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15/05/2010

O TRIPLO FILTRO



Temos, como Povo, uma enorme tendência para o boato ou seja, para espalhar publicamente notícias não confirmadas.
O boato é uma constante, que invade, de forma insidiosa, a nossa vida política, social, profissional e familiar.
Quase sempre anónimo e sem rosto, o boato converte-se no instrumento favorito dos que não prezam o rigor das afirmações e não têm a coragem moral de as assumir.
Encontramo-lo, com muita frequência nas empresas, onde alimenta os circuitos informais, muito mais velozes do que os canais formais de comunicação.
Alguns gestores do tipo "paternalista" põem a circular, através da via do boato, os factos que desejam fazer chegar, mais rapidamente, aos trabalhadores, dando-lhes a falsa convicção de que aquela notícia ou informação provém deles próprios quando, na realidade, estão a ser manipulados.
A comunicação social, acobertada impunemente na confidencialidade das fontes de informação, não hesita em instituir, com lamentável frequência, algumas figuras públicas, em alvos preferenciais de campanhas de destruição - verdadeiros assassinatos civis - baseadas em factos não verídicos, meras especulações ou notícias não confirmadas.
Assim se faz um mau uso da liberdade de imprensa, próximo da libertinagem e se projecta uma má imagem da democracia.
Na verdade, devemos ser verdadeiros e rigorosos em tudo aquilo que afirmamos, sob pena de, um dia, "o feitiço se virar contra o feiticeiro".

Na Grécia antiga, Sócrates tornou-se famoso, não só pela sabedoria, mas sobretudo pelo grande respeito que dedicava a todas as pessoas. Conta-se que, certo dia, um conhecido se abeirou do grande filósofo, para lhe dizer:

- Queres saber o que ouvi contar sobre o teu amigo?
- Espera um minuto! Respondeu Sócrates; antes que me digas seja o que for, quero que passes num pequeno exame. Chamo-lhe o Triplo filtro.
- Triplo filtro? Perguntou o outro.
- Correcto! Continuou Sócrates e acrescentou: antes que me fales sobre o meu amigo, pode ser prudente filtrar três vezes o que me vais dizer: é por isso que lhe chamo o exame do triplo filtro! E continuou: o primeiro filtro é a VERDADE. Estás absolutamente seguro de que o que me vais dizer é verdadeiro?
- Não - disse o homem - realmente só ouvi falar sobre isso e …
- Bem! Retorquiu Sócrates. - Então, não sabes se realmente é verdadeiro ou não?

- Agora permite-me que utilize o segundo filtro: o filtro da BONDADE . O que me vais dizer é algo de bom?
- Não, pelo contrário.
- Então, desejas dizer-me algo de mau sobre ele, porém, não estás seguro de que esteja certo.

- Mesmo que agora quisesse escutar-te não poderia, porque ainda me falta um filtro: o filtro da UTILIDADE!
- Servia-me, para alguma coisa, saber o que me queres dizer do meu amigo? - - Não! Na verdade, não.
- Bem! Concluiu Sócrates. - Se o que desejas dizer-me não é verdadeiro, nem bom e tão-pouco me será útil, por que iria querer saber?

Meu caro leitor use este triplo filtro, cada vez que ouvir comentários sobre algum dos seus amigos mais próximos e mais queridos.
A amizade deve ser considerada como um bem precioso e inviolável.
Nunca perca um amigo, um colega ou mesmo um concorrente, por algum mal entendido ou comentário sem fundamento.
(MANUEL POIRIER BRAZ (Advogado e Gestor de Empresas), In VER, Direito e Gestão, Janeiro-Fevereiro 07) (citado por AMA)

1 comentário:

  1. Ah, se todos fizessemos isto, a começar por mim, como seria diferente este mundo e as relações entre todos os filhos de Deus.

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