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03/11/2022

Publicações em Novembro 3

 


(Nota: Seguindo a recomendação de São Josemaria Escrivá procurarei viver o Evangelho como um personagem mais. Para tal seguirei fielmente os textos pronto a fazer as considerações que me ocorrerem.)

 

Dentro do Evangelho – Lc I

 

Fiquei atónito, sem palavras e levei algum tempo a reagir, mas, como que por encanto desvaneceram-se as minhas dúvidas e pruridos e ajudei a transportar o ferido para a melhor habitação de que dispunha.

Deitámos o homem numa cama, despimos-lhe os farrapos, arranjei uma túnica lavada que lhe vestimos e, enquanto o Samaritano observava de novo as feridas renovando as ligaduras e unguentos fui à cozinha buscar um caldo de sopa que a custo conseguiu engolir. Tendo caído num sono profundo, deixámo-lo a descansar e retiramo-nos; o samaritano para uma acomodação na parte superior da casa, eu para o meu posto à entrada da estalagem.

A noite ia adiantada e como não era de prever aparecessem novos hóspedes, fui deitar-me. Mas não conseguia conciliar o sono pensando em tudo quanto acontecera e algo apreensivo quanto ao dia seguinte.

Logo pela manhã o samaritano preparou-se para seguir viagem, mas, antes que eu pudesse perguntar o que fosse, abriu a sua bolsa, «tirou dois denários, e deu-mos dizendo: Cuida dele; quanto gastares a mais, eu to pagarei quando voltar».

Ainda hoje, passado tanto tempo, me admiro com a minha reacção! Nem por um momento me ocorreu que o Samaritano não faria exactamente como me disse e que não ficaria por receber o que viesse a gastar com o pobre coitado agora a meu cargo.

Sim, eu que sou judeu e tenho um negócio, não posso dar-me ao luxo de receber hóspedes sem ter a certeza que serei ressarcido das despesas de estadia, tanto mais que estas seriam bastante fora do “normal”: os tratamentos, ligaduras, unguentos e outros cuidados que seriam necessários. Volto a repetir: Ainda hoje, passado tanto tempo, me admiro com a minha atitude!

 

Pela noitinha, o doente estava visivelmente melhor e começou por perguntar-me como tinha ido ali parar, o que acontecera…

Contei-lhe tudo, claro, e o seu espanto foi tão grande como tinha sido o meu no dia anterior quando o estranho “cortejo” aparecera à minha porta.

Não se lembrava de nada, tão súbita e violenta tinha sido a acção dos salteadores, nem sequer quanto tempo estivera prostrado por terra. Mas achava estranho que ninguém o tivesse visto naquela situação, já que o caminho onde tudo acontecera era muito concorrido.

Eu também – pensando melhor – achei estranho, mas como estou habituado à indiferença das pessoas perante as necessidades dos outros não me custava acreditar que alguns o terão visto e, ao dar-se conta da situação, tivessem optado por seguir adiante livrando-se de “trabalhos” e incómodos. De facto, há tanta gente que vai pelos caminhos da vida tão cheios de si próprios, absorvidos com os seus assuntos que olhando não vêm e, se acaso vêm, ficam indiferentes ao que, pensam, não lhes diz respeito.

Tomei uma decisão: A partir de agora a porta da minha estalagem estará sempre aberta a quem tiver necessidade de entrar, não a fecharei a ninguém por motivos de raça, cor da pele ou religião e independentemente de possuírem meios ou recursos para cobrir as despesas que porventura façam.

Esta decisão consola-me muito porque penso que, um dia, pode acontecer-me o mesmo que ao pobre homem assaltado e espancado pelos salteadores e, então precisarei de alguém – um Samaritano… talvez – que se condoa de mim e me preste assistência.

 

 

 

Reflectindo

 

Quando passo em revista os meus defeitos é conveniente ter em conta as virtudes que tenho.

Sim, no meu "entender" cristão eu possuo virtudes.

Neste momento em particular detenho-me na PACIÊNCIA.

Logo me ocorre que me falta.

Tal reflecte-se imediatamente nesta reflexão!

Mas, pensando melhor, concluo que não será assim tão radical para justificar reflectir sobre ela.

O que tenho de ter bem claro é que a PACIÊNCIA é, além de uma Virtude, um Dom do Espírito Santo e, evidentemente só Ele a  pode dar, daí que é fundamental pedir com perseverante insistência que ma conceda.

A sua falta reflecte-se em todos os momentos da minha vida diária e, pior, torna-me "insuportável" aos que me rodeiam.

No que me respeita - aliás não tenho nenhuma "autoridade" para escrever o que for sobre outros -, vejo muito claramente que a "minha" PACIÊNCIA pessoal, intrínseca, é um "desastre", poderia, quase, dizer que "não me suporto"! E, isto que é absolutamente verdade, tem um nome: ORGULHO PESSOAL!

Sim... é verdade!

Quero-me perfeito, impecável, um exemplo, uma referência, mas... como não o sou, - porque seria?  - rendo-me pensando que não há nada que possa fazer. Mas... de facto há! Se eu pedir, como já referi, ao Divino Espírito Santo que me dê PACIÊNCIA, Ele não ma dará!?!?

Se for para meu bem e para melhor fazer, em tudo, a Vontade de Deus, seguramente que sim. E, portanto, a única coisa a fazer é esperar pacientemente que Ele oiça e atenda o meu pedido: Divino Espírito Santo dai-me PACIÊNCIA!

 

 

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