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10/12/2011

Tratado De Deo Trino 35

Questão 35: Da imagem

Em seguida devemos tratar da imagem. E nesta questão discutem-se dois artigos:

Art. 1. – Se a imagem se predica pessoalmente, de Deus.
Art. 2. – Se o nome de imagem é próprio do Filho.

Art. 1. – Se a imagem se predica pessoalmente, de Deus.

(Infra, q. 93, a. 5, ad. 4; I Sent., dist. XXVIII, q. 2, a. 2).

O primeiro discute-se assim. – Parece que a imagem não se predica pessoalmente, de Deus.

1. – Pois, Agostinho [1] diz: Uma é a divindade e a imagem da santa Trindade, à semelhança da qual foi feito o homem [2]. Logo, a imagem se predica essencial e não, pessoalmente.

2. Demais. – Hilário diz: A imagem é a espécie que não difere da coisa imaginada [3]. Ora, a espécie ou forma se diz, de Deus, essencialmente. Logo, também a imagem.

3. Demais. – Imagem vem de imitar, que implica anterioridade e posterioridade. Ora, nas Pessoas divinas não há anterior nem posterior. Logo, imagem não pode ser nome pessoal de Deus.

Mas, em contrário, diz Agostinho: Que é mais absurdo do que falar de imagem de si? [4] Logo, a imagem se diz de Deus, relativamente, e é, portanto, nome pessoal.

A semelhança é da essência da imagem. Não basta, porém, qualquer semelhança para haver imagem, mas, a existente na forma da coisa; ou, pelo menos, em alguma revelação da forma. Ora, principalmente a figura é que se considera como sendo a revelação da forma das coisas corpóreas; assim, vemos que, de animais diversos pela forma, diversas são as figuras, não porém as cores. Por onde, a cor de uma coisa, pintada na parede, sem se lhe pintar a figura, não se chama imagem. Nem a própria semelhança, porém, da espécie ou da figura basta, mas a essência da imagem requer a origem; pois, como diz Agostinho, um ovo não sendo a expressão de outro, não é deste a imagem [5]. Donde, a verdadeira imagem há de necessariamente proceder de outro ser ao qual seja semelhante pela forma ou, ao menos, por uma revelação desta. Ora, o que em Deus importa processão ou origem é pessoal. Logo, o nome de Imagem é pessoal.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. – Chama-se propriamente imagem o que procede, por semelhança, de outro; e o de que alguma coisa procede por semelhança se chama propriamente exemplar, e impropriamente, imagem. É no primeiro sentido que Agostinho (Fulgêncio) usa do nome de imagem, dizendo ser a divindade da santa Trindade a imagem à qual o homem foi feito.

RESPOSTA À SEGUNDA. – Espécie, no sentido em que Hilário a considera na definição de imagem, importa a forma de um ser aplicada a outro. E deste modo chama à imagem espécie de um ser, assim como se chama forma de um ser aquilo que, tendo forma semelhante a tal ser, com ele se assemelha.

RESPOSTA À TERCEIRA. – A imitação nas Pessoas divinas, não implica posterioridade, mas somente semelhança.


SÃO TOMÁS DE AQUINO, Suma Teológica,



[1] Fulgêncio
[2] De Fide ad Petrum, c. 1.
[3] De Synod., super Canon 1.
[4] De Trin., 1, VII, c. 1.
[5] Octoginta trium Quaest., q. 74

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