Páginas

Primeira condição: trabalhar, e trabalhar bem!


Se queremos de verdade santificar o trabalho, é preciso cumprir iniludivelmente a primeira condição: trabalhar, e trabalhar bem!, com seriedade humana e sobrenatural. (Forja, 698)

Na vossa ocupação profissional, corrente e ordinária, encontrareis a matéria – real, consciente, valiosa – para realizar toda a vida cristã, para corresponder à graça que nos vem de Cristo.
Nas vossas ocupações profissionais, realizadas face a Deus, pôr-se-ão em jogo a Fé, a Esperança e a Caridade. Os incidentes, as relações e os problemas que o vosso trabalho traz consigo alimentarão a vossa oração. O esforço por cumprirdes os vossos deveres correntes será o modo de viverdes a Cruz, que é essencial para o Cristão. A experiência da vossa debilidade e os fracassos que existem sempre em todo o esforço humano dar-vos-ão mais realismo, mais humildade, mais compreensão com os outros. Os êxitos e as alegrias convidar-vos-ão a dar graças e a pensar que não viveis para vós mesmos, mas para o serviço dos outros e de Deus.
Para viver assim, para santificar a profissão, é necessário, primeiro que tudo, trabalhar bem, com seriedade humana e sobrenatural. (…) O milagre que o Senhor vos pede é a perseverança na nossa vocação cristã e divina, a santificação do trabalho de cada dia: o milagre de converter a prosa diária em decassílabos, em verso heróico, pelo amor com que realizais a vossa ocupação habitual. Aí vos espera Deus para que sejais almas com sentido de responsabilidade, com zelo apostólico, com competência profissional. (Cristo que passa, 49–50)

Reflexão: Solidariedade


Temas para reflectir e meditar

Cremos que os encontros (...) dão a almas nobres e virtuosas para gozar desta relação humana e cristã que se chama amizade.

O que supõe e desenvolve e a generosidade, o desinteresse, a simpatia, a solidariedade e, especialmente, a possibilidade de sacrifícios mútuos.


(São Paulo VIAlocução, 26.07.1978)

O grande amor de Deus


São Pio de Petrelcina


28 de Julho -

O tempo empregado para a glória de Deus e para a salvação da alma nunca é um tempo mal empregado.


(365 dias com São Pio de Petrelcina)


Pequena agenda do cristão



TeRÇa-Feira

PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?


Orações sugeridas:

salmo ii

Regnum eius regnum sempiternum est et omnes reges servient et obedient. 
Quare fremerunt gentes et populi meditati sunt inania?
Astiterum reges terrae et principes convenerunt in unum adversus Dominum et adversus christum eius.
Dirumpamus vincula eorum et proiciamos a nobis iugum ipsorum.
Qui habitabit in caelis, irridebit eos, Dominus subsanabit eos.
Ego autem constitui regem meum super sion montem sanctum meum.
Praedicabo decretum eius Dominus dixit ad me: filius meus es tu; ego hodie genui te.
Postula a me, et dabo tibi gentes hereditatem tuam et possessionem tuam terminos terrae.
Reges eos in virga ferrea et tamquam vas figuli confringes eos.
Et nunc, reges, intelegite, erudimini, qui indicatis terram.
Servite Domino in timore et exultate ei cum tremore.
Apprehendite disciplinam ne quando irascatur et pereatis via, cum exarcerit in brevi ira eius.
Beati omnes qui confident in eo.
Gloria Patri...
Regnum eius regnum sempiternum est et omnes reges servient et obedient.
Oremus:
Omnipotens et sempiterne Deus qui in dilecto Filio Tuo universorum rege omnia instaurare voluisti concede propitius ut cunctae familiae gentium pecati vulnere disgregatae eius suavissimo subdantur imperio: Qui tecum vivit et regnat in unitate Spiritus Sancti Deus, per omnia saecula saeculorum.

