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28/09/2020

Outubro - Mês do Rosário




MISTÉRIOS DO EVANGELHO [i]

Oitavo Mistério 


Não tenhais medo

Logo após a sua eleição como Papa, São João Paulo II assomou à loggia do Vaticano para se dirigir à multidão que enchia a Praça aguardando com ansiedade saber – e ver – o “novo” Papa.

As suas primeiras palavras foram: ‘Non abbiate paura’ (Não tenhais medo).

E foi dizendo que – possivelmente – houvesse alguma inquietação por estar ali um novo Papa não italiano mas, talvez, ainda mais por ser oriundo de um País do Leste Europeu, dominado pela Rússia Soviética.

Naqueles momentos, eu, também me deixei envolver por considerações pessoais como, por exemplo, o que seria o futuro imediato da Igreja com este homem eleito sucessor de Pedro.

Recordei então um livro – depois convertido em filme – que há muito lera e que ficara gravado na minha memória: As sandálias do pescador(The Shoes of the Fisherman, Morris West, 1963)
O filme aborda a – na altura hipotética – eleição de um Papa otiundo do Leste Europeu.
O interessante é que o Papa eleito une toda a Igreja à sua volta com um governo pastoral sólido, coeerente com a Fé Cristã e com um verdadeiro sentido universal.

Tudo isso “já lá vai”, mas, no caso concreto da eleição de São João PauloII, arrependo-me de ter cedido a essa tentação terrível que é fazer juízos – quando não críticas – sobre a santidade da Igreja a que pertenço como baptizado e, sobretudo, de dar ouvidos aos “profetas da desgraça” que tão frequentemente opinam sobre o que chamam “Crises da Igreja”.
«Crise na Igreja?

A Santa Igreja – que somos todos os cristãos – tem como Cabeça Jesus Cristo seu Fundador.
Só Ele pode alterar seja o que for na sua essência.
Nenhum homem seja qual for o cargo que ocupe ou o ministério que desempenhe, tem esse poder.
Confiemos, pois, com a certeza que quanto maior a provação maior será o Seu cuidado.
Fujamos da tentação de fazer juízos – mesmo íntimos – porque tal não nos compete. Rezemos com perseverança pedindo Luz, Sabedoria e Justiça para todos, principalmente os que mais responsabilidades possam ter na condução do Povo de Deus.(AMA, reflexão, 2019)

Não compreendo que haja católicos - e, muito menos, sacerdotes - que, desde há anos, com tranquilidade de consciência, (...) que o Papa, quando não fala ex cathedra, é um simples doutor privado sujeito a erro. É já arrogância desmedida julgar que o Papa se engana e eles não. Mas esquecem, além disso, que o Sumo Pontífice não é só doutor - infalível, quando expressamente o declara - mas que também é o Supremo Legislador.” (Cfr São Josemaria, Temas actuais do cristianismo, 95)

Por vezes – talvez muitas – encontro-me perante um dilema:
Onde está Jesus, que parece estar “ausente” nas vicissitudes da minha vida, nas “desgraças” no mundo que me rodeia e que, quase a diário, me chegam pelas notícias, pela televisão:
Inundações, cataclismos, violências bárbaras dos mais elementares direitos humanos, pessoas sem abrigo, com fome, sem quaisquer recursos…?
Está, de facto, ausente, desinteressado, “tem mais que fazer”!?
Sinto-me, talvez, confuso e sem saber muito bem que pensar. Mas, logo caio em mim e reconsidero:
Esta realidade que me atinge como um raio, deixa-me sem palavras: Jesus é meu amigo!
Sendo eu como sou, sendo eu o que sou!
É extraordinário!
Durante os anos, e não são poucos, quantas conversas, quantos desabafos, queixas e pedidos não Lhe fiz!
Meu amigo!
Jesus é meu amigo.
Com esta certeza, com este AMIGO que mais posso precisar? Que posso temer!» (AMA, orações pessoais)
E, quase instantaneamente, oiço-Te: «Sou Eu, não tenhas medo!» (Cfr. Lc 6, 20)
Termino com uma oração que todos os cristãos deveríamos rezar diariamente:
Ad Beatissimum Papam nostrum ...:  Dominus conservat eum, vivicet eum e beatum faecit in terra et non tradat eum in animam inimicorum eius.” (Pelo Santo Padre (nome): O Senhor o conserve, lhe dê vida, o faça santo na terra, e não permita que os seus inimigos prevaleçam. (Trad. Livre de AMA)(Cfr. São Josemaria, Preces)

E… fico em paz!


