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28/11/2021

Publicações em Novembro 28

 


Jesus disse a Pedro: «O que atares na terra ficará atado nos céus, e o que desatares na terra ficará desatado nos céus

Atar e desatar é outra comparação utilizada por Jesus para manifestar a Sua vontade de conferir a Simão um poder universal e completo, garantido e autenticado pela aprovação divina.

Não se trata só do poder de enunciar afirmações doutrinais ou dar directrizes gerais de acção: segundo Jesus, é o poder de atar e desatar, ou seja, de tomar todas as medidas necessárias para a vida e o desenvolvimento da Igreja.

A contraposição atar-desatar serve para mostrar a totalidade do poder.

Ora bem, é necessário acrescentar em seguida que a finalidade deste poder consiste em abrir o acesso ao reino, não em fechá-lo: “abrir”, isto é tornar possível a entrada no reino dos Céus, e não pôr obstáculos, que equivaleriam a “fechar”.

Como não aceitar inteiramente como guia e chefe o que foi escolhido para esse lugar?

A missão do Papa é uma missão divina porque emana do próprio Jesus Cristo, com um mandato preciso e claro.

O que Jesus disse a Pedro não foram generalidades mais ou menos abrangentes, algo vago, indefinido. Não! É, portanto, claro que um cristão tem o dever de acatar as directrizes emanadas desde a Cátedra de Pedro.

Seja quem for o homem que a ocupe, ele é sempre o Vigário de Cristo na terra e, a palavra “vigário” significa exactamente, aquele que substitui alguém.

Na sua viagem no mar da vida, Jairo, encontra-se com a tempestade. O drama da doença, da morte eminente da sua filha querida. É um personagem importante, mas perante a gravidade da situação sabe, no mais íntimo do seu coração que só um milagre podia curar a filha e alguém lhe terá dito que, Jesus, poderia fazer esse milagre. Talvez tenha ouvido falar dos milagres recentes que Ele fizera.

Na sequência do Evangelho de São Mateus, Jesus tinha vindo de Gerasa e, decerto, os acontecimentos extraordinários, os dois mil porcos precipitados no mar como “preço”, da cura do endemoninhado, teriam chegado ao seu conhecimento; também poderá ter ouvido falar do filho da viúva de Naim, ressuscitado em pleno cortejo fúnebre. Vai, portanto, ter com Ele à praia, não espera que o chame, adianta-se e decide-se.

A situação é grave, a tormenta violentíssima. «Cai-lhe aos pés», diz expressamente o Evangelho. Uma atitude de enorme humildade, de profunda entrega.

Cair aos pés de Jesus é “meio caminho andado” para alcançar a misericórdia que se implora.

Que tem de mais ajoelharmo-nos? Não é Ele o Criador e Senhor de todas as coisas?

Esta passagem tão linear deve fazer-nos pensar na facilidade com que, por vezes, nos aproximamos de Jesus. Por exemplo, em frente do Sacrário, onde Ele está presente em Corpo, Alma e Divindade como nos comportamos? Ajoelhamos reverentemente ou, se não o podemos fazer, detemo-nos sem pressas e fazemos uma vénia conveniente, sentida, própria de quem se sabe servo quem cumprimenta o seu Senhor? E como O recebemos na Sagrada Comunhão? Aproximamo-nos com respeito, com profundo recolhimento interior? Se Ele Se nos entrega em Corpo, Alma e Divindade para nosso alimento, não será para nós bastante recebê-Lo como alimento? 

A comunhão deve ser um acto íntimo e respeitoso, feito com decoro e compenetração. Diria até, com cerimónia. Trata-se de Deus Nosso Senhor, Criador dos Céus e da Terra e de todas as coisas visíveis e invisíveis. O respeito, nunca demasiado, pelas coisas sagradas e, sobretudo, pela Sagrada Eucaristia, deve ser uma atitude permanente em nós e deveríamos esforçar-nos para o fazer também sentir aos outros.

