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05/04/2020

Temas para meditar e reflectir

As coisas de sempre

O que são “as coisas de sempre”?

Não parece haver grandes dúvidas: é tudo aquilo que acontece na nossa vida – que nos acontece – e que somos levados a julgar, por vezes como novidade, um facto novo que tem de ser encarado numa perspectiva única, mas que, realmente, depois de nos determos um pouco, verificamos que é como que uma repetição de algo que já aconteceu, com que nos deparámos.


Porque, na nossa vida, as “coisas de sempre” repetem-se com um ritmo às vezes assustador, porque pensamos que “tal fase já passou” e nos surpreendemos quando volta a acontecer exactamente o mesmo passado – às vezes – bastante tempo.


Porquê?

Pela maravilha que é a nossa mente, imaginação, memória, recordações…


E, o interessante e benéfico, é tentar lembrar com, na altura, lidámos com essa situação, se a resolvemos ou, cobardemente, às vezes, resolvemos ignorá-la e deixar para mais tarde a solução.


Devemos encarar esta realidade como uma nova oportunidade de rever algo que considerávamos, talvez, esquecido ou solucionado.


Deus dá sempre novas oportunidades ao homem para que solucione as questões por resolver.


A Magnanimidade divina vai ao ponto de “esperar” sem “pressas” que tal aconteça.


Há que estar atento e não desperdiçar essa extraordinária benesse.

AMA, reflexões, 20.07.2018


LEITURA ESPIRITUAL

COMENTANDO OS EVANGELHOS

SÃO MATEUS

Cap V


1 Ao ver a multidão, Jesus subiu a um monte. Depois de se ter sentado, os discípulos aproximaram-se dele. 2 Então tomou a palavra e começou a ensiná-los, dizendo: 3 «Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu. 4 Felizes os que choram, porque serão consolados. 5 Felizes os mansos, porque possuirão a terra. 6 Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. 7 Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. 8 Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. 9 Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus. 10 Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu. 11 Felizes sereis, quando vos insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós, por minha causa.12 Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa no Céu; pois também assim perseguiram os profetas que vos precederam.» 13«Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se corromper, com que se há-de salgar? Não serve para mais nada, senão para ser lançado fora e ser pisado pelos homens. 14 Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; 15 nem se acende a candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas sim em cima do candelabro, e assim alumia a todos os que estão em casa. 16 Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu.» 17 «Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas. Não vim revogá-los, mas levá-los à perfeição. 18 Porque em verdade vos digo: Até que passem o céu e a terra, não passará um só jota ou um só ápice da Lei, sem que tudo se cumpra. 19 Portanto, se alguém violar um destes preceitos mais pequenos, e ensinar assim aos homens, será o menor no Reino do Céu. Mas aquele que os praticar e ensinar, esse será grande no Reino do Céu. 20 Porque Eu vos digo: Se a vossa justiça não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, não entrareis no Reino do Céu.» 21 «Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás. Aquele que matar terá de responder em juízo. 22 Eu, porém, digo-vos: Quem se irritar contra o seu irmão será réu perante o tribunal; quem lhe chamar ‘imbecil’ será réu diante do Conselho; e quem lhe chamar ‘louco’ será réu da Geena do fogo. 23 Se fores, portanto, apresentar uma oferta sobre o altar e ali te recordares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24 deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; depois, volta para apresentar a tua oferta. 25 Com o teu adversário mostra-te conciliador, enquanto caminhardes juntos, para não acontecer que ele te entregue ao juiz e este à guarda e te mandem para a prisão. 26 Em verdade te digo: Não sairás de lá até que pagues o último centavo.» 27«Ouvistes o que foi dito: Não cometerás adultério. 28 Eu, porém, digo-vos que todo aquele que olhar para uma mulher, desejando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração. 29 Portanto, se a tua vista direita for para ti origem de pecado, arranca-a e lança-a fora, pois é melhor perder-se um dos teus órgãos do que todo o teu corpo ser lançado à Geena. 30 E se a tua mão direita for para ti origem de pecado, corta-a e lança-a fora, porque é melhor perder-se um só dos teus membros do que todo o teu corpo ser lançado à Geena.» 31«Também foi dito: Aquele que se divorciar da sua mulher, dê-lhe documento de divórcio. 32 Eu, porém, digo-vos: Aquele que se divorciar da sua mulher - excepto em caso de união ilegal - expõe-na a adultério, e quem casar com a divorciada comete adultério.» 33 «Do mesmo modo, ouvistes o que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás diante do Senhor os teus juramentos. 34 Eu, porém, digo-vos: Não jureis de maneira nenhuma: nem pelo Céu, que é o trono de Deus, 35 nem pela Terra, que é o estrado dos seus pés, nem por Jerusalém, que é a cidade do grande Rei. 36 Não jures pela tua cabeça, porque não tens poder de tornar um só dos teus cabelos branco ou preto. 37 Seja este o vosso modo de falar: Sim, sim; não, não. Tudo o que for além disto procede do espírito do mal.» 38 «Ouvistes o que foi dito: Olho por olho e dente por dente. 39 Eu, porém, digo-vos: Não oponhais resistência ao mau. Mas, se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra. 40 Se alguém quiser litigar contigo para te tirar a túnica, dá-lhe também a capa. 41 E se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, caminha com ele duas. 42 Dá a quem te pede e não voltes as costas a quem te pedir emprestado.» 43 «Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. 44 Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem. 45 Fazendo assim, tornar-vos-eis filhos do vosso Pai que está no Céu, pois Ele faz com que o Sol se levante sobre os bons e os maus e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores. 46 Porque, se amais os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem já isso os cobradores de impostos? 47 E, se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? 48 Portanto, sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste.»

