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21/10/2011

Princípios filosóficos do Cristianismo

Filósofo
Rembrandt

Princípio da substância (II):

O esquecimento da substância

Husserl

O método descritivo exigia o seu próprio fundamento radical. Para chegar ao princípio epistemológico capaz de salvar a filosofia de todo o naturalismo, era necessário por entre parêntesis a vida natural, sustentada por uma proto-crença na realidade natural das coisas. Este colocar entre parêntesis inclui o meu próprio eu, tornando possível a experiencia da realidade como fenómeno. O mundo fica assim reduzido a não ser senão o que aparece à minha consciência, fica reduzido a correlato da mesma. O fáctico foi reduzido assim ao eidético, ao essencial, e com isso conseguiu-se a medida universal de todo o conhecimento verdadeiro, a possibilidade de ulteriores conhecimentos verdadeiros e fundados. Assim, o mundo não é negado mas recuperado numa perspectiva transcendental. O sujeito não cria o mundo, fá-lo existir como fenómeno. O sujeito faz com que o objecto se me manifeste a mim no que é. Só desde mim e enquanto manifestado a mim, tem validade ao que chamamos o ser das coisas. A função da fenomenologia não é explicar o mundo pelas suas causas mas compreender o que é. E o que é só pode ter sentido numa correlação ao sujeito cognoscitivo.
Isto poderia, em todo caso, ser chamado idealismo transcendental no sentido de que o que a consciência faz é fundar a possibilidade da manifestação do objecto intencional, tal como este é em si mesmo. A consciência funda desde si mesma a manifestação do objecto, é um acto que desde si mesmo abre o área de sentido do objecto. Que o objecto seja sentido noemático depende da consciência que é um acto significante. O ser das coisas não é a sua existência ou sua realidade mas o seu sentido, e este sentido é ser um correlato da consciência fundacional.

josé antonio sayés, [i] trad ama,


[i] Sacerdote, doutor em teologia pela Universidade Gregoriana e professor de Teologia fundamental na Faculdade de Teologia do Norte de Espanha.
Escreveu mais de quarenta obras de teologia e filosofia e é um dos Teólogos vivos mais importantes da Igreja Católica. Destacou-se pelas suas prolíferas conferências, a publicação de livros quase anualmente e pelos seus artigos incisivos em defesa da fé verdadeira.

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