Exame Pessoal

Sabes Senhor, qual é, talvez a minha maior fraqueza? É pensar em demasiado mim, nos meus problemas, nas minhas tristezas, naquilo que me acontece e no que gostaria me acontecesse. Nas voltas e reviravoltas que dou sobre mim mesmo, sobre a minha vida.
E os outros? Sim, os outros que rezam por mim, que se interessam por mim, que têm paciência para comigo, que me desculpam as minhas faltas e as minhas fraquezas, que estão sempre prontos a ouvir-me a atender-me, que não se importam de esperar que eu os compense pelo bem que me fazem, que não me pressionam para que pague o que me emprestam, que não me criticam nem julgam com a severidade que mereço.
Ajuda-me Senhor, a ser, pelo menos reconhecido e a devolver o bem que recebo e, além disso a não julgar, a não emitir opinião, critica ou conceito, vendo nos outros, a maior parte das vezes, os defeitos e fraquezas que eu próprio possuo.[i]

Senhor, ajuda-me a pensar nos outros em vez de estar aqui, mergulhado nos meus problemas, girando à volta de mim mesmo, concentrado apenas no que me diz respeito. Os outros! Todos os outros. Os que conheço, de quem sou amigo ou familiar e aqueles que me são desconhecidos. São Teus filhos como eu, logo, todos são meus irmãos. Se somos irmãos somos também herdeiros, convém, portanto que me preocupe com aqueles que vão partilhar a herança comigo.[ii]

Noverim me

Oh Deus que me conheces perfeitamente tal como sou, ajuda-me a conhecer-me a mim mesmo, para que possa combater com eficácia os enormes defeitos do meu carácter, em particular...
Chamaste-me, Senhor, pelo meu nome e eu aqui estou: com as minhas misérias, as minhas debilidades, com palavras maiores que os actos, intenções mais vastas que as obras e desejos que ultrapassam a vontade.
Porque não sou nada, não valho nada, não sei nada e não posso nada, entrego-me totalmente nas Tuas mãos para que, por intercessão de minha Mãe, Maria Santíssima, de São José, meu Pai e Senhor, do Anjo da Minha Guarda e de São Josemaria, possa adquirir um espírito de luta perseverante.[iii]
   
Meu Senhor e meu Deus, tira-me tudo o que me afaste de Ti.
Meu Senhor e meu Deus, dá-me tudo o que me aproxime de Ti
Meu Senhor e meu Deus, desapega-me de mim mesmo, para que eu me dê todo a ti.
Eu sei que podeis tudo e que, para Vós, nenhum projecto é impossível.[iv]

Faz-me santo, meu Deus, ainda que seja à força.[v]

Nada te perturbe / nada te atemorize Tudo passa / Deus não muda A paciência tudo alcança / Quem a Deus tem Nada falta / só Deus basta.[vi]

Leitura espiritual


Cartas e São Paulo

Romanos

II. A VIDA DE ACORDO COM O EVANGELHO
(12,1-15,13)

12 O culto espiritual –
1 Por isso, vos exorto, irmãos, pela misericórdia de Deus, a que ofereçais os vossos corpos como sacrifício vivo, santo, agradável a Deus. Seja este o vosso verdadeiro culto, o espiritual. 2 Não vos acomodeis a este mundo. Pelo contrário, deixai-vos transformar, adquirindo uma nova mentalidade, para poderdes discernir qual é a vontade de Deus: o que é bom, o que lhe é agradável, o que é perfeito.

Ao serviço da comunidade –
3 Assim, em virtude da graça que me foi dada, digo a todos e a cada um de vós que não se sinta acima do que deve sentir-se; mas sinta-se preocupado em ser sensato, de acordo com a medida de fé que Deus distribuiu a cada um. 4 É que, como num só corpo, temos muitos membros, mas os membros não têm todos a mesma função, 5 assim acontece connosco: os muitos que somos formamos um só corpo em Cristo, mas, individualmente, somos membros que pertencem uns aos outros. 6 Temos dons que, consoante a graça que nos foi dada, são diferentes: se é o da profecia, que seja usado em sintonia com a fé; 7 se é o do serviço, que seja usado a servir; se um tem o de ensinar, que o use no ensino; 8 se outro tem o de exortar, que o use na exortação; quem reparte, faça-o com generosidade; quem preside, faça-o com dedicação; quem pratica a misericórdia, faça-o com alegria.

