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16/10/2011

Princípios filosóficos do Cristianismo

Filósofo
Rembrandt

Princípio da substância (II):

O esquecimento da substância

A) Analítica da linguagem

A analítica da linguagem, por exemplo, exclui a metafísica enquanto rejeita que seja uma ciência que se ocupa da realidade enquanto realidade. A metafísica não tem uma parcela própria, antes consiste na análise do sentido da linguagem falada. O chamado círculo de Viena (C. M. Schlick, R. Camap, O. Neurath, V. Kraft, etc.) não aceitava em princípio como frases significantes senão aquelas que tivessem um conteúdo empiricamente verificável, como são as frases das ciências experimentais, ou um conteúdo tautológico como é próprio da linguagem formal das matemáticas. O caso é que o princípio de que só faz sentido o que é empiricamente verificável é um princípio que, em si mesmo, não é empiricamente verificável; dito de outro modo, é um princípio metafísico de valor absoluto, porque está fundado sobre a afirmação do ser em si. É curioso que, para negar a metafísica, é preciso ser metafísico.
Com efeito, não faremos uma afirmação absoluta senão afirmando ou negando o ser em si: «isto é ou não é real», «tem ou não tem entidade», «é ou não é em si significativo». Abandonemos a referência ao real e já não poderemos falar.
É certo que, numa segunda fase e sob a influência do segundo Witgenstein, os analistas abriram o campo do significado das palavras. As palavras estão agora legitimadas pelo uso. Há diferentes jogos de linguagem que são como âmbitos de linguagem (linguagem das mate­máticas, do futebol) nos quais cada palavra tem um significado concreto legitimada pelo uso. É o uso o que legitima o significado das palavras. Cabe por isso falar de Deus, pois é um termo que está legitimado pelo uso em determinados jugos de linguagem. São muitos os analistas que trataram de legitimar a linguagem religiosa com este procedimento.
Ora bem, isto não significa nada sobre a existência objectiva de Deus; significa simplesmente que se fala de Deus, que falar de Deus tem sentido. Este é o drama de uma filosofia que não pode estabelecer a existência objectiva de Deus e nem sequer a transcendência espiritual do homem, pois é uma filosofia que carece de metafísica.

josé antonio sayés, [i] trad ama,


[i] Sacerdote, doutor em teologia pela Universidade Gregoriana e professor de Teologia fundamental na Faculdade de Teologia do Norte de Espanha.
Escreveu mais de quarenta obras de teologia e filosofia e é um dos Teólogos vivos mais importantes da Igreja Católica. Destacou-se pelas suas prolíferas conferências, a publicação de livros quase anualmente e pelos seus artigos incisivos em defesa da fé verdadeira.

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