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23/08/2010

Em Espanha como em Portugal



Amigos e inimigos


Se observarmos o nosso país, a chave do momento presente encontra-se em que o partido no Governo e o principal partido da oposição se vêem mutuamente como inimigos públicos mortais. Essa inimizade radical torna impossível qualquer colaboração efectiva, que seria o mais razoável e o que a maior parte dos cidadãos provavelmente desejamos. A causa da hostilidade cerrada entre ambos os partidos encontra-se - no meu entender - na carência de convicções básicas das duas formações políticas que disputam o poder. Os que não têm convicções não são capazes de expor as suas ideias em confronto democrático com as dos outros e auto-definem-se simplesmente pela oposição mecânica aos seus rivais. Não têm ideias e, se as expressam em alguma ocasião, não têm o menor pejo em sustentar a ideia exactamente oposta passados poucos dias sem sequer advertir que se estão contradizendo. Temos um gravíssimo problema de formação intelectual e de liderança efectiva dos nossos políticos que por isso não inspiram nenhuma confiança aos seus eleitores. Não nos fiamos deles, porque quase sempre desconhecemos quais são as suas convicções e qual vai ser a sua efectiva actuação.

(jaime nubiola, Convite para pensar, in Fluvium, 2010.08.21, trad. ama)

Cristo desvela o mistério da vocação do homem

 Como acertar com a minha vida



        É Cristo quem desvela o mistério da vocação do homem, por dois motivos fundamentais: Em primeiro lugar, porque a meta de toda vocação é a comunhão com Deus que Se nos dá a conhecer em Cristo Jesus; e em segundo lugar, porque em Cristo dá-se o acolhimento do chamamento divino na sua máxima fidelidade: Cristo faz-se uma mesma coisa com o querer do Pai.
        Todo o discípulo tem que responder à vocação com uma entrega que tem como seu modelo a entrega de Jesus. A plena união com o Pai dá-se sempre em Jesus, ainda que se expresse de forma diferente na Sua humanidade no tempo. Em troca, em nós, desvela-se-nos pouco a pouco o que Deus nos pede; vamo-nos tornando filhos e inteiramo-nos o que significa ser filhos de Deus ao longo da vida. O ideal de vida do Evangelho reclama conversão e penitência: uma mudança radical do coração que abarca toda a vida da pessoa.
        Jesus quer vincular os discípulos à missão que o seu Padre Lhe dá. A chamada para o seguir não é só imitação, mas introdução às condições da vida de Jesus. Assim, na origem de toda a vocação há, juntamente com uma eleição pessoal por parte de Deus, uma vontade divina para realizar. São Paulo diz-nos: "Chamou-nos com vocação santa, não em virtude das nossas obras, mas em virtude do seu desígnio" (2 Tm 1, 9).
        Poder-se-iam distinguir vários tipos ou diferentes grupos de chamadas que Jesus faz: a vocação dos quatro primeiros; a vocação de São Mateus; todas as chamadas que não tiveram êxito ou o tiveram mas mais tarde e se afastaram dele. Em quase todas deu-se um seguimento imediato e uma entrega radical e total (Mt 4, 18-22; Mc 1, 16-25; Lc 5, 1-11; Jn 1, 35-51). No Evangelho fica claro que o seguimento de Jesus leva consigo dar a vida (Mc 8, 34-38) e que Jesus não pretende, em nenhum momento, movimento de massas. Os discípulos de Jesus, os que O seguem, jogam a vida por inteiro.
        Em todas essas chamadas há alguns traços comuns:
        A iniciativa vem sempre de Jesus.
        A autoridade absoluta com que Jesus chama (não deixa margem para responder com condições ou limitações).
        É um chamamento que pressupõe a liberdade no seguimento: Jesus arrasta, atrai, não obriga.
        Implica uma missão: é um chamamento a estar com Ele - antes a ser como Ele: partilhar a sua vida, participar do seu destino, tomar a cruz - e a anunciar o Evangelho. 
(Juan Manuel Roca, in fluvium, 2010.08.21, trad ama)


Textos de Reflexão para 23 de Agosto

Evangelho: Mt 23, 13-22

13 «Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que fechais aos homens o Reino dos Céus, pois nem vós entrais, nem deixais que entrem os que quereriam entrar. 14 Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que devorais as casas das viúvas a pretexto de longas orações! Por isto sereis julgados mais severamente. 15 Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que correis o mar e a terra para fazerdes um prosélito e, depois de o terdes feito, o tornais filho do inferno duas vezes pior do que vós. 16 «Ai de vós, guias cegos, que dizeis: “Se alguém jurar pelo templo, isso não é nada, mas o que jurar pelo ouro do templo, fica obrigado!”. 17 Insensatos e cegos! Pois que é mais, o ouro ou o templo, que santifica o ouro? 18 E dizeis também: “Se alguém jurar pelo altar, isso não é nada, mas quem jurar pela oferenda que está sobre ele, fica obrigado”. 19 Cegos! Qual é mais: a oferta ou o altar que santifica a oferta? 20 Aquele, pois, que jura pelo altar, jura por ele e por tudo o que está sobre ele, 21 e quem jura pelo templo, jura por ele e por Aquele que habita nele, 22 e quem jura pelo céu, jura pelo trono de Deus e por Aquele que está sentado sobre ele.
Meditação:

Ter unidade de vida, da nossa vida.
Fazer o que dizemos e dizer o que fazemos.
Que o que fazemos e o que dizemos seja, sempre, o que Tu queres que façamos e digamos.
Só assim seremos credíveis; só assim seremos honestos para connosco mesmos, para com os outros e, muito mais importante, honestos para contigo, Senhor, nosso Mestre e Guia. (AMA, Meditação, Mt 23, 13-22, Agosto 2008)

Tema: Pecado habitual

Uma casa não se derruba por um impulso momentâneo. A maior parte das vezes é por causa de um velho defeito de construção. Por vezes, é o prolongado desleixo dos seus moradores que motiva a penetração da água. A principio infiltra-se gota a gota e vai insensivelmente carcomendo o madeiramento e apodrecendo a armação. Com o tempo o pequeno orifício vai tomando maiores proporções, originando-se gretas e desmoronamentos consideráveis. No final, a chuva penetra em torrente. (Casiano, Collaciones, 6, trad do castelhano ama)

Doutrina: CCIC – 378: O que são as virtudes humanas?
                   CIC 1804; 1810-1811; 1834, 1839

As virtudes humanas são perfeições habituais e estáveis da inteligência e da vontade, que regulam os nossos actos, ordenam as nossas paixões e guiam a nossa conduta segundo a razão e a fé. Adquiridas e reforçadas por actos moralmente bons e repetidos, são purificadas e elevadas pela graça divina.

Fátima 2


A mensagem de Fátima é, no seu núcleo fundamental, uma chamada à conversão e à penitência, como no Evangelho (...). A Senhora da mensagem parecia ler com uma perspicácia especial os sinais dos tempos, os sinais do nosso tempo.
A chamada à penitência é uma chamada maternal; e, ao mesmo tempo, é enérgica e feita com decisão.

(joão Paulo II, Homília em Fátima, 1982.05.13)