(AMA, 2019)





[i] Escolhi este título para uma série de reflexões sobre os mistérios contidos no Evangelho. Se por “mistério” consideramos algo que não entendemos inteiramente ou não compreendemos com meridiana clareza, então julgo que o Evangelho contém muitas atitudes, palavras, gestos de Jesus Cristo cujo verdadeiro significado e “alcance” nos escapa.

Reflexão - Acepção de pessoas


Da mesma forma que o lavrador não distingue a terra que pisa, antes atira natural e indistintamente a sua semente, assim o Senhor não distingue o pobre do rico, o sábio do ignorante, o tíbio do fervoroso, o valente do cobarde.


(São João Crisóstomo, Homílias sobre São Marcos, 44, 3)

Perguntas e respostas


C. QUE IDEAIS ESCOLHER?

5.

Pergunto:
Algum conselho sobre quais os ideais a escolher? A resposta deve ser individual, mas podem dar-se alguns conselhos:

Respondo:
Estar prevenidos face à mediocridade e não autolimitar-se.
Não somos vacas. Somos homens, quer dizer, seres materiais e espirituais. Necessitamos de dispor de ideais altos que levantem a nossa alma do pó do caminho. A dignidade humana necessita de planos espirituais e metas elevadas.

Leitura espiritual Setembro 28


Cartas de São Paulo

Tito - 1

Saudação –
1 Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, em ordem à fé dos eleitos de Deus e ao conhecimento da verdade, que conduz à piedade, 2 na esperança da vida eterna, prometida desde os tempos antigos pelo Deus que não mente 3 e que, no devido tempo, manifestou a sua palavra, pela pregação que me foi confiada por mandato de Deus, nosso Salvador: 4 a Tito, meu verdadeiro filho, pela fé comum, a graça e a paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Salvador.

Qualidades dos presbíteros 
5 Deixei-te em Creta, para acabares de organizar o que ainda falta e para colocares presbíteros em cada cidade, de acordo com as minhas instruções. 6 Cada um deles deve ser irrepreensível, marido de uma só mulher, com filhos crentes, e não acusados de vida leviana ou de insubordinação. 7 Porque é preciso que o bispo, como administrador de Deus, seja irrepreensível, não arrogante, nem colérico, nem dado ao vinho, à violência ou ao lucro desonesto; 8 mas, antes, hospitaleiro, amigo do bem, prudente, justo, piedoso, continente, 9 firmemente enraizado na doutrina da palavra digna de fé, de modo que seja capaz de exortar com sãos ensinamentos e de refutar os contraditores.

Os falsos mestres –
10 Há, de facto, muitos insubordinados, palradores e sedutores, sobretudo entre os da circuncisão, 11 aos quais é preciso tapar a boca, pois transtornam famílias inteiras, ensinando o que não devem, tendo em vista o lucro desonesto. 12 Aliás, como disse um deles, que era profeta, «os cretenses são sempre mentirosos, bestas más e ventres preguiçosos.» 13 E este testemunho é verdadeiro. Portanto, repreende-os severamente, para que tenham uma fé sã, 14 não dando ouvidos a fábulas judaicas e a preceitos de homens que se afastaram da verdade. 15 Tudo é puro para os puros, mas, para os corruptos e os incrédulos, nada é puro, porque a sua mente e a sua consciência estão corrompidas. 16 Proclamam conhecer a Deus, mas negam-no com as obras, revelando-se abomináveis, rebeldes e incapazes de qualquer obra boa.

Amigos de Deus

261
         
Replicou-lhe Simão: «Mestre, trabalhámos durante toda a noite e não apanhámos nada
A resposta de Simão parece razoável.
Costumavam pescar de noite, e precisamente aquela noite tinha sido infrutífera.
Para que haviam de pescar de dia?
Mas Pedro tem fé: «Porém, sobre a tua palavra, lançarei a rede.» Resolve proceder como Cristo lhe sugeriu; compromete-se a trabalhar, fiado na Palavra do Senhor.
E que acontece?
«Tendo feito isto, apanharam tão grande quantidade de peixes, que a sua rede se rompia. Então fizeram sinal aos companheiros que estavam na outra barca, para que os viessem ajudar. Vieram e encheram tanto ambas as barcas, que quase se afundavam».

