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22/01/2021

Leitura espiritual

 


Novo Testamento [i]


Evangelho


Mc XV, 1-22

 

Jesus diante de Pilatos

1 Logo de manhã, os sumos sacerdotes reuniram-se em conselho com os anciãos e os doutores da Lei e todo o Sinédrio; e, tendo manietado Jesus, levaram-no e entregaram-no a Pilatos. 2 Perguntou-lhe Pilatos: «És Tu o rei dos Judeus?» Jesus respondeu-lhe: «Tu o dizes.» 3 Os sumos sacerdotes acusavam-no de muitas coisas. 4 Pilatos interrogou-o de novo, dizendo: «Não respondes nada? Vê de quantas coisas és acusado!» 5 Mas Jesus nada mais respondeu, de modo que Pilatos estava estupefacto. 6 Ora, em cada festa, Pilatos costumava soltar-lhes um preso que eles pedissem. 7 Havia um, chamado Barrabás, preso com os insurrectos que tinham cometido um assassínio durante a revolta. 8 A multidão chegou e começou a pedir-lhe o que ele costumava conceder. 9 Pilatos, respondendo, disse: «Quereis que vos solte o rei dos judeus?» 10 Porque sabia que era por inveja que os sumos sacerdotes o tinham entregado. 11 Os sumos sacerdotes, porém, instigaram a multidão a pedir que lhes soltasse, de preferência, Barrabás. 12 Tomando novamente a palavra, Pilatos disse-lhes: «Então que quereis que faça daquele a quem chamais rei dos judeus?» 13 Eles gritaram novamente: «Crucifica-o!» 14 Pilatos insistiu: «Que fez Ele de mal?» Mas eles gritaram ainda mais: «Crucifica-o!»

 

Flagelação e coroação de espinhos

15 Pilatos, desejando agradar à multidão, soltou-lhes Barrabás; e, depois de mandar flagelar Jesus, entregou-o para ser crucificado. 16 Os soldados levaram-no para dentro do pátio, isto é, para o pretório, e convocaram toda a coorte. 17 Revestiram-no de um manto de púrpura e puseram-lhe uma coroa de espinhos, que tinham entretecido. 18 Depois, começaram a saudá-lo: «Salve! Ó rei dos judeus!» 19 Batiam-lhe na cabeça com uma cana, cuspiam sobre Ele e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante dele.

 

Via dolorosa

20 Depois de o terem escarnecido, tiraram-lhe o manto de púrpura e revestiram-no das suas vestes. Levaram-no, então, para o crucificar. 21 Para lhe levar a cruz, requisitaram um homem que passava por ali ao regressar dos campos, um tal Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo. 22 E conduziram-no ao lugar do Gólgota, que quer dizer ‘lugar do Crânio’.

Textos



Felicidade

 

  O conceito de felicidade é relativo.

  Será, como alguns definem, um estado durável de plenitude, satisfação, equilíbrio físico e psíquico, em que o sofrimento e a inquietude estão ausentes.

  Vamos ver…

  Um estado durável?

  Este conceito afasta a possibilidade de se ser feliz intermitentemente;

Parece que, normalmente, a pessoa se sente feliz várias vezes por motivos diferentes;

 

·Sendo assim, não é verdade que a felicidade seja um estado durável!

 

De plenitude?

 

Não parece que alguém seja – sempre - totalmente feliz;

A condição humana não é perfeita, está sujeita a inúmeras oscilações de satisfação ou insatisfação;

 

·Sendo assim, não é verdade que a felicidade seja um estado de plenitude!

 

De satisfação?

 

Mas não é possível que tudo quanto nos acontece seja do nosso inteiro agrado, algumas coisas serão, outras nem tanto, ou ser-nos-ão desagradáveis;

 

·Sendo assim, não é verdade que a felicidade seja um estado de satisfação!

 

Equilíbrio físico e psíquico?

