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18/09/2011

Se a doutrina sagrada é ciência prática

Escola de Atenas
Rafael

Suma Teológica: Art. 4
(I Sent., prol. a. 3, q. 1)

O quarto discute-se assim — Parece que a doutrina sagrada é uma ciência prática.

1. — Pois, segundo o Filósofo, no livro II da Metafísica, o fim do saber prático é o operar; e a doutrina sagrada à operação se ordena, conforme a Escritura (Tg 1, 22):  Sede, pois, fazedores da palavra, e não ouvintes tão-somente. Logo, é ciência prática.

2. Demais — A doutrina sagrada abrange a lei antiga e a nova. Ora, a lei respeita à ciência moral, que é prática. Donde, é ciência prática a doutrina sagrada.

Mas,  em contrário, toda ciência prática tem por objecto as coisas factíveis pelo homem; v.g. a moral, os actos humanos e a arquitectura, os edifícios. Ora, a doutrina sagrada tem por objecto principal Deus, de quem, pelo contrário, são obras os seres humanos. Por onde, não é ciência prática, mas, antes, especulativa.

SOLUÇÃO. — A doutrina sagrada, sendo uma única ciência, como dissemos antes (a. 3 ad 2), contém os objectos de várias disciplinas filosóficas pelo aspecto formal, que neles considera, de serem cognoscíveis à luz divina. Donde, embora nas ciências filosóficas, seja uma a especulativa, e outra, a prática, a sagrada doutrina compreende o objecto de ambas; bem como Deus, pela mesma ciência, conhece o próprio ser e suas obras. Contudo, é mais especulativa que prática, por conhecer antes das coisas divinas que dos actos humanos, tratando destes enquanto o homem, por eles, se ordena ao conhecimento perfeito de Deus, essência da felicidade eterna.

Donde resultam claras as respostas às objecções.


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