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29/09/2020

Reflexão: Amor

O Amor, nas suas diversas formas – conjugal, paterno, materno, filial, fraterno, de amizade -, é requisito necessário para não nos sentirmos sós.


(Javier Echevarría, Itinerários de Vida Cristiana, Planeta, 2001, pg. 131)






Leitura espiritual Setembro 29


Cartas de São Paulo

Tito - 2

Qualidades dos anciãos e dos jovens –
1 Tu, porém, ensina o que é conforme à sã doutrina. 2 Os anciãos sejam sóbrios, dignos, prudentes, firmes na fé, na caridade e na paciência. 3 Do mesmo modo, as anciãs tenham um comportamento reverente, não sejam caluniadoras nem escravas do vinho, mas mestras de virtude, 4 a fim de ensinarem as jovens a amar os maridos e os filhos, 5 a serem prudentes, castas, boas donas de casa e dóceis aos maridos, de modo que a palavra de Deus não seja difamada. 6 Exorta igualmente os jovens a serem moderados, 7 apresentando-te em tudo a ti próprio como exemplo de boas obras, de integridade na doutrina, de dignidade, 8 de palavra sã e irrepreensível, para que os adversários fiquem confundidos, por não terem nada de mal a dizer de nós.

Os escravos –
9 Exorta os escravos a serem em tudo dóceis aos seus senhores, procurando agradar-lhes em tudo e não os contradizendo 10 nem defraudando, mas mostrando-se totalmente leais, a fim de honrarem em tudo a doutrina de Deus nosso Salvador. 11 Com efeito, manifestou-se a graça de Deus, portadora de salvação para todos os homens, 12 para nos ensinar a renúncia à impiedade e aos desejos mundanos, a fim de vivermos no século presente com sobriedade, justiça e piedade, 13 aguardando a bem-aventurada esperança e a gloriosa manifestação do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo. 14 Ele entregou-se por nós, a fim de nos resgatar de toda a iniquidade e de purificar e constituir um povo de sua exclusiva posse e zeloso na prática do bem. 15 Assim é que deves falar, exortar e repreender com toda a autoridade. E que ninguém te despreze.

Amigos de Deus

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«Os discípulos, todavia - escreve São João - não sabiam que era Jesus. Disse-lhes, pois, Jesus: Moços, tendes alguma coisa de comer?»
Esta cena tão familiar de Cristo, a mim, enche-me de alegria.
Que diga isto Jesus Cristo, Deus!
Ele, que já tem corpo glorioso!
«Lançai a rede para o lado direito da barca e encontrareis.
Lançaram a rede e já não a podiam tirar por causa da grande quanti­dade de peixes
Agora compreendem.
Recordam o que tinham ouvido tantas vezes dos lábios do Mestre: Pescadores de homens, apóstolos!...
E compreendem que tudo é possível, porque é Ele Quem dirige a pesca.

«Então aquele discípulo que Jesus amava disse a Pedro: É o Senhor!»
O amor vê.
E de longe.
O amor é o primeiro a captar aquela delicadeza.
O Apóstolo adolescente, com o firme carinho que sentia por Jesus, pois amava Cristo com toda a pureza e toda a ternura de um coração que nunca se corrompera, exclamou: «É o Senhor!»

«Simão Pedro, mal ouviu dizer que era o Senhor, cingiu a túnica e lançou-se ao mar.»
Pedro é a fé.
E lança-se ao mar, com uma audácia maravilhosa.
Com o amor de João e a fé de Pedro, aonde podemos nós chegar!?

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As almas são de Deus

«Os outros discípulos foram com a barca, porque não estavam distantes de terra, senão duzentos côvados, tirando a rede cheia de peixes.» Em seguida põem a pesca aos pés do Senhor, porque é sua, para que aprendamos que as almas são de Deus, que ninguém nesta terra pode atribuir a si mesmo essa propriedade, que o apostolado da Igreja - a palavra e a realidade da salvação - não se baseia no prestígio de algumas pessoas, mas na graça divina.

