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17/07/2020

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NUNC COEPI







Se alguém não luta...


A alegria é um bem cristão, que possuímos enquanto lutarmos, porque é consequência da paz. A paz é fruto de ter vencido a guerra, e a vida do homem sobre a terra, lemos na Escritura Santa, é luta. (Forja, 105)

A tradição da Igreja sempre se referiu aos cristãos como milites Christi, soldados de Cristo; soldados que dão serenidade aos outros enquanto combatem continuamente contra as suas próprias más inclinações. Às vezes, por falta de sentido sobrenatural, por uma descrença prática, não querem compreender de forma alguma como milícia a vida na Terra. Insinuam maliciosamente que, se nos consideramos milites Christi, há o perigo de utilizarmos a fé para fins temporais de violência, de sedições. Esse modo de pensar é um triste e pouco lógico simplismo, que costuma andar unido ao comodismo e à cobardia.
Nada há de mais estranho à fé católica do que o fanatismo. Este conduz a estranhas confusões, com os mais diversos matizes, entre o que é profano e o que é espiritual. Tal perigo não existe, se a luta se entende como Cristo no-la ensinou, isto é, como guerra de cada um consigo mesmo, como esforço sempre renovado por amar mais a Deus, por desterrar o egoísmo, por servir todos os homens. Renunciar a esta contenda, seja com que desculpa for, é declarar-se de antemão derrotado, aniquilado, sem fé, com a alma caída e dissipada em complacências mesquinhas.
Para o cristão, o combate espiritual diante de Deus e de todos os irmãos na fé é uma necessidade, uma consequência da sua condição. Por isso, se alguém não luta, está a trair Jesus Cristo e todo o Corpo Místico, que é a Igreja. (Cristo que passa, 74)

Temas para reflectir e meditar

Contradição dos bons

“A contradição dos bons” – a expressão cunhou-a o Fundador do Opus Dei, que a experimentou dolorosamente na sua vida – é prova que Deus permite algumas vezes e que se torna particularmente penosa para o que cristão a quem lhe cabe em sorte. Os seus motivos costumam ser paixões demasiado humanas que podem torcer o bom juízo e intenção limpa de homens que professam a mesma fé e formam o mesmo Povo de Deus. Há por vezes ciúmes em vez de zelo pelas almas. Emulação indiscreta que olha com inveja e considera como um mal o bem feito aos outros. Pode também ser dogmatismo estreito que recusa reconhecer aos outros o direito de pensar de maneiras diferentes em matérias deixadas por Deus ao livre juízo dos homens (…). A contradição dos “bons” (…) costuma manifestar-se em desamor para com os irmãos na fé, oposição larvar aos seus trabalhos e crítica destrutiva.

(J. Orlandis8 Bienaventuranzas, p.150, trad ama)

SACRAMENTOS


Eucaristia

A Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, a actualização do seu único sacrifício, na liturgia da Igreja.

A Eucaristia (I)

1. Natureza sacramental da Santíssima Eucaristia

1.1. O que é a Eucaristia?

A Eucaristia é o sacramento que torna presente, na celebração litúrgica da Igreja, a Pessoa de Jesus Cristo (Cristo total: Corpo, Sangue, Alma e Divindade) e o seu sacrifício redentor, na plenitude do Mistério Pascal, da sua paixão, morte e ressurreição.

Esta presença não é estática ou passiva (como a de um objecto num lugar), mas activa, porque o Senhor Se torna presente com o dinamismo do seu amor salvador: na Eucaristia Ele convida-nos a acolher a salvação que nos oferece e a receber o dom do seu Corpo e do seu Sangue como alimento de vida eterna, permitindo-nos entrar em comunhão com Ele – com a sua Pessoa e o seu sacrifício – e em comunhão com todos os membros do seu Corpo Místico que é a Igreja.