Ao sair para o mar com os discípulos, Jesus não pensava só nesta pesca.
E por isso, quando Pedro se lança aos Seus pés e confessa com humildade: «Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecado»r, Nosso Senhor respondeu-lhe:« Não temas. De hoje em diante serás pescador de homens
E nessa nova pesca também não faltará a eficácia divina, pois, apesar das suas misérias pessoais, os Apóstolos serão instrumentos de gran­des prodígios

262
        
Os milagres repetem-se

Atrevo-me a assegurar que também o Senhor fará de nós instrumentos capazes de realizar milagres e até, se for preciso, dos mais extraordinários, se lutarmos diariamente por alcançar a santidade, cada um dentro do seu estado, no meio do mundo, no exercício da sua profissão, na vida normal e corrente.
Daremos luz aos cegos...
Quem não poderia contar mil casos de cegos, quase de nascença, que recobraram a vista, recebendo todo o esplendor da luz de Cristo?
E de outros que eram surdos, e outros mudos, que não podiam ouvir ou articular uma palavra como filhos de Deus...
E que purificaram os seus sentidos, e já ouvem, e já se exprimem como homens, não como animais!... In nomine Iesu!, em nome de Jesus, os seus Apóstolos dão agilidade àquele aleijado, que era incapaz de uma acção útil...
E àquele outro, um poltrão, que conhecia as suas obrigações mas não as cumpria... - Em nome do Senhor, surge et ambula!; levanta-te e caminha!
E um outro, já morto, apodrecido, que tresandava a cadáver, também ouviu a voz de Deus, como no milagre do filho da viúva de Naim - Rapaz, eu te ordeno: levanta-te!
Faremos milagres como os de Cristo, milagres como os dos primeiros Apóstolos...
Talvez esses prodígios se tenham dado contigo mesmo, ou comigo... Talvez fôssemos cegos, ou surdos, ou estropiados, ou cheirássemos a cadáver, e a palavra do Senhor nos tivesse levantado da nossa prostração...
Pois bem: se amamos Cristo, se o seguimos com sinceridade, se não nos procuramos a nós mesmos mas tão só a Ele, em seu nome poderemos transmitir a outros de graça, o que de graça nos foi concedido.

263
        
Tenho pregado constantemente sobre esta possibilidade sobrenatural e humana que Deus, nosso Pai, pôs nas mãos dos seus filhos: a de participar na Redenção operada por Cristo.
E enche-me de alegria encontrar esta mesma doutrina nos textos dos Padres da Igreja.
São Gregório Magno explica: “Os cristãos tiram as serpentes, quando ar­rancam o mal do coração dos outros com a exortação ao bem...
A imposição das mãos sobre os enfermos ocorre quando se vê que o próximo enfraquece na prática do bem e se lhe oferece ajuda de mil maneiras, robustecendo-o com a força do exemplo.
Estes milagres são tanto maiores quanto se passam no campo espiritual, dando vida, não aos corpos, mas às almas.
Também vós, se não vos desleixardes, podereis operar estes prodígios com a ajuda de Deus.”

Deus quer que todos se salvem.
Isto é um convite e uma responsabilidade que pesam sobre cada um de nós.
A Igreja não é um reduto de privilegiados.
A grande Igreja será porventura uma exígua parte da Terra?
A grande Igreja é o mundo inteiro.” Assim escrevia Santo Agostinho, acrescentando: “Aonde quer que te dirijas, aí está Cristo. Tens por herança os confins da Terra. Vem! Toma posse dela toda comigo.”

Recordais como estavam as redes? Carregadas, a transbordar. Não cabiam mais peixes.
Deus espera ardentemente que se encha a Sua casa. É Pai e gosta de viver com todos os filhos à sua volta.

