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31/03/2020

Amamos apaixonadamente este mundo

O mundo espera-nos. Sim! Amamos apaixonadamente este mundo, porque Deus assim no-lo ensinou: "sic Deus dilexit mundum...", Deus amou assim o mundo; e porque é o lugar do nosso campo de batalha – uma formosíssima guerra de caridade – para que todos alcancemos a paz que Cristo veio instaurar. (Sulco, 290)

Tenho ensinado constantemente com palavras da Sagrada Escritura: o mundo não é mau porque saiu das mãos de Deus, porque é uma criatura Sua, porque Iavé olhou para ele e viu que era bom (Cfr. Gen. 1, 7 e ss.). Nós, os homens, é que o tornamos mau e feio, com os nossos pecados e as nossas infidelidades. Não duvideis, meus filhos: qualquer forma de evasão das honestas realidades diárias é, para vós, homens e mulheres do mundo, coisa oposta à vontade de Deus.
Pelo contrário, deveis compreender agora – com uma nova clareza – que Deus vos chama a servi-Lo em e a partir das ocupações civis, materiais, seculares da vida humana: Deus espera-nos todos os dias no laboratório, no bloco operatório, no quartel, na cátedra universitária, na fábrica, na oficina, no campo, no lar e em todo o imenso panorama do trabalho. Ficai a saber: escondido nas situações mais comuns há um quê de santo, de divino, que toca a cada um de vós descobrir.
Eu costumava dizer àqueles universitários e àqueles operários que vinham ter comigo por volta de 1930 que tinham que saber materializar a vida espiritual. Queria afastá-los assim da tentação, tão frequente então como agora, de viver uma vida dupla: a vida interior, a vida de relação com Deus, por um lado; e por outro, diferente e separada, a vida familiar, profissional e social, cheia de pequenas realidades terrenas. (Temas Actuais do Cristianismo, n. 114).

Temas para reflectir e meditar

Vocação

(Quando deixa de se ver clara a vocação) que se examine com lealdade. Não deixará de descobrir que desde há algum tempo a sua vida de piedade está um tanto relaxada, a oração é mais esparsa ou menos atenta, e é menos exigente consigo mesmo. 
Não renova um pecado cuja gravidade se oculta deliberadamente a si mesmo? Seguramente que já não reprime com a mesma energia as suas paixões, se é que não consente com complacência nalguma delas. 
Um ressentimento fomenta-se contra outro, uma questão de interesse em que a nossa honradez não é total, uma amizade demasiado absorvente, ou simplesmente o despertar de baixos instintos que não se rejeitam com bastante prontidão, não é preciso mais para que se levantem nuvens entre Deus e nós. E a fé obscurece-se.

(Cf. G. ChevrotSmón Pedro, trad. AMA)

Orações: Tranquilidade

Peço-Te, Senhor, tranquilidade e confiança que não me deixe arrastar pelas emoções e dominar pelas incertezas.
Confiar absolutamente na Tua Sabedoria e Misericórdia que não deixarão que nada aconteça superior as minhas forças e muito menos que não seja o que mais me convém em cada momento.
Forte e sereno, confiante SEMPRE! 





(AMA, orações pessoais)

