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29/07/2011

A IGREJA - EM COMUNHÃO

Uma das muitas graças que Deus me concedeu no meu reencontro com a Fé, com o seu amor, foi um amor forte e profundo à Igreja, a tudo o que Ela é e representa, a toda a sua história, (mesmo nos tempos em que tenha andado por caminhos mais dos homens do que de Deus), e uma obediência serena, reflectida, amorosa à sua Doutrina, à sua Tradição, ao seu Magistério.


Não me coíbo, nos sítios próprios, (Conselhos Pastorais, reuniões em Igreja, etc.), de colocar os meus pensamentos, as minhas reflexões, as minhas opiniões, o que tento sempre fazer num intuito de edificação, nunca de afrontamento e/ou muito menos de divisão.


Tento aceitar, o mais humildemente possível, as negativas ou contestações àquilo que penso e digo, e muito mais o tento perante incompreensões às minhas reflexões, porque começo a ter para mim, (talvez devido à idade), que temos sempre a tendência para julgarmos que os outros não nos entendem, quando a maior parte das vezes somos nós que não os entendemos, ou não entendemos o todo, para apenas vermos uma parte.


E leio, e estudo, e ouço, e reflicto, e sobretudo oro e entrego-me ao Espírito Santo, para que seja Ele a transformar em fruto, aquilo que eu vou tentando semear em mim.
Nem sempre assim acontece, porque a minha humanidade, tão cheia de orgulho e vaidade, fecha-me por vezes o discernimento e torna-me cego perante a luz, mas a certeza inabalável de que Ele é sempre o Caminho, a Verdade e a Vida, descansa os meus receios e confirma-me que no fim de cada momento, (se eu tiver o meu coração aberto à sua presença), será sempre Ele a conduzir-me, a guiar-me.


Tudo isto vem a propósito do que recentemente me parece vir ao de cima, numa série de acontecimentos, de artigos, de opiniões, que vêm colocar em causa sobretudo a Missa tal como Ela hoje é celebrada, a Comunhão na mão, por oposto, à Missa em latim, (usando uma terminologia simples), e à Comunhão na língua, como se fosse incompatível a existência das duas formas de celebração e comunhão


Devo dizer, que tanto uma como a outra forma me servem perfeitamente, porque o meu encontro com Deus depende sobretudo da minha abertura à sua presença, e a comunhão com e em Igreja, em ambas as formas, me garante a comunhão com Deus, por sua graça.


Não vou aqui debater, (nem tenho competência para tal), a bondade de uma forma e de outra, mas apenas tentar reflectir um pouco sobre a forma como esta discussão tem vindo a ser feita, em alguns casos.


Em primeiro lugar, reafirmo a minha total obediência ao Magistério da Igreja, que não divido em antes e depois, mas sim num todo, que é ontem, hoje e sempre, e não pode ser dissociado, porque mesmo quando os homens se arrogaram a decidir por eles próprios, nunca o Espírito Santo deixou de estar presente, suscitando santas e santos, que foram a voz, em comunhão de Igreja, que fez reflectir a hierarquia a regressar à vontade de Deus para a Igreja, para a humanidade.


Isto porque me parece, como acima escrevo, que em muitos casos me parece que esta discussão reflecte muito mais uma “luta” pelo querer de cada um, do que propriamente uma preocupação em fazer a vontade de Deus.


Esgotam-se os argumentos, explicam-se as razões, defendem-se opiniões, mas tudo por vezes me parece muito mais cheio do “eu”, na defesa do meu “clube”, (perdoem-me a expressão), do que uma verdadeira reflexão, meditação, iluminada pelo Espírito Santo, que ajude a edificar e unir, muito mais do que contestar e dividir.


Nestas últimas décadas, (e ao longo da história da Igreja), o Espírito Santo tem-nos surpreendido, mudando tantas vezes coisas que nos pareciam “certas”, ou “tradições” que nos pareciam “inabaláveis”.


Pensemos, por exemplo, na eleição de João XXIII, ou de João Paulo II, no Concílio Vaticano II, e em tantos momentos da Igreja.


Quer isto dizer que não devemos reflectir, discutir esses ou outros assuntos?
Claro que não!
Devemos reflectir, discutir, analisar, mas sobretudo fazê-lo numa atitude de serviço, de comunhão de Igreja, nos lugares e momentos certos, e não numa “luta” pública, em que aqueles que vivem afastados de Deus, afastados da Igreja, perante o nosso testemunho individualista, ainda mais se afastam, porque vêm nele apenas os homens, não conseguindo por isso “descortinar” Deus a iluminar os homens.


Claro que um tema destes dava para um livro, e não apenas para um pobre texto, que peca, sem dúvida, por defeito e omissão, mas que tem apenas a intenção de colocar por escrito aquilo que vou pensando no dia-a-dia, fruto do meu amor pela Igreja, pelo seu Magistério, pela sua Tradição, tudo consubstanciado no amor de Deus, a Deus e com Deus.


Contribuo em Igreja, com as minhas reflexões e opiniões, quando me são pedidas, ou quando acho que as devo colocar porque é o tempo e o lugar certo, e pacientemente espero e confio naqueles que Deus chamou para guiarem o seu povo, na certeza de que o Espírito Santo nos conduz e os conduz, a fazermos a vontade de Deus, sempre e em tudo.


E, mesmo que a decisão da Igreja não seja aquela que eu quero ou mais me agrade, farei então e ainda, um esforço bem maior, para aceitar e amar essa decisão, porque ao fazê-lo estou a ser pedra viva da Igreja, estou a ser amorosamente membro empenhado do Corpo Místico de Cristo.


Joaquim Mexia Alves
Monte Real, 29 de Julho de 2011


2 comentários:

  1. Não poderia deixar de concordar contigo, Joaquim, porque além da VERDADE subjacente em tudo quanto escreves está muito clara e evidente a postura que qualquer cristão, leigo ou não, tem estrita obrigação de praticar: a obediência ao Magistério e a não discussão em matérias não opináveis.
    A Comunhão na mão é um detalhe sem importância nenhuma - na última Ceia, Jesus Cristo "passou" o pão aos Apóstolos reunidos à mesa numa atitude simples e despida de qualquer cerimonial.
    Penso que receber a Sagrada Comunhão em qualquer das formas permitidas pelo Magistério é uma questão do foro pessoal e íntimo de cada um que não pode confundir-se com o respeito, veneração e devoção que devem estar presentes em tão soleníssimo acto.
    É muitíssimo mais importante as disposições do comungante e a verdadeira consciência do acto que praticam, se de uma forma, rotineira, trivial, mecânica ou como um acto profundamente reflectido e sentido.
    Neste ponto, S. Josemaria disse que se deveria comungar - sempre - como se fosse a última Comunhão da nossa vida!
    Cada um pense como faria essa Comunhão!

    Um abraço

    29/7/11 13:30

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  2. Convém que fique claro que qualquer fiel tem o direito de comungar na boca, independentemente da vontade do ministro.
    O Santo Padre só dá a Comunhão na boca e de joelhos!
    Tudo isto serve para realçar a sacralidade do ministério eucarístico, qu alguns pensam ter diminuidoo com o Missal de Paulo VI e vão por isso à procura do Missal de João XXIII(missal tridentino)quando tal não é necessário se se celebra correctamente com o Misssal de Paulo VI.

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