 

Parece evidente que, sem estes equilíbrios, uma pessoa está fortemente condicionada nos seus sentimentos de felicidade ou infelicidade;

 

·Sendo assim, é verdade que a felicidade depende de um estado de equilíbrio físico e psíquico!

 

Sofrimento?

 

Uma pessoa que sofre não pode ser feliz?

É contra a natureza humana procurar o sofrimento seja qual for mas, a forma de o encarar, por exemplo, rejeitá-lo com revolta ou suportá-lo com ânimo, faz uma grande diferença;

 

·Sendo assim, não é verdade que a felicidade seja incompatível com o sofrimento!

 

Inquietude?

 

A inquietação raramente é um estado permanente, antes acontece adrede conforme as incidências da vida corrente;

 

·Sendo assim, não é verdade que a felicidade seja incompatível com a inquietude!

 

Emoções

 

  O que são emoções?

  Podemos, desde logo dizer que uma vez que a palavra se baseia no latim emovere que significa movimento de fora, a emoção é algo que, vindo do exterior, afecta ou altera o estado de espírito.

  Evidentemente as emoções não são escalonáveis numa tabela porque as pessoas são todas diferentes: o que afecta uma poderá ser indiferente a outra.

  Também não é possível estabelecer um critério de “padrões”, isto é, a medida em que uma emoção afecta a pessoa, exactamente pelo mesmo motivo que é a diferença de umas pessoas para as outras.

  A chamada pessoa emotiva poderá ser – talvez – aquela que se deixa dominar pelas emoções ou, pelo menos, é fortemente afectada por elas e, de certa forma, deixa transparecer esse estado.

  Podem dar-se vários exemplos. O mais fácil e comum poderá ser o choro.

Pessoas que, quase sem motivo aparente, – pelo menos para os outros – se deixam abalar pela emoção produzindo lágrimas com mais ou menos abundância.

  A outra pessoa, a mesma coisa, acontecimento ou incidência, não provoca essa reacção o que leva, algumas vezes, a ser classificada de insensível.

Isto é inadequado porque a sensibilidade tem a ver com as emoções mas a sua evidência para o exterior já não.

  Quer dizer: uma pessoa não pode ser qualificada de insensível só porque não chora porque o choro é, antes de mais, uma reacção física.

Pelo contrário, a pessoa que não exprime a sua emoção – neste caso alegria, pesar ou sofrimento – com lágrimas pode emocionar-se muitíssimo mais que aquela que – costuma dizer-se – “tem a lágrima fácil”.

  O problema da emoção é que tende a condicionar a pessoa, nos seus sentimentos e nas suas reacções.

Este condicionamento é mais frequente e visível quando as emoções são fortes e a pessoa reage com imediatismo.

  É o caso da ofensa – verdadeira ou presumida – que alguém pode sofrer.

  A reacção imediata pode traduzir-se num acto reprovável de acrimónia ou, até, violência.

Quando se reage depois de ponderação, tende-se para uma reacção mais de acordo com a eventual gravidade da tal ofensa.

  Há pessoas que procuram – de modo eminentemente voluntário – emoções ou sentimentos que, de alguma forma, a elas conduzam.

 

 



[i] Sequencial todos os dias do ano

São José

 



EXORTAÇÃO APOSTÓLICA

REDEMPTORIS CUSTOS

DO SUMO PONTÍFICE

JOÃO PAULO II

SOBRE A FIGURA E A MISSÃO

DE SÃO JOSÉ

NA VIDA DE CRISTO E DA IGREJA

 

I

 

O CONTEXTO EVANGÉLICO

 

O matrimónio com Maria

 

2. «José, filho de David, não temas receber contigo Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados» (Mt 1, 20-21).

Nestas palavras está contido o núcleo central da verdade bíblica sobre São José; é o momento da sua existência ao qual se referem em particular os Padres da Igreja.

