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12/12/2020

Virtudes

 


A alegria cristã 2

 

A sua natureza

 

A alegria é uma paixão produzida pelo encontro com aquele que se ama, um sentimento ou sensação de prazer que não é puramente sensível, mas que vai acompanhado de racionalidade. São Tomás de Aquino explica no tratado sobre as paixões na Suma Teológica que «o termo alegria só se usa para o prazer que acompanha a razão: por isso para os animais não se fala de alegria, mas sim de prazer» (São Tomás de Aquino, Suma Teológica, I-II, q. 31, a. 3).

A alegria é o prazer espiritual, a terceira e última etapa do movimento concupiscível, ao possuir o bem que antes tinha sido amado e desejado. Pode ser uma vivência de curta duração ou um estado de ânimo prolongado ativo, de tom emocional positivo, que participa de racionalidade. Por isso, é possível sentir prazer sem sentir alegria e, até, sentir prazer e tristeza ao mesmo tempo. Quando no Aquinate se pergunta se a alegria é uma virtude, responde-se dizendo que ela não está entre as virtudes teologais, morais, nem intelectuais, e portanto, “não é uma virtude diferente da caridade, mas um determinado ato e efeito da mesma. Por essa razão ela considera-se entre os frutos, como se vê no Apóstolo em Gl 5,22(São Tomás de Aquino, Suma Teológica, II-II, q. 28, a. 4). Com efeito, a alegria cristã é consequência de possuir a Deus pela fé e caridade, é o fruto de viver todas as virtudes. Num cristão que vive de fé, a alegria supera o nível do temperamento, saúde, welfare, êxitos profissionais e sociais, etc., para introduzir-se na maturidade de uma vida interior rica: “A alegria que deves ter não é aquela a que poderíamos chamar fisiológica, de animal sadio, mas uma outra, sobrenatural, que procede de abandonar tudo e de te abandonares a ti mesmo nos braços carinhosos do nosso Pai-Deus(Caminho, 659).

 

Na mensagem de São Josemaria, a alegria constitui um elemento importante no seguimento de Cristo, e um rasgo característico do espírito do Opus Dei: “Quero que estejas sempre contente, porque a alegria é parte integrante do teu caminho(Caminho, 665). Tanto no Caminho como no Sulco dedicou dois capítulos à alegria, de 10 e 44 pontos de meditação, respetivamente; e nos dois volumes de homilias (Cristo que Passa e Amigos de Deus) encontramos capítulos como Lares luminosos e alegres, A alegria da Quinta-Feira Santa, Sementeira de paz e de alegria, A alegria cristã (na Homilia A Virgem Santa, causa da nossa alegria), Humildade e alegria, e Deus ama o que dá com alegria.

 

Vicente Bosch

Filosofia e Religião

 


 

Anjos

A ação dos anjos sobre os homens (I)

   O anjo pode iluminar o homem?

   Parece que o anjo não pode iluminar o homem:

   1. Com efeito, o homem é iluminado pela fé, tanto que Dionísio atribui a iluminação ao batismo, o sacramento da fé. Ora, a fé vem diretamente de Deus, como se diz na Carta aos Efésios: “É pela graça que vós sois salvos por meio da fé; e isso não depende de vós, é dom de Deus” (2, 8). Logo, o homem não é iluminado pelo anjo, mas imediatamente por Deus.

   2. Além disso, a passagem da Carta aos Romanos que diz: “Deus lhes manifestou” (1, 19), a Glosa diz: “Não somente a razão natural foi útil manifestando aos homens as coisas divinas, mas ainda o próprio Deus lhes revelou por meio de sua obra”, ou seja, por meio das criaturas. Ora, tanto a razão natural como as criaturas, vêm imediatamente de Deus. Logo, Deus ilumina o homem de modo imediato.

   3. Ademais, o que é iluminado conhece sua iluminação. Ora, os homens não percebem que são iluminados pelos anjos. Logo, não o são.

   EM SENTIDO CONTRÁRIO, Dionísio prova que as revelações das coisas divinas chegam aos homens mediante os anjos. Essas revelações são iluminações. Portanto, os homens são iluminados pelos anjos.

Pela ordem da divina providência os inferiores se submetem às ações dos superiores. Assim como os anjos inferiores são iluminados pelos superiores, assim os homens, inferiores aos anjos, são por eles iluminados.