Comentários:
1-11
Este trecho do Evangelho que São Mateus escreveu encerra a descrição de algo que, poderíamos pensar, um pouco insólito. Porquê Jesus Cristo Se sujeitou a tal? «O Espírito conduziu-O ao deserto, a fim de ser tentado pelo Diabo.» A resposta está em que a Pessoa humana do Salvador não quer eximir-Se a nada a que os Seus irmãos – os homens – estão sujeitos e, isto, principalmente, para dar exemplo. Parece evidente que este episódio foi revelado aos Apóstolos pelo próprio Mestre, pois não haveria outra forma de dele tomarem conhecimento. Como poderia o demónio tentar o Senhor que não tinha nem defeito nem pecado algum? Só o pode fazer porque o próprio Jesus - propositadamente - lhe deu o ensejo para tal: «Jejuou quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome.» Fica, pois, claro que a tentação aparece pelos sinais que damos de fraqueza ou desejo. Atenção, pois!
É interessante verificar que os primeiros discípulos – mais tarde Apóstolo – que Jesus escolhe sejam quatro irmãos – Pedro e André, Tiago e João e além disso com a mesma profissão: pescadores.

12-17 -

Com a prisão do Baptista termina a sua missão de percursor e Jesus Cristo, dá início à missão que O trouxe à terra. Esta missão sublime – a instauração do Reino de Deus – constituirá todo um trabalho exaustivo, sem qualquer descanso ou repouso. Reunirá à Sua volta multidões vindas de todos os lados atraídas pela fama dos seus milagres, da Sua pregação simples e verdadeira dirigida a todos os homens, a Sua figura de homem comum com uma sabedoria e predicados que nunca tinham visto arrastam e convencem. De tal forma Sua pregação e doutrina arrastam e convencem que gerará um conflito quase permanente com os chefes do povo e, de um modo particular, a classe dos fariseus.
Avulta neste trecho do Evangelhos escrito por São Mateus uma muito singular atitude de Jesus que será para todos os cristãos - particularmente - uma norma de conduta a seguir: A Prudência! Não ser prudente e ponderado nas acções e atitudes pode constituir como que um desafio - quase sempre desnecessário - ou, também, o que é pior, orgulho sem sentido. Ser prudente não se opõe á coragem nem á determinação de fazer o que é correcto e necessário, antes, ser ponderado nas decisões e actos.

12-23 -
Os quatro têm a mesma reacção ao convite de Jesus: deixam tudo e seguem-N’o. Esta prontidão na resposta ao convite-desafio do Senhor dá-nos que pensar a nós tão renitentes - por vezes – em seguir os convites que, ao longo da vida, o Senhor nos vai fazendo. Temos muitas coisas, afazeres, obrigações… há que pensar, que avaliar, fazer o que se costuma dizer: “deitar contas à vida”. A demora na resposta pode comprometer definitivamente toda a nossa vida porque, quando o Senhor chama, é sempre urgente, imperioso, responder.  A simples promessa «Eu vos farei pescadores de homens» parece um atractivo talvez vago ou pouco assertivo, mas é, com certeza, um desafio extraordinário que os quatro não hesitaram em aceitar.
Com a morte de João Baptista acaba o tempo da preparação, dos profetas, e começa o tempo da redenção anunciada ao longo dos séculos. O "anunciado", o Salvador, já está presente no mundo, disposto a iniciar a Sua tarefa redentora: a instauração do Reino de Deus entre os homens. Sem alaridos nem manifestações espectaculares começa por escolher os que O irão acompanhar nessa "aventura" de amor e que serão os futuros alicerces da sua igreja. Agora como então, Jesus continua a convidar, a sugerir, a mostrar o caminho para a vida - que é Ele próprio -, diz-nos claramente que Ele é esse caminho e que seguir após Ele é a segurança que necessitamos.

