Association ", o documento mais citado quanto ao que diz respeito à reanimação do paciente adulto.
Mas, quando se trata de recém-nascidos, introduzem-se dois critérios que não se têm em conta em relação aos adultos: os interesses de terceiros e a probabilidade prognóstica.

carlo bellini, A reanimação dos neonatos,[i] trad als


[i] Comunicação apresentada na XVII Assembleia da Academia Pontifícia para a Vida, Roma, 24-26 de Fevereiro de 2011

TEXTOS DE SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ

“Tens de pensar na tua vida e pedir perdão”

Com serenidade, sem escrúpulos, tens de pensar na tua vida e pedir perdão e fazer o propósito firme, concreto e bem determinado, de melhorar neste aspecto e naquele outro: nesse pormenor que te custa e naquele que habitualmente não cumpres como deves, e bem o sabes. (Forja, 115)


Enche-te de bons desejos, que são uma coisa santa e que Deus louva. Mas não fiques apenas nisso! Tens que ser uma alma – homem, mulher – de realidades. Para levar a cabo esses bons desejos, precisas de formular propósitos claros, precisos.

– E, depois, meu filho, luta para pô-los em prática, com a ajuda de Deus! (Forja, 116)

Repara na tua conduta com vagar. Verás que estás cheio de erros, que te prejudicam a ti e talvez também aos que te rodeiam.
– Lembra-te, filho, que não são menos importantes os micróbios do que as feras. E tu cultivas esses erros, esses enganos – como se cultivam os micróbios no laboratório –, com a tua falta de humildade, com a tua falta de oração, com a tua falta de cumprimento do dever, com a tua falta de conhecimento próprio... E, depois, esses focos infectam o ambiente.
Precisas de um bom exame diário de consciência, que te conduza a propósitos concretos de melhora, por sentires verdadeira dor das tuas faltas, das tuas omissões e pecados. (Forja, 481) 

© Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet

Evangelho do dia e comentário

 Stª Beatriz da Silva [i]












T. Comum– XXII Semana




Evangelho: Lc 5, 1-11

1 Um dia, comprimindo-se as multidões em volta d'Ele para ouvir a palavra de Deus, Jesus estava junto do lago de Genesaré. 2 Viu duas barcas acostadas à margem do lago; os pescadores tinham saído e lavavam as redes. 3 Entrando numa destas barcas, que era a de Simão, pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois, estando sentado, ensinava o povo desde a barca. 4 Quando acabou de falar, disse a Simão: «Faz-te ao largo, e lançai as redes para pescar». 5 Respondeu-Lhe Simão: «Mestre, tendo trabalhado toda a noite, não apanhámos nada; porém, sobre a Tua palavra, lançarei as redes». 6 Tendo feito isto, apanharam tão grande quantidade de peixes, que as redes se rompiam. 7 Então fizeram sinal aos companheiros, que estavam na outra barca, para que os viessem ajudar. Vieram e encheram tanto ambas as barcas, que quase se afundavam. 8 Simão Pedro, vendo isto, lançou-se aos pés de Jesus, dizendo: «Afasta-Te de mim, Senhor, pois eu sou um homem pecador». 9 Porque, tanto ele como todos os que se encontravam com ele, ficaram possuídos de espanto, por causa da pesca que tinham feito. 10 O mesmo tinha acontecido a Tiago e a João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus disse a Simão: «Não tenhas medo; desta hora em diante serás pescador de homens». 11 Trazidas as barcas para terra, deixando tudo, seguiram-n'O.

Meditação:

É por indicação da graça celeste, por inspiração sobrenatural, que se deve lançar a rede da pregação. Senão é em vão que o pregador lança as linhas das suas palavras. A fé dos povos obtém-se, não através de discursos sabiamente compostos, mas pela graça da vocação divina. (...)
Ó frutuosa humildade! Quando aqueles que até aí não tinham pescado nada confiam na palavra de Cristo, apanham uma multidão de peixes. (...)
Cada vez que por mim próprio as lancei, quis guardar o que me pertencia. Fui eu que pesquei e não Tu, foram as minhas palavras e não as Tuas. Por isso não pesquei nada. Ou, se pesquei qualquer coisa, não foi peixe, mas rãs, prontas a espalhar lisonjas sobre mim. (...)
Lançar a linha por ordem de Jesus é atribuir-lhe tudo e não guardar nada para si mesmo: é viver em conformidade com o que se pesca. Nessa altura, apanhamos uma grande quantidade de peixes.


(Stº António de Lisboa, Sermões para o Domingo e as festas dos Santos)



[i] Fundadora da Ordem da Imaculada Conceição
 Nasceu em Campo Maior, no coração do Alentejo. Foram seus pais D. Rui Gomes da Silva e D. Isabel de Meneses, senhores de Campo Maior. Tiveram 11 filhos, educados por franciscanos, que inculcaram no seu coração um profundo sentido cristão, ético e moral e um especial amor à IMACULADA. A Princesa Isabel de Portugal, filha de D. Duarte, contrai núpcias com D. João II de Castela, e leva a sua prima Beatriz como dama. Era Beatriz muito nova e bela e de alma transparente e cristalina. Os ciúmes da Rainha chegaram ao desejo de a fazer desaparecer. Mas os desígnios de Deus são outros, e como do mal pode obter um bem, enquanto esta só e cerrada num cofre esperando a morte, aparece-lhe a Virgem Imaculada, Rainha de Portugal, a anunciar-lhe que seria mãe de muitas filhas e que fundasse uma Ordem dedicada ao serviço e louvor do mistério da sua Conceição Imaculada.   Sai da Corte e nos Palácios de Galiana, em Toledo funda a sua Ordem há mais de 500 anos.