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23/11/2022

Publicações em Novembro 23

 


Dentro do Evangelho

 

Não assisti à conversa, nem poderia porque estavam só os dois: Jesus e a Samaritana conversando sentados na beira do poço de Jacob.

Quando acabou a conversa segui a mulher até à cidade. Pude ouvi-la numa excitação incontrolável a contar a quem queria ouvir, e eram muitos e cada vez se juntavam mais, a sua conversa com Jesus.

Era algo saliente, inusitado:

- «Ele disse-me tudo a meu respeito»!

Os testemunhos simples, concretos e verdadeiros têm este efeito nas pessoas de boa índole: querer saber, conhecer pessoalmente, quem é essa pessoa que se encontra por primeira vez e que demonstra um poder tão extraordinário: saber quem é, o que faz ou fez.

E... foi o que fizeram: foram ter com Jesus a convidá-Lo para ficar com eles.

Jesus acedeu, contente, bem-disposto e ali ficou por três dias a conversar, responder a perguntas, falando do quer que fosse que eles queriam falar.

Eu, tenho a certeza que estes Samaritanos jamais esqueceram esses dias, isto porque eles próprios confessam à mulher que já não é por causa dela que acreditam em Jesus mas porque eles próprios ficaram convencidos que Ele era a indubitável Verdade que cada um procurava.

Esta "jornada" em Samaria causou-me profunda impressão. Era algo tão inusitado, tão extraordinário que não podia deixar de pensar nesta realidade: as pessoas, sejam quem forem, desejam ouvir a verdade. Não interessa se quem a revela é alguém conhecido, do nosso círculo de amigos, ou alguém que se cruza connosco nos caminhos da nossa vida, importa que reconheçamos que o que nos revela seja a verdade tal qual é.

Alguém que logo num primeiro encontro prova que conhece os "segredos" do outro, tem de levar-nos a pensar duas vezes, estou perante um "mágico", um "hábil adivinho" enfim... ou perante alguém com poderes que ultrapassam a minha compreensão? E, é aqui que realmente se impõe ser honesto e tentar perceber o que se passa.

Desde logo a atitude: não foi revelado nenhum segredo íntimo mas mencionado um facto do conhecimento de muita gente; não há nem uma crítica nem uma recriminação, digamos... um "julgamento" mas a constatação de algo que pode comprovar-se, depois há uma postura pessoal da pessoa que leva à certeza lógica que não procura nada para si mesma mas tão só dar a entender que, seja como for, mais tarde ou mais cedo, "não há nada, ainda que bem guardado que esteja, que não venha a ser revelado".

Deixo-me de "ilacções filosóficas" para concluir que a Verdade só tem uma face: Ou é ou não é!

Esta consideração levanta algumas questões, uma das quais será esta que ficou na história como a "pergunta" mais patética até agora registada. Pilatos perguntou a Jesus:

- «O que é a verdade».

Mas foi uma pergunta capciosa, porque Pilatos não queria uma resposta, como refere o Evangelho, «voltou as costas e retirou-se».

Talvez erradamente, eu agradeço a Pilatos esta atitude, sobretudo porque me ensina a não perguntar o que for se a minha verdadeira intenção não é saber o que interrogo.

Confesso... tenho pena de Pilatos e, até tenho por ele alguma simpatia porque, procedendo como fez, me indica claramente que a resposta à sua pergunta, caso a tivesse tido, seria de tal forma "devastadora" que inevitavelmente o levaria a uma profundíssima revisão de vida... o que, realmente, não lhe apetecia fazer.

Assim, ao procurar uma resposta a algo que me inquieta tenho que ser honesto e obtida esta considerar o que me foi respondido.

Mas... volto a Pilatos para considerar que seria muito difícil esperar que procedesse de outro modo.

Acontece quase sempre assim aos que estão como que "instalados" na vida; pretendem saber o que melhor lhes convém e o que devem evitar conhecer que possa de algum modo alterar o "satus quo", ter como único objectivo "viver o melhor possível" sem "maçadas" ou preocupações.

De facto, concluo que Pilatos é um "gigantesco" ignorante e, considerado como tal, é difícil esperar que procedesse de outro modo.

Lembro-me que Jesus pouco antes de expirar na Cruz disse...

«Pai... perdoai-lhes porque não sabem o que fazem», e eu atrevo-me a incluir Pilatos nestes.

Sou levado irremediavelmente a pensar: 'E eu... sei o que faço?'

Não quero voltar a fazer esta pergunta e por isso prefiro pedir a Jesus que me ensine a fazer, em tudo, a Justíssima e Amabilissima Vontade de Deus em tudo e, assim fico tranquilo.

 

Reflectindo

Sou santo

 

De repente, sem que haja um motivo assim… evidente… penso que sou santo!

É um perfeito disparate porque, na verdade, não passa de um desejo e não de uma realidade.

Será?

Então eu não procuro fazer, em tudo, a Vontade de Deus?

Não desejo veementemente aceitar o que Ele manda?

Não quero o que Ele quer?

Talvez… sim…, mas no meu íntimo, bem no fundo, não desejo que Ele queira o que eu quero?

Ah!

Aqui está a distância, o “gap”, o abismo!

De facto, tenho de concluir, que quero ser santo, mas, à minha “maneira”, da forma que mais me convém.

E concluo: quanto me falta!

 

 

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