Leitura espiritual

Pensamentos para a vida diária 

Capítulo X

APENAS CIÊNCIA TEM OS SEUS PERIGOS

Uma civilização


Pensamentos para a vida diária 

Capítulo X

APENAS CIÊNCIA TEM OS SEUS PERIGOS

Uma civilização que não põe no pináculo a instrução mental, corre o perigo de desleixar a educação do carácter.
Jamais houve na história do mundo tanta instrução, e também nunca houve tantas guerra, tanta anarquia mental e tanta criminalidade na juventude.
Segue-se, necesariamente, tal qual ao dia se segue a noite, que, só por sai ciência não cria virtude, e, na verdade, dela e por ela só, podem ocorrer enormes perigos.
        Bacon [1], no seu tratado do “Progresso do Conhecimento”, disse com razão que “o saber contém em si qualquer coisa de veneno de serpente e, assim, quando essa veneno entra no homem, fá-lo inchar”.
        Esse saber que torna o homem impante de vaidade é o resultado da ciência sem amor.
        O saber que cada homem, de per si, pode possuir e assimilar na mente é coisa mínima, em comparação com  quanto no mundo espiritual e material constitui o conjunto da ciência.
Newton disse algures que tinha a impressão de estar numa praia e que contemplava o oceano da ciência estendendo-se à sua frente, a perder de vista.
E Darwin, que tão grande foi nas ciências naturais, afirmou: “Quanto sabemos deste nosso planeta compara-se ao que uma galinha velha sabe acerca do recinto de dez metros quadrados da sua capoeira, num canto da qual, à força de esgravatar, conseguiu descobrir duas minhocas.”
        Por si só, o saber não constitui elo de união entre os homens, pelo contrário, opõe uns contra outros, como sucede quando um professor se remorde de inveja ante o saber e renome de outro professor, tal qual uma mulher, devorada pelo ciúme por causa do casaco de peles de outra mulher.
Assim é que os viveiros de sábios, que se chamam ‘universidade’, não são, geralmente, centros de boa camaradagem.
        Se realmente o saber unisse os homens, então as universidades deveriam ser para o mundo modelos de amor fraterno.
Ora o que o saber consegue é levar, muitas vezes, os homens a humilhar o seu semelhante, quer pela jactancia de maior ciência que a deles, quer pelo desdém pela cultura inferior dos outros, perante a vastidão da própria.
        Os gregos antigos menosprezaram os outros povos, chamando-lhes bárbaros, principalmente porque era vaidosos da sua cultura.
E Horácio, grande poeta e homem de muito saber, escreveu aquele verso famoso: “Odeio a ignorância do vulgo e fujo dele”.
        Saber é força e é poder, contudo, talvez tanto para o mal como para o bem, a não ser que, à semelhança de uma máquina a vapor, tenha uma válvula de segurança e um maquinista competente.
Só o amor é capaz de tirar ao saber o senão fatal da presunção.
        Como disse São Paulo, o saber enche o homem como se fosse um balão, mas só o amor consegue elevá-lo.
Ciência sem amor produz vaidade, intolerância e egoísmo.
Isto, porém, não quer dizer que seja mais de aconselhar o amor sem a ciência, poi que, deste extremo oposto resultam o sentimentalismo, a superstição e a ignorância.
O amor torna o saber eficaz e útil,
Há muitos que conhecem , pelo menos, os elementos da lei moral e até compreendam as provas da existencia de Deus.
Como, todavia, não procedem de acordo com esses princípios, nunca progredirão na compreensão na ciência completa que eles encerram.
        Quando o verdadeiro amor inspira o saber, orienta-o para a mais inteira e profunda compreensão.
O saber não transpõe o limiar do templo: o amor entra e prostra-se ante o altar.
        É sempre indispensável um mínimo de saber, antes que alguém possa amar outrem, necesariamente carece de primeiro conhecer esse outrem.
Daí por diante, no entanto, à medida que as relações pessoais se estreitam é o amor que toma a dianteira e faz progredir a compreensão da pessoa que se ama.
Por isso dizem as Escrituras que aquele que não ama não conhece Deus porque Deus é Amor.
        Não é a inteligência que abre os tesouros mais íntimos do amor humano: se outrem nos mostra uma curiosidade demasiado intelectual a nosso respeito, nós imaginaremos que apenas quer autopsiar a frio a nossa alma, psicanalisar-nos (como agora é moda dizer-se) tão certo é que a personalidade de qualquer pessoa se melindra com a mera curiosidade mental e faz com que o mais íntimo dessa personalidade se feche, como planta sensitiva ao menor toque estranho.
        Ciência sem amor,sem o Amor de Deus, sem o amor da pátria, sem o amor dos  pais, é uma força de destruição.
        Estamos agora na posse da ciência da energia nuclear do átomos,e começamos, ao mesmo tempo, a procurar acautelar-nos dos seus efeitos.
Será preciso, porém, mais tempo e, ainda mais, amor, para que aprendamos para que também aprendamos a não nos servirmos dessa nova ciência e do poder e da força que ela dá, para fazermos ir pelos ares o planeta em que vivemos.
Instruidos em ciência sem amor já nós estamos demais, e talvez seja agora conveniente construirmos algumas universidades onde se ensine que o Amor de Deus, e do próximo por amor de Deus, são os melhores companheiros das ciências da Natureza.

