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27/10/2020

Santificação diária

                



                    5   passos para santificar o seu quotidiano 

                                com a ajuda de S. Josemaria

Leitura espiritual Outubro 27

 


Cartas de São Paulo

 

Carta aos Hebreus 3

 

II. JESUS, SUMO SACERDOTE FIEL E MISERICORDIOSO

 

Fidelidade de Moisés e de Jesus –

1 Por conseguinte, irmãos santos, participantes de uma vocação celeste, considerai Jesus como o Apóstolo e o Sumo Sacerdote da fé que professamos, 2 o qual é fiel ao que o constituiu, como Moisés o foi em toda a sua casa. 3 Ora, Ele foi considerado mais digno de glória do que Moisés, tal como maior é a honra do construtor da casa do que a da própria casa. 4 Toda a casa, com efeito, é edificada por alguém, mas foi Deus quem tudo construiu. 5 Moisés, na verdade, foi fiel em toda a sua casa, como servo, para dar testemunho de tudo o que devia ser anunciado; 6 Cristo, porém, o foi como Filho sobre a sua casa, que somos nós, se conservarmos a confiança e a esperança de que nos gloriamos.

 

Entrada no repouso de Deus pela fé –

7 Por isso, como diz o Espírito Santo: Hoje, a se escutardes sua voz, 8 não endureçais os vossos corações, como no tempo da revolta, no dia da tentação no deserto, 9quando os vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, depois de verem as minhas obras, 10 durante quarenta anos. Por isso me indignei contra esta geração e disse: 'Erram sempre no seu coração; não conheceram os meus caminhos.' 11 Assim, jurei na minha ira: 'Não entrarão no meu repouso.' 12 Tende cuidado, irmãos, que não haja em nenhum de vós um coração mau, a ponto de a incredulidade o afastar do Deus vivo. 13 Exortai-vos, antes, uns aos outros, cada dia, enquanto dura a proclamação do «hoje», a fim de que não se endureça nenhum de vós, enganado pelo pecado. 14 De facto, tornamo-nos companheiros de Cristo, desde que mantenhamos firme até ao fim a confiança inicial. 15 Ele diz: Hoje, se escutardes a sua voz, não endureçais os vossos corações, como no tempo da revolta. 16 Quais foram os que se revoltaram, depois de o terem ouvido? Não foram todos os que saíram do Egipto, por meio de Moisés? 17 E contra quem se indignou Deus, durante quarenta anos? Não foi contra os que pecaram, cujos cadáveres caíram no deserto? 18 E a quem jurou que não entrariam no seu repouso, senão aos que desobedeceram? 19 Na realidade, vemos que não puderam entrar, por causa da sua incredulidade.

 


Cristo que passa

 

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A Santa Missa na vida do cristão

 

A Santa Missa situa-nos deste modo perante os mistérios primordiais da fé, porque se trata da própria doação da Trindade à Igreja.

Compreende-se assim que a Missa seja o Centro e a raiz da vida espiritual do cristão.

É o fim de todos os sacramentos. Na Santa Missa, a vida da graça encaminha-se para a sua plenitude, que foi depositada em nós pelo Baptismo, e que cresce, fortalecida pela Confirmação.

São Cirilo de Jerusalém escreve: “Quando participamos na Eucaristia, experimentamos a espiritualízação deificante do Espírito Santo, que além de nos configurar com Cristo, como sucede no Baptismo, nos cristifica integralmente, associando-nos à plenitude de Cristo Jesus”.

 

A efusão do Espírito Santo, na medida em que nos cristifica, leva-nos a reconhecer como filhos de Deus.

O Paráclito, que é caridade, ensina-nos a fundir com essa virtude toda a vida.

Por isso, feitos uma só coisa com Cristo, consummati in unum, podemos ser entre os homens o que Santo Agostinho afirma da Eucaristia: “sinal de unidade, vínculo de Amor”.