Jesus Cristo interroga Pedro por três vezes, como se lhe quisesse dar a oportunidade de reparar a sua tripla negação.
Pedro já aprendeu, escarmentado com a sua própria miséria: está pro­fundamente convencido de que são inúteis aqueles seus alardes temerários; tem consciência da sua debilidade.
Por isso, põe tudo nas mãos de Cristo: Senhor, tu sabes que eu te amo... «Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo
E que responde Cristo?
«Apascenta os meus cordeiros; apascenta as minhas ovelhas
Não as tuas, não as vossas; as Minhas!
Porque foi Ele quem criou o homem, Ele quem o redimiu, Ele quem comprou cada alma, uma a uma, repito, com o preço do seu Sangue.

Quando os donatistas, no século V, lançavam os seus ataques contra os católicos, diziam ser impossível que o bispo de Hipona, Agostinho, professasse a verdade, porque tinha sido um grande pecador. E Santo Agostinho sugeria aos seus irmãos na fé como haviam de replicar: “Agostinho é bispo na Igreja Católica.
Ele leva a carga, de que há-de dar contas a Deus.
Conheci-o entre os bons.
Se é mau, ele o sabe; se é bom, nem por isso deposito nele a minha esperança.
Porque a primeira coisa que aprendi na Igreja Católica foi a não pôr a minha esperança num homem.

Não fazemos o nosso apostolado.
Então, como havemos de dizer?
Fazemos - porque Deus o quer, porque assim no-lo mandou: ide por todo o mundo e pregai o Evangelho - o apostolado de Cristo.
Os erros são nossos; os frutos, do Senhor.

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Audácia para falar de Deus

E como realizaremos esse apostolado?
Antes de mais, com o exemplo, vivendo de acordo com a Vontade do Pai, como Jesus Cristo nos revelou com a sua vida e os seus ensinamentos.
Fé verdadeira é aquela que não permite que as acções contradigam o que se afirma com as palavras.
Devemos medir a autenticidade da nossa fé examinando a nossa con­duta pessoal. Se não nos esforçamos por realizar com os nossos actos o que confessamos com os lábios, não somos sinceramente crentes

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Vem agora a propósito recordar um episódio que põe em evidência o esplêndido vigor apostólico dos primeiros cristãos.
Não tinha passado um quarto de século desde que Jesus subira aos céus e já em muitas cidades e povoados se propagava a sua fama.
A Éfeso chega um homem chamado Apolo, varão eloquente e versado nas Escrituras.
Estava instruído no caminho do Senhor; pregava com fervor de espírito e ensinava com exactidão o que dizia respeito a Jesus, embora só conhecesse o baptismo de João.

Na mente desse homem já se tinha insinuado a luz de Cristo.
Ouvira falar d'Ele e anuncia-o aos outros.
Mas ainda lhe faltava um pouco de caminho para se informar melhor, abraçar totalmente a fé e amar deveras o Senhor.
Áquila e Priscila, um casal em que ambos são cristãos, ouvem as suas palavras e não ficam inactivos, indiferentes.
Não pensam: este já sabe bastante; não temos por que lhe dar lições.
Como eram almas com autêntica preocupação apostólica, foram ter com Apolo, levaram-no consigo e instruíram-no mais a fundo na doutrina do Senhor.

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Admirai também o comportamento de S. Paulo: prisioneiro, por divulgar os ensinamentos de Cristo, não desaproveita ocasião alguma para difundir o Evangelho. Diante de Festo e Agripa, não duvida em declarar: “Graças ao auxílio de Deus, perseverei até ao dia de hoje, dando testemunho da verdade a pequenos e grandes, não pregando senão o que Moisés e os profetas disseram que havia de suceder: que Cristo havia de padecer, e que seria o primeiro a ressuscitar dos mortos, e que anunciaria a luz a este povo e aos gentios.”

