Páginas

14/08/2021

NUNC COEPI: Publicações em Agosto 14

  


Sábado 


Pequena agenda do cristão

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)

 

Propósito: Honrar a Santíssima Virgem.

 

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

 

Lembrar-me: Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

 

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.

Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

 

Pequeno exame: Cumpri o propósito que me propus ontem?

 

 

 


LEITURA ESPIRITUAL

 

Evangelho

 

 

Lc XV, 1-32

 

A ovelha perdida

1 Aproximavam-se dele todos os cobradores de impostos e pecadores para o ouvirem. 2 Mas os fariseus e os doutores da Lei murmuravam entre si, dizendo: «Este acolhe os pecadores e come com eles.» 3 Jesus propôs-lhes, então, esta parábola: 4 «Qual é o homem dentre vós que, possuindo cem ovelhas e tendo perdido uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai à procura da que se tinha perdido, até a encontrar? 5 Ao encontrá-la, põe-na alegremente aos ombros 6 e, ao chegar a casa, convoca os amigos e vizinhos e diz-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida.’ 7 Digo-vos Eu: Haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não necessitam de conversão.»

 

A drácma perdida

8 «Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perde uma, não acende a candeia, não varre a casa e não procura cuidadosamente até a encontrar? 9 E, ao encontrá-la, convoca as amigas e vizinhas e diz: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a dracma perdida.’ 10 Digo-vos: Assim há alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte.»

 

O filho pródigo

11 Disse ainda: «Um homem tinha dois filhos. 12 O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte dos bens que me corresponde.’ E o pai repartiu os bens entre os dois. 13 Poucos dias depois, o filho mais novo, juntando tudo, partiu para uma terra longínqua e por lá esbanjou tudo quanto possuía, numa vida desregrada. 14 Depois de gastar tudo, houve grande fome nesse país e ele começou a passar privações. 15 Então, foi colocar-se ao serviço de um dos habitantes daquela terra, o qual o mandou para os seus campos guardar porcos. 16 Bem desejava ele encher o estômago com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. 17 E, caindo em si, disse: ‘Quantos jornaleiros de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! 18 Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e vou dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti; 19 já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus jornaleiros.’ 20 E, levantando-se, foi ter com o pai. Quando ainda estava longe, o pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de beijos. 21 O filho disse-lhe: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho.’ 22 Mas o pai disse aos seus servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha; dai-lhe um anel para o dedo e sandálias para os pés. 23 Trazei o vitelo gordo e matai-o; vamos fazer um banquete e alegrar-nos, 24 porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado.’ E a festa principiou. 25 Ora, o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se de casa ouviu a música e as danças. 26 Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo. 27 Disse-lhe ele: ‘O teu irmão voltou e o teu pai matou o vitelo gordo, porque chegou são e salvo.’ 28 Encolerizado, não queria entrar; mas o seu pai, saindo, suplicava-lhe que entrasse. 29 Respondendo ao pai, disse-lhe: ‘Há já tantos anos que te sirvo sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos; 30 e agora, ao chegar esse teu filho, que gastou os teus bens com meretrizes, mataste-lhe o vitelo gordo.’ 31 O pai respondeu-lhe: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. 32 Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi encontrado.’»

 

Comentário

 

O génio literário de São Lucas manifesta-se magistralmente nesta parábola de Jesus. A parábola é belíssima e, realmente, aplica-se profundamente aos temas da Misericórdia, do Amor do Pai, da Alegria do regresso do filho perdido. Este Pai que está sempre à nossa espera perscrutando na lonjura do caminho onde tantas vezes nos perdemos na esperança amorosa de nos estender os braços e nos devolver a dignidade perdida por causa das nossas faltas e, mais, festejar com largueza a volta à casa paterna. Uma vez mais me ocorre exclamar: Ó félix culpa! Vale a pena o arrependimento, o bem que se alcança tem uma "medida" divina e, por isso mesmo, impossível de "contabilizar". Um anel no dedo, sapatos nos pés, o vestido mais precioso! Fica-se sem palavras perante tal magnificência! Não nos interroga por onde andámos, o que fizemos, só Lhe interessa que estejamos de novo ali, de onde nunca deveríamos ter-nos afastado: A alegria, a tranquilidade, a paz, a saciedade da casa paterna onde nada nos falta!

Esta alegria do pai que vê regressar o filho à casa paterna donde se afastou por vontade própria, está bem espelhada nos exemplos da drácma perdido e da ovelha tresmalhada e, magistralmente, na parábola do filho pródigo. Há, contudo, uma diferença entre as duas primeiras e esta última. Naquelas é o pastor e a dona de casa que deixam tudo para recuperar o que estava perdido, nesta última é o próprio extraviado que regressa por decisão própria. O que está presente nos três exemplos que dou é a alegria do reencontro, da recuperação do perdido, alegria tão grande que não pode reservar-se e tem de se comunicar aos outros. É esta mesma alegria que cada um de nós sente quando pela oração e a acção, alguém arrepia caminho e volta ao convívio da Igreja. Valem, pois, a pena todos os nossos esforços nesse trabalho de apostolado.