O evangelista São Mateus explica o significado deste momento, esboçando também a maneira como José o viveu. Todavia, para se compreender plenamente o seu conteúdo e o seu contexto, é importante ter presente a passagem paralela do Evangelho de São Lucas. Com efeito, a origem da gravidez de Maria, por «obra do Espírito Santo» - posta em relação com o versículo que diz «ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua Mãe, desposada com José, antes de habitarem juntos, achou-se que tinha concebido por virtude do Espírito Santo» (Mt 1, 18) encontra uma descrição mais ampla e mais explícita naquilo que lemos em São Lucas sobre a anunciação do nascimento de Jesus: «O anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade de Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de David. E o nome da virgem era Maria » (Lc 1, 26-27). As palavras do anjo: «Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo» (Lc 1, 28) provocaram em Maria uma perturbação íntima e simultaneamente estimularam-na a reflectir. Então, o mensageiro tranquilizou a Virgem e, ao mesmo tempo, revelou-lhe o desígnio especial de Deus a seu respeito: «Não tenhas receio, Maria, pois achaste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus dar-lhe-á o trono de seu pai David» (Lc 1, 30-32).

O Evangelista tinha afirmado, pouco antes, que, no momento da Anunciação, Maria estava desposada com um homem chamado José, da casa de David. A natureza destes esponsais é explicitada, indirectamente, quando Maria, depois de ter ouvido aquilo que o mensageiro dissera do nascimento do filho, pergunta: «Como se realizará isso, pois eu não conheço homem?» (Lc 1, 34). E então é-lhe dada esta resposta: «O Espírito Santo descerá sobre ti e a potência do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso mesmo, aquele que vai nascer será santo e há-de chamar-se Filho de Deus» (Lc 1, 35). Maria, embora fosse já «desposada» com José, permanecerá virgem, pois o menino, nela concebido desde o momento da Anunciação, era concebido por obra do Espírito Santo.

Neste ponto o texto de São Lucas coincide com o texto de São Mateus (1, 18) e serve-nos para explicar o que lemos neste último. Se, depois do desponsório com José, se verificou que Maria «tinha concebido por obra do Espírito Santo», este facto corresponde a todo o conteúdo da Anunciação e, em particular, às últimas palavras pronunciadas por Maria: «Faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38). Correspondendo ao desígnio claro de Deus, Maria, com o passar dos dias e das semanas , manifesta-se, diante das pessoas que contactava e diante de José, como estando «grávida», como mulher que deve dar à luz e que traz em si o mistério da maternidade.

3. Nestas circunstâncias, «José, seu esposo, sendo justo e não a querendo expor à infâmia, resolveu desvincular-se dela secretamente» (Mt 1, 19). Ele não sabia como comportar-se perante a «surpreendente» maternidade de Maria. Buscava, certamente, uma resposta para essa interrogação inquietante; mas procurava, sobretudo, uma maneira airosa de sair daquela situação difícil para ele. Enquanto andava «a pensar nisto, apareceu-lhe, em sonho, um anjo do Senhor, que lhe disse: "José, filho de David, não temas receber contigo Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados"» (Mt 1, 20-21).

Existe uma estreita analogia entre a «Anunciação» do texto de São Mateus e a do texto de São Lucas. O mensageiro divino introduz José no mistério da maternidade de Maria. Aquela que, segundo a lei, é a sua «esposa», permanecendo virgem, tornou-se mãe pela virtude do Espírito Santo. E quando o Filho que Maria traz no seio vier ao mundo há-de receber o nome de Jesus. Este nome era bem conhecido entre os Israelitas; e, por vezes, era por eles posto aos filhos. Neste caso, porém, trata-se de um Filho que - segundo a promessa divina - realizará plenamente o que este nome significa: Jesus - Yehosua, que quer dizer «Deus salva».

O mensageiro dirige-se a José como «esposo de Maria»; dirige-se a quem, a seu tempo, deverá pôr tal nome ao Filho que vai nascer da Virgem de Nazaré, desposada com ele. Dirige-se a José, portanto, confiando-lhe os encargos de um pai terreno em relação ao Filho de Maria.