264
        
Apostolado na vida corrente

Vejamos agora aquela outra pesca que se deu depois da Paixão e Morte de Jesus Cristo.
Pedro negou três vezes o Mestre e chorou de pena humildemente.
O galo, com o seu canto, recordou-lhe as advertências do Senhor e ele pediu perdão do fundo da alma.
Enquanto espera, contrito, na promessa da Ressurreição, exerce o seu ofício e vai pescar.
A propósito desta pesca, pergunta-se com frequência por que é que Pedro e os filhos de Zebedeu voltaram à ocupação que tinham antes de o Senhor os chamar.
Efectivamente eram pescadores quando o Senhor lhes disse: Segui-me e Eu vos farei pescadores de homens.
Aos que se surpreendem com esta conduta deve-se responder que não estava proibido aos Apóstolos exercer a sua profissão, visto que se tratava de coisa legítima e honesta.

O apostolado, essa ânsia que vibra no íntimo do cristão, não é coisa separada da vida de todos os dias; confunde-se com o próprio trabalho, convertido em ocasião de encontro pessoal com Cristo.
Nesse trabalho, ombro a ombro com os nossos colegas, com os nossos amigos, com os nossos parentes, lutando pelos mesmos interesses, podemos ajudá-los a chegar a Cristo, que nos espera na margem do lago...
Antes de ser apóstolo, pescador.
Também, pescador depois de ser apóstolo.
Antes e depois, a mesma profissão.

265
         
Que mudança há então?
Há mudança na alma, porque nela entrou Cristo, tal como entrou na barca de Pedro.
Abrem-se amplos horizontes, maior ambição de servir e um desejo ir­reprimível de anunciar a todas as criaturas as magnalia Dei, as coisas maravilhosas que o Senhor faz, se lho permitimos.
Aqui não posso deixar de recordar que o trabalho, digamos profissional dos sacerdotes é um ministério divino e público, que abarca exigentemente toda a sua vida.
Pode-se dizer até, de um modo geral, que se a um sacerdote lhe sobra tempo para trabalhos que não sejam propriamente sacerdotais, é certo que não cumpre os deveres do seu ministério.

«Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos. Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Responderam-lhe: Também nós vamos contigo. Foram, pois, e entraram numa barca. Naquela noite nada apanharam. Chegada a manhã, Jesus apresentou-se na praia».

Passa ao lado dos seus Apóstolos, junto daquelas almas que se lhe entregaram...
E eles não se dão conta disso!
Quantas vezes está Cristo, não perto de nós, mas dentro de nós, e temos uma vida tão humana!
Cristo está ao nosso lado e não recebe um olhar de carinho, uma palavra de amor, uma obra de serviço por parte dos seus filhos!






Deus, que te criou sem ti, não te salvará sem ti


Para que não o imites, copio de uma carta este exemplo de covardia: "Antes de mais, agradeço-lhe muito que se lembre de mim, porque necessito de muitas orações. Mas também lhe agradeço que, ao suplicar ao Senhor que me faça “apóstolo”, não se esforce em pedir-Lhe que me exija a entrega da liberdade". (Sulco, 11)

Precisamente por isso, percebo muito bem aquelas palavras do Bispo de Hipona, que soam como um cântico maravilhoso à liberdade: Deus, que te criou sem ti, não te salvará sem ti, porque cada um de nós, tu, eu, temos sempre a possibilidade – a triste desventura – de nos levantarmos contra Deus, de rejeitá-Lo –talvez só com a nossa conduta – ou de exclamar: Não queremos que reine sobre nós . (...)
Queres pensar – pela minha parte também farei o meu exame – se manténs imutável e firme a tua escolha da Vida? Se, ao ouvires essa voz de Deus, amabilíssima, que te estimula à santidade, respondes livremente que sim? Dirijamos o olhar para o nosso Jesus, quando falava às multidões pelas cidades e campos da Palestina. Não pretende impor-Se. «Se queres ser perfeito...», diz ao jovem rico. Aquele rapaz rejeitou o convite e o Evangelho conta que «abiit tristis», que se retirou entristecido. Por isso, alguma vez lhe chamei a ave triste: Perdeu a alegria, porque se negou a entregar a liberdade a Deus. (Amigos de Deus, 23–24)


Pequena agenda do cristão

SeGUNDa-Feira

Pequena agenda do cristão

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça "boa cara" que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?