Fulton J. Sheen, Thoughts for dayly living, (tradução por AMA)


[1] Francis Bacon, (22.01.1561 – 09.04.1621) 1°. Visconde de Alban, também referido como Bacon de Verulâmio; político, filósofo, cientista, ensaísta inglês, barão de Verulam e visconde de Saint Alban. É considerado como o fundador da ciência moderna. Desde cedo, sua educação orientou-o para a vida política, na qual exerceu posições elevadas (Lord Chancellor 1617–1621). Influenciado por: Aristóteles, Platão, Nicolau Maquiavel,

PANDEMIA

PANDEMIA – 6 

UNIVERSAL

Não há verdadeiro AMOR sem universalidade no seu objecto.

Não se ama mais uns que outros, ou se ama todos ou, então o AMOR fica incompleto.

O AMOR É:
ENTREGA – DOAÇÃO – RESPEITO – PRUDÊNCIA - UNIVERSAL

Com estes predicados o AMOR não será a solução para a PANDEMIA?


(AMA, 2020)

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Evangelho e comentário


TEMPO DE QUARESMA


Evangelho: Jo 8, 21-30

Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: «Eu vou partir. Haveis de procurar-Me e morrereis no vosso pecado. Vós não podeis ir para onde Eu vou». Diziam então os judeus: «Irá Ele matar-Se? Será por isso que Ele afirma: ‘Vós não podeis ir para onde Eu vou’?» Mas Jesus continuou, dizendo: «Vós sois cá de baixo, Eu sou lá de cima; vós sois deste mundo, Eu não sou deste mundo. Ora Eu disse-vos que morrereis nos vossos pecados, porque, se não acreditardes que ‘Eu sou’, morrereis nos vossos pecados». Então perguntaram-Lhe: «Quem és Tu?» Respondeu-lhes Jesus: «Absolutamente aquilo que vos digo. Tenho muito que dizer e julgar a respeito de vós. Mas Aquele que Me enviou é verdadeiro e Eu comunico ao mundo o que Lhe ouvi». Eles não compreenderam que lhes falava do Pai. Disse-lhes então Jesus: «Quando levantardes o Filho do homem, então sabereis que ‘Eu sou’ e que por Mim nada faço, mas falo como o Pai Me ensinou. Aquele que Me enviou está comigo: não Me deixou só, porque Eu faço sempre o que é do seu agrado». Enquanto Jesus dizia estas palavras, muitos acreditaram n’Ele.

Comentário:

A Cruz de Cristo - a Santa Cruz – é o símbolo da nossa Fé Cristã, mas, é mais que isso: é a “marca” dos Filhos de Deus porque foi nela que Cristo redimiu toda a humanidade e lhe restituiu a dignidade perdida com o pecado dos nossos primeiros Pais.

Por todo o mundo - mesmo nos lugares mais ignotos – a Santa Cruz está presente atraindo as atenções – o olhar – de todos os homens.

As palavras de Jesus cumprem-se; Ele próprio afirmou que atrairia todos os olhares e que, na Cruz, reconheceriam Quem Ele era:


«Et ego, si exaltatus fuero a terra, omnia traham ad meipsum.» [i]


(AMA, comentário sobre Jo 8, 21-30, 04.04.2017) 


[i] Cfr. Jo 12,32

PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO


TeRÇa-Feira

PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?


