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19/12/2020

O Senhor socorre-nos e levanta-nos



Tu não podes tratar ninguém com falta de misericórdia; e, se te parecer que uma pessoa determinada não é digna dessa misericórdia, tens de pensar que tu também não mereces nada: não mereces ter sido criado, nem ser cristão, nem ser filho de Deus, nem pertencer à tua família... (Forja, 145)

Ficaram também muito gravadas em nós, entre muitas outras cenas do Evangelho, a clemência com a mulher adúltera, a parábola do filho pródigo, a da ovelha perdida, a do devedor perdoado, a ressurreição do filho da viúva de Naim. Quantas razões de justiça para explicar este grande prodígio! Era o filho único daquela pobre viúva; era ele quem dava sentido à sua vida; só ele poderia ajudá-la na sua velhice! Mas Cristo não faz o milagre por justiça; fá-lo por compaixão, porque interiormente se comove perante a dor humana. 

Que segurança deve produzir-nos a comiseração do Senhor! Se ele clamar por mim, ouvi-lo-ei, porque sou misericordioso. É um convite, uma promessa que não deixará de cumprir. Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça a fim de alcançar misericórdia e o auxílio da graça, no tempo oportuno. Os inimigos da nossa santificação nada poderão, porque essa misericórdia de Deus nos defende. E se caímos por nossa culpa e da nossa fraqueza, o Senhor socorre-nos e levanta-nos. Tinhas aprendido a afastar a negligência, a afastar de ti a arrogância, a adquirir piedade, a não ser prisioneiro das questões mundanas, a não preferir o caduco ao eterno. Mas, como a debilidade humana não pode manter o passo decidido num mundo resvaladiço, o bom médico indicou-te também os remédios contra a desorientação e o juiz misericordioso não te negou a esperança do perdão. (Cristo que passa, 7)


LEITURA ESPIRITUAL Dez 19

 

Evangelho

 

Mt XII 22 – 50

 

Jesus e Belzebu

 

22 Então trouxeram-lhe um endemoninhado cego e mudo, e Ele curou-o, de modo que falava e via. 23 E as multidões ficaram admiradas e diziam: «Não será este o Filho de David?».  24 Mas os fariseus, ouvindo isto, disseram: «Este não expulsa os demónios senão por virtude de Belzebu, príncipe dos demónios. 25 Porém, Jesus, conhecendo os pensamentos deles, disse-lhes: «Todo o reino dividido contra si mesmo será destruído; e toda a cidade ou família dividida contra si mesma não subsistirá. 26 Ora, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo, como subsistirá, então, o seu reino?» 27 E se Eu expulso os demónios por virtude de Belzebu, por virtude de quem os expulsam os vossos filhos? Por isso é que eles serão os vossos juízes. 28 Se Eu, porém, expulso os demónios por virtude do Espírito de Deus, chegou a vós o reino de Deus. 29 Como pode alguém entrar em casa de um valente, e saquear os seus móveis, se antes não prender o valente? Só então poderá saquear a casa. 30 Quem não é comigo é contra Mim; e quem não junta comigo, desperdiça.

 

Pecado contra o Espírito Santo

 

31 Por isso vos digo: todo o pecado e blasfémia será perdoado aos homens, mas a blasfémia contra o Espírito Santo não será perdoada. 32 Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado; porém, o que a disser contra o Espírito Santo, não se lhe perdoará, nem neste mundo nem no futuro. 33 Ou dizeis que a árvore é boa e o seu fruto bom, ou dizeis que a árvore é má e o seu fruto mau, porque pelo fruto se conhece a árvore. 34 Raça de víboras, como podeis dizer coisas boas, vós que sois maus? Porque a boca fala da abundância do coração. 35 O homem bom tira coisas boas do seu bom tesouro, e o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro.

 

O sinal de Jonas

 

36 Ora eu digo-vos que de qualquer palavra inútil que os homens tiverem proferido, darão conta dela no dia do juízo. 37 Porque pelas suas palavras será justificado ou condenado. 38 Então replicaram-lhe alguns dos escribas e fariseus, dizendo: «Mestre, nós desejávamos ver algum prodígio Teu». 39 Ele respondeu-lhes: «Esta geração má e adúltera pede um prodígio, mas não lhe será dado outro prodígio senão o prodígio do profeta Jonas.40 Porque, assim como Jonas esteve no centro da baleia três dias e três noites, assim estará o Filho do Homem e três dias e três noites no centro da terra. 41 Os habitantes de Nínive levantar-se-ão no dia do juízo contra esta geração, e a condenarão, porque se converteram com a pregação de Jonas. Ora aqui está Quem é maior que Jonas. 42  A rainha do Meio-Dia levantar-se-á no dia do Juízo contra esta geração e a condenará, porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. Ora aqui está Quem é mais que Salomão.