Com efeito, como afirma o Concílio Vaticano II, «O nosso Salvador instituiu na última Ceia, na noite em que foi entregue, o Sacrifício eucarístico do seu Corpo e do seu Sangue para perpetuar pelo decorrer dos séculos, até Ele voltar, o Sacrifício da cruz, confiando à Igreja, sua esposa amada, o memorial da sua morte e ressurreição: sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade, banquete pascal em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é concedido o penhor da glória futura» [i].


(Revisão da versão portuguesa por ama)


[i] Concílio Vaticano II, Const. Sacrosanctum Concilium, 47.

Pequena agenda do cristão

Sexta-Feira

PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?




LEITURA ESPIRITUAL


ACTOS DOS APÓSTOLOS 

III. MISSÕES DE PAULO

2.ª Viagem Missionária -

17 Em Tessalónica. Dificuldades com os judeus –
1 Passando por Anfípole e Apolónia, chegaram a Tessalónica, onde os judeus tinham uma sinagoga. 2 Segundo o seu costume, Paulo foi lá procurá-los e, durante três sábados, discutiu com eles acerca das Escrituras, 3 explicando-as e provando que o Messias tinha de sofrer e de ressuscitar dos mortos. «E o Messias - dizia ele - é este Jesus que vos anuncio.» 4 Alguns deles ficaram convencidos e reuniram-se a Paulo e Silas, bem como grande número de crentes gregos e muitas mulheres de categoria social. 5 Mas os judeus, cheios de inveja, aliciaram alguns indivíduos da escória do povo, provocaram ajuntamentos e espalharam a agitação pela cidade. Assaltaram a casa de Jasão, à procura de Paulo e Silas, para os levarem à assembleia do povo. 6 Não os tendo encontrado, arrastaram Jasão e alguns dos irmãos à presença dos politarcas, gritando: «Aqui estão os homens que alvoroçaram o mundo inteiro, 7 e Jasão recebeu-os em sua casa. Todos eles estão em oposição aos éditos de César, pois afirmam que há outro rei, Jesus.» 8 Impressionaram de tal maneira o povo e os politarcas com os seus clamores, 9 que estes só depois de exigirem uma caução de Jasão e dos outros, os libertaram.

Em Bereia –
10 Os irmãos fizeram com que Paulo e Silas partissem imediatamente, de noite, para Bereia. Ao chegarem, dirigiram-se à sinagoga dos judeus. 11 Estes tinham sentimentos mais nobres do que os de Tessalónica, e acolheram a palavra com maior interesse. Examinavam diariamente as Escrituras para verificarem se tudo era, de facto, assim. 12 Muitos deles abraçaram a fé, bem como, de entre os gregos, senhoras das mais distintas e não poucos homens. 13 Mas, quando os judeus de Tessalónica souberam que Paulo também anunciava a palavra de Deus em Bereia, foram lá provocar a agitação e a discórdia entre o povo. 14 Os irmãos convenceram Paulo a partir em direcção ao mar. Quanto a Silas e a Timóteo, ficaram lá. 15 Os que acompanhavam Paulo levaram-no a Atenas e regressaram, incumbidos de transmitir a Silas e a Timóteo a ordem de irem reunir-se a Paulo o mais rapidamente possível.

Paulo em Atenas –
16 Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o espírito fremia-lhe de indignação, ao ver a cidade repleta de ídolos. 17 Discutia na sinagoga com os judeus e prosélitos e, na praça pública, todos os dias, com os que lá apareciam. 18 Até alguns filósofos epicuristas e estóicos trocavam impressões com ele. Uns diziam: «Que quererá dizer este papagaio?» Outros: «Parece que é um pregoeiro de deuses estrangeiros.» Isto, porque Paulo anunciava a Boa-Nova de Jesus e a ressurreição. 19 Levaram-no com eles ao Areópago e disseram-lhe: «Poderemos saber que nova doutrina é essa que ensinas? 20 O que nos dizes é muito estranho e gostaríamos de saber o que isso quer dizer.» 21 Na verdade, tanto os atenienses como os estrangeiros residentes em Atenas não passavam o tempo noutra coisa, senão a dizer ou a escutar as últimas novidades.