Lembra-me de antigamente se comungar de joelhos, que é a atitude natural de recolhimento interior e respeito do homem para com Deus. Os tempos são outros, evidentemente, e a prática comum hoje em dia é comungar-se de pé. No entanto, não podemos, nem devemos transigir com novas práticas, - a menos que a Santa Igreja assim o recomende -, com facilidades ou, como dizia, familiaridades, sob pena de a Sagrada Comunhão se ir tornando uma coisa banal e corriqueira em vez de um acto profundamente reflectido e de extraordinária importância.

Ajoelhar-se diante de Jesus é uma atitude constante no Evangelho.

Pouco antes deste relato sobre Jairo, São Marcos conta-nos o que aconteceu com um leproso: «Vem ter com Ele um leproso que, suplicando e lançando-se de joelhos Lhe diz: Se quiseres, podes limpar-me».

De facto, qualquer atitude corporal pode ser adequada para se falar com Deus. Perante o nosso progenitor também não costumamos tomar nenhuma atitude especial, claro está, dentro das normas do respeito que nos merece. Mas, na oração, que é o nosso diálogo com Deus a nossa postura deverá ser, além de amor filial, e preferencialmente de recolhimento, de veneração, de reconhecimento do nosso “nada” perante o Criador de todas as coisas. A resposta de Jesus a esta postura de humildade e entrega confiante é sempre generosa, pronta, extraordinária. Ele comove-Se, enternece-Se, sente-Se movido a satisfazer o que pedimos.             

Jairo não sabe nada destas coisas, sabe apenas que, aquele Homem em frente do qual se prostra é a sua única esperança naquela grande aflição. Reconhece, assim, a Omnipotência de Jesus e, por causa deste reconhecimento que é já, em si mesmo, uma graça de Deus, toma a atitude de entrega, de submissão, de profundo respeito por Quem, sabe no íntimo do seu coração de pai amargurado, pode salvar a sua filha.

Jesus tem de se deter junto daquele homem que se ajoelha aos Seus pés.

A conversa interrompe-se, faz-se silêncio na multidão próxima, todos ficam expectantes do que se vai seguir. Jairo explica, certamente com um acento de ansiedade: «A minha filhinha está em agonia, Vem impor-lhe as mãos, para que se salve e viva!»         

Jesus entende muito bem a mensagem. Nela, Jairo, diz tudo quanto quer, o que precisa, o que deseja do Mestre. Diz o que o traz ali, à Sua presença, a urgência que o impele, a gravidade da situação que o consome e, com total confiança, faz o pedido, simples, concreto, objectivo. É assim que devemos rezar. Não nos ficarmos por “generalidades”. Como as crianças, dizer exactamente o que desejamos, pedir o que queremos, abrir a alma e o coração sem medos nem receios. Como as crianças – Pai, quero isto, quero aquilo , sem rodeios nem falsas razões. O Senhor sabe muito bem o que precisamos e o que é melhor para nós e nunca deixará de nos ouvir como desejamos ser ouvidos. Dar-nos o que pedimos depende da Sua Vontade e do bem que o que pedimos pode, ou não, ser para nós. Mas, Ele, sabe mais, sempre, fará o que é melhor para nós, por isso mesmo podemos – e devemos dizer: ‘Sei que farás sempre melhor que aquilo que Te peço. Aceito a Tua Vontade Santa sobre todas as coisas. Ámen’

Voltamos ao leproso. «Se quiseres podes limpar-me».   Que manifestação de fé, confiança absoluta no Senhor!

Uma confissão tão simples, sem rodeios, sem muitas palavras não pode deixar de tocar no fundo do Coração amantíssimo de Jesus. Ele olha para aquele homem, um destroço humano de quem todos se afastam com repulsa e compadece-Se de tal forma que faz algo tão extraordinário, que deve ter espantado tanto os circunstantes, que o evangelista achou que o deveria fazer constar: «Ele, enternecido, estendeu a mão e tocou-o».  Jesus não sente repulsa por ninguém, por mais doente que o homem possa estar, por mais grave ou horroroso que seja o mal que o afecta. Pois se não há pior mal que o pecado, nem nada mais horrível, e, Ele, nos acolhe, esquece, perdoa! Jesus não nos afasta nunca, somos nós que nos afastamos deLe.  

 

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