 

O demónio que volta

 

43  «Quando o espírito imundo de um homem, anda errando por lugares áridos, à busca de repouso, enão o encontra. 44 Então diz: voltarei para minha casa, donde saí. E, quando vem, a encontra desocupada, varrida e adornada. 45 Então vai e toma consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e o último estado daquele homem torna-se pior que o primeiro.

 

A mãe e os irmãos de Jesus

 

46 Estando Ele ainda a falar ao povo, eis que Sua mãe e Seus irmãos se achavam fora desejando falar-lhe. 47 Alguém disse-Lhe: «Tua mãe e teus irmãos estão ali fora e desejam falar-Te». 48 Ele, porém, respondeu ao que falava: «Quem é a Minha mãe e quem são os meus irmãos?» 49 E, estendendo a mão para os Seus discípulos, disse: 50 «Eis Minha mãe e Meus irmãos. Porque todo aquele que fizer a vontade de Meu Pai que está nos Céus, esse é Meu irmão e Minha irmã e Minha mãe».




 

 

JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR

 

Iniciação à Cristologia

 

Capítulo VI

 

OUTRAS CARACTERÍSTICAS QUE COMPLETAM A FIGURA DE JESUS CRISTO ENQUANTO HOMEM

 

    Para completar o conhecimento de Cristo enquanto homem, veremos agora outros traços que completam o quadro da sua perfeita humanidade. Também aqui começaremos por examinar os problemas que surgiram historicamente, e assim poderemos entender melhor o sentido e o alcance da doutrina definida pela Igreja nessas ocasiões.

 

1. As heresias do monoergismo e do monotelismo. O concílio III de Constantinopla

 

    O monoergismo. O patriarca Sérgio de Constantinopla, em começos do século VII, para ganhar aos monofisistas que continuavam muito activos, ensinou que Cristo, ainda que tivesse duas naturezas, tinha uma única operação, pois sustentava que o obrar e o actuar provem da pessoa, não da natureza.

    O monoergismo ou monoergetismo[1], que Sérgio defendia e que o imperador Heraclito também sustentava, foi eficazmente combatido sobretudo por Máximo o Confessor.

 

Vicente Ferrer Barriendos

 

(Tradução do castelhano por ama)

 

 

 

 



[1] Em grego «energeia» significa poder, actividade. Os termos monoergetismo ou monoergismo provêm de uma «operação ou acção».

Reflexão

 


Apostolado

 

Eu querendo chegar até vós, isto é, ao vosso coração, prego-vos Cristo: se pregasse outra coisa, quereria entrar por outro lado. Cristo é para mim a porta para entrar em vós: por Cristo entro não nas vossas casas, mas nos vossos corações.

Por Cristo entro gozosamente e escutais-me ao falar d’Ele.

Por quê? Porque sois ovelhas de Cristo e fostes compradas com o Seu Sangue.

 

(Santo Agostinho, In Ioannem Evangelium, 47, 2, 3)

Virtudes

 


A alegria cristã 3

O seu fundamento

 

A alegria é um dos frutos da ação do Espírito Santo nas almas, que consiste substancialmente, em identificar-nos com Cristo e chamar-Lhe Abba, Pai: «De facto, todos os que se deixam guiar pelo Espírito, esses é que são filhos de Deus» (Rm, 8, 14). Reconhecermo-nos na dependência filial de Deus é «fonte de sabedoria e de liberdade, de alegria e de confiança» [5]. S. Josemaria expressava-o com convicção: «Se nos sentimos filhos prediletos do nosso Pai dos Céus - é o que somos! -, como é que não estamos sempre alegres? Pensa bem nisto» (Forja, n. 266); «Que estejam tristes os que não se consideram filhos de Deus!» (Sulco, n. 54).

 

Portanto, a alegria do cristão nasce do saber-se filho de Deus. S. Josemaria usava a expressão “realidade gozosa” para salientar a profunda felicidade que traz consigo o descobrir-se filho de Deus: «A alegria é consequência necessária da filiação divina, de nos sabermos queridos com predileção pelo nosso Pai Deus que nos acolhe, nos ajuda e nos perdoa» (Forja n. 332). E, além disso, a alegria alimenta-se do cumprimento da vontade divina: «A aceitação rendida da Vontade de Deus traz necessariamente a alegria e a paz» (Caminho, n. 758). Às vezes a vontade divina pode ser dolorosa e enigmática, mas quem vive de fé percebe que é sempre o melhor, pois sabe «que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus» (Rm 8, 28). São Tomás More experimentou isso, quando escreveu à sua filha Margarita da sua prisão na Torre de Londres: «Queridíssima filha, que nunca se perturbe a tua alma por qualquer coisa que me possa acontecer neste mundo. Nada pode acontecer senão o que Deus quiser. E tenho a certeza de que, seja o que for, por pior que seja, será realmente o melhor» [6]. E S. Josemaria fez eco disso: «Deus é meu Pai, ainda que me envie sofrimento. Ama-me com ternura, mesmo quando me bate. Jesus sofre, para cumprir a Vontade do Pai... E eu, (…) seguindo os passos do Mestre, poderei queixar-me, se encontro por companheiro de caminho o sofrimento? Constituirá um sinal certo da minha filiação, porque me trata como ao Seu Divino Filho» (Via Sacra, Estação I, n.1). A alegria, portanto, é compatível com circunstâncias dolorosas, dificuldades e adversidades. Como a santidade consiste na identificação com Cristo, a Cruz é inevitável na vida cristã. Além disso, S. Josemaria dirá que a alegria «tem as raízes em forma de Cruz» (Forja, n. 28).