Discurso no Areópago –
22 De pé, no meio do Areópago, Paulo disse, então: «Atenienses, vejo que sois, em tudo, os mais religiosos dos homens. 23 Percorrendo a vossa cidade e examinando os vossos monumentos sagrados, até encontrei um altar com esta inscrição: 'Ao Deus desconhecido.' Pois bem! Aquele que venerais sem o conhecer é esse que eu vos anuncio. 24 O Deus que criou o mundo e tudo quanto nele se encontra, Ele, que é o Senhor do Céu e da Terra, não habita em santuários construídos pela mão do homem, 25 nem é servido por mãos humanas, como se precisasse de alguma coisa, Ele, que a todos dá a vida, a respiração e tudo mais. 26 Fez, a partir de um só homem, todo o género humano, para habitar em toda a face da Terra; e fixou a sequência dos tempos e os limites para a sua habitação, 27 a fim de que os homens procurem a Deus e se esforcem por encontrá-lo, mesmo tacteando, embora não se encontre longe de cada um de nós. 28 É nele, realmente, que vivemos, nos movemos e existimos, como também o disseram alguns dos vossos poetas: 'Pois nós somos também da sua estirpe.' 29 Se nós somos da raça de Deus, não devemos pensar que a Divindade é semelhante ao ouro, à prata ou à pedra, trabalhados pela arte e engenho do homem. 30 Sem ter em conta estes tempos de ignorância, Deus faz saber, agora, a todos os homens e em toda a parte, que todos têm de se arrepender, 31 pois fixou um dia em que julgará o universo com justiça, por intermédio de um Homem, que designou, oferecendo a todos um motivo de crédito, com o facto de o ter ressuscitado de entre os mortos.» 32 Ao ouvirem falar da ressurreição dos mortos, uns começaram a troçar, enquanto outros disseram: «Ouvir-te-emos falar sobre isso ainda outra vez.» 33 Foi assim que Paulo saiu do meio deles. 34 Alguns dos homens, no entanto, concordaram com ele e abraçaram a fé, entre os quais Dionísio, o areopagita, e também uma mulher de nome Dâmaris e outros com eles.


Amigos de Deus


21
         
Na barca de Cristo

Como a Nosso Senhor, também a mim me agrada muito falar de barcas e de redes, para todos tirarmos propósitos firmes e concretos dessas cenas evangélicas. 
S. Lucas conta-nos que uns pescadores lavavam e remendavam as redes à beira do lago de Genesaré. Jesus aproxima-se de uma daquelas naves atracadas na margem e sobe a uma delas, a de Simão.
Com que naturalidade se mete o Mestre na vida de cada um de nós para nos complicar a vida, como se repete por aí em tom de queixa. Nosso Senhor cruzou-se convosco e comigo no nosso caminho, para nos complicar a existência, delicadamente, amorosamente. 
Depois de pregar da barca de Pedro, dirige-se aos pescadores: duc in altum, et laxate retia vestra in capturam, remai para o mar alto e lançai as redes! 
Fiados na palavra de Cristo, obedecem e obtêm aquela pesca prodigiosa.
Olhando para Pedro que, como Tiago e João, estava pasmado, Nosso Senhor explica-lhe: não tenhas medo; desta hora em diante serás pescador de homens.
E, trazidas as barcas para terra, deixando tudo, seguiram-no. 
A tua barca - os teus talentos, as tuas aspirações, os teus êxitos - não vale para nada, a não ser que a ponhas à disposição de Jesus Cristo, que permitas que Ele possa entrar nela com liberdade, que não a convertas num ídolo.
Sozinho, com a tua barca, se prescindires do Mestre, sobrenaturalmente falando, encaminhas-te directamente para o naufrágio.
Só se admitires, se procurares a presença e o governo de Nosso Senhor, estarás a salvo das tempestades e dos reveses da vida.
Põe tudo nas mãos de Deus: que os teus pensamentos, as aventuras boas da tua imaginação, as tuas ambições humanas nobres, os teus amores limpos, passem pelo coração de Cristo.
De outra forma, mais tarde ou mais cedo, irão a pique com o teu egoísmo.