18-22 -
A Santa Igreja celebra hoje a memória do Apóstolo Santo André e apresenta-nos este trecho do Evangelho escrito por São Mateus que descreve com enorme simplicidade o chamamento feito por Cristo. O que Jesus propôs aqueles simples pescadores, não foi mudarem de profissão – por assim dizer – continuariam a ser pescadores só que, o “peixe”, seriam homens. Deixariam de procurar alimento no mar, servindo-se de redes e barcos, para passarem a dar alimento, eles próprios, a todos os homens servindo-se da palavra, do exemplo, do apostolado. A palavra apostolado que deriva exactamente de apóstolo, significa por isso trabalho de apóstolo e, a este trabalho, também o Senhor nos convoca – a todos os cristãos – num mandato simples e claro que não oferece nem dúvidas ou reticências.
Impressiona a simplicidade de algo tão transcendente com é o chamamento dos quatro primeiros Apóstolos. Não há um discurso, uma explicação o traçar de um plano de acção. O Senhor, que sabe tudo, sabia que a resposta seria pronta, imediata, completa total. Há com certeza algum conhecimento prévio da pessoa de Jesus, os quatro irmãos deveriam ter falado disso com detalhe, mas, não obstante, estariam longe de supor que este convite inopinado lhes seria feito. As pessoas simples, de espírito aberto e coração puro, abraçam sem titubear os convites que reconhecem instantaneamente como sendo algo radical que mudará as suas vidas para sempre porque, também de imediato, reconhecem em Quem os convida, uma autoridade e grandeza a que não podem resistir. Não “jogam, portanto, no escuro”, mas com a certeza e confiança que estão fazendo o que de facto lhes convém.
     Os Evangelhos dizem pouco sobre o Apóstolo Santo André cuja festa celebramos hoje. Um Apóstolo sem relevo? De modo nenhum! Cada um dos Doze está sentado a julgar uma das doze tribos de Israel. Foi o Senhor Quem o afirmou. A fidelidade e obediência a Jesus são das principais características destes homens simples mas que mereceram o chamamento pessoal do próprio Salvador. Faz alguma impressão estas escolhas de Jesus: homens modestos, com pouca cultura, sem qualquer relevo na sociedade de então. Mas, como André, quase todos deram a vida pelo Mestre propagando o Reino de Deus tal como era o mandato de Cristo.

(AMA, 2018)

PANDEMIA - 11

GENUÍNO

O Amor deve brotar do fundo do coração, do mais íntimo do nosso ser.

Assim, não pode estranhar-se que manifeste com visibilidade exterior o que o move.

«Ao vê-la a chorar e os judeus que a acompanhavam a chorar também, Jesus suspirou profundamente e comoveu-se.» (Jo 11, 43)

Levado pelo ambiente, ou pelas circunstâncias, o Amor reage quase automáticamente ao estímulo dessas emoções mostrando como é profundamente HUMANO.

O AMOR É:
ENTREGA – DOAÇÃO – RESPEITO – PRUDÊNCIA – UNIVERSAL -TOTAL – SACRIFÍCIO – REFLEXO -  OBEDIÊNCIA – CONFIANÇA – PACIENTE – GENUÍNO - HUMANO

Com estes predicados o AMOR não será a solução?

(AMA, 2020)

Pequena agenda do cristão

DOMINGO

PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?

A conversão dos filhos de Deus


Que estranha capacidade tem o homem de esquecer as coisas mais maravilhosas e de se acostumar ao mistério! Reparemos de novo, nesta Quaresma, que o cristão não pode ser superficial. Estando plenamente metido no seu trabalho habitual, entre os demais homens, seus iguais, atarefado, ocupado, em tensão, o cristão tem de estar, ao mesmo tempo, imerso totalmente em Deus, porque é filho de Deus.

A filiação divina é uma feliz verdade, um mistério consolador. A filiação divina enche a nossa vida espiritual, porque nos ensina a conviver intimamente com o nosso Pai do Céu, a conhecê-Lo, a amá-Lo, e assim enche de esperança a nossa luta interior e dá-nos a simplicidade confiante dos filhos pequenos. Mais ainda: precisamente por sermos filhos de Deus, essa realidade leva-nos também a contemplar com amor e com admiração todas as coisas que saíram das mãos de Deus Pai, Criador. E deste modo somos contemplativos no meio o mundo, amando o mundo.

Na Quaresma, a Liturgia considera as consequências do pecado de Adão na vida do homem. Adão não quis ser um bom filho de Deus e revoltou-se. Mas também se faz ouvir continuamente o eco dessa felix culpa - culpa feliz, ditosa - que a Igreja inteira cantará, cheia de alegria, na vigília do Domingo de Ressurreição.

Deus Pai, chegada a plenitude dos tempos, enviou ao mundo o seu Filho unigénito para que restabelecesse a paz; para que, redimindo o homem do pecado, adoptionem filiorum reciperemus, fôssemos constituídos filhos de Deus, libertos do jugo do pecado, capazes de participar na intimidade divina da Trindade. E assim se tomou possível a este homem novo, a esta nova enxertia dos filhos de Deus libertar a Criação inteira da desordem, restaurando todas as coisas em Cristo, que nos reconciliou com Deus.

É tempo de penitência, pois. Mas, como vimos, não se trata de uma tarefa negativa. A Quaresma deve ser vivida com o espírito de filiação que Cristo nos comunicou e que vive na nossa alma. O Senhor chama-nos para que nos acerquemos d'Ele, desejando ser como Ele: Sede imitadores de Deus, como filhos muito amados, colaborando humildemente, mas fervorosamente, no divino propósito de unir o que está quebrado, de salvar o que está perdido, de ordenar o que o homem pecador desordenou, de conduzir ao seu fim o que está desencaminhado, de restabelecer a divina concórdia de todas as criaturas. (Cristo que passa 65)