«Despertando do sono, José fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu a sua esposa» (Mt 1, 24). Ele recebeu-a com todo o mistério da sua maternidade ; recebeu-a com o Filho que havia de vir ao mundo, por obra do Espírito Santo: demonstrou deste modo uma disponibilidade de vontade, semelhante à disponibilidade de Maria, em ordem àquilo que Deus lhe pedia por meio do seu mensageiro.


 

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As almas santas têm que ser felizes

Contava-te que até pessoas que não receberam o baptismo, me disseram comovidas: "É verdade, eu compreendo que as almas santas têm que ser felizes, porque olham os acontecimentos com uma visão que está por cima das coisas da terra, porque vêem as coisas com olhos de eternidade". - Oxalá não te falte esta visão! - acrescentei depois - para que sejas consequente com o tratamento de predilecção que recebeste da Trindade. (Forja, 1017)

Asseguro-te que, se nós, os filhos de Deus, quisermos, contribuiremos poderosamente para iluminar o trabalho e a vida dos homens, com o resplendor divino - eterno! - que o Senhor quis depositar nas nossas almas. Mas "quem diz que mora em Jesus, deve seguir o caminho que Ele seguiu", como ensina São João: “caminho que conduz sempre à glória, passando - sempre também - através do sacrifício”. (Forja, 1018)

Meu Senhor Jesus: faz com que sinta, que secunde de tal modo a tua graça, que esvazie o meu coração..., para que o enchas Tu, meu Amigo, meu Irmão, meu Rei, meu Deus, meu Amor! (Forja, 913)

 

LEITURA ESPIRITUAL Janeiro 22

Evangelho

 

Mt XXVIII 1 - 20

 

As santas mulheres no sepulcro

 

1 Terminado o sábado, ao romper do primeiro dia da semana, Maria de Magdala e a outra Maria foram visitar o sepulcro. 2 Nisto, houve um grande terramoto: o anjo do Senhor, descendo do Céu, aproximou-se e removeu a pedra, sentando-se sobre ela. 3 O seu aspecto era como o de um relâmpago; e a sua túnica, branca como a neve. 4 Os guardas, com medo dele, puseram-se a tremer e ficaram como mortos. 5 Mas o anjo tomou a palavra e disse às mulheres: «Não tenhais medo. Sei que buscais Jesus, o crucificado; 6 não está aqui, pois ressuscitou, como tinha dito. Vinde, vede o lugar onde jazia 7 e ide depressa dizer aos seus discípulos: ‘Ele ressuscitou dos mortos e vai à vossa frente para a Galileia. Lá o vereis.’ Eis o que tinha para vos dizer.» 8 Afastando-se rapidamente do sepulcro, cheias de temor e de grande alegria, as mulheres correram a dar a notícia aos discípulos. 9 Jesus saiu ao seu encontro e disse-lhes: «Salve!» Elas aproximaram-se, estreitaram-lhe os pés e prostraram-se diante dele. 10 Jesus disse-lhes: «Não temais. Ide anunciar aos meus irmãos que partam para a Galileia. Lá me verão.» 11 Enquanto elas iam a caminho, alguns dos guardas foram à cidade participar aos sumos sacerdotes tudo o que tinha acontecido! 12 Eles reuniram-se com os anciãos; e, depois de terem deliberado, deram muito dinheiro aos soldados, 13 recomendando-lhes: «Dizei isto: ‘De noite, enquanto dormíamos, os seus discípulos vieram e roubaram-no.’ 14 E, se o caso chegar aos ouvidos do governador, nós o convenceremos e faremos com que vos deixe tranquilos.» 15 Recebendo o dinheiro, eles fizeram como lhes tinham ensinado. E esta mentira divulgou-se entre os judeus até ao dia de hoje.

 

Mandato apostólico

 

16 Os onze discípulos partiram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes tinha indicado. 17 Quando o viram, adoraram-no; alguns, no entanto, ainda duvidavam. 18 Aproximando-se deles, Jesus disse-lhes: «Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. 19 Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, 20 ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.»