Orações sugeridas:

salmo ii

Há mil maneiras de rezar

Católico sem oração?... É como um soldado sem armas. (Sulco, 453)

Eu aconselho-te a que, na tua oração, intervenhas nas passagens do Evangelho, como um personagem mais. Primeiro, imaginas a cena ou o mistério, que te servirá para te recolheres e meditares. Depois, aplicas o entendimento, para considerar aquele rasgo da vida do Mestre: o seu Coração enternecido, a sua humildade, a sua pureza, o seu cumprimento da Vontade do Pai. Conta-lhe então o que te costuma suceder nestes assuntos, o que se passa contigo, o que te está a acontecer. Mantém-te atento, porque talvez Ele queira indicar-te alguma coisa: surgirão essas moções interiores, o caíres em ti, as admoestações.
(…) Há mil maneiras de rezar, digo-vos de novo. Os filhos de Deus não precisam de um método, quadriculado e artificial, para se dirigirem ao seu Pai. O amor é inventivo, industrioso; se amamos, saberemos descobrir caminhos pessoais, íntimos, que nos levam a este diálogo contínuo com o Senhor. (…)
Se fraquejarmos, recorreremos ao amor de Santa Maria, Mestra de oração; e a S. José, Pai e Senhor nosso, a quem tanto veneramos, que é quem mais intimamente privou neste mundo com a Mãe de Deus e – depois de Santa Maria – com o seu Filho Divino. E eles apresentarão a nossa debilidade a Jesus, para que Ele a converta em fortaleza. (Amigos de Deus, 253. 255)

Evangelho e comentário


TEMPO DE QUARESMA


Evangelho: Jo 8, 1-11

Naquele tempo, Jesus foi para o Monte das Oliveiras. Mas de manhã cedo, apareceu outra vez no templo e todo o povo se aproximou d’Ele. Então sentou-Se e começou a ensinar. Os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher surpreendida em adultério, colocaram-na no meio dos presentes e disseram a Jesus: «Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Na Lei, Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu que dizes?». Falavam assim para Lhe armarem uma cilada e terem pretexto para O acusar. Mas Jesus inclinou-Se e começou a escrever com o dedo no chão. Como persistiam em interrogá-l’O, Ele ergueu-Se e disse-lhes: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra». Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão. Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio. Jesus ergueu-Se e disse-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?». Ela respondeu: «Ninguém, Senhor». Jesus acrescentou: «Também Eu não te condeno. Vai e não tornes a pecar».

Comentário:

A leitura destes versículos do Evangelho escrito por São João sempre me suscitou uma pergunta:

O que escreveria o Senhor no chão?

A esta pergunta surge-me, quase sempre, a mesma resposta:

Os nomes dos que, acusando a mulher, se esqueciam que eles próprios eram, ou teriam sido, causa do pecado de que a acusavam.

De facto, somos lestos em acusar e criticar e tardios em reconhecer a nossa parte na culpa do pecado seja pela prática, seja pelo exemplo.

E ocorre-me pensar:
Quem terá maior culpa?
Quem peca ou quem leva o outro a pecar?

(AMA, comentário sobre Jo 8, 1-11, 03.03.2017)

Temas para reflectir e meditar

Coração de Jesus

Quem não amará o Seu coração tão ferido? Quem não dará amor por amor? Quem não abraçará um Coração tão puro? Nós, que somos de carne, pagaremos amor com amor, abraçaremos o Ferido que encontrámos, Aquele a quem os ímpios atravessaram as mãos e os pés, o lado e o Coração. Peçamos-Lhe que Se digne prender o nosso coração com o vínculo do seu amor, feri-lo com uma lança, pois é ainda duro e impenitente.

(S. Boaventura, Vitis Mystica, 3 11, trad ama)

Leitura espiritual

Pensamentos para a vida diária 

Capítulo VIII

ATÉ NO MAL PODE HAVER UMA PARCELA DE BEM

Quando descobrimos defeitos nos nossos semelhantes, quase sempre deixamos de os estimar.
Ora, pode se precisamente essa a causa de subsistirem neles esses defeitos, porquanto lhes falta alguém que, por meio do amor, os reencaminhe para a perfeição.

Também os viciosos possuem muitas qualidades dignas, dignas de apreço pois será raro que neles não sobrevivan restos de dec^neciae de honradez.

O facto se se estar possuído de um grande pecado, é muitas vezes o suficiente para que naturalmente não se cometam outros pecados., e, tanto basta para que nesse grande pecador exista algo digno de amor.
O pródigo, por exemplo, nunca será simultâneamente avarento; os comunistas com a sua ambição do poder e da revolução, muitas vezes nem se preocupam com o pecado da carne que, para eles, representa o ínfimo dos prazeres deste mundo.
Tal como certas ervas daninhas destroem outras do mesmo género, assim acontece também com muitos pecados: o filho pródigo era, provavelmente, um moço de convívio encantador.

Lê-se no Evangelho que, certo dia, se aproximou de Nosso Senhor um jovem poderoso e rico que Lhe perguntou que deveria fazer para alcançar a vida eterna. Jesus respondeu-lhe que cumprisse os Mandamentos, ao que o jovem respondeu que assim procedera sempre desde criança. Disse-lhe então Jesus Cristo o que deveria fazer para ser perfeito: que vendesse quanto tinha, o desse aos pobres e que, depois, O procurasse e O seguisse. O jovem foi-se embora cheio de tristeza, porque possuía muitos bens e não queria privar-se deles. O Evangelho, porém, acrescenta que Nosso Senhor o amou apesar daquela sua Patente imperfeição. [1]

Deste episódio evangélico fica apenas na memória de quase todos nós os motivos de aquele jovem para não querer separar-sedos bens terrenos, de não ter tido coragem para ser um herói espiritual.

Se abstrairmos os aspectos desagradáveis do carácter das pessoas, se deixarmos que se esfumem na nossa atenção essas características más em vez de só neles nos fixarmos, começarão a destacar-se imediatamente e a avultar as boas qualidades dessas pessoas.

É bem sabido que assim acontece quando alguém morre: enquanto estava vivo, os seus defeitos pareciam nódoas negras num manto branco; depois de morto, porém, quase só aparece o fundo branco da alvura das boas qualidades que nem sequer tínhamos suspeitado enquanto vivia.

Pois Nosso Senhor vê assim os homens enquanto ainda vivos, ao passo que nós só de tal forma os encaramos depois de mortos e enterrados.
Porquê?
Porque decerto a Sabedoria Divina, que perscruta o mais íntimo das nossas almas, vê que não há má qualidade que não seja, afinal, a distorção de uma qualidade boa.
A falta de sinceridade pode provir do receio de melindrar os outros; a prodigalidade provém, talvez, de um exagero de generosidade, e a propensão para a luxúria será um desequilíbrio do amor da perfeição.
A grosseria representará, possivelmente, uma forma extrema e brutal de franqueza leal, e a maledicência o lado negro do propósito de criticar com verdade e rectidão, e que pretende começar pelos outros em vez por si próprio.

No caso do jovem de que o Evangelho fala, o facto de ser rico era de somenos importância; o que realmente interessou foi a demosntração que deu de que amava as suas riquezas mais que tudo, mais até que a perfeição da vida eterna que pretendia alcançar.
E, foi o conselho que Jesus Cristo lhe deu que pôs a nu aquela sua fraqueza.

Efectivamente há muita gente que tem fé em Deus, enquanto possui nos bancos depósitos chorudos.
Ora, aquele rapaz  era dotado de excelentes qualidades: queria alcançar a vida eterna, tinha cumprido desde criança os mandamentos, era tão humilde que declarava a Cristo, em plena praça pública, em vos alta e, portanto, ouvido pelos circunstantes, o seu propósito de se aperfeiçoar moralmente.
Faltava-lhe apenas uma coisa: a vontade de renúncia completa e total, o espírito do soldado que apenas pergunta pelas ordens para as cumprir.
Por isso Nosso Senhor lhe disse que “só lhe faltava uma coisa”.

Realmente ninguém está longe da perfeição e da paz interior.
Como escreveu Léon Bloy [2]: “basta dar um passo para sair do pecado e estaremos salvos”.

Um relógio com os diamantes, mas sem molas, com as navio com máquinas, mas sem leme, a todos falta apenas uma coisa.

Multipliquem todos os zeros que quiserem alinha numa folha de papel e, o resultado será sempre constituído por zeros porque lhes falta uma coisa.
Escrevam, porém, 1 ou 2 diante desses zeros e formarão imediatamente números enormes.

Basta um pecado, ou até uma simples falha habitual, para uma vida inteira.
Mesmo, porém quando falta uma única coisa,se não tivermos amor bastante ao relógio para lhe darmos corda para lhe darmos a mola de que unicamente carece, se amrmos bastante o navio e, no entanto, lhe negarmos o leme, ambos ficarão inúteis para sempre.

O mesmo acontece com os homens: se não lhes tivermos amor, nunca lhes proporcionaremos a tal “única coisa” de que carecem para se regenerarem, para serem felizes, para gozarem aquela paz íntima que é prenúncio e promessa da bem-aventurança eterna.

Capítulo IX

PRAZER E AMOR

Não há coração humano em que não exista profundamente gravada esta lei: quanto mais nos entregamos aos prazeres, mais diminuímos o prazer.

Gostamos de ver uma luz brilhante mas, se aumentamos essa luz, podemos chegar ao ponto de cegar.
No prazer de comer, depressa atingimos a saciedade; assistir a espectáculos por dever de ofício, torna-se uma tarefa fastidiosa, como sucede nos críticos teatrais.
O rapazinho que julga insuficiente para o seu apetite os sorvetes e rebuçados que há no mundo, não tarda a verificar, após uma bela indigestão, que é pequeno para meio quilo de guloseimas.

A Natureza colocou alguns limites automáticos aos prazeres e gozos deste mundo e, mesmo que não se excedam esses limites, o prazer que nos proporcionam vai diminuído com o tempo e com o hábito.
Vai para alguns anos, dois psicólogos lembraram-se de encontrar uma lei, de descobrir uma regra matemática de diminuição proporcional do prazeres.
Pretendiam demonstrar que, para se obter um aumento de prazer em progressão aritmética - 1, 2, 3, 4, etc. – era preciso aumentarem progressão geométrica – 3, 4, 8, 16, etc. – o estímulo ou a excitação para esse prazer.
Jamais, porém, conseguiram reduzir a uma fórmula algébrica as conclusões a que chegaram, pois que era bem de ver que fenómenos da alma e do espírito não são traduzíveis em números matemáticos, muito embora fosse indiscutivelmente verdadeira a conclusão genérica a que tinham chegado, de que todo o aumento de grau de um prazer requer um aumento incessantemente maior do respectivo estímulo.
Uma pílula de narcótico bastaria na primeira vez para proporcionar uma noite de sono; mas não tardaria que, para esse fim, seja necessário ir aumentando a dose cada vez mais.

Um filósofo inglês, o Prof. C. E. M. Joad,[3] que foi presidente do Brains Trust (Comissão de Intelectuais) da Emissora Nacional Britânica B. B. C., escreveu páginas interessantes acerca do prazer que sentia em fumar cigarros.
Fumava tantos cigarros diariamente, que a certa altura, teve a revelação de que não sentia nenhum prazer em fumar.
E compreendeu que era mais, afinal, para não sentir a contrariedade de um cigarro à mão para fumar, do que o prazer de o ter, que acendia cigarros uns após outros.
O hábito de fumar tornara-se nele tão automático que as suas reacções musculares tendiam unicamente a evitar o aborrecimento de não estar a fumar.
Tratou, portante, de reduzir o numero de cigarros, até conseguir fumar apenas quatro por dia, após as quatro refeições.
E, quando chegou a esse limite, é que começou, realmente, a saborear o prazer de fumar.
Quer dizer, o prazer aumentou na proporção em que lhe diminuiu a frequência.

Se o mesmo acontece ou aconteceria com todos os fumadores deste mundo, isso é outra questão.
O que é, porém, certo, é que o resultado obtido pelo professor Joad confirma o aforismo do velho Hipócrates: «Quanto mais se dá de comer aos corpos doentes, mais doentes eles ficam».

Até certo ponto o prazer é, por conseguinte, função da sua própria limitação.
Para quê, porém, evitar excessos quer de bebidas ou de comidas, quer de fumar ou de relações sexuais?

Com efeito se se partir do princípio que o “eu” é uma entidade absoluta, não haverá nenhuma razão para limite os seus apetites.

Suponhamos, todavia, que existe alguém a quem amamos mais do que a nós próprios e que, portanto, queremos renunciar ao objecto do menor amor, para nos consagrarmos ao maior.

Ora, quanto maior for o amor por esse alguém, menos sentiremos como sacrifício trudo quanto fizermos para conquistar o objecto do nosso amor.

Foi assim que Jacob não hesitou em servir como pastor durante sete anos para conquistar Raquel, porque a amava.

Quando não existe amor, não há fundamento verdadeiro para exigir dos homens que renunciam ao prazer próprio, ou que lhe ponham, ao menos, um limite, a pretexto de que aumentarão a alegria de viver.
Como não têm amor senão a si próprios, jamais estarão dispostos a sacrificar voluntariamente o prazer egoísta que possuem.
Os sacrifícios sempre nos parecem enormes, quando o amor é pequeno.
Onde houver, porém, o amor de Deus e a compreensão profunda de quanto está implícito no Sacrifício do Senhor na Cruz do Calvário, então é fácil abandonar todos os míseros prazeres deste mundo, em troca da infinita paz que o mundo não nos pode dar nem nos pode tirar.

Os corações tornam-se então como navios que encalharam em bancos de lodo, mas que a maré alta do Amor desencalhou das paixões vergonhosas que os prendiam e os repôs a flutuar, para retomarem o caminho do porto celestial do eterno abrigo e da paz imorredoira.

Fulton J. Sheen, Thoughts for dayly living, (tradução por AMA)


[1] Cfr. Mt 1916 Aproximou-se dele um jovem e disse-lhe: «Mestre, que hei-de fazer de bom, para alcançar a vida eterna?» 17 Jesus respondeu-lhe: «Porque me interrogas sobre o que é bom? Bom é um só. Mas, se queres entrar na vida eterna, cumpre os mandamentos.» 18 «Quais?» - perguntou ele. Retorquiu Jesus: Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, 19 honra teu pai e tua mãe; e ainda: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. 20 Disse-lhe o jovem: «Tenho cumprido tudo isto; que me falta ainda?» 21 Jesus respondeu: «Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me.»
[2] Léon Henri Marie Bloy, um escritor francês. 11.07.1846 – 03.11.1891
[3] C. E. M. Joad (1891–1953), Filósofo Britânico

Orações: Jesus É meu AMIGO

Esta realidade que me atinge como um raio, deixa-me sem palavras: Jesus é meu amigo! Sendo eu como sou, sendo eu o que sou! 
É extraordinário. 
Durante os anos, e não são poucos, quantas conversas, quantos desabafos, queixas e pedidos não Lhe fiz! Meu amigo! Jesus é meu amigo. 
Com esta certeza, com este AMIGO que mais posso precisar?

Que posso temer! 




(AMA, orações pessoais)

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PANDEMIA - 5


PANDEMIA – 5

PRUDÊNCIA

O amor deve ser prudente e para tal é necessário pedir com insistência ao Senhor que nos livre da tentação do o por em risco.

Por outras palavras, que nos conserve um amor puro e bem formado, um amor autêntico, universal e sem limites.

25 Com o teu adversário mostra-te conciliador, enquanto caminhardes juntos, para não acontecer que ele te entregue ao juiz e este à guarda e te mandem para a prisão. 26 Em verdade te digo: Não sairás de lá até que pagues o último centavo.» (Mt, 5), é pois prudente o amor que tudo faz para conservar esta característica do amor cristão.

O AMOR É:
ENTREGA – DOAÇÃO – RESPEITO - PRUