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19/10/2020

Reflexão

 


Misericórdia de Deus

 

O oiro que pensas emprestar, dá-mo a mim, que te pagarei mais juros e com mais segurança.

O corpo que pensas alistar na milícia de outro, alista-o na minha, porque eu supero a todos em pagamento e retribuição…

O Seu amor é grande.

Se desejas emprestar-Lhe, Ele está disposto a receber.

Se queres semear Ele vende a semente; se construir, Ele diz-te: Edifica nos Meus solares. Porque corres atrás das coisas dos homens, que são pobres mendigos e nada podem? Corre atrás de Deus, que por coisas pequenas te dá outras grandes.

 

(São João Crisóstomo, Homílias sobre São Mateus, 76, 4)

A família: santificar o lar dia a dia


“Cada lar cristão deveria ser um remanso de serenidade, em que se notassem, por cima das pequenas contrariedades diárias, um carinho e uma tranquilidade, profundos e sinceros, fruto de uma fé real e vivida.". (Cristo que passa, 22, 4)

É verdadeiramente infinita a ternura de Nosso Senhor. Olhai com que delicadeza trata os seus filhos. Fez do matrimónio um vínculo santo, imagem da união de Cristo com a sua Igreja, um grande sacramento em que se fundamenta a família cristã, que há-de ser, com a graça de Deus, um ambiente de paz e de concórdia, escola de santidade. Os pais são cooperadores de Deus. Daí nasce o amável dever de veneração, que corresponde aos filhos. Com razão, o quarto mandamento pode chamar-se – escrevi-o há tantos anos – o dulcíssimo preceito do Decálogo. Se se vive o matrimónio como Deus quer, santamente, o lar será um lugar de paz, luminoso e alegre. (Cristo que passa, 78, 6)

Famílias que viveram de Cristo e que deram a conhecer Cristo. Pequenas comunidades cristãs que foram centros de irradiação da mensagem evangélica. Lares iguais aos outros lares daqueles tempos, mas animados de um espírito novo que contagiava aqueles que os conheciam e com eles conviviam. Assim foram os primeiros cristãos e assim havemos de ser os cristãos de hoje: semeadores de paz e de alegria, da paz e da alegria que Cristo nos trouxe. (Cristo que passa, 30, 5)

Comove-me que o Apóstolo qualifique o matrimónio cristão como «sacramentum magnum», sacramento grande. Também daqui deduzo que o trabalho dos pais de família é importantíssimo.
– Participais do poder criador de Deus e, por isso, o amor humano é santo, nobre e bom: uma alegria do coração, à qual Nosso Senhor, na sua providência amorosa, quer que outros livremente renunciemos.
Cada filho que Deus vos concede é uma grande bênção divina: não tenhais medo aos filhos! (Forja, 691)

Ao pensar nos lares cristãos, gosto de imaginá-los luminosos e alegres, como foi o da Sagrada Família. A mensagem de Natal ressoa com toda a força: Glória a Deus no mais alto dos Céus e paz na terra aos homens de boa vontade. Que a Paz de Cristo triunfe nos vossos corações, escreve o Apóstolo. Paz por nos sabermos amados pelo nosso Pai, Deus, incorporados em Cristo, protegidos pela Virgem Santa Maria, amparados por S. José. Esta é a grande luz que ilumina as nossas vidas e que, perante as dificuldades e misérias pessoais, nos impele a seguir animosamente para diante. Cada lar cristão deveria ser um remanso de serenidade, em que se notassem, por cima das pequenas contrariedades diárias, um carinho e uma tranquilidade, profundos e sinceros, fruto de uma fé real e vivida. (Cristo que passa, 22, 4)

Santificar o lar no dia-a-dia, criar, com carinho, um autêntico ambiente de família: é disso precisamente que se trata. Para santificar cada um dos dias, é necessário exercitar muitas virtudes cristãs; em primeiro lugar, as teologais e, depois, todas as outras: a prudência, a lealdade, a sinceridade, a humildade, o trabalho, a alegria... (Cristo que passa, 23, 4)


Leitura espiritual Outubro 19

 


Cartas de São Paulo

 

1.ª Timóteo 5

 

II. CONSELHOS A VÁRIAS CLASSES DE PESSOAS

 

