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31/12/2021

Publicações em Dezembro 31

 


Quase a terminar um ano a seguir de perto Jesus no Seu deambular diário pelas terras da Palestina resolvo fazer como que um "balanço" de quanto aconteceu - me aconteceu - neste "seguimento".

Não preciso fazer nenhum esforço porque tudo se me apresenta como que num filme tão nítido e detalhado que fico, embora siderado, tranquilo.

Em primeiríssimo lugar, tenho de admitir que a minha vida se modificou radicalmente.

Não tenho qualquer dúvida... sou outro homem diferente do que era.

Sim... eu lia o Evangelho diáriamente, é verdade, mas ficava-me por aí, bastava-me. Quando resolvi tentar introduzir-me no Evangelho "como um personagem mais" como aconselha um Santo dos nossos dias, tudo se modificou.

Para falar francamente... a princípio parecia-me como que um abuso, uma intromissão indesculpável mas, depois, insistindo sempre, fui sentindo um "à-vontade" que me tranquilizava.

O resultado? Bom... o resultado foi que comecei a  descobrir no Evangelho coisas sempre novas que estavam como que escondidas na leitura diária, por vezes apressada, dos textos.

Hoje vejo claramente que, graças a Deus, trilhei o caminho certo.

No meu viver diário - atrevo-me a dizer no viver diário de qualquer um - nada acontece por acaso - o acaso não existe tudo tem uma razão de ser - encontro a cada passo circunstâncias, factos... que sem esforço encontro no Evangelho.

Sim... é verdade! O Evangelho é a  História mais completa do ser humano, exactamente porque foi inspirada aos que o escreveram, pelo Próprio Criador.

Está lá tudo... as grandes obras, os êxitos, fracassos, dúvidas, certezas, actos de enorme coragem... outros de inadmissível cobardia... enfim o que sou e o quanto sou capaz de ser...

Esta constatação levou-me a uma realidade: o que faço, o que penso o que desejo está ali... no Evangelho!

Não tenho nem penso, faço ou desejo absolutamente nada novo, inédito, tudo já foi feito, desejado por alguém.

Convicto que estou desta realidade, penso que o melhor será tentar imitar os que procederam bem e, assim, alcançar o que realmente me interessa: a minha salvação eterna.

 

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30/12/2021

Publicações em Dezembro 30

 


Como o costume, estava ali prostrado na minha enxerga na piscina de Siloé. Sim... como costume... já lá iam 30 anos! e todos os dias, sem falhar um sequer, arrastava-me como podia e lá ia para o meu "posto". Todos me conheciam e sabiam que o que me levava ali era a esperança da cura quando mergulhasse nas águas agitadas pelo Anjo do Senhor. Tantas vezes, ao longo de todos estes anos pude constatar essas curas maravilhosas! Alguns chegavam rodeados de servos que os pegavam em peso e os mergulhavam; outros, mais ágeis que eu, que era um entrevado sem poder mexer-me, lançavam-se à água e, a verdade é que todos ficavam curados. Eu.... estava para ali deitado, ninguém se aproximava para me ajudar no que sozinho não podia fazer... mergulhar na piscina.

Trinta Anos! Custa acreditar mas, no entanto, era verdade! Mas eu não me resignava e todos os dias a minha esperança e confiança na Misericórdia de Deus renasciam.

Parou ao pé de mim um homem que, simplesmente me perguntou o que estava ali a fazer e, eu, num impulso irreprimível contei-lhe tudo. Ele, passados breves instantes disse-me: " levanta-te, toma a tua enxerga e vai para casa". Sem eu saber como levantei-me de um salto, agarrei na minha enxerga e fui para casa. Na minha alegria e confusão ouvi que alguém me dizia que não podia carregar a enxerga em dia de Sábado e, eu só fui capaz de responder “quem me curou é que deu esta ordem", o resto... bem o resto pode imaginar-se... ao fim de trinta anos estava livre da minha "prisão" podia ir onde bem quisesse. Claro... empenhei-me a fundo em descobrir o meu bem-feitor que, entretanto tinha desaparecido. E... encontrei-O, prostrei-me a Seus pés e agradeci-Lhe. Ele só me disse: "Vai em paz".

Mas, eu não me fui embora, sentindo uma paz indizível comecei a seguir Aquele a Quem devia a minha cura.

Mais que a cura da minha terrível e prolongada doença, percebia que a verdadeira graça que tinha recebido era a renovação da minha alma, dos meus sentimentos de revolta contra a doença, a animosidade que sentia por tantos e tantos que não me tinham assistido, para dar lugar a pensar em tantos outros que, como me acontecera, esperam um gesto por simples que seja, de caridade, interesse pelas situações difíceis que enfrentam.

Na verdade, concluo, seja qual for a situação que enfrentemos há que pensar nos outros que vivem em circunstâncias iguais, ou mais graves.

 

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29/12/2021

Publicações em Dezembro 29

 


 

Quando um chefe, um rei, um proprietário encomenda a alguém uma tarefa, dá instruções precisas aos enviados para fazerem o que deseja e como o devem fazer.

A iniciativa pessoal será sempre necessária, mas, o deveras importante, é cumprir quanto e como lhe é encomendado por quem tem o múnus ou o poder para tal.

Seguramente que não será aceite um trabalho mal feito, apressadamente levado a cabo, sem empenho nem dedicação que garantam a satisfação de quem deu as ordens e instruções.

Os cristãos têm de ter bem presente que as instruções do Senhor são para cumprir sem o que correm o risco de se apresentarem no julgamento final e decisivo de mãos vazias, e, aí, já será tarde demais para corrigir.

Como um excelente “director espiritual” Jesus Cristo não só dá instruções precisas de como actuar como, além disso, recomenda a postura correcta que o apóstolo deve ter.

A nossa iniciativa pessoal fica assim enformada por estas instruções e não teremos que “inventar” nada para cumprirmos o que nos propomos. Vamos – todos os cristãos devem ir – apresentar algo que não é nosso mas do Senhor é natural, portanto, que usemos as Suas instruções com o rigor possível e adequado a cada circunstância.

Se assim procedermos, estamos certos que o nosso trabalho apostólico dará frutos.

Não parece muito atraente a decisão de seguir Jesus se considerarmos todas as vicissitudes que se apresentarão aos Seus fiéis seguidores.

Há, no entanto, uma promessa solene que o Senhor faz: a assistência do Espírito Santo em todos os momentos particularmente naqueles em que o perigo ou a complexidade da situação seja difícil ou mesmo impossível de “controlar”. E, como para Deus não há impossíveis e Ele nunca falta ao que promete, podemos estar descansados e em paz.

 

De todas a virtudes humanas a perseverança será, talvez, a mais difícil de conseguir em plenitude. Porque deve ser diária, constante, sem pausa. Não se persevera em algo de “tempos a tempos” mas com tenaz constância como algo que nos torna iguais a nós mesmos, ao que queremos ser, ao que devemos ser. A perseverança traz consigo um cortejo de virtudes que dificilmente sobreviveriam se a não tivéssemos.

 

Tudo quanto Jesus Cristo anuncia não é um vaticínio, uma previsão mas sim uma profecia e, como todas as profecias, há-de verificar-se palavra por palavra, tal qual sem qualquer alteração.   Os profetas do A T, falavam de forma figurada, por imagens mais ou menos claras, muitas vezes algo enigmáticas. Jesus Cristo não! Revela com clareza e até detalhe o que acontecerá.   Eles profetizavam em nome deLe, Ele, afirma o que sabe irá acontecer.

Parece que Jesus Cristo convida os Seus seguidores a uma vida impossível, nada atraente. De facto, ao longo dos tempos e até aos dias de hoje, tudo quanto diz se tem verificado e, às vezes, com violência e “ferocidade” tais que raiam o inumano; não obstante, nunca faltaram seguidores – nem faltarão – alguns de forma tão completa e total que entregam as suas vidas única e exclusivamente ao Seu serviço.   Será que, esta atracção que Cristo exerce sobre os que O ouvem é assim tão forte e irrecusável?   Será que o prémio prometido excederá em muito o imaginável?

Ambas são razões fundamentais e bastantes para justificar esse cortejo santo de homens e mulheres que seguem Cristo e vão pela vida espalhando a Sua Palavra, arrastando outros com o seu exemplo.

Porque será que, seguir Cristo, é tarefa tão difícil como atraente?

É possível que – como alguns defendem – o homem seja intrinsecamente mau e, portanto, seguir Jesus que É intrinsecamente Bom vai contra a sua natureza? Não!

Em primeiro lugar porque o homem não é intrinsecamente mau nunca o poderia ser porque Deus não pode criar nada que não seja muito bom, e, depois, porque o demónio se esforça continuamente por o afastar do caminho recto apresentando-lhe visões de felicidade pessoal que o atraem e, não poucas vezes, o arrastam. Só que o demónio não pode prometer nada porque embora tenha um enorme poder não pode “comandar” o futuro e, muito menos, que o que promete seja bom porque ele, sim, é intrinsecamente mau. Por isso mesmo Cristo nos ensinou a pedir no “Pai-Nosso”: «não nos deixeis cair em tentação e livrai-nos do mal»

 

 

 

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28/12/2021

Publicações em Dezembro 28

  


São Mateus faz muitas vezes um relato de perguntas feitas pelos fariseus e chefes do povo, perguntas essas que escondem crítica, preconceito e animosidade.

Parece-me que o Senhor gosta dessas perguntas em primeiro lugar, talvez, porque embora deformadas como já disse, são o desabafo de quem se sente, de alguma forma perplexo; depois porque Lhe dá o ensejo de, ao responder-lhes, ensinar, doutrinar, pôr as coisas no seu devido lugar.

Este Mestre Divino, tem uma paciência infinita e vai repetindo uma e outra vez os ensinamentos fundamentais para esclarecimento das gentes que O rodeiam.

Os tempos são outros, é o que Jesus quer que entendam.

Como se dissesse: ‘Chegou, está a chegar coMigo, outro tempo em que a Lei será renovada e aperfeiçoada. Será um tempo de concretização e não de expectativa como este que tendes vivido. Virá um novo reino aberto a todos sem excepção.’

As relações do homem com Deus são sempre novas porque a vida evolui e assim a fé.

Esta aumenta, fortalece-se, fica mais esclarecida. É o que é natural e assim deve ser.

Não se trata de uma atitude nova, mas diferente porque mais consciente e, mais consciente porque melhor informada.

Não consiste em ir pondo remendos, acrescentar o quer que seja, mas, apenas considerar que convém ao cristão estar ao par das mais recentes propostas do Magistério.

Jejuar é uma prática muito aconselhada por todos os directores espirituais como uma salutar medida para fortalecer a temperança. Esta virtude fundamental para o cristão, não se resume ao jejum, mas a toda a forma de viver e comportar-se não apenas consigo próprio, mas sobretudo com os outros.

Como se pode ver não é justo considerar os chefes do povo de Israel, neste caso um chefe de Sinagoga, todos da mesma forma São Mateus deixa bem claro, que algumas das maiores manifestações de fé em Jesus Cristo, vêm precisamente dessa classe social.

Impressiona, de facto, a fé deste homem que diz com toda a clareza: «Minha filha acaba de morrer, mas vem impor-lhe a tua mão e viverá.»

Uma fé assim não pode senão mover o Coração amantíssimo de Jesus levando-O a fazer o que Se Lhe pede.

São Mateus tem como principal preocupação escrever a sua versão do Evangelho para o povo judeu e demonstrar o poder de Jesus Cristo como um poder divino, isto é, que, de facto, Ele é o Filho de Deus.

Daí que a descrição que faz dos milagres realizados por Jesus é feita com o rigor de um cronista, isto é, na sequência em que, de facto, aconteceram.

Neste trecho tal é bem visível: a caminho de acudir a uma súplica de um homem importante, Jesus detém-se para atender uma pobre mulher em sofrimento.

Como se fosse uma prática habitual, corrente, na vida diária do Senhor e, de facto, noutras ocasiões, nem sequer descreve os milagres portentosos limitando-se a dizer que «curou a todos»

 

Pedir e confiar, confiar e pedir é quanto temos de fazer.

Podemos perguntar a razão que levou o Evangelista a relatar num mesmo episódio dois milagres operados por Jesus. Penso que a intenção é justamente essa: Jesus é como que "urgido" a actuar movido pelos sentimentos do Seu Coração Amantíssimo independentemente das circunstâncias.   Curar uma doença persistente e limitadora ou ressuscitar alguém não são milagres diferentes na importância ou magnitude, para Cristo a "importância" não existe nem a graça dispensada é maior ou menor mas sim proporcional à Sua Suprema Justiça e ao Seu Amor pelos homens.

O demónio dominava aquele pobre homem de tal forma que este não podia falar. Acontece-nos também a nós quando nos fechamos e, por um motivo qualquer - o mais frequente são os respeitos humanos - não confessamos as nossas faltas. É chamado "demónio mudo" contra o qual devemos lutar com todas as nossas forças.

 

Os sacerdotes trabalhadores por excelência da Messe do Reino de Deus, devem merecer-nos mais que profundo respeito mas também o nosso apoio incondicional. Mais importante ainda são as nossas orações por eles pedindo as graças e virtudes que tanto necessitam. Que sejam santos e guiem o povo de Deus com segurança e bom critério.

O dever que os cristãos têm de pedir a Deus vocações sacerdotais fica bem expresso neste texto. Não será tanto o pedir para que Deus sugira vocações mas, sobretudo, para que esses que alguma vez sentiram o apelo do Senhor, tenham a coragem e determinação para responder afirmativamente.

Os trabalhadores da messe de Deus têm as suas tarefas, o seu múnus, muito claro e específico, trata-se, em última instância de servir activa e dedicadamente o Reino de Deus.

Estou pessoalmente convencido que muitos que recusam esse apelo se conhecessem verdadeiramente a grandeza da tarefa que lhes é pedida se apressariam a corresponder.

São Mateus exagera quando escreve: «curando todas as enfermidades e doenças»? O Evangelista conta o que viu, não inventa ou exagera. O Médico Divino não deixa de acudir a quem a Ele recorre e, pela Sua enorme bondade e misericórdia, transmite esse poder aos Doze que escolhe.

 

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