 


      Veracidade

 

  Esta citação da mentira ou, se preferirmos, a falta de veracidade, é intencional porque parece ser um defeito muito comum que, por vezes, por ser habitual, não se dá conta. Talvez, na maioria dos casos não se trate de uma mentira séria, grave, que prejudique alguém ou o próprio.

  Uma das facetas de carácter que a isto conduz, é a imaginação, talvez, demasiado fértil e incontrolada.

  À força de repetir uma história, relatar uma situação ou episódio que não tem um fundamento concreto mas se baseia na lucubração íntima dessas situações ou episódios, vai-se construindo algo que, aparentemente, aconteceu, seja verdade.

  Muitas destas situações levam a pessoa a atribuir-se méritos que não lhe cabem, capacidades que não tem, a relatar episódios que não viveu.

  Começa-se por inventar pequenas coisas e, vai-se deslizando com desconcertante à-vontade para situações e factos mais sérios, perde-se a noção da realidade concreta e deixa de preocupar-se, sequer, com as circunstâncias, ambientes ou as pessoas que estão a ouvir.

Em situações de confronto, por exemplo alguém que contesta com factos e razões indesmentíveis que o que se disse não é verdade, o ‘calo’ adquirido não deixa reconhecer o erro mas tão só argumentar com: ‘não era bem isso que eu queria dizer’.

  Vem outra vez ao de cima o “pauca fidelis”, mentir nas pequenas coisas cria, nos outros uma disposição a não acreditar em nada do que esse outro diga ou faça o que, não sendo justo, é, porém, uma consequência natural do comportamento que se tem.

  Um dos maiores elogios que Jesus Cristo faz a alguém e que o Evangelho nos relata é o acontecido com Bartolomeu: «Jesus viu Natanael, que vinha ao seu encontro, e disse dele: «Aí vem um verdadeiro israelita, em quem não há fingimento.» ([1]), referindo claramente a importância que tem o comportamento veraz, autêntico, sem duplicidades ou levado pela fantasia.

  Onde esta faceta humana adquire, talvez, maior relevância é entre os profissionais da comunicação social, falada ou escrita.

Da tendência a construir uma história a partir de meia dúzia de coisas que se conheceram de forma esparsa e desgarrada de contexto, até à especulação pura e simples, é tão frequente que quase se aceita como inevitável.

‘Tenho o direito de informar’ – dizem – ao que se pode contrapor, ‘tenho igualmente direito a ser bem informado’.

  Os direitos e os deveres das pessoas nunca são isolados, quer dizer, ninguém tem só direitos como, também, não tem só deveres.

Ao direito de alguém corresponde sempre o dever de outrem; a única diferença, talvez, resida em que, se todos os direitos são iguais e, alguns dos deveres, não o são.

  Retomando o assunto sobre a veracidade, o dever de falar com verdade é tanto mais importante e pode revestir-se de gravidade especial como a circunstância particular ou a pessoa a quem se aplique; uma pessoa adulta tem mais obrigações que uma outra que seja ainda criança.

  Quando alguém se debruça sobre si mesmo, procurando, num esforço sério e desinibido por traçar um quadro que corresponda ao seu carácter, está a procurar no seu íntimo, aquilo que o levará a concluir o que interessa muito ou pouco, o que convém manter e fazer progredir e o que interessa banir.

Está, decididamente, a tentar construir uma vida interior orientada para o que verdadeiramente é e não o que, talvez, pretenda ser.

Normalmente, deste exercício não nasce a autossatisfação mas o desejo de conseguir progredir naquilo que considera pontos fracos do seu carácter.

A aparência, o que os outros possam pensar de si, deixa de ter tanta importância como o desejo de melhorar naquilo que tem de bom e expurgar o que não seja tanto.

