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12/10/2010

Bom Dia! Outubro 12, 2010


Para o cristão é muito confortável a certeza de que Deus não quer a condenação de ninguém por mais grave que seja o delito que possa ter cometido, mas sim que se arrependa e retome o Seu convívio. E, o interessante, é que quando isto acontece é como se um peso enorme seja removido dos ombros do pecador e sinta como uma “compensação” da falta cometida.
Na realidade tal justifica-se porque «Digo-vos que, do mesmo modo, haverá maior alegria no céu por um pecador que fizer penitência que por noventa e nove justos que não têm necessidade de penitência». ([1]).
É da condição humana falhar, cair, deslizar para o mal, ou algo menos bom, e, isto, por vezes assume um verdadeiro hábito por que se repete vezes sem conto ao longo da vida.
Aqui joga um papel fundamental o desejo de melhoria, de correcção de endireitar o que está enviesado.
Pode andar-se assim muito tempo, muitos anos, talvez a vida inteira.
Começar e recomeçar com a mesma diligência e sem nunca esmorecer, considerando que, o mérito reside muito mais na luta que na conquista da vitória final.
De facto, a vitória, já está presente nessa luta perseverante, continuada por melhorar em algo que não está tão bem como deveria estar.

Mas se reconhecer o erro, por si próprio ou porque a tal é induzido por outros, é uma atitude muito meritória e, normalmente conduz a evitar cometer esse mesmo erro, não basta para que tudo fique resolvido e, sobretudo para “sossegar” concretamente a consciência.

Recordemos a cena evangélica da mulher adúltera ([2]) como reacção às palavras de Jesus: «Aquele de vós que estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire uma pedra» o que acontece? «Mas eles, ouvindo isto, foram-se retirando, um após outro, começando pelos mais velhos»; é interessante que o Evangelista se refira expressamente a «começando pelos mais velhos», o que, no nosso entender, quererá significar uma consciência mais apurada pelas experiências de vida de cada um, ou seja, as pessoas de idade mais madura apreendem com mais facilidade o que as palavras de Cristo querem dizer.

Mas, de facto, embora se retirem, desistindo do propósito que ali os levara, a lapidação da adúltera, porque reconhecem a sua incapacidade moral para levar a cabo algo tão radical, embora prescrito na Lei judaica, deixam, por assim dizer, incompleta a justiça para com a mulher já que não consta que algum deles se lhe tenha dirigido com uma palavra de perdão.
Talvez, por isso mesmo, Jesus que não era testemunha em termos formais do adultério tenha dito á mulher: «Nem Eu te condeno», acrescentando «vai e doravante não peques mais» ou seja, não intervenho na administração da justiça humana mas, com o poder divino que tenho, perdoo-te o pecado que cometes-te contra Deus.

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[1] Lc 15, 7
[2] Jo 8,1-11

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