O amor faz o bem –
9 Que o vosso amor seja sincero. Detestai o mal e apegai-vos ao bem. 10 Sede afectuosos uns para com os outros no amor fraterno; adiantai-vos uns aos outros na estima mútua. 11 Não sejais preguiçosos na vossa dedicação; deixai-vos inflamar pelo Espírito; entregai-vos ao serviço do Senhor. 12 Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação, perseverantes na oração. 13 Partilhai com os santos que passam necessidade; aproveitai todas as ocasiões para serdes hospitaleiros. 14 Bendizei os que vos perseguem; bendizei, não amaldiçoeis. 15 Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram. 16 Preocupai-vos em andar de acordo uns com os outros; não vos preocupeis com as grandezas, mas entregai-vos ao que é humilde; não vos julgueis sábios por vós próprios. 17 Não pagueis a ninguém o mal com o mal; interessai-vos pelo que é bom diante de todos os homens. 18 Tanto quanto for possível e de vós dependa, vivei em paz com todos os homens. 19 Não vos vingueis por vós próprios, caríssimos; mas deixai que seja Deus a castigar, pois está escrito: É a mim que compete punir, Eu é que hei-de retribuir, diz o Senhor. 20  Em vez disso, se o teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer; se tem sede, dá-lhe de beber; porque, se fizeres isso, amontoarás carvões em brasa sobre a sua cabeça. 21 Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.


 
Amigos de Deus

7            
É bem certo que se trata de um objectivo elevado e árduo. Mas não se esqueçam de que o santo não nasce: forja-se no jogo contínuo da graça divina e da correspondência humana.
Um dos escritores cristãos dos primeiros séculos adverte, referindo-se à união com Deus: Tudo o que se desenvolve começa por ser pequeno.
Ao alimentar-se gradualmente, com constantes progressos, é que chega a ser grande.
Por isso te digo que, se quiseres portar-te como um cristão coerente - sei que estás disposto a isso, embora te custe tantas vezes vencer-te ou puxar por esse pobre corpo - deves ter muito cuidado com os mais pequenos pormenores, porque a santidade que Nosso Senhor te exige atinge-se realizando com amor de Deus o trabalho e as obrigações de cada dia, que se compõem quase sempre de pequenas realidades.

8            
Coisas pequenas e vida de infância

Pensando naqueles que, à medida que o tempo passa, ainda se dedicam a sonhar -em sonhos vãos e pueris, como Tartarin de Tarascon - com caçar leões nos corredores de casa, onde se calhar só há ratos e pouco mais, pensando neles, insisto, lembro a grandeza de actuar com espírito divino no cumprimento fiel das obrigações habituais de cada dia, com essas lutas que enchem Nosso Senhor de alegria e que só Ele e cada um de nós conhece.

Convençam-se de que normalmente não vão encontrar ocasiões para grandes façanhas, entre outros motivos porque não é habitual que surjam essas oportunidades.
Pelo contrário, não faltam ocasiões de demonstrar o amor a Jesus Cristo, através do que é pequeno, do normal.
A grandeza da alma também se demonstra nas coisas diminutas, comenta S. Jerónimo.
Não admiramos o Criador apenas no céu e na terra, no sol e no oceano, nos elefantes, camelos, bois, cavalos, leopardos, ursos e leões; mas também nos animais minúsculos como formigas, mosquitos, moscas, vermes e outros animais semelhantes, que distinguimos melhor pelos corpos do que pelos nomes: admiramos a mesma mestria tanto nos grandes como nos pequenos.
Assim, a alma que se dá a Deus dedica às coisas menores o mesmo fervor que às maiores.

9            
Ao meditar as palavras de Nosso Senhor: Por amor deles santifico-me a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade, percebemos claramente o nosso único fim: a santificação, isto é, que temos de ser santos para santificar.
Simultaneamente, como tentação subtil, talvez nos assalte o pensamento de que muito poucos estamos decididos a responder a esse convite divino, além de nos vermos como instrumentos de muito fraca categoria.
É verdade, somos poucos, em comparação com o resto da humanidade e pessoalmente não valemos nada; mas a afirmação do Mestre ressoa com autoridade: o cristão é luz, sal, fermento do mundo e um pouco de fermento faz levedar toda a massa.
Precisamente por isso, tenho pregado sempre que nos interessam todas as almas - as cem que há num cento - sem nenhuma espécie de discriminações, com a certeza de que Jesus Cristo nos redimiu a todos e quer servir-se de alguns de nós, apesar da nossa nulidade pessoal, para darmos a conhecer esta salvação.