 

Creio que não vou dizer nada de novo, se afirmar que alguns cristãos têm uma visão muito pobre da Santa Missa e que ela é para muitos um mero rito exterior, quando não um convencionalismo social.

Isto acontece, porque os nossos corações, de si tão mesquinhos, são capazes de viver com rotina a maior doação de Deus aos homens. Na Santa Missa, nesta Missa que agora celebramos, intervém de um modo especial, repito, a Trindade Santíssima.

Para corresponder a tanto amor, é preciso que haja da nossa parte uma entrega total do corpo e da alma, pois vamos ouvir Deus, falar com Ele, vê-Lo, saboreá-Lo.

E se as palavras não forem suficientes, poderemos cantar, incitando a nossa língua - Pange, lingua! - a que proclame, na presença de toda a Humanidade, as grandezas do Senhor.

 

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Viver a Santa Missa é manter-se em oração contínua, convencermo-nos de que, para cada um de nós, este é um encontro pessoal com Deus, em que O adoramos, O louvamos, Lhe pedimos, Lhe damos graças, reparamos os nossos pecados, nos purificamos e nos sentimos uma só coisa em Cristo com todos os cristãos.

 

Por vezes, talvez nos perguntemos como será possível corresponder a tanto amor de Deus e até desejaríamos, para o conseguir, que nos pusessem com toda a clareza diante dos nossos olhos um programa de vida cristã.

A solução é fácil e está ao alcance de todos os fiéis: participar amorosamente na Santa Missa, aprender a conviver e a ganhar intimidade com Deus na Missa, porque neste Sacrifício se encerra tudo aquilo que o Senhor quer de nós.

 

Permiti que aqui vos recorde o desenrolar das cerimónias litúrgicas, que já observámos em tantas e tantas ocasiões.

Seguindo-as passo a passo é muito possível que o Senhor nos faça descobrir em que pontos devemos melhorar, que defeitos precisamos de extirpar e como há-de ser o nosso convívio, íntimo e fraterno, com todos os homens.

 

O sacerdote dirige-se para o altar de Deus, do Deus que alegra a nossa juventude.

A Santa Missa inicia-se com um cântico de alegria, porque Deus está presente.

É esta alegria que, juntamente com o reconhecimento e o amor, se manifesta no beijo que se dá na mesa do altar, símbolo de Cristo e memória dos santos, um espaço pequeno e santificado, porque nesta ara se confecciona o Sacramento de eficácia infinita.

 

O Confiteor põe-nos diante da nossa indignidade.

Não é a recordação abstracta da culpa, mas a presença, tão concreta, dos nossos pecados e das nossas faltas.

Kyrie eleison, Christe eleyson, Senhor, tende piedade de nós; Cristo, tende piedade de nós.

Se o perdão que necessitamos se pusesse em relação com os nossos méritos, nasceria na nossa alma, neste momento, uma amarga tristeza.

Mas, graças à bondade divina, o perdão é-nos dado pela misericórdia de Deus, a Quem já louvamos entoando: - Glória! - porque só Vós, sois o Santo; só Vós o Senhor, só Vós o Altíssimo, Jesus Cristo, com o Espírito Santo, na glória de Deus Pai.

 

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Ouvimos agora a palavra da Escritura, a Epístola e o Evangelho, que são luzes do Paráclito, que fala com voz humana para que a nossa inteligência saiba e contemple, para que a vontade se robusteça e a acção se cumpra, porque somos um único povo que confessa uma única fé, um Credo, um povo congregado na unidade do Pai, do Filho e do, Espírito Santo.

 

Segue-se o ofertório: o pão e o vinho dos homens.

Não é muito, mas a oração acompanha-os: sejamos, Senhor, por Vós recebidos em espírito de humildade e coração contrito; e assim se faça hoje, ó Deus e Senhor Nosso, este nosso sacrifício na Vossa presença, de modo que Vos seja agradável.