   Contudo, o modo de uma e outra iluminação às vezes é semelhante e às vezes diferente. Acima se disse [em outro artigo] que a iluminação que é a manifestação da verdade divina pode ser considerada segundo dois aspectos: enquanto o intelecto inferior é reforçado pela ação do intelecto superior, e enquanto o superior propõe ao inferior as espécies inteligíveis que possui, a fim de que ele possa captá-las. Assim se passa com os anjos, quando um anjo superior partilha uma verdade universal concebida segundo a capacidade de um anjo inferior. Todavia, o intelecto humano não pode receber uma verdade inteligível pura, posto que sua natureza exige que conheça voltando-se para as representações imaginárias [tema interessantíssimo que espero também postar aqui]. Por isso os anjos comunicam aos homens a verdade inteligível por intermédio das imagens sensíveis. Como diz Dionísio: “É impossível que brilhe para nós um raio divino a não ser envolto por diversos véus sagrados”. Por outro lado, o intelecto humano, enquanto inferior, é fortalecido pela ação do intelecto angélico. Portanto, por essas duas maneiras se considera a iluminação pela qual o homem é iluminado pelo anjo.

   Quanto às objeções iniciais, deve-se dizer, portanto, que:

   1. São dois os requisitos para a fé. Primeiro, um habitus [ver Vocabulário dos termos utilizados por Sto. Tomás na Suma Teológica] do intelecto pelo qual se dispõe a obedecer à vontade que se inclina para a verdade divina. Com efeito, o intelecto dá seu assentimento à verdade da fé não por ser convencido pela razão, mas por ser obrigado pela vontade. Como diz Agostinho: “Ninguém crê a não ser porque quer”. Com respeito a isso, a fé vem exclusivamente de Deus. Segundo, que as verdades a serem cridas sejam propostas ao crente. E isso se faz pelo homem, pois “a fé vem pelo ouvido”, como diz a Carta aos Romanos (10, 17), mas principalmente pelos anjos, por meio de quem são reveladas aos homens as coisas de Deus. Portanto, os anjos realizam algo na iluminação da fé. Ademais, os homens são iluminados pelos anjos não somente a respeito do que crer, mas também do que agir.

   2. A razão natural, que vem imediatamente de Deus, pode ser fortalecida pelo anjo, como foi dito. E igualmente, a verdade inteligível que resulta das espécies recebidas das criaturas é tanto mais elevada quanto mais forte for o intelecto humano. Desse modo o homem é ajudado pelo anjo para alcançar um conhecimento mais perfeito de Deus por meio das criaturas.

   3. A operação intelectual e a iluminação podem ser consideradas de duas maneiras. Primeiro, da parte da coisa conhecida. Sob esse aspecto, aquele que conhece ou é iluminado, conhece que conhece ou que é iluminado, porque conhece que a coisa lhe é manifestada. Segundo, da parte do princípio: neste caso, nem todo o que conhece alguma verdade conhece o que é o intelecto, princípio da atividade intelectual. De modo semelhante, nem todo o que é iluminado por um anjo conhece que é iluminado pelo anjo (Nota: Explicação que não vale apenas para o papel dos anjos na Revelação, mas para todas as “iluminações” que podem deles provir, sem que o saibamos de modo algum).

 

(São Tomás de Aquino, Suma Teológica I, q. 113, a. 8)

 

LEITURA ESPIRITUAL Dez 12

 

Evangelho

 

Mt IX, 1 – 17

 

O Paralítico

 

1 Depois disto, subiu para o barco, atravessou o mar e foi para a sua cidade. 2 Apresentaram-lhe um paralítico, deitado num catre. Vendo Jesus a fé deles, disse ao paralítico: «Filho, tem confiança, os teus pecados estão perdoados.» 3 Alguns doutores da Lei disseram consigo: «Este homem blasfema.» 4 Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: «Porque alimentais esses maus pensamentos nos vossos corações? 5 Que é mais fácil dizer: ‘Os teus pecados te são perdoados’, ou: ‘Levanta-te e anda’? 6 Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem, na terra, poder para perdoar pecados - disse Ele ao paralítico: ‘Levanta-te, toma o teu catre e vai para tua casa.» 7 E ele, levantando-se, foi para sua casa. 8 Ao ver isto, a multidão ficou dominada pelo temor e glorificou a Deus, por ter dado tal poder aos homens.

 

Vocação de Mateus

 

9 Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: «Segue-me!» E ele levantou-se e seguiu-o. 10 Encontrando-se Jesus à mesa em sua casa, numerosos cobradores de impostos e outros pecadores vieram e sentaram-se com Ele e seus discípulos. 11 Os fariseus, vendo isto, diziam aos discípulos: «Porque é que o vosso Mestre come com os cobradores de impostos e os pecadores?» 12 Jesus ouviu-os e respondeu-lhes: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. 13 Ide aprender o que significa: Prefiro a misericórdia ao sacrifício. Porque Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.»

