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06/11/2022

Publicações em Novembro 6

 


(Nota: Seguindo a recomendação de São Josemaria Escrivá procurarei viver o Evangelho como um personagem mais. Para tal seguirei fielmente os textos pronto a fazer as considerações que me ocorrerem.)

 

Dentro do Evangelho – Lc I

 

 

Sou um judeu natural de Jerusalém e no exercício da minha actividade desloco-me a várias povoações de Israel, nomeadamente Jericó.

O que faço? Bem… sou um cobrador de impostos, o que chamam depreciativamente: um Publicano.

Não tenho muitos amigos… na verdade… não tenho sequer alguém a quem possa chamar: AMIGO! A princípio incomodava-me muito a forma suspeitosa e, até, o desprezo com que me tratam e, tenho de reconhecer, que um cobrador de impostos – sobretudo quando os impostos são cobrados em nome do invasor da nossa Pátria – não pode esperar outra coisa dos seus conterrâneos. Mas… é a minha vida… que hei-de eu fazer!

Acordei hoje manhã, já um pouco tarde, numa estalagem. Levei algum tempo a lembrar-me de quanto acontecera na véspera. Como que em cenas pouco nítidas vi-me no caminho de Jericó para Jerusalém com os alforges da minha montada, carregados com o produto da cobrança. Sou assaltado por uns meliantes – três, parece-me – e tentei defender-me como pude, só que eles não me deram tréguas e, talvez por se aperceberem quem eu era, atacaram-me com tal violência que fiquei prostrado no caminho.

Não sei quanto tempo ali fiquei inconsciente e cheio de dores dos golpes sofridos. Lembro-me vagamente de alguém que se aproximou de mim e me prestou assistência, tratou como pode as minhas numerosas feridas deitando-lhes azeite e vinho.

Nisto, o estalajadeiro aparece no meu quarto e pergunta-me como me sinto. Fico a olhar para ele. Como se percebesse da minha confusão conta-me o que aconteceu, como tinha chegado na noite anterior trazido por um Samaritano – o mesmo que me encontrara prostrado no caminho – que tratara de mim e me instalara na cama. Tinha partido há pouco mas dissera que voltaria passados dois dias.

Na minha surpresa, perguntei: ‘Mas tens a certeza que era um Samaritano?’

Respondeu: ‘Compreendo a tua surpresa pois, na verdade, também eu fiquei atónito’.

Disse-lhe: ‘Eu sou um Publicano e fui roubado e espoliado de quanto trazia, não sei como vou pagar-te a minha estadia.’

‘Não te preocupes com isso – responde-me – o teu “salvador” deixou-me dinheiro para cuidar de ti e até me disse que se o que me deixou não fosse suficiente no seu regresso me pagaria o que faltasse.’

Quando o estalajadeiro saiu do meu quarto não pude deixar de pensar no estranho e insólito e toda a situação. Como era possível? Um Samaritano e um Judeu, ainda por cima, Publicano?

Na minha vida tenho cometido alguns – bastantes – erros. Sobretudo abusos nas cobranças aproveitando-me das circunstâncias para guardar para mim uma boa parte. Isto nunca me incomodou… afinal é o que fazem todos os Publicanos! Bem sei que há pouco tempo atrás, um colega, nos surpreendera a todos quando resolvera abandonar a profissão que exercia precisamente em Jericó e devolver aos lesados o quádruplo do que se apropriara e, como se não bastasse, oferecera aos pobres metade do que possuía. Aliás circulava uma história sobre um encontro com um tal Jesus da Galileia a quem oferecera um banquete depois do que passou a fazer parte do grupo dos que O seguiam por todo o lado.  Mas, confesso, não dei muita importância ao assunto. Agora, porém, parece que um incómodo estranho está a revirar-me as entranhas e começo a pensar que, logo que possível, tenho de encontrar-me com ele para que me conte quanto aconteceu.

Conheço-o bem e, se ele, tomou tais decisões é porque algo muito especial aconteceu e, conhecendo-o como conheço, só posso concluir que terá escolhido uma vida muitíssimo melhor que a que tinha antes. Estando assim decidido, parece que as dores no meu corpo abrandaram e voltei a adormecer.

 

 

Reflectindo

Outra vez volto a este tema, “ Os meus talentos”, não que tenha grandes dúvidas mas porque é "objecto" de tentação

Tenho um talento que é a capacidade de escrever.

A tentação surge quase sempre: "Escreves para quê? Não é uma manifestação de  vaidade pessoal? Não escrevas mais sobretudo porque repetes coisas sobre as quais já escreveste"

Percebo... ao tentador incomoda-o que escreva!

Portanto concluo que escrever é o que devo fazer pondo sempre nas Suas mãos a inspiração do que convém que escreva e como.

Se sou inteligente, tenho uns predicados, o razoável é demonstrá-lo, se não para que servem.

Tenho forçosamente que aplicar esses talentos e, por isso, peço ao Divino Espírito Santo que me inspire a melhor forma de o fazer.

Assim... não estarei a "sublimar-me" mas a cumprir a Vontade de Deus qye, como dizia São Josemaria, se serve da "perna de uma mesa" para escrever o que quer.

Fico tranquilo.

Uma das "expertezas" do tentador é induzir-me na consideração que ao aplicar um talento que tenho estou a pecar por vaidade.

Considero que qualquer talento que possa ter não me pertence mas  a Deus Nosso Senhor que mo deu.

Portanto concluo que ao aplicar um talento estou a servir a Deus.

É o que me interessa e convém porque será isso mesmo que Ele deseja que eu faça.

 

 

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