Irrompe de novo a recordação da nossa miséria e o desejo de que tudo aquilo que se destina ao Senhor esteja limpo e purificado: lavarei as minhas mãos, amo o decoro da Tua casa.

 

Há instantes, antes do lavabo, invocámos o Espírito Santo, pedindo-Lhe que abençoasse o Sacrifício oferecido ao Seu Santo Nome.

Terminada a purificação, dirigimo-nos à Trindade - Suscipe, Sancta Trinitas -, para que receba o que apresentamos em memória da Vida, da Paixão, da Ressurreição e da Ascensão de Cristo, em honra de Maria, sempre Virgem, e em honra de todos os santos.

 

A oblação deve redundar em benefício de todos - Orate, fratres, reza o sacerdote -, porque este sacrifício é meu e vosso, de toda a Igreja Santa.

Orai, irmãos, mesmo que sejam poucos os que se encontram reunidos, mesmo que se encontre materialmente presente apenas um cristão ou até só o celebrante, porque uma Missa é sempre o holocausto universal, o resgate de todas as tribos e línguas e povos e nações!

 

Todos os cristãos, pela comunhão dos Santos, recebem as graças de cada Missa, quer se celebre diante de milhares de pessoas, quer haja apenas como único assistente um menino, possivelmente distraído, a ajudar o sacerdote.

Tanto num caso como noutro, a Terra e o Céu unem-se para entoar com os Anjos do Senhor: Sanctus, Sanctus, Sanctus...

 

Eu aplaudo e louvo com os anjos.

Não me é difícil, porque sei que me encontro rodeado por eles quando celebro a Santa Missa.

Estão a adorar a Trindade.

E sei também que, de algum modo, intervém a Santíssima Virgem, pela íntima união que tem com a Santíssima Trindade, porque é Mãe de Cristo, da Sua Carne e do Seu Sangue, Mãe de Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito homem.

Jesus Cristo, ao ser concebido nas entranhas de Maria Santíssima sem intervenção de varão, mas unicamente pelo poder do Espírito Santo, tem o mesmo sangue de Sua Mãe.

E é esse Sangue o que se oferece no sacrifício redentor, no Calvário e na Santa Missa.

 

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Assim se entra no Canon, com a confiança filial que nos leva a chamar clementíssimo ao nosso Pai Deus.

Pedimos-Lhe pela Igreja e por todos os que estão na Igreja, pelo Papa, pela nossa família, pelos nossos amigos e companheiros. E o católico, como tem coração universal, pede por todo o mundo, porque o seu zelo entusiasta nada pode excluir.

E para que a petição seja acolhida, recordamos a nossa comunhão com a Santíssima Virgem e com um punhado de homens que foram os primeiros a seguir Cristo e por Ele morreram.

 

Quam oblationem...

Aproxima-se o momento da consagração.

Agora, na Santa Missa, é outra vez Cristo que actua, através do sacerdote: Isto é o Meu Corpo.

Este é o cálice do Meu Sangue.

Jesus está connosco!

Com a transubstanciação, renova-se a infinita loucura divina, ditada pelo Amor.

Quando hoje se repete esse momento, que saiba cada um de nós dizer ao Senhor, mesmo sem pronunciar quaisquer palavras, que nada nos poderá afastar d'Ele e que a sua disponibilidade de Se deixar ficar - totalmente indefeso - nas aparências, tão frágeis, do pão e do vinho, nos converteu voluntariamente em escravos: praesta meae menti de te vivere et te illi semper dulce sapere, faz com que eu viva de Ti e saboreie sempre a doçura do teu amor.

 

Mais petições.

Nós, homens, estamos quase sempre inclinados a pedir.

Desta vez, é pelos nossos irmãos defuntos e por nós mesmos.

Por isso, aqui aparecem todas as nossas infidelidades e misérias. O peso da sua carga é muito grande, mas Ele quer levá-lo por nós e connosco.

O Canon vai terminar com outra invocação à Santíssima Trindade: per Ipsum, et cum Ipso, et in Ipso.... por Cristo, com Cristo e em Cristo, nosso Amor, a Ti, Deus Pai Todo Poderoso, na unidade do Espírito Santo, Te seja dada toda a honra e glória pelos séculos dos séculos.

 

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Jesus é o Caminho, o Medianeiro.

N'Ele, tudo!

Fora d'Ele nada!

Em Cristo e ensinados por Ele, atrevemo-nos a chamar Pai Nosso ao Todo-Poderoso, a Ele, que fez o Céu e a Terra e que é esse Pai tão afectuoso que espera que voltemos para Ele continuamente, cada um de nós como novo e constante filho pródigo.

 

Ecce Agnus Dei... Domine, non sum dignus...

Vamos receber O Senhor.

Quando na Terra se recebem pessoas muito importantes, há luzes, música, trajes de gala.

Para albergar Cristo na nossa alma, como devemos preparar-nos?

Já teremos por acaso pensado como nos comportaríamos se só se pudesse comungar uma vez na vida?

 

Quando eu era criança, não estava ainda divulgada a prática da comunhão frequente.

Recordo-me de como se preparavam as pessoas para comungar.

Cuidavam com esmero a boa preparação da alma e até do corpo. Punham a melhor roupa, a cabeça bem penteada, o corpo fisicamente limpo e talvez mesmo um pouco de perfume...

Eram delicadezas próprias de quem estava apaixonado, de almas finas e rectas, que sabem pagar o Amor com amor.

 

Com Cristo na alma, termina a Santa Missa.

A bênção do Pai, do Filho e do Espírito Santo acompanha-nos durante toda a jornada, na nossa tarefa simples e normal de santificar todas as actividades nobres do homem.

 

Assistindo à Santa Missa, aprenderemos a falar, a privar com cada uma das Pessoas divinas: com O Pai, que gera O Filho, que é gerado pelo Pai; e com O Espírito Santo, que procede dos Dois.

Habituando-nos a privar intimamente com qualquer uma das três Pessoas, privaremos com um único Deus.

E se falarmos com as três, com a Trindade, privaremos também com um só Deus, único e verdadeiro.

Amai a Santa Missa, meus filhos, amai a Santa Missa!

E que cada um de vós comungue com ardor, mesmo que se sinta gelado, mesmo que não haja correspondência por parte da emotividade. Comungai com fé, com esperança e com caridade inflamada.

 

 

Santo, sem oração?

 


Se não procuras a intimidade com Cristo na oração e no Pão, como podes dá-Lo a conhecer? (Caminho, 105)

 

Escreveste-me e compreendo-te: "Faço todos os dias o meu 'bocadinho' de oração. Se não fosse isso!...". (Caminho, 106)

 

Santo, sem oração?!... – Não acredito nessa santidade. (Caminho, 107)

 

Dir-te-ei, plagiando a frase de um autor estrangeiro, que a tua vida de apóstolo vale o que valer a tua oração. (Caminho, 108)

 

Desejo que o teu comportamento seja como o de Pedro e o de João: que leves à tua oração, para falar com Jesus, as necessidades dos teus amigos, dos teus colegas... e que depois, com o teu exemplo, possas dizer-lhes "Respice in nos!" – Olhai para mim! (Forja, 36)

 

O Evangelista São Lucas conta que Jesus estava a orar... Como seria a oração de Jesus!

Contempla devagar esta realidade: os discípulos têm intimidade com Jesus e, nessas conversas, Nosso Senhor ensina-lhes – também com as obras – como hão-de rezar, e o grande portento da misericórdia divina: que somos filhos de Deus e que podemos dirigir-nos a Ele, como um filho fala com o Pai. (Forja, 71)

 

Ao acometer cada jornada para trabalhar junto de Cristo e atender tantas almas que o procuram, convence-te de que não há mais do que um caminho: recorrer a Nosso Senhor.

Somente na oração e com a oração aprendemos a servir os outros! (Forja, 72)

Temas doutrinais

 


A oração

A oração é necessária para a vida espiritual: é a respiração que permite que a vida do espírito se desenvolva e actualize a fé na presença de Deus e do seu amor.

 

1. O que é a oração

[1]

Há dois vocábulos para designar a relação consciente e coloquial do homem com Deus: prece e oração. A palavra “prece” provém do verbo latino precor, que significa rogar, socorrer-se de alguém, solicitando um benefício. O termo “oração” provém do substantivo latino oratio , que significa fala, discurso, linguagem.

 

As definições de oração, que habitualmente são dadas, costumam reflectir estas diferenças de matiz que acabamos de encontrar ao aludir à terminologia. Por exemplo, São João Damasceno considera-a como «a elevação da alma a Deus e a petição de bens convenientes» [2] ; enquanto que para São João Clímaco, trata-se antes de uma «conversa familiar e união do homem com Deus» [3].

 

A oração é absolutamente necessária para a vida espiritual. É como a respiração que permite que a vida do espírito se desenvolva. Na oração actualiza-se a fé na presença de Deus e do seu amor. Fomenta-se a esperança que leva a orientar a vida para Ele e a confiar na sua providência. E engrandece-se o coração ao responder, com o próprio amor, ao Amor divino.

 

Na oração, a alma, conduzida pelo Espírito Santo no mais profundo de si mesma (cf. Catecismo , 2562), une-se a Cristo, mestre, modelo e caminho de toda a oração cristã (cf. Catecismo, 2599 e seg.), e com Cristo, por Cristo e em Cristo, dirige-se a Deus Pai, participando da riqueza da vida trinitária (cf. Catecismo, 2559-2564). Daí a importância que a Liturgia tem na vida de oração e, no seu centro, a Eucaristia.

 

José Luis Illanes

 

Bibliografía básica

 

- Catecismo da Igreja Católica, 2558-2758.

 

Leituras recomendadas

 

- S. Josemaria, Homilias «O triunfo de Cristo na humildade»; «A Eucaristia, mistério de fé e de amor»; «A Ascensão do Senhor aos céus»; «O Grande Desconhecido» e «Por Maria, a Jesus»,em Cristo que passa , 12-21, 83-94, 117-126, 127-138 y 139-149. Homilias «A intimidade com Deus»; «Vida de oração» e «Rumo à santidade» , em Amigos de Deus , 142-153, 238-257, 294-316.

- J. Echevarría, Itinerários de vida cristã, Diel, Lisboa 2006, pp. 105-120.

- J.L. Illanes, Tratado de teología espiritual, Eunsa, Pamplona 2007, pp. 427-483.

- M. Belda, Guiados por el Espíritu de Dios. Curso de Teología Espiritual, Palabra , Madrid 2006, pp. 301-338.

 



[1] A Igreja professa a sua Fé no Símbolo dos Apóstolos. Celebra o Mistério, ou seja, a realidade de Deus e do seu amor a que nos abre a fé, na Liturgia sacramental. Como fruto dessa celebração do Mistério os fiéis recebem uma vida nova que os leva a viver de acordo com a condição de filhos de Deus. Essa comunicação da vida divina ao homem reclama ser recebida e vivida numa atitude de relação pessoal com Deus; esta relação exprime-se, desenvolve-se e potencia-se na oração.

[2] São João Damasceno, De fide orthodoxa, III, 24; PG 94,1090.

[3] São João Clímaco, Scala paradisi, grado 28; PG 88, 1129.

Reflexão

 


Salvação

 

A chamada à salvação traz-no-la Cristo.

Ele tem para o homem palavras de vida eterna (Jo 6,68); e dirige-se ao homem concreto que vive na terra.

Dirige-se particularmente ao homem que sofre, no corpo ou na alma.

 

(São João Paulo II, Homília em Lisboa, 14.05.1982)

Pequena agenda do cristão

 



TeRÇa-Feira

Pequena agenda do cristão

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?


Orações sugeridas:

Salmo II

Regnum eius regnum sempiternum est et omnes reges servient et obedient. 
Quare fremerunt gentes et populi meditati sunt inania?
Astiterum reges terrae et principes convenerunt in unum adversus Dominum et adversus christum eius.
Dirumpamus vincula eorum et proiciamos a nobis iugum ipsorum.
Qui habitabit in caelis, irridebit eos, Dominus subsanabit eos.
Ego autem constitui regem meum super sion montem sanctum meum.
Praedicabo decretum eius Dominus dixit ad me: filius meus es tu; ego hodie genui te.
Postula a me, et dabo tibi gentes hereditatem tuam et possessionem tuam terminos terrae.
Reges eos in virga ferrea et tamquam vas figuli confringes eos.
Et nunc, reges, intelegite, erudimini, qui indicatis terram.
Servite Domino in timore et exultate ei cum tremore.
Apprehendite disciplinam ne quando irascatur et pereatis via, cum exarcerit in brevi ira eius.
Beati omnes qui confident in eo.
Gloria Patri...
Regnum eius regnum sempiternum est et omnes reges servient et obedient.
Oremus:
Omnipotens et sempiterne Deus qui in dilecto Filio Tuo universorum rege omnia instaurare voluisti concede propitius ut cunctae familiae gentium pecati vulnere disgregatae eius suavissimo subdantur imperio: Qui tecum vivit et regnat in unitate Spiritus Sancti Deus, per omnia saecula saeculorum.

Exame Pessoal

Sabes Senhor, qual é, talvez a minha maior fraqueza? É pensar em demasiado mim, nos meus problemas, nas minhas tristezas, naquilo que me acontece e no que gostaria me acontecesse. Nas voltas e reviravoltas que dou sobre mim mesmo, sobre a minha vida.
E os outros? Sim, os outros que rezam por mim, que se interessam por mim, que têm paciência para comigo, que me desculpam as minhas faltas e as minhas fraquezas, que estão sempre prontos a ouvir-me a atender-me, que não se importam de esperar que eu os compense pelo bem que me fazem, que não me pressionam para que pague o que me emprestam, que não me criticam nem julgam com a severidade que mereço.
Ajuda-me Senhor, a ser, pelo menos reconhecido e a devolver o bem que recebo e, além disso a não julgar, a não emitir opinião, critica ou conceito, vendo nos outros, a maior parte das vezes, os defeitos e fraquezas que eu próprio possuo.

Senhor, ajuda-me a pensar nos outros em vez de estar aqui, mergulhado nos meus problemas, girando à volta de mim mesmo, concentrado apenas no que me diz respeito. Os outros! Todos os outros. Os que conheço, de quem sou amigo ou familiar e aqueles que me são desconhecidos. São Teus filhos como eu, logo, todos são meus irmãos. Se somos irmãos somos também herdeiros, convém, portanto que me preocupe com aqueles que vão partilhar a herança comigo.

Noverim me

Oh Deus que me conheces perfeitamente tal como sou, ajuda-me a conhecer-me a mim mesmo, para que possa combater com eficácia os enormes defeitos do meu carácter, em particular...
Chamaste-me, Senhor, pelo meu nome e eu aqui estou: com as minhas misérias, as minhas debilidades, com palavras maiores que os actos, intenções mais vastas que as obras e desejos que ultrapassam a vontade.
Porque não sou nada, não valho nada, não sei nada e não posso nada, entrego-me totalmente nas Tuas mãos para que, por intercessão de minha Mãe, Maria Santíssima, de São José, meu Pai e Senhor, do Anjo da Minha Guarda e de São Josemaria, possa adquirir um espírito de luta perseverante.
   
Meu Senhor e meu Deus, tira-me tudo o que me afaste de Ti.
Meu Senhor e meu Deus, dá-me tudo o que me aproxime de Ti
Meu Senhor e meu Deus, desapega-me de mim mesmo, para que eu me dê todo a ti.
Eu sei que podeis tudo e que, para Vós, nenhum projecto é impossível.
Faz-me santo, meu Deus, ainda que seja à força.

Nada te perturbe / nada te atemorize Tudo passa / Deus não muda A paciência tudo alcança / Quem a Deus tem Nada falta / só Deus basta. (Santa Teresa de Jesus)




Outubro - Mês do Rosário




MISTÉRIOS DO EVANGELHO [i]

Sexto Mistério 

Mansidão de Jesus

Jesus Cristo disse de Si mesmo que era: «manso» (Cfr. Mt 11, 29)

Eu, pergunto: Mas o que é ser “manso”?

Pode dizer-se que, “ser manso” é ter brandura de génio, não ser nem intempestivo nem precipitado nas reacções às diferentes contrariedades que vamos encontrando pela vida.

Sinto-me muito longe de tal porque o meu orgulho - contra o qual luto permanentemente sem grande sucesso – me impele para um espírito crítico, muitas vezes exacerbado pelos defeitos que julgo ver nos outros.
E, o pior, é muitíssimas vezes, o que vejo é um reflexo dos meus próprios defeitos e limitações.
Refiro “o meu orgulho” porque o Senhor acrescentou: «e humilde» (Cfr. Mt 11, 29)

Chego, portanto, a uma primeira conclusão: - Para ter mansidão é necessária a humildade pessoal.

No episódio narrado por São Mateus, (Mt 21, 12-13) parece-me – pobre de mim – que o Senhor “contraria” essa mansidão que Se outorga.

Então… a mansidão pode aceitar uma reacção “violenta”?

Penso melhor e concluo que ser manso não é ser abúlico, indiferente, não reagir quando se deve reagir, mesmo que tal implique uma atitude, aparentemente, intransigente.

Visto assim, chego a uma segunda conclusão:
Não reajo como devo a situações que exigem uma atitude clara e firme. Não quero incomodar-me.
Talvez pense - certamente que sim -, que o assunto não é comigo, não me diz respeito não possuo nem “autoridade” nem “estatuto” para tal.

De facto, talvez não tenha, melhor dizendo: não tenho! - nem “autoridade” nem “estatuto”, porque, para os ter, preciso de ter dado exemplo disso mesmo que se impõe que faça.

Não posso nem devo recomendar o que não pratico!
Não seria honesto comigo - intelectualmente – nem, principalmente, para com os outros que, nesse caso, teriam toda a razão para afirmar: Este, diz para fazermos o que, ele próprio não faz!
Que crédito nos merece?
E, eu tenho de concluir: - Absolutamente nenhum!

Quem diz a outros para fazerem o que ele próprio não faz é hipócrita!

A hipocrisia é um dos defeitos que o Senhor mais sublinha e, várias vezes, o refere aos Fariseus e Escribas.

A hipocrisia caracteriza-se pela duplicidade de carácter o que, em termos breves, se pode considerar como não interessa o que se faz mas o que se diz.

Jesus faz um significativo elogio a Natanael de quem diz que é um homem verdadeiro no qual não existe duplicidade.

E o que é um facto é que esta “qualidade” permite a Natanael, conhecer imediatamente Quem lhe fala.

Tu és o Filho de Deus, O Rei de Israel!

A primeira revelação da Pessoa que É Jesus Cristo!

Foi a inteireza de carácter que a permitiu!



(AMA, 2019)


[i] Escolhi este título para uma série de reflexões sobre os mistérios contidos no Evangelho. Se por “mistério” consideramos algo que não entendemos inteiramente ou não compreendemos com meridiana clareza, então julgo que o Evangelho contém muitas atitudes, palavras, gestos de Jesus Cristo cujo verdadeiro significado e “alcance” nos escapa.