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26/12/2010

SAGRADA FAMÍLIA

Gostava tanto de ser capaz de escrever algo sobre a Sagrada Família mas fico-me muito…. muitíssimo aquém do que quereria dizer!

Modelo? Sim, modelo porque não houve nem haverá jamais, Família mais perfeita.

Exemplo? Sim, porque tudo quanto a ela se refere deve ser imitável.

Consolação? Sim, porque nos foi dada a graça de ter um modelo e um exemplo.

Vejo, ali, em Belém, aquela jovem Senhora debruçada sobre um menino com apenas um dia de vida, abismada e embevecida no seu Filho! No seu coração de Mãe guarda aquelas imagens todas, dos pastores, joelho dobrado em terra, extasiados com a cena do Presépio; dos Anjos no alto dos céus entoando cânticos que não têm comparação nem na melodia nem nas palavras com quaisquer outros que tenha ouvido.

Vejo, a seu lado, aquele homem glabro e atónito com tudo quanto aconteceu e acontece à sua volta. Vejo-o contemplando o Menino a quem já quer como filho seu sabendo que é Filho de Deus e imagina-se a pegar-lhe ao colo, a ensinar-lhe coisas, a educá-lo. Não está preocupado nem receoso com a missão extraordinária de que se sente incumbido.

Vejo, finalmente, o meu Menino Jesus, tão perfeito, tão lindo!

E, é verdade, vejo-me a mim, espreitando toda a cena com medo de ser descoberto e alguém me pergunte o que estou ali a fazer.

E apetece-me ficar ali, aqui, dizendo baixinho tudo o que se amontoa no meu coração num misto de alegria profunda, entusiasmo, felicidade, uma enorme confiança e uma paz indizível.

E um desejo profundo, avassalador toma conta de mim, domina por completo os meus pensamentos: Eu, este miserável, este pobre homem, quero fazer parte desta família! Como um tio, um primo, um parente afastado? Não… como poderia? Mas como um criado de confiança disponível e atento ao que possa ser útil.

Quero ser o primeiro a abrir a porta aos vizinhos, aos amigos, aos parentes e, finalmente aos homens que estão a chegar, vindos do Oriente guiados por uma estrela.

Depois terei de ir à fonte da aldeia buscar água para o primeiro banho que a Senhora irá dar ao Menino.

Também tenho de ir por lenha para acender uma bela fogueira que aqueça a casa, a Família, o Menino… o meu Menino!

E, quando finalmente, todos se forem embora e os meus Patrões se recolherem para descansar, ponho-me ali, aos pés do berço onde o meu Menino já dorme tão tranquilo e sossegado.

E por ali ficarei e não haverá nada nem ninguém que me afaste.

Porto, 2010.12.26

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