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16/12/2011

LUGARES VAZIOS NA MESA DE NATAL

Dói muito uma cadeira vazia à volta da mesa da ceia de Natal. Nem sequer a velha tradição de deixar a mesa da doçura posta durante a noite para que os mortos provam a riqueza dos afectos torna mais suportável a ausência de quem, ao partir, nos deixou presos à saudade.

Há muitos lugares vazios nos bancos das nossas igrejas. Muitos partiram em bicos de pés; outros fugiram das igrejas como o diabo da cruz, descontentes com alguém ou alguma coisa que os afastaram amargurados; outros andaram por lá mas os sentimentos religiosos não lhes passaram da epiderme, sem lhes tocar a convicção e a adesão confiante.

A Conferência Episcopal da Inglaterra e País de Gales teve a feliz ideia de convidar católicos que deixaram de praticar a fé ou apenas o fazem ocasionalmente a voltar à Igreja.

Os bispos lançaram a campanha “Come Home for Christmas” (Volte a casa para o Natal), através de uma página na Internet que inclui mensagens de boas-vindas de vários bispos, bem como a secção “As suas histórias”, onde constam testemunhos de aproximação à prática religiosa. O site apresenta também o espaço “What next?” (E a seguir?), reservado às pessoas que querem saber os passos a dar para regressarem à Igreja.

A campanha foi lançada alguns dias após a apresentação do ciclo de encontros “Ultrapassar os umbrais”, que pretende apoiar as paróquias inglesas e galesas no trabalho com os católicos não praticantes. A iniciativa, que faz parte de um projecto a três anos do Episcopado inglês e galês, previsto para terminar em 2013, integra também o itinerário para o próximo Sínodo dos Bispos, dedicado à nova evangelização, marcado para Outubro de 2012, em Roma. O documento preparatório da assembleia sinodal sublinha que, no Ocidente, “muitos” baptizados “vivem completa mente fora da vida cristã, e cada vez mais pessoas, mesmo conservando alguma ligação com a fé, conhecem pouco os seus fundamentos”.

Imaginem só uma campanha idêntica em Portugal. Muitos católicos, sobretudo aqueles que ainda assim se confessam sociologicamente, vivem com indiferença a sua vinculação à Igreja Católica. A indiferença é, como se sabe, a casca mais dura para deixar penetrar as sementes do Evangelho. Outros foram baptizados mas pouco ou nada evangelizados. E há os que bateram com a porta e saíram em bicos de pés.

Talvez alguns voltariam, se devidamente convidados e bem acolhidos nas comunidades cristãs, que deveriam ser samaritanas para que não lhes falte a atenção aos “vencidos do catolicismo”. Há caminhos por andar na missão da Igreja Católica em Portugal, para lá de caminhos mal andados.

Oxalá alguns filhos pródigos voltem a casa para a consoada, o que seria um “milagre” do Menino Deus!. Bom Natal para todos os leitores.

conegoruiosorio@diocese-porto.pt

INFORMAÇÕES MUITO BREVES [De vez em quando] 2011.12.15


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