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14/12/2021

Publicações em Dezembro 14

 


Jesus repete várias vezes a Parábola dos talentos, desta vez vou deter-me num particular detalhe: os juros que o Senhor daqueles três servos exigiu.

Entendo que neste caso os talentos equivalem a dons que aquele Senhor deu a cada um.

Os juros serão devidos como compensação ao dador de algo que nos "facilitou", não talvez como compensação propriamente dita mas, mais, como uma demonstração de agradecimento.

Mas, pergunto... uma dádiva presume o pagamento de juros.

Julgo que, posto assim... não! Mas não será razoável pensar que quem recebeu algo que precisava para o que fosse não agradeça ao seu benfeitor mostrando o que fez com o recebido? Claro que sim porque se o não fizer além da ingratidão que demonstra revela que, talvez tenha usado o recebido para um fim não adequado ou, pior, nem sequer o usou. As consequências são óbvias, das quais a que mais avulta é a relutância do benfeitor em corresponder a outro pedido que o ingrato lhe faça.

Bom... este é o juro a que Jesus Se refere: usar correctamente os dons que recebi e recebo não quer uma devolução do dado mas sim o seu uso. Se o fizer Ele ficará satisfeito, se não...

Aplicar os dons que recebi é, deve ser, a minha preocupação e a melhor forma de o fazer será distribui-los por outros de forma a que também estes possam ser beneficiados. Este "trabalho" talvez tenha a sua expressão mais evidente na Correcção Fraterna; esta é algo que quase sempre me custa muito fazer... não quero meter-me na vida do outro, tenho receio de ferir a sua sensibilidade, não quero me julgue um "convencido catedrático", um mestre, um guia... Pobre de mim se não tivesse tantos e tantas que não hesitam em corrigir-me quando julgam apropriado!

Sei muito de música, porque não partilho um bocadinho que seja desse conhecimento com outro que luta por saber mais? Leio o que alguém escreveu, porque não manifestar-lhe a minha opinião, talvez notando alguma incongruência, erro de sintaxe... Oiço um palestrante, porque não dar-lhe a minha opinião sobre o que ouvi?

Não reagir a algo que se me depara demonstra uma posição de indiferença que não quero admitir, muitas vezes prefiro ficar a remoer uma resposta íntima do que manifestá-la. Tal acontece, sobretudo, quando a minha apreciação é negativa porque, a verdade é que se gostei logo me apresso a comunicar o meu agrado e aplauso.

Para corrigir é óbvio que preciso de estar absolutamente seguro que o objecto da minha correcção tem razão de ser, se sustenta e justifica, quando não poderei muito bem ser aquele "cego que conduz outro cego até cairem os dois na mesma cova", tal e como diz o Evangelho.

 

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