22
         
Se consentires que Deus seja o senhor da tua nave, que Ele seja o amo, que segurança!..., mesmo quando a tempestade se levanta no meio das trevas mais escuras e parece que Ele se ausenta, que está a dormir, que não se preocupa. 
S. Marcos relata que os Apóstolos se encontravam nessas circunstâncias; e Jesus, vendo-os cansados de remar (porque o vento lhes era contrário), cerca da quarta vigília da noite foi ter com eles, andando sobre o mar...
Tende confiança, sou eu, não temais.
E subiu para a barca, para junto deles e cessou o vento. 
Meus filhos, acontecem tantas coisas na terra...! 
Podia pôr-me a falar de penas, de sofrimentos, de maus tratos, de martírios - não tiro nem uma letra -, do heroísmo de muitas almas.
Aos nossos olhos, na nossa inteligência, surge às vezes a impressão de que Jesus dorme, de que não nos ouve; mas S. Lucas narra como Nosso Senhor se comporta com os seus:
Enquanto iam navegando, Jesus adormeceu e levantou-se uma tempestade de vento sobre o lago e a barca enchia-se de água e estavam em perigo.
Aproximando-se dele, despertaram-no dizendo: Mestre, nós perecemos!
Ele, levantando-se, increpou o vento e as ondas, que acalmaram e veio a bonança.
Então disse-lhes: onde está a vossa fé? 
Se nos dermos, Ele dá-se-nos.
Temos de confiar plenamente no Mestre, temos de nos abandonar nas suas mãos sem mesquinhez; de lhe manifestar, com as nossas obras, que a barca é dele, que queremos que disponha à vontade de tudo o que nos pertence. 
Termino, recorrendo à intercessão de Santa Maria, com estes propósitos: viver de fé; perseverar com esperança; permanecer unidos a Jesus Cristo, amá-lo de verdade, de verdade, de verdade; percorrer e saborear a nossa aventura de Amor, pois estamos apaixonados por Deus; deixar que Cristo entre na nossa pobre barca e tome posse da nossa alma como Dono e Senhor; manifestar-lhe com sinceridade que havemos de nos esforçar por nos mantermos sempre na sua presença, de dia e de noite, porque Ele nos chamou à fé: ecce ego quia vocasti me! e que vimos ao seu redil atraídos pela sua voz e pelos seus assobios de Bom Pastor, com a certeza de que só à sua sombra encontraremos a verdadeira felicidade temporal e eterna.

23
         
Tenho recordado com frequência aquela cena comovedora que o Evangelho nos relata: Jesus está na barca de Pedro, de onde tinha falado ao povo.
Essa multidão que o seguia moveu o afã de almas que consome o seu Coração e o Divino Mestre quer que os discípulos participem quanto antes desse zelo. Depois de lhes dizer que se façam ao largo - duc in altum! - sugere a Pedro que lance as redes para pescar.
    Não me vou demorar agora nos pormenores, tão instrutivos, desses momentos.
Desejo que consideremos a reacção do Príncipe dos Apóstolos perante o milagre: afasta-te de mim, Senhor, que sou um homem pecador. É uma verdade - disso não tenho dúvidas - que se ajusta perfeitamente à situação pessoal de todos.
No entanto, asseguro-vos que, ao tropeçar durante a minha vida com tantos prodígios da graça, realizados através de mãos humanas, tenho-me sentido inclinado, diariamente cada vez mais inclinado, a gritar: Senhor, não te afastes de mim, pois sem Ti não posso fazer nada de bom.
 Precisamente por isso, percebo muito bem aquelas palavras do Bispo de Hipona, que soam como um cântico maravilhoso à liberdade: Deus, que te criou sem ti, não te salvará sem ti, porque cada um de nós, tu, eu, temos sempre a possibilidade - a triste desventura - de nos levantarmos contra Deus, de rejeitá-lo - talvez só com a nossa conduta - ou de exclamar: não queremos que reine sobre nós.