Um discípulo de Jesus nunca trata ninguém mal; chama erro ao erro, mas deve corrigir com afecto o que erra: se não, não pode ajudá-lo, não pode santificá-lo.
Temos que conviver, temos que compreender, temos que desculpar, temos que ser fraternos; e, como aconselhava S. João da Cruz, temos que pôr amor, onde não há amor, para tirar amor, sempre, mesmo nas circunstâncias aparentemente intranscendentes que o trabalho profissional e as relações familiares e sociais nos proporcionam.
Portanto, tu e eu vamos aproveitar até as oportunidades mais banais que se apresentarem à nossa volta, para santificá-las, para nos santificarmos e para santificar os que compartilham connosco os mesmos afãs quotidianos, sentindo nas nossas vidas o peso doce e sugestivo da co-redenção.

10
         
Vou continuar esta conversa diante de Nosso Senhor, com uma nota que utilizei há uns anos e que mantém a actualidade.
Recolhi então umas considerações de Teresa de Ávila: tudo o que se acaba e não contenta Deus é nada e menos que nada.
Compreendem porque é que uma alma deixa de saborear a paz e a serenidade quando se afasta do seu fim, quando se esquece de que Deus a criou para a santidade?
Esforcem-se por nunca perder este ponto de mira sobrenatural, nem sequer nos momentos de diversão ou de descanso, tão necessários como o trabalho na vida de cada um.

Bem podem chegar ao cume da vossa actividade profissional, alcançar os triunfos mais retumbantes, como fruto da livre iniciativa com que exercem as actividades temporais; mas se abandonarem o sentido sobrenatural que tem de presidir todo o nosso trabalho humano, enganaram-se lamentavelmente no caminho.

11
         
Permitam-me uma pequena digressão que vem muito a propósito.
Nunca perguntei a opinião política a nenhum dos que vêm ter comigo: não me interessa!
Com esta minha norma de conduta, manifesto uma realidade que está muito metida no âmago do Opus Dei, ao qual me dediquei completamente, com a graça e a misericórdia divina, para servir a Santa Igreja.
Não me interessa esse tema porque os cristãos gozam da mais completa liberdade, com a consequente responsabilidade pessoal, para intervir como lhes parecer melhor em questões de índole política, social, cultural, etc., sem outros limites além dos que o Magistério da Igreja indica.
Só ficaria preocupado - pelo bem dessas almas - se não respeitassem tais marcas, porque teriam criado uma vincada oposição entre a fé que afirmam professar e as obras: e, nessa altura, teria que lhes chamar a atenção com clareza.
Este sacrossanto respeito pelas vossas opções, desde que elas não afastem da lei de Deus, não se entende.
Não o entende quem ignora o verdadeiro conceito da liberdade que Cristo nos ganhou na Cruz, qua libertate Christus nos liberavit, quem for sectário de um e de outro extremo, quem pretender impor as suas opiniões temporais como dogmas. Também não o entende quem degrada o homem, ao negar o valor da fé, colocando-a à mercê dos erros mais brutais.

12 
        
Mas voltemos ao nosso tema.
Dizia-lhes que bem podem alcançar os êxitos mais espectaculares no terreno profissional, na actuação pública, nos afazeres profissionais, mas se se descuidarem interiormente e se afastarem de Nosso Senhor, o fim será um fracasso rotundo.
Perante Deus, que é o que conta em última análise, quem luta por comportar-se como um cristão autêntico, é que consegue a vitória: não existe uma solução intermédia.
Por isso vocês conhecem tantas pessoas que deviam sentir-se muito felizes, ao julgar a sua situação de um ponto de vista humano e, no entanto, arrastam uma existência inquieta, azeda; parece que vendem alegria a granel, mas aprofunda-se um pouco nas suas almas e fica a descoberto um sabor acre, mais amargo que o fel.
Isto não há-de acontecer a nenhum de nós, se deveras tratarmos de cumprir constantemente a Vontade de Deus, de dar-lhe glória, de louvá-lo e de espalhar o seu reinado entre todas as criaturas.