Vicente Bosch

Filosofia e Religião

 


Anjos

A acção dos anjos sobre os homens (II)

   Os anjos podem agir sobre a vontade do homem?

   Parece que os anjos podem agir sobre a vontade do homem:

   1. Com efeito, a propósito da passagem da Carta aos Hebreus: “Aquele que faz de seus anjos espíritos e de seus ministros chama de fogo” (1, 7), diz a Glosa: “São fogo porque têm o espírito ardente e queimam nossos vícios”. Ora, isso só é possível se podem agir sobre a vontade. Logo, os anjos podem agir sobre a vontade.

   2. Além disso, Beda diz que “o diabo não inspira os maus pensamentos, mas os excita”. Já Damasceno vai mais longe, dizendo que também eles os inspiram, e acrescenta: toda malícia e as paixões imundas foram imaginadas pelos demónios e lhes foi concedido inspirá-las aos homens. Pela mesma razão, os anjos bons também inspiram bons pensamentos e os excitam. Ora, isso é possível se agirem sobre a vontade. Logo, agem sobre a vontade.

   3. Ademais, já foi dito que o anjo ilumina o intelecto do homem por meio de representações imaginárias. Ora, assim como o anjo pode agir sobre a imaginação, que está a serviço do intelecto, semelhantemente sobre o apetite sensível que está a serviço da vontade, pois é ele mesmo uma potência ligada a um órgão corporal. Logo, se o anjo ilumina o intelecto, pode também agir sobre a vontade.

   EM SENTIDO CONTRÁRIO, é próprio de Deus agir sobre a vontade, conforme diz o  livro dos Provérbios: “O coração do rei nas mãos do Senhor; ele o dirige para tudo o que quer” (21, 1).

  


Pode-se agir sobre a vontade de duas maneiras. Primeiro, desde o interior. Como o movimento da vontade nada mais é que sua inclinação à coisa querida, pertence só a Deus agir sobre a vontade, ele que dá à natureza intelectual a potência de tal inclinação. Assim como a inclinação natural só pode provir de Deus como criador da natureza, assim também a inclinação da vontade só pode provir de Deus, que é causa da vontade.

   Segundo, desde o exterior. No anjo isso acontece apenas de um modo, a saber, pelo bem que o intelecto apreende. Ora, na medida em que alguém é causa de que algo é apreendido como um bem desejável, nessa medida move a vontade. Somente Deus pode mover assim eficazmente uma vontade; o homem e o anjo, pela persuasão, como acima foi dito. Mas há ainda outro modo de mover a vontade humana desde o exterior, ou seja, por uma paixão existente no apetite sensível. Por exemplo, pela concupiscência ou ira, a vontade é inclinada a querer alguma coisa. Os anjos, na medida em que são capazes de excitar tais paixões, podem mover a vontade. Entretanto, não necessariamente, pois a vontade sempre permanece livre para consentir ou resistir à paixão.

   Nota: São Tomás pensa aqui na acção dos anjos maus, que não é iluminação, mas incitação jamais absolutamente coercitiva.

   Portanto, quanto às objeções iniciais, deve-se dizer que:

   1. Os ministros de Deus, homens ou anjos, consomem os vícios e inflamam para a virtude por meio da persuasão.

   2. Os demónios não podem insinuar pensamentos causando-os no interior, uma vez que o uso da potência cogitativa depende da vontade. Entretanto, diz-se que o diabo excita os pensamentos porque incita a pensar ou a desejar o que foi pensado, mediante persuasão, ou despertando uma paixão. E essa maneira de excitar, Damasceno chama inspirar, dado que essa ação se dá no interior. Contudo, os bons pensamentos são atribuídos a um princípio mais elevado, a Deus, embora se sirva do serviço dos anjos.

  3. O intelecto humano, no presente estado, não pode conhecer a não ser voltando-se para as representações imaginárias, mas a vontade humana pode querer alguma coisa segundo o juízo da razão e sem seguir uma paixão do apetite sensível. Portanto, não há semelhança entre eles.

(São Tomás de Aquino, Summa Theologica, I, 111, 2)

Pequena agenda do cristão

 



SÁBADO

Pequena agenda do cristão

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?




Orações sugeridas: