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18/02/2011

Se hoje ouvires a Sua voz . . .

Duc in altum

 “Um dia destes” é a fuga do burocrata a “hoje”. “Nosso Senhor não é um burocrata. Os seus pedidos são imediatos: “Hoje se ouvires a Sua voz…”[i]. Ele disse a Zaqueu que queria comer em sua casa não um dia qualquer, mas “hoje” [ii]. Como “máxima” temos que, “um dia destes” não é um dia da semana. Há uma única forma de seguir Cristo, e que é agora mesmo: os apóstolos seguiram Cristo “imediatamente” [iii]

Quando Nosso Senhor passa, chama cada um de nós pelo nome. Como um “perfeito amor afasta o medo) ”[iv], assim o peremptório apelo de Cristo elimina duas causas de adiamento: o medo de falhar e o medo do sucesso. Se um homem teme o insucesso, pode não perder, mas nunca ganhará, e se tiver medo do êxito, poderá deleitar-se na complacência mas nunca mudará ou evoluirá.

O sistema educacional não é inocente no que respeita à burocracia e parece crescentemente interessado em preparar-se para um dia destes em vez de para o dia de hoje

O Reitor de uma proeminente Universidade Católica disse recentemente esta coisa espantosa: “O nosso trabalho como educadores e como sacerdotes não é trazer Deus às pessoas, ou mesmo levar as pessoas a Deus. Deus já está ali, e as pessoas igualmente. O nosso trabalho, a nossa forma de viver a nossa vocação de educadores, é fazer as perguntas correctas e ajudar os jovens a responder a essas questões.” “Tal parece consolador de início, mas depois converte-se mais ou menos no “O País das Maravilhas”, onde a regra é “pressiona o amanhã e pressiona o ontem – mas nunca o hoje.” Cristo fez perguntas, mas sempre com respostas. A Sua Cruz parece-se mais com um ponto de exclamação que com um de interrogação.

O Papa Bento XVI disse que é tempo podar o cristianismo hesitante que esqueceu o seu propósito, tema a acção e evita decisões. O Cardeal Newman, não burocrata, pregou: “O nosso dever reside em arriscar o que temos na palavra de Cristo, pelo que não temos; numa nobre, generosa actuação, verdadeiramente sem pressas ou aligeiradamente, ainda que não conhecendo exactamente o que estamos a fazer, nem conhecendo o que deixámos, nem sequer se ganharemos; incertos acerca da nossa recompensa, incertos da extensão do nosso sacrifício, em todos os aspectos repousando nele, esperando nele, confiando nele e no cumprimento cabal da Sua promessa…em tudo procedendo sem excessivos cuidado ou ansiedade acerca do futuro.”

O político e novelista, Edward Bulwer-Lytton, com o seu prodigioso, e por vezes trocista, dom de alterar uma frase, disse que a pontualidade é  “a graciosa cortesia dos príncipes.” O Príncipe da Paz é o mais gracioso dos príncipes, e também o mais pontual. Está sempre a tempo para nós, e apenas pede que estejamos a tempo para Ele, não qualquer dia mas hoje

 P. GEORGE RUTLER , From the Pastor (January 30, 2011), trad ama


[i] Heb 3:15
[ii] Lc 19:5
[iii] Mt 4:20, 22
[iv] 1 Jo 4:18

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