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10/10/2011

Princípios filosóficos do cristianismo

Introdução 3

Filósofo
Rembrandt
Confessa R. Yepes, falando do mundo filosófico, que a atitude espiritual mais corrente hoje em dia é o desengano. O moderno está acabado e a pós-modernidade é a última pirueta do pensamento ocidental para não reconhecer o vazio que leva dentro. Talvez se tenha chegado a tal pelo convencimento de que, fora do significado do discurso, a linguagem já não transmite nada, pelo menos nada transcendente. É crise de conteúdos, como o foi a crise do nominalismo quando se defendia que os nomes são puros «flatus vocis» que não representam a realidade. Tudo se afunda quando se perdeu a metafísica e tudo se converte em linguagem vazia pelo seu desaparecimento.
Por isso, talvez seja este o momento de procurar verdadeiras saídas para a crise. E pode ser que nada melhor para isso que voltar a iluminar a razão a partir da fé, voltar à fé, para encontrar vigor e energia para a razão. Se em épocas passadas foi a fé a que vitalizou a razão, por que hoje em dia não voltar à fé para procurar nela a energia que a razão necessita? Que ninguém se espante. Que ninguém pense que deste modo postulamos sair pelo fideísmo, pela saída fácil do subterfúgio. O que pretendemos é simplesmente repensar aqueles princípios que na tradição filosófica cristã são imprescindíveis, porque pode ocorrer que, numa nova síntese, nos ofereçam a luz que procuramos. Tal deveria fazer-se naturalmente, com uma metodologia estritamente filosófica, pois a fé não priva a filosofia da autonomia do seu método. Simplesmente seria proveitoso voltar a ser o filósofo que se deixa iluminar pela fé sem deixar em nenhum momento de ser filósofo.
A coisa tem interesse não só para a filosofia mas também para a própria teologia, pois aconteceu nestes anos que a Igreja padeceu na sua própria carne as sacudidelas do mundo, e isso em parte, porque também a Igreja há passou e está passando pelo desconcerto filosófico. É o caso da filosofia que até às portas do Vaticano II tinha servido a fé católica como instrumento de reflexão, quer dizer o tomismo, foi abandonada nos nossos centros de estudo sem que se tenha feito o necessário discernimento de que o tomismo é de valor permanente e o que, pelo contrário, é obsoleto e caduco. O teólogo abriu, por outro lado, à filosofia moderna, em muitos casos carregada de subjectivismo, e terminou assim por comprometer a própria fé.

(jose ramón ayllón, trad. ama)

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