24
          
Escolher a vida

Agradecidos por nos apercebermos da felicidade a que estamos chamados, aprendemos que todas as criaturas foram tiradas do nada por Deus e para Deus: as racionais, os homens, apesar de tão frequentemente perdermos a razão; e as irracionais, as que percorrem a superfície da terra, ou habitam as entranhas do mundo, ou cruzam o azul do céu, algumas delas até fitarem o Sol. Mas, no meio desta maravilhosa variedade, só nós, homens -não falo aqui dos anjos - nos unimos ao Criador pelo exercício da nossa liberdade, podendo prestar ou negar a Nosso Senhor a glória que lhe corresponde como Autor de tudo o que existe.
 Essa possibilidade é a principal componente do claro-escuro da liberdade humana.
Nosso Senhor convida-nos e anima-nos a escolher o bem, porque nos ama profundamente.
Considera que ponho hoje diante de ti, dum lado, a vida e o bem, do outro, a morte e o mal.
Recomendo-te que ames o Senhor teu Deus, que andes nos seus caminhos, que guardes os seus preceitos, as suas leis e os seus decretos.
Se assim fizeres, viverás...
Escolhe, pois, a vida para que vivas.
 Queres pensar - pela minha parte também farei o meu exame - se manténs imutável e firme a tua escolha da Vida?
 Se, ao ouvires essa voz de Deus, amabilíssima, que te estimula à santidade, respondes livremente que sim?
 Dirijamos o olhar para o nosso Jesus, quando falava às multidões pelas cidades e campos da Palestina.
Não pretende impor-se.
Se queres ser perfeito..., diz ao jovem rico.
Aquele rapaz rejeitou o convite e o Evangelho conta que abiit tristis , que se retirou entristecido.
Por isso, alguma vez lhe chamei a ave triste: perdeu a alegria, porque se negou a entregar a liberdade a Deus.

25
          
Consideremos agora o momento sublime em que o Arcanjo São Gabriel anuncia a Santa Maria o desígnio do Altíssimo.
 A nossa Mãe ouve e interroga para compreender melhor aquilo que Nosso Senhor lhe pede; depois, surge a resposta firme: Fiat! - faça-se em mim segundo a tua palavra! -, o fruto da melhor liberdade: a de se decidir por Deus.
 Em todos os mistérios da nossa fé católica paira esse cântico à liberdade.
 A Santíssima Trindade tira do nada o mundo e o homem, num livre esbanjamento de amor.
O Verbo desce do Céu e assume a nossa carne com este selo maravilhoso da liberdade na submissão: eis que venho, segundo está escrito de mim no princípio do livro, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Quando chega a hora marcada por Deus para salvar a humanidade da escravidão do pecado, contemplamos Jesus Cristo em Getsémani, sofrendo terrivelmente até derramar um suor de sangue e aceitando rendida e espontaneamente o sacrifício que o Pai lhe reclama: como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda diante dos tosquiadores.
Já o tinha anunciado aos seus, numa daquelas conversas em que abria o Coração, com a finalidade de que aqueles que o amam conheçam que Ele é o Caminho - não há outro - para se aproximarem do Pai: por isso o meu Pai me ama, porque dou a minha vida para outra vez a assumir. Ninguém ma tira, mas Eu é que a dou por minha própria vontade e tenho o poder de a dar e o poder de a recobrar.