As viúvas –

1 Não repreendas com dureza um ancião, mas exorta-o como um pai; 2 trata os jovens como irmãos, as anciãs como mães, as jovens como irmãs, com toda a pureza. 3 Honra as viúvas, as que são verdadeiramente viúvas. 4 Mas se alguma viúva tiver filhos ou netos, aprendam estes, antes de mais, a cumprir os seus deveres de piedade para com a própria família e a retribuir aos pais o que deles receberam, pois isso é agradável diante de Deus. 5 A que é verdadeiramente viúva e ficou só, põe a sua esperança em Deus e persevera em súplicas e orações, noite e dia. 6 Mas aquela que se entrega aos prazeres, embora vivendo, já está morta. 7 E recomenda-lhes isto, para que sejam irrepreensíveis. 8 Se alguém não cuida dos seus, e principalmente dos da sua própria casa, renegou a fé e é pior do que um infiel. 9 Só pode ser inscrita como viúva a que tiver pelo menos sessenta anos, tiver sido esposa de um só marido, 10 gozar do testemunho de boas obras, tiver educado os filhos, praticado a hospitalidade, lavado os pés dos santos, assistido os atribulados e for dedicada a toda a obra boa. 11 Não admitas as viúvas mais jovens, porque, quando são arrastadas por uma paixão que as afasta de Cristo, querem voltar a casar-se, 12 incorrendo na condenação de terem rompido o primeiro compromisso. 13 Além disso, estando na ociosidade, habituam-se a andar de casa em casa e a ser, não só ociosas, mas também loquazes e indiscretas, falando do que não convém. 14 Quero, pois, que as viúvas mais jovens se casem, tenham filhos, governem a sua casa, para não darem ao adversário nenhuma ocasião de maledicência. 15 Algumas, com efeito, já se desviaram, seguindo a Satanás. 16 Se alguma mulher crente tem viúvas na família, dê-lhes assistência e não se sobrecarregue a igreja, a fim de que esta possa assistir as que são verdadeiramente viúvas.

 

Os presbíteros –

17 Os presbíteros que exercem bem a presidência sejam julgados dignos de dupla honra, principalmente os que trabalham na pregação e no ensino. 18 Pois a Escritura diz: Não açaimarás a boca do boi que debulha; e ainda: o operário é digno do seu salário. 19 Não aceites denúncia contra um presbítero, se não for confirmada por duas ou três testemunhas. 20 Aos que cometem faltas, repreende-os na presença de todos, para que também os demais se encham de temor. 21 Conjuro-te, diante de Deus e de Cristo Jesus e dos anjos eleitos, que observes estas regras com imparcialidade, nada fazendo por favoritismo. 22 Não imponhas as mãos a ninguém precipitadamente, nem te tornes cúmplice de pecados alheios. Conserva-te puro. 23 Não continues a beber só água, mas toma também um pouco de vinho, por causa do estômago e das tuas frequentes indisposições. 24 Enquanto os pecados de alguns são manifestos, mesmo antes de serem submetidos a juízo, os de outros só aparecem depois. 25 Do mesmo modo, também as boas obras são manifestas; e aquelas que não o são não podem permanecer sempre ocultas.

 



Cristo que passa

 

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O tempo oportuno

 

Exhortamur ne in vacuum gratiam Dei recipiatis - Exortamo-vos a não receber em vão a graça de Deus.

Porque a graça divina pode encher as nossas almas nesta Quaresma, desde que não cerremos as portas do coração.

Temos de ter estas boas disposições, o desejo de nos transformar realmente, de não brincar com a graça do Senhor.

 

Não gosto de falar de temor, porque o que move o cristão é o Amor de Deus, que se nos manifestou em Cristo e que nos ensina a amar todos os homens e a criação inteira; mas devemos falar de responsabilidade, de seriedade.

Não queirais enganar-vos a vós mesmos: de Deus não se zomba, adverte-nos o mesmo Apóstolo.

 

É preciso decidir-se.

Não é lícito viver tentando manter acesas, como diz o povo, uma vela a São Miguel e outra ao Diabo.

É preciso apagar a vela do Diabo.

Temos de consumir a vida fazendo-a arder inteiramente ao serviço do Senhor.

Se o nosso empenho pela santidade é sincero, se temos a docilidade de nos abandonar nas mãos de Deus, tudo correrá bem.

Porque Ele está sempre disposto a dar-nos a Sua graça e, especialmente neste tempo, a graça de uma nova conversão, de uma melhoria da nossa vida de cristãos.

 

Não podemos considerar esta Quaresma como uma época mais, repetição cíclica do tempo litúrgico; este momento é único; é uma ajuda divina que é necessário aproveitar.

Jesus passa ao nosso lado e espera de nós - hoje, agora - uma grande mudança.

 

Ecce nunc tempus acceptabile, ecce nunc dies salutis: eis o tempo oportuno, que pode ser o dia da Salvação.

Outra vez se ouvem os apelos do Bom Pastor, o carinhoso chamamento: Ego vocavi te nomine tuo.

Chama-nos a cada um pelo nosso nome, com o nome familiar com que nos tratam as pessoas que nos amam.

A ternura de Jesus por nós não cabe em palavras.

 

Contemplai comigo esta maravilha do amor de Deus: o Senhor vem ao nosso encontro, espera por nós, coloca-Se à beira do caminho, para que não tenhamos outra solução senão vê-Lo!

E chama-nos pessoalmente, falando-nos das nossas coisas, que são também as suas, movendo a nossa consciência à compreensão, abrindo-a à generosidade, imprimindo na nossa alma o desejo de sermos fiéis, de podermos chamar-nos seus discípulos!

 

Basta ouvir essas palavras íntimas da graça, que são como que uma repreensão, tantas vezes afectuosa, para nos darmos conta de que não Se esqueceu de nós durante todo aquele tempo em que, por culpa nossa, nós não O vimos.

Cristo ama-nos com o amor inesgotável que cabe no Seu Coração de Deus.

 

Reparai na Sua insistência: Ouvi-te no tempo oportuno, ajudei-te no dia da salvação.

Já que Ele te promete a glória, o Seu amor, e to oferece oportunamente, e te chama - tu que Lhe hás-de dar?

Como responderás, como responderei eu também, a esse amor de Jesus, que passa?

 

Ecce nunc dies salutis - aqui está, diante de nós, este dia da salvação.

O chamamento do Bom Pastor chega até nós: Ego vocavi te nomine tuo, Eu chamei-te, a ti, pelo teu nome!

É preciso responder - amor com amor se paga - dizendo-Lhe Ecce ego quia vocasti me - chamaste por mim e aqui estou!

Estou decidido a que não passe este tempo de Quaresma como passa a água sobre as pedras, sem deixar rasto.

Deixar-me-ei empapar, transformar; converter-me-ei, dirigir-me-ei de novo ao Senhor, querendo-Lhe como Ele deseja ser querido.

 

Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, e com toda a tua mente Que resta do teu coração - comenta Santo Agostinho - para que possas amar-te a ti mesmo? Que resta da tua alma, da tua mente? Ex toto - afirma. “Totum exigit te, qui fecit te"; Quem te fez exige tudo de ti.

 

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Após este protesto de amor, é necessário comportarmo-nos como amigos de Deus.

In omnibus exhibeamus nosmetipsos sicut Dei ministros; comportemo-nos em tudo como servidores do Senhor.

Se te dás como Ele quer, a acção divina manifestar-se-á na tua conduta profissional, no trabalho, num empenho por fazer divinamente as coisas humanas, grandes ou pequenas, pois pelo Amor todas adquirem uma nova dimensão.

 

Mas nesta Quaresma não podemos esquecer que querer ser servidores de Deus não é fácil.

Continuemos a seguir o texto de São Paulo que a Epístola deste Domingo recolhe, para recordarmos as dificuldades: Como servidores de Deus - escreve o Apóstolo - com muita paciência nas tribulações, nas necessidades, nas angústias, nos açoites, nos cárceres, nas sedições, no trabalhos, nas vigílias, nos jejuns; com pureza, com doutrina, com longanimidade, com mansidão, com o Espírito Santo, com caridade sincera, com palavras de verdade, com fortaleza de Deus.

Nos mais diferentes momentos da vida, em todas as situações., havemos de comportarmo-nos como servidores de Deus, sabendo que o Senhor está connosco, que somos Seus filhos.

É preciso sermos conscientes dessa raiz divina, que está enxertada na nossa vida, e actuar em conformidade.

 

Estas palavras do Apóstolo deve encher-vos de alegria, porque são como que uma canonização da vossa vocação de cristãos correntes, vivendo no meio do mundo, compartilhando com os demais homens, vossos iguais, ideais, trabalhos e alegrias. Tudo isso é caminho divino.

O que o Senhor vos pede é que a todo o momento actueis como filhos e servidores Seus.

 

Mas estas circunstâncias ordinárias da vida só serão caminho divino se realmente nos convertermos, se nos entregarmos.

São Paulo, na verdade, usa uma linguagem dura.

Promete ao cristão uma vida difícil, arriscada, em perpétua tensão. Como se tem desfigurado o Cristianismo quando se tem pretendido fazer dele um caminho cómodo!

Mas também é uma desfiguração da verdade pensar que essa vida profunda e séria, que conhece vivamente todos os obstáculos da existência humana, é uma vida de angústia, de opressão ou de medo.

 

O cristão é realista, de um realismo sobrenatural e humano, sensível a todos os matizes da vida: a dor e a alegria, o sofrimento próprio e alheio, a certeza e a perplexidade, a generosidade e a tendência para o egoísmo...

O cristão conhece tudo e com tudo se enfrenta, cheio de inteireza humana e de fortaleza recebida de Deus.

 

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As tentações de Cristo

 

A Quaresma comemora os quarenta dias que Jesus passou no deserto, como preparação para os anos de pregação que culminam na Cruz e na glória da Páscoa.

Quarenta dias de oração e de penitência, no fim dos quais teve lugar o episódio que a liturgia de hoje oferece à nossa consideração no Evangelho da Missa: as tentações de Cristo.

 

É uma cena cheia de mistério, que o homem em vão pretende entender - Deus que Se submete à tentação, que deixa actuar o Maligno... - mas que pode ser meditada, pedindo ao Senhor que nos faça compreender a lição nela contida.

 

Jesus Cristo tentado!

A Tradição esclarece este episódio considerando que Nosso Senhor quis sofrer a tentação para nos dar exemplo em tudo.

Assim é, porque Cristo foi perfeito homem, igual a nós, salvo no pecado.

Após quarenta dias de jejum, com o simples alimento, possivelmente, de ervas e de raízes e de um pouco de água, Jesus sente fome - fome autêntica, como a de qualquer criatura.

E quando o Demónio Lhe propõe que transforme em pão as pedras, Nosso Senhor não só rejeita o alimento que o corpo lhe pedia, mas afasta de Si uma incitação maior: a de usar o poder divino para remediar, digamos assim, um problema pessoal.

 

Tereis notado isso ao longo dos Evangelhos: Jesus não faz milagres em proveito próprio.

Converte a água em vinho para os noivos de Caná; multiplica os pães e os peixes para dar de comer a uma multidão faminta; mas Ele ganha o Seu pão, durante muitos anos, com o Seu próprio trabalho.

E mais tarde, durante o tempo em que peregrina por terras de Israel, vive com a ajuda daqueles que O seguem

 

Relata São João que, depois de uma longa caminhada, chegando Jesus ao poço de Sicar, manda os Seus discípulos à cidade para comprarem alimentos; e ao ver aproximar-se a Samaritana pede-lhe água, porque Ele não tinha com que tirá-la.

O Seu corpo fatigado pela longa caminhada sofre o cansaço e, outras vezes, para refazer energias, recorre ao sono.

Generosidade do Senhor que Se humilhou, que aceitou plenamente a condição humana, que não Se serve do Seu poder divino para fugir das dificuldades ou do esforço!

E assim nos ensina a ser fortes, a amar o trabalho, a nobreza humana e divina de saborear as consequências da entrega, da doação.

 

Na segunda investida, quando o Demónio Lhe propõe que Se lance do pináculo do Templo, Jesus rejeita de novo a tentação de querer servir-Se do seu poder divino.

Cristo não busca a vangloria, o aparato, a comédia humana que procura utilizar Deus como pano de fundo da nossa própria excelência. Jesus Cristo quer cumprir a vontade do Pai sem adiantar os tempos nem antecipar a hora dos milagres, percorrendo passo a passo a dura senda dos homens, o amável caminho da cruz.

 

Algo muito parecido vemos na terceira tentação: São-Lhe oferecidos reinos, poder, glória.

O Demónio pretende estender a ambições humanas uma atitude que se deve reservar só a Deus: promete uma vida fácil a quem se prostrar diante dele, diante dos ídolos.

Nosso Senhor reconduz a adoração ao seu único e verdadeiro fim - Deus - e reafirma a Sua vontade de servir: «Afasta-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás».

 

 

 

 

Pequena agenda do cristão

 

SeGUNDa-Feira

Pequena agenda do cristão

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça "boa cara" que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?


Outubro - Mês do Rosário




MISTÉRIOS DA LUZ ([1])

Terceiro Mistério dia 19 Out

Pregação de Jesus

Neste terceiro mistério contemplamos a vida pública do Salvador.

Tomamos consciência de quanto nos diz, uma e outra vez, com infinita paciência, para que guardemos com especial cuidado as Suas palavras.

Onde encontrá-las: No Evangelho que o Espírito Santo escreveu pela mão de Mateus, Marcos, Lucas e João.

Com a leitura diária, pausada, - diria - detida e reflectida, encontraremos sempre algo novo, uma ideia, uma inspiração, um detalhe.

Quanto o Evangelho contém não é fruto nem do acaso nem da inspira­ção do evangelista.

Não!

Cada palavra, expressão ou pormenor, tem um "peso" um objectivo muito concreto: Conduzir-nos pelo Caminho, que conduz à Verdade que nos garante a Vida que É o próprio Jesus Cristo Nosso Senhor e Salvador.

Fazer do Evangelho o livro da nossa vida de cristãos, lendo e meditando e, como aconselhava São Josemaria Escrivá, tentando introduzir-nos nas cenas que os textos descrevem como um personagem mais.

E, de facto, não é difícil fazê-lo, bem ao contrário acabamos por envol­ver-nos de tal forma que chegamos a compreender que Jesus Cristo está ali, ao nosso lado acompanhando a nossa leitura-meditação e abrindo-nos a alma e o entendimento para melhor compreender e guar­dar como tesouro precioso o que nos oferece.

Na Sua pregação Jesus Cristo dirige-se a todos os homens, os de então e todos os outros que se hão-de seguir ao longo dos tempos.

Dirige-se, também, e de modo especial, aos Apóstolos, os que O acompanhavam e, também, a quantos hão-de ter esse múnus até ao fim dos tempos.

Estes homens dedicados a um trabalho exigente, cuidado e coeerente, precisam sempre de Conselho, Fortaleza, Sabedoria para que a sua acção arreigue nas almas e o seu exemplo dê abundantes frutos.

Têm de ter – sempre – bem presente que a palavra que têm de pregar, transmitir, é A Palavra de Deus tal qual é e, nunca, da sua lavra ou fruto de interpretação.

Por isso mesmo O Senhor lhes explica em “privado” muitas das Suas palavras ou expressões que não entendem ou percebem, para que não tenham dúvidas mas,  sim, certezas.

O verdadeiro apóstolo – seja quem for – tem de pedir com insistência Luz que ilumine a sua mente para que possa agir em conformidade.

Sem esta Luz, que só O Senhor pode dar, corre sério risco de ir perdendo o Norte e desviar-se pelo perigoso caminho das idéias próprias e interpretações particulares.


(ama, Malta, Abril de 2016)


[1] São João Paulo II acrescentou estes “Mistérios” a que chamou da Luz – ou Luminosos– ao Rosário de Nossa Senhora. Não sei, evidentemente, a razão que terá levado o Santo Pontífice a fazê-lo e alguém poderá questionar o que têm a ver com o Rosário Mariano. Têm tudo a ver porque a vida de Nossa Senhora está tão intimamente unida à do Seu Filho, nosso Salvador, que me parece muito lógico e adequado. Os Cinco Mistérios levam-nos a considerar, principalmente, a instituição dos sacramentos que Jesus nos quis deixar como preciosos e imprescindíveis meios para obter a Salvação Eterna que nos ganhou na Cruz.