A necessidade de um pastor para nos guiar pelos caminhos da vida está bem evidenciada nesta passagem do Evangelho. Um pastor que guie, com sabedoria e segurança, sem dúvida mas, também, um pastor que nos ensine a proteger-nos, a resguardarmo-nos dos perigos e “barrancos” que a cada passo se nos deparam e onde, por imprudência, ignorância ou ousadia podemos perder-nos do rebanho.

Deste muito pequeno guardei a imagem dos emigrantes que regressavam a casa para passar o Natal com as famílias. Os tempos eram agrestes, as comunicações difíceis e algo perigosas pelo que, as viagens para os que esperavam os entes queridos criavam uma expectativa mista de apreensão e alegria. Com o que Jesus narra no Evangelho de hoje podemos ver esse emigrante - familiar ou amigo - perdido num caminho de regresso, talvez num atalho que o desviou da rota correcta ou, pior, precipitado num barranco para onde o atirou a imprudência, o cansaço, o excesso de confiança nas próprias capacidades. A verdade é que, quando finalmente chega a casa, é recebido com esfusiante alegria e atenções de todo género parecendo que passou a ser a pessoa mais importante da família. De facto, todos nós somos como emigrantes neste mundo em busca da casa do Pai comum que estará à nossa espera, expectante, de braços abertos. Para nos guiar pelos caminhos mais convenientes enviou-nos pastores dispostos a ajudar-nos. Não desprezemos, nunca, essa ajuda. Ela é preciosa e indispensável para não nos perdermos ou, caso tal tenha acontecido, a voltar sobre o andado e retomar o rumo certo.

O filho mais velho da parábola revela-se, talvez, como a personagem “chave” da mesma. Parece evidente que Jesus contasse esta parábola para ilustrar aos Seus ouvintes, a grandeza da misericórdia do pai, da bondade divina. Um pai que, não só perdoa como se alegra profundamente com o arrependimento do filho. Mas… onde estamos nós, de facto retratados? No Filho que se afasta e depois de se perder reencontra o caminho de casa? Ter prescindido do convívio com o pai regressa humilhado e contrito? Mas… realmente, o Pai nunca cessou de o amar e, o reencontro, é a prova disso mesmo. Mas o filho mais velho deseja ser o mais importante no amor do Pai e, mais, não quer que esse amor seja repartido com o irmão mais novo. Não percebe que o Pai ama os dois igualmente, não por aquilo que fazem mas pelo que são: Seus filhos!

A parábola tem um detalhe que ilustra bem duas coisas: a justiça da actuação do Pai e a falta de razão do irmão mais velho, ou seja: não favoreceu nem um nem outro filho, tratou ambos de igual modo porque “repartir” significa exactamente dar por igual.

De facto o pai não respondeu: quando me pediste alguma coisa, um cabrito, e eu to neguei? Mas sim: “estás sempre comigo, tudo o que é meu é teu”. Aqui esta a 'chave' da parábola, a grande maravilha da misericórdia divina: Não isto, este bem, esta fortuna, mas “tudo o que é meu”. Que pai terreno poderia alguma vez dizer tal coisa a um filho, sobretudo a um filho ingrato e invejoso? Só este Pai Divino, tem para com os Seus filhos tal magnanimidade e, felicidade a minha, este é o meu Pai! Que mais posso querer? Tranquilamente vou pensando na minha herança, mas, também na imensa fortuna do meu Pai que, é, já e agora, também minha desde que eu esteja com Ele. Senhor, que nunca me afaste de Ti.

 

  


 

REFLEXÃO

Se queremos guardar a mais bela de todas as virtudes, que é a castidade, temos de saber que ela é uma rosa que somente floresce entre espinhos; e, por conseguinte, só a encontraremos, como todas as outras virtudes, numa pessoa mortificada.

 

(São João Maria Vianey, Sermão sobre a penitência)

 

SÃO MAXIMILIANO MARIA KOLBE, presbítero e mártir

 


 

SÃO JOSEMARIA – textos

 

 

Hás-de ir procurar as almas

Cristo espera muito da tua actividade. Mas hás-de ir procurar as almas, como o Bom Pastor saiu à procura da centésima ovelha: sem esperar que te chamem. Depois, serve-te dos teus amigos para fazer bem aos outros. Ninguém pode sentir-se tranquilo (di-lo a cada um) com uma vida espiritual que, depois de o encher, não transborde para os outros com zelo apostólico. (Sulco, 223)

Convence-te: precisas de te formares bem, em vista dessa avalanche de gente que nos cairá em cima, com a pergunta precisa e exigente: – "Ora bem, que é preciso fazer?". (Sulco, 221)

Jesus está junto do lago de Genesaré e as pessoas comprimem-se à sua volta, ansiosas por ouvirem a palavra de Deus. Tal como hoje! Não estais a ver? Estão desejando ouvir a mensagem de Deus, embora o dissimulem exteriormente. Talvez alguns se tenham esquecido da doutrina de Cristo; talvez outros, sem culpa sua, nunca a tenham aprendido e olhem para a religião como coisa estranha... Mas convencei-vos de uma realidade sempre actual: chega sempre um momento em que a alma não pode mais; em que não lhe bastam as explicações vulgares; em que não a satisfazem as mentiras dos falsos profetas. E, mesmo que nem então o admitam, essas pessoas sentem fome, desejam saciar a sua inquietação com os ensinamentos do Senhor. (Amigos de Deus, 260)