O apóstolo não se cala, não oculta a sua fé nem a actividade apostólica que tinha provocado o ódio dos seus perseguidores; continua a anunciar a salvação a toda a gente.
E com uma audácia maravilhosa enfrenta-se com Agripa: “Crês, ó rei Agripa, nos profetas? Eu sei que crês.”
Quando Agripa comenta: “Por pouco não me persuades a fazer-me cris­tão, Paulo disse-lhe: Prouvera a Deus que, por pouco ou muito, não somente tu, mas também quantos me ouvem se fizessem hoje tais como eu sou, menos estas cadeias.”

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Donde tirava São Paulo esta força?
Omnia possum in eo qui me confortat!
Tudo posso, porque só Deus me dá esta fé, esta esperança, esta caridade.
Custa-me muito acreditar na eficácia sobrenatural de um apostolado que não esteja apoiado, solidamente centrado, numa vida de contínua intimidade com o Senhor.
E isto no meio do trabalho, dentro de casa ou no meio da rua, com todos os problemas mais ou menos importantes que surgem todos o dias.
Em qualquer sítio onde se esteja, mas com o coração em Deus.
E então as nossas palavras e as nossas acções - até as nossas misérias! - exalarão o bonus odor Christi, o bom odor de Cristo, que os outros forçosamente hão-de sentir: aí está um verdadeiro cristão.

272        

Se cedesses à tentação de perguntar a ti mesmo: quem me manda a mim meter-me nisto? teria de responder-te: Manda-to, pede-to o próprio Cristo.
A messe é grande e os operários são poucos.
Rogai, pois, ao Senhor da messe que mande operários para a sua messe.
Não digas, comodamente: eu para isto não sirvo; para isto já há outros; não estou feito para isto...
Não.
Para isto não há outros.
Se tu pudesses falar assim, todos podiam dizer a mesma coisa.
O pedido de Cristo dirige-se a todos e cada um dos cristãos. Ninguém está dispensado: nem por razões de idade, nem de saúde, nem de ocupação.
Não há desculpas de nenhum género.
Ou produzimos frutos de apostolado ou a nossa fé será estéril.




É curto o nosso tempo para amar


Um filho de Deus não tem medo da vida nem medo da morte, porque o fundamento da sua vida espiritual é o sentido da filiação divina: Deus é meu Pai, pensa, e É O Autor de todo o bem, É toda a Bondade. – Mas tu e eu procedemos, de verdade, como filhos de Deus? (Forja, 987)

Para nós, cristãos, a fugacidade do caminho terreno deve incitar-nos a aproveitar melhor o tempo, não a temer Nosso Senhor, e muito menos a olhar a morte como um final desastroso. Um ano que termina – já foi dito de mil modos, mais ou menos poéticos – com a graça e a misericórdia de Deus, é mais um passo que nos aproxima do Céu, nossa Pátria definitiva.
Ao pensar nesta realidade, compreendo perfeitamente aquela exclamação que São Paulo escreve aos de Corinto: “tempus breve est!”, que breve é a nossa passagem pela terra! Para um cristão coerente, estas palavras soam, no mais íntimo do seu coração, como uma censura à falta de generosidade e como um convite constante a ser leal. Realmente é curto o nosso tempo para amar, para dar, para desagravar. Não é justo, portanto, que o malbaratemos, nem que atiremos irresponsavelmente este tesouro pela janela fora. Não podemos desperdiçar esta etapa do mundo que Deus confia a cada um de nós. (…)
Há-de chegar também para nós esse dia, que será o último e não nos causa medo. Confiando firmemente na graça de Deus, estamos dispostos desde este momento, com generosidade, com fortaleza, pondo amor nas pequenas coisas, a acudir a esse encontro com o Senhor, levando as lâmpadas acesas, porque nos espera a grande festa do Céu. (Amigos de Deus, 39–40)


Pequena agenda do cristão




TeRÇa-Feira

PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?


