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20/05/2011

Sofrimento, doença: Aceitação jubilosa

Duc in altum
Nota prévia:
O texto que segue foi extraído de uma mensagem enviada hoje por pessoa amiga.
Publico-a porque, como digo em epígrafe, ilustra muito bem o que é o sofrimento, a doença, as contrariedades levados com espírito cristão: Fé, Confiança e Esperança.

Outro motivo – como se não bastasse – pelo qual publico esta mensagem, deve-se a um sentimento de pequenez e vergonha pessoal: queixo-me tanto que me dói a cabeça, um dente, o joelho, as costas… e, este meu amigo perante coisas tão graves e inesperadas como as que relata (os sublinhados são meus) sem nunca se queixar, deixa transparecer uma aceitação jubilosa e uma gratidão pelo atendimento que lhe foi prestado que, deveras extraordinário.

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Mais uma vez me emocionei e lembrei-me muito de São Josemaria, agora que estive de novo em Pamplona e usufruí na primeira pessoa e na pessoa de um ente muito querido, da excelência e humanidade dos cuidados médicos da Clínica Universitária de Navarra (CUN).

Sem entrar em grandes detalhes e como julgo que sabe que sou seropositivo de VIH, no Domingo passado viajei de automóvel de Lisboa até Pamplona, conduzido por alguém que o Senhor me concedeu o privilégio de estar unido, fiz, sem me aperceber de imediato, um corte na perna esquerda que ficou a sangrar. Como em Burgos constatei que as urgências do Hospital da cidade aos Domingos funcionam num Centro de Saúde, que não fazia ideia aonde estava localizado, resolvi viajar mais duas horas e dirigir-me aos serviços de urgência da CUN, aonde expliquei a minha preocupação em infectar alguém e pedi para me inscreverem para se proceder ao respectivo curativo que no fundo era algo de muito simples (betadine e um penso). Fazendo aquilo, que terá deixado São Josemaria certamente muitíssimo feliz, não me cobraram rigorosamente nada, sem saber que no dia seguinte tinha consulta e muitos exames a realizar lá, fizeram-no, no mais puro sentido de humanidade em face à minha preocupação.

Nesse mesmo dia à noite, sou informado por quem me acompanhava e que não tinha previsto recorrer a qualquer atendimento médico, que só durante a viagem se havia apercebido que se encontrava num estado de surdez parcial do lado esquerdo e que sofria de um zumbido permanente na cabeça desse mesmo lado. Às nove da manhã de Segunda-feira estava no atendimento para confirmar a minha presença e expliquei o que se passava com quem me acompanhava e pedi o favor de lhe fazerem um atendimento numa consulta de otorrino, que foi imediatamente marcada para daí a 10 minutos e realizados um audiograma  e uma ressonância magnética à cabeça feita pelas 18h30. No dia seguinte, cerca de 28 horas após se ter pedido a consulta, foi-lhe transmitido o diagnóstico preliminar: tinha dois tumores benignos no cérebro, sendo que um se encontrava mesmo por cima do ouvido e que, a avaliar com calma e sem precipitação, poderia ter de ser removido numa tentativa de recuperação da audição e eliminação do zumbido permanente que todavia permanece. Como podeis imaginar entre a preocupação, veio-me de imediato um fortíssimo sentimento de agradecimento ao Senhor e a São Josemaria por haver em boa hora aberto a CUN com toda a filosofia de caridade cristã subjacente e no que sempre ensinou, na santificação através do trabalho realizado em entrega a Deus Nosso Senhor e ao próximo.

Entretanto, tive uma consulta de neurologia à qual compareci acompanhado e fui visto pela primeira vez  por uma médica (vide CV em http://www.cun.es/la-clinica/servicios-medicos/neurologia/mas-sobre-el-departamento/equipo-medico/dra-ma-asuncion-pastor-munoz/) que esteve longamente comigo, consulta essa, e porque que me sentia espiritualmente em casa, que me permitiu exteriorizar e ser compreendido a tal ponto que me retirou no total sete medicamentos, alguns dos quais tomava desde 1997. Após múltiplos exames, informou-me que se iria reunir com uma equipe multidisciplinar para se analisar as acções a empreender que receberia um relatório detalhado sobre o meu estado clínico. A emoção de me ter sentido correctamente interpretado e compreendido por esta filha de São Josemaria, pelo menos foi essa a minha percepção, mais uma vez me levou a agradecer a Jesus Cristo e a revisitar a Ermida de Nossa Senhora do Amor Formoso e com amor e devoção agradecer a Nossa Senhora a Sua protecção.

Desculpe se me alonguei, mas as graças recebidas nestes dias foram tantas, que entendi compartilhá-las consigo, que no fundo pertence à minha Família Espiritual.

Bem-haja!


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