  Poderíamos dizer que, a vida interior, é a estrutura sobre o qual assenta o projecto de vida de cada um, e como qualquer construção, não se começa nunca pela cobertura mas pelos alicerces sobre os quais se vai erguendo aos poucos o edifício, importa que a formação do carácter comece desde os primeiros anos da razão.

  Dar à criança uma educação estruturada em valores perenes e indispensáveis é uma obrigação grave.

Ir “formatando” o seu carácter para que entenda que a vida não se limita a actos exteriores de mera reacção física, empírica ou não, mas sim à custa de reflexão e amadurecimento.

  Actuar como numa cedência aos ímpetos, aos impulsos, não passa de reacções mais ou menos estéreis, sem raiz ou autenticidade.

Fazê-lo com a consciência de que se aplicou o melhor que se tem para agir correctamente traz consigo uma satisfação e tranquilidade íntimas mesmo que se tenha errado.

Mais, nestas circunstâncias a pessoa está preparada para emendar ou pelo menos tentar corrigir, o que está mal, obtendo com isso um ganho pessoal e uma credibilidade social.

  Na consideração séria da vida interior, a pessoa é confrontada, inevitavelmente, com o problema da sua origem e do seu fim, para que nasceu e existe, de onde vem e para onde, tendencialmente, irá.

  E, aqui depara-se com Deus como a figura central de toda a vida humana, o elemento que tudo liga, a referência sempre presente de tudo quanto pensa ou faz.

  Esta relação do homem com Deus, a forma como se desenvolve, os laços que estabelece, a dependência que surge como consequência natural da tomada de consciência de “criatura do Criador”, leva a vida interior da pessoa a uma finura exigente de comportamento pessoal que se traduz num constante começar e recomeçar que é, no fim e ao cabo, o que se traduz na melhoria pessoal.

  A pessoa que tem a clara consciência de Deus como seu Criador progride no seu todo como ser humano porque se vai aproximando, por assim dizer, do objectivo implantado em cada um que é a proximidade e contemplação de Deus.

  Falamos de pessoas normais e correntes, que vivem a vida de todos os dias no meio da sociedade, exercendo as mais variadas profissões e trabalhos, intelectuais ou não, independentemente dos seus conhecimentos académicos ou outros, das suas capacidades, virtudes ou defeitos.

  Toda a gente – para aplicar uma expressão comum – tem o seu valor intrínseco inalienável e insubstituível e, este valor expressa-se numa verdade indiscutível:

 

 



[1] Cfr. Jo 1,43-51

Reflexão

 

A pessoa que aprendeu a encarar de frente o sofrimento, debaixo de uma concepção de luta, que consegue vitorias no sofrimento, e uma pessoa dife­rente. Compreende mais a vida. É mais espiritual. Eleva-se incalculavelmente acima do nível das cogitações banais, da inexperiência do mundo dos cinco sentidos; torna-se uma super pessoa, pessoa de visão larga, de espírito superior, carácter forte e recto, vivendo conscientemente, vendo um motivo, uma finalidade no conteúdo da vida.

 

(João Mohana, Sofrer e amar, Livros do Brasil, p. 44.)

Perguntas e respostas

HOMOSSEXUALIDADE

C. PREGUNTAS FREQUENTES

2. A homossexualidade é uma tendência natural? Depende do que se entenda por natural

Se por natural se identifica como espontâneo, então, a homossexualidade pode dizer-se natural. O mesmo se pode afirmar do roubo ou do assassínio quando surgem em consequência de uma tendência. Neste sentido, deveria dizer-se que nem tudo o que é natural - espontâneo – é correto, reservando o termo natural para o ponto seguinte.

Se natural significa algo próprio da natureza humana, então a homossexualidade não é uma inclinação natural mas sim um falso respeito ao natural. O natural na sexualidade humana é que um homem se case com a sua mulher e tenham filhos. Se não nascem filhos, algo falha, se se une a várias mulheres, algo não vai bem, etc.

Pequena agenda do cristão

                         Sexta-Feira


Pequena agenda do cristão

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?