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18/02/2020

NUNC COEPI

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NUNC COEPI


Sabendo-me pescador de homens... não pesco?


O Senhor quer de ti um apostolado concreto, como o da pesca daqueles cento e cinquenta e três grandes peixes apanhados à direita da barca, e não outros. E perguntas-me: "Como é que, sabendo-me pescador de homens, vivendo em contacto com muitos companheiros e podendo discernir a quem deve ser dirigido o meu apostolado específico, afinal não pesco?... Falta-me amor? Falta-me vida interior?". Escuta a resposta dos lábios de Pedro, naquela outra pesca milagrosa: – "Mestre, cansámo-nos de trabalhar toda a noite, e não apanhámos nada; apesar disso, sob a Tua palavra, lançarei a rede". Em nome de Jesus, começa de novo. Revigorado. – Fora com essa moleza! (Sulco, 377)

O apostolado, essa ânsia que vibra no íntimo do cristão, não é coisa separada da vida de todos os dias; confunde-se com o próprio trabalho, convertido em ocasião de encontro pessoal com Cristo. Nesse trabalho, ombro a ombro com os nossos colegas, com os nossos amigos, com os nossos parentes, lutando pelos mesmos interesses, podemos ajudá-los a chegar a Cristo, que nos espera na margem do lago... Antes de ser apóstolo, pescador. Também, pescador depois de ser apóstolo. Antes e depois, a mesma profissão. (…)

Passa ao lado dos seus Apóstolos, junto daquelas almas que se lhe entregaram... E eles não se dão conta disso!. (…)Lançai a rede para o lado direito da barca e encontrareis. Lançaram a rede e já não a podiam tirar por causa da grande quantidade de peixes. Agora compreendem. Recordam o que tinham ouvido tantas vezes dos lábios do Mestre: pescadores de homens, apóstolos!... E compreendem que tudo é possível, porque é Ele quem dirige a pesca. (…)

Os outros discípulos foram com a barca, porque não estavam distantes de terra, senão duzentos côvados, tirando a rede cheia de peixes. Em seguida põem a pesca aos pés do Senhor, porque é sua, para que aprendamos que as almas são de Deus, que ninguém nesta terra pode atribuir a si mesmo essa propriedade, que o apostolado da Igreja – a palavra e a realidade da salvação – não se baseia no prestígio de algumas pessoas, mas na graça divina. (Amigos de Deus, nn. 264–267)

THALITA KUM 105


THALITA KUM 105 

(Cfr. Lc 8, 49-56)


 Pedir é uma atitude natural dos filhos pequenos em relação aos pais. Têm necessidade de tudo, em tudo dependem deles.
Na sua ignorância infantil, os filhos pequenos não fazem ideia se, aquilo que desejam, é ou não conveniente, ou, até prejudicial para eles.

Esse discernimento compete aos pais que, o exercem, concedendo ou não, no todo ou em parte, aquilo que o miudito pede. E, a criança, ao ver-lhe negada pelo pai algo que tanto queria, tem uma primeira atitude de desconsolo e tristeza. Talvez chore e fique amuado. Mas por pouco tempo. Logo se esquece e volta dar a mão ao pai em atitude de confiante abandono. O assunto está esquecido e ultrapassado, a alegria e boa disposição voltam e, a pequena vida continua a ser vivida com tranquilidade.
Passado algum tempo, voltará a insistir, usando todas as suas capacidades de convicção, mirando atentamente o semblante do pai tentando descortinar sinais de mudança de atitude. E implora, uma e outra vez, retomando sem cansaço as mesmas atitudes, os mesmos argumentos de criança.

Talvez, o pai acabe por lhe dar o que com tanta insistência vem pedindo e, se o não fizer por qualquer razão poderosa, dar-lhe-á em troca uma outra coisa que, embora não sendo exactamente o que o miúdo desejava, resolve a situação e apazigua o seu desejo.

«Quando digo a alguém: roga a Deus, pede-lhe, suplica-lhe, responde-me: já pedi uma vez, duas, três, vinte vezes e não recebi nada. Não pares, irmão, até que recebas; a petição termina quando se recebe o que se pediu. Cessa quando tenhas alcançado: melhor ainda, nem nessa altura cesses. Persevera ainda. Até receberes, pede para conseguir e quando tenhas conseguido, dá graças.» [1]

Talvez já tenha ocorrido a alguém pensar que Deus "se faz surdo" aos seus pedidos porque ficaram por dar graças por favores anteriormente concedidos.
Humanamente, parece aceitável.
Ser mal-agradecido não é, seguramente, uma boa referência para fazer um pedido. Embora Deus tudo perdoe e tudo desculpe, não Lhe é indiferente que sejamos agradecidos ou não. O próprio Jesus o faz constar no episódio dos dez leprosos. [2]


(AMA, reflexões).





[1] Stº Agostinho, Dimissus, Sermão 10.
[2]  Cfr. Lc 17, 11-19.

Evangelho e comentário


TEMPO COMUM



Evangelho: Mc 8, 14-21


Comentário:

Neste trecho de São Marcos ficamos a saber algo importante:

Jesus confirma duas multiplicações de pães e de peixes.

Milagres extraordinários que deveriam ter deixado os discípulos “esmagados” com a prova do poder divino de Jesus.

E, no entanto, São Pedro terá insistido com São Marcos para que fizesse constar no Evangelho esta ocorrência que relata e põe a nu a fraqueza da fé dos Apóstolos, as suas dúvidas e insegurança.

Como devemos estar gratos ao Príncipe dos Apóstolos e ao Evangelista darem-nos este exemplo de humildade em que se revelam homens comuns – como nós – sem nenhuns predicados nem conhecimentos especiais.

(AMA, comentário sobre Mc 8, 14-21, 17.10.20179)


Leitura espiritual


Novo Testamento

Cartas de São Paulo

Carta a Filémon

Pelo tema e pelo tom afectuoso, esta é certamente uma Carta autêntica de Paulo (v.19). Filémon era um cristão de elevada posição social, convertido por Paulo, e tinha como escravo um outro cristão, Onésimo. Este, tendo fugido ao seu senhor, refugiou-se junto de Paulo (v.10), que o refere em Cl 4,9 como «irmão fiel e querido». Este facto era motivo de graves penas civis, tanto para o escravo como para quem o acolhia.
Paulo, prescindindo da questão legal, envia-o ao seu senhor com o presente “bilhete” e pede a Filémon que acolha de novo, não como escravo, mas «como irmão querido» (v.16), um irmão na fé. Mais: como se fosse o próprio Paulo (v.17).

LUGAR

Pelo que é dito no v.1, a Carta terá sido escrita num dos cativeiros de Paulo (Roma, Éfeso ou Cesareia), nos últimos anos da sua vida (ver v.9-10.13.18). Os companheiros referidos aqui (v.23-24) são os mencionados em Cl 4,7-17.

DIVISÃO E CONTEÚDO

Esta tem a estrutura normal das Cartas de Paulo:

Apresentação e saudação: v.1-3;
Acção de graças: v.4-7;
Corpo da Carta: v.8-22;
Saudação final: v.23-25.

TEOLOGIA

Como noutras ocasiões em que trata a questão da escravatura, Paulo não se preocupa em mudar a estrutura social em vigor (1 Cor 7,20-24; Ef 6,5-9; Cl 3,22-4,1). O que ele faz é prescindir disso e deslocar o problema para a questão do amor fraterno, mais profunda que a questão legal em vigor, pois, em Cristo, «não há escravo nem livre» (Gl 3,28).

Daí em diante, Filémon deve tratar o (antigo) escravo Onésimo como irmão, porque Paulo está disposto a recompensá-lo monetariamente, isto é, a resgatar Onésimo.

Com isto, Paulo, embora não se oponha frontalmente à escravatura, tão-pouco a aprova; e afirma que o amor fraterno, centro do Evangelho de Cristo, é que levará à eliminação da escravatura.