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11/10/2011

Princípios filosóficos do cristianismo

Introdução 4

Filósofo
Rembrandt
Não é claro que também a Igreja necessita de um discernimento filosófico no momento actual? Que filosofia se ensina nos centros eclesiásticos de formação? e, com que resultados? Que certeza sobre Deus e sobre o homem possuem hoje em dia os sacerdotes jovens que formamos nos nossos centros? São além disso vários os âmbitos da teologia actual que se encontram afectados pela influencia de filosofias que comprometem os dados da fé.
A tarefa se mostra, por o tanto, difícil e complicada. Todavia,  é uma tarefa necessária, a tarefa do discernimento filosófico. Pode ser um atrevimento o empreende-a, mas alguém tem que ser ousado nela. Depois de tudo, a luz já está aí, não se trata de partir do zero; antes se trata de discernir, de melhorar, de sintetizar. Diz Yepes que no fundo a filosofia clássica era sintética, quer dizer, partia-se do facto de que já havia verdades conseguidas e o filósofo tratava de completar e melhorar a síntese. Hoje em dia, a filosofia é sistemática, quer dizer, cada filósofo pretende por si mesmo descobrir tudo de novo inventando um sistema original.  Antes, a filosofia era sintética porque se partia da realidade como fundamento de tudo. Hoje em dia, desde Descartes, se parte da razão, do sujeito e cada qual monta o sistema peculiar que lhe agrada.
É claro que nossa intenção é sintética mais que sistemática e é também nossa intenção evitar tudo prurido de neologismos (e como encanta hoje em dia a muitos!); mas, como costuma dizer Julián Marías, o prurido da linguagem críptica e esotérica quase nunca responde à profundidade ou dificuldade real do pensamento, mas ao intento de fazer pensar aos demais que se está falando de algo que nunca ninguém conseguiu decifrar. Procura-se a complacência na escuridão e a simulação do misterioso ali donde se requer a clareza e a simplicidade.  A vontade filosófica é uma vontade de luz e de clareza, e a síntese, se está bem lograda, é mais fruto do discernimento que da simplificação.

(jose ramón ayllón, trad. ama)

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