 

 

Discussão sobre o jejum

 

14 Depois, foram ter com Ele os discípulos de João, dizendo: «Porque é que nós e os fariseus jejuamos e os teus discípulos não jejuam?» 15 Jesus respondeu-lhes: «Porventura podem os convidados para as núpcias estar tristes, enquanto o esposo está com eles? Porém, hão-de vir dias em que lhes será tirado o esposo e, então, hão-de jejuar.» 16 «Ninguém põe um remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo puxa parte do tecido e o rasgão torna-se maior. 17 Nem se deita vinho novo em odres velhos; de contrário, rompem-se os odres, derrama-se o vinho e estragam-se os odres. Mas deita-se o vinho novo em odres novos; e, desta maneira, ambas as coisas se conservam.»

 

 


 

JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR

 

Iniciação à Cristologia

 

Capítulo V

 

CRISTO ENQUANTO HOMEM CHEIO DE GRAÇA E DE VERDADE

 

3. O conhecimento humano de Jesus Cristo

 

 

d) A ciência infusa ou profética em Cristo

 

    Ciência infusa é aquele conhecimento que não se adquire pelo trabalho da razão, mas que provem directamente de Deus pela comunicação de algumas ideias à mente humana.

    Não há que a confundir com a ciência de visão, pela qual se vê imediatamente a Deus em si mesmo. Um exemplo de ciência infusa é o conhecimento profético.

    Os textos do Novo Testamento não são inconversíveis no sentido de afirmar a existência de uma ciência infusa em Cristo. Todavia, é-nos sugerido este tipo de conhecimento sobrenatural de Cristo ao mencionar que conhecia os pensamentos secretos do coração dos homens[1], ou os acontecimentos futuros que prediz, como são as negações de Pedro, os acontecimentos da sua Morte e da sua Ressurreição, etc.

    O Magistério da Igreja só alguma vez isolada se referiu à ciência infusa de Cristo. E, ainda que alguns teólogos duvidem acerca de se esses textos da Escritura se referem a este tipo de conhecimento ou ao de visão beatífica, a maior parte deles opina que Cristo gozou também de ciência infusa.

 

Vicente Ferrer Barriendos

 

(Tradução do castelhano por ama)

 

 

 



[1] Cf. Mc 2,8; Jo 1,47-49; 2,25; 4,17-18.

Pequena agenda do cristão

 



SÁBADO

Pequena agenda do cristão

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?




Orações sugeridas:

Reflexão

 



O Sábado

Para quem vive sozinho o dia de Sábado pode ser um "tormento": hoje não vou sair de casa, não vem cá ninguém... fico em pijama.

Especialmente nestes dias é posta à prova a necessidade de seguir o Plano de Vida.

Para um cristão o Sábado é um dia especialmente dedicado a Nossa Senhora, como, pois, honrá-la sem nos apresentarmos correctamente vestidos, arranjados, bem-dispostos?

Ou seja, considerar que a Nossa Mãe do Céu ficará muito agradada com o nosso esforço por nos apresentarmos "como deve ser" e ela merece.

 

(AMA, 2020)

 

Canta diante de Maria Imaculada

 


*Deus Omnipotente, Todo-Poderoso, Sapientíssimo tinha que escolher a sua Mãe. – Tu, que terias feito, se tivesses tido de escolhê-la? Penso que tu e eu teríamos escolhido a que temos, enchendo-a de todas as graças. Isso fez Deus. Portanto, depois da Santíssima Trindade, está Maria. Os teólogos estabelecem um raciocínio lógico desse cúmulo de graças, desse não poder estar sujeita a satanás: convinha, Deus podia fazê-lo, logo fê-lo. É a grande prova. A prova mais clara de que Deus rodeou a sua Mãe de todos os privilégios, desde o primeiro instante. E assim é: formosa e pura e limpa, em alma e corpo! (Forja, 482)

 

*És toda formosa e não há mancha em ti. – És horto cerrado, minha irmã, Esposa, horto cerrado, fonte selada. – Veni: coronaberis. – Vem: serás coroada (Cant. IV, 7, 12 e 8).

Se tu e eu tivéssemos tido poder, tê-la-íamos feito também Rainha e Senhora de toda a criação.

Um grande sinal apareceu no céu uma mulher com uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. – O vestido de sol. – A lua a seus pés (Apoc. XII, 1). Maria, Virgem sem mancha, reparou a queda de Eva; e esmagou, com o seu pé imaculado, a cabeça do dragão infernal. Filha de Deus, Mãe de Deus, Esposa de Deus.

O Pai, o Filho e o Espírito Santo coroaram-na como Imperatriz que é do Universo.

E rendem-lhe preito de vassalagem os Anjos..., e os patriarcas e os profetas e os Apóstolos..., e os mártires e os confessores e as virgens e todos os santos..., e todos os pecadores e tu e eu. (Santo Rosário, 5º mistério glorioso)