Orações sugeridas:

salmo ii

Regnum eius regnum sempiternum est et omnes reges servient et obedient. 
Quare fremerunt gentes et populi meditati sunt inania?
Astiterum reges terrae et principes convenerunt in unum adversus Dominum et adversus christum eius.
Dirumpamus vincula eorum et proiciamos a nobis iugum ipsorum.
Qui habitabit in caelis, irridebit eos, Dominus subsanabit eos.
Ego autem constitui regem meum super sion montem sanctum meum.
Praedicabo decretum eius Dominus dixit ad me: filius meus es tu; ego hodie genui te.
Postula a me, et dabo tibi gentes hereditatem tuam et possessionem tuam terminos terrae.
Reges eos in virga ferrea et tamquam vas figuli confringes eos.
Et nunc, reges, intelegite, erudimini, qui indicatis terram.
Servite Domino in timore et exultate ei cum tremore.
Apprehendite disciplinam ne quando irascatur et pereatis via, cum exarcerit in brevi ira eius.
Beati omnes qui confident in eo.
Gloria Patri...
Regnum eius regnum sempiternum est et omnes reges servient et obedient.
Oremus:
Omnipotens et sempiterne Deus qui in dilecto Filio Tuo universorum rege omnia instaurare voluisti concede propitius ut cunctae familiae gentium pecati vulnere disgregatae eius suavissimo subdantur imperio: Qui tecum vivit et regnat in unitate Spiritus Sancti Deus, per omnia saecula saeculorum.

Exame Pessoal

Sabes Senhor, qual é, talvez a minha maior fraqueza? É pensar em demasiado mim, nos meus problemas, nas minhas tristezas, naquilo que me acontece e no que gostaria me acontecesse. Nas voltas e reviravoltas que dou sobre mim mesmo, sobre a minha vida.
E os outros? Sim, os outros que rezam por mim, que se interessam por mim, que têm paciência para comigo, que me desculpam as minhas faltas e as minhas fraquezas, que estão sempre prontos a ouvir-me a atender-me, que não se importam de esperar que eu os compense pelo bem que me fazem, que não me pressionam para que pague o que me emprestam, que não me criticam nem julgam com a severidade que mereço.
Ajuda-me Senhor, a ser, pelo menos reconhecido e a devolver o bem que recebo e, além disso a não julgar, a não emitir opinião, critica ou conceito, vendo nos outros, a maior parte das vezes, os defeitos e fraquezas que eu próprio possuo.[i]

Senhor, ajuda-me a pensar nos outros em vez de estar aqui, mergulhado nos meus problemas, girando à volta de mim mesmo, concentrado apenas no que me diz respeito. Os outros! Todos os outros. Os que conheço, de quem sou amigo ou familiar e aqueles que me são desconhecidos. São Teus filhos como eu, logo, todos são meus irmãos. Se somos irmãos somos também herdeiros, convém, portanto que me preocupe com aqueles que vão partilhar a herança comigo.[ii]

Noverim me

Oh Deus que me conheces perfeitamente tal como sou, ajuda-me a conhecer-me a mim mesmo, para que possa combater com eficácia os enormes defeitos do meu carácter, em particular...
Chamaste-me, Senhor, pelo meu nome e eu aqui estou: com as minhas misérias, as minhas debilidades, com palavras maiores que os actos, intenções mais vastas que as obras e desejos que ultrapassam a vontade.
Porque não sou nada, não valho nada, não sei nada e não posso nada, entrego-me totalmente nas Tuas mãos para que, por intercessão de minha Mãe, Maria Santíssima, de São José, meu Pai e Senhor, do Anjo da Minha Guarda e de São Josemaria, possa adquirir um espírito de luta perseverante.[iii]
   
Meu Senhor e meu Deus, tira-me tudo o que me afaste de Ti.
Meu Senhor e meu Deus, dá-me tudo o que me aproxime de Ti
Meu Senhor e meu Deus, desapega-me de mim mesmo, para que eu me dê todo a ti.
Eu sei que podeis tudo e que, para Vós, nenhum projecto é impossível.[iv]

Faz-me santo, meu Deus, ainda que seja à força.[v]

Nada te perturbe / nada te atemorize Tudo passa / Deus não muda A paciência tudo alcança / Quem a Deus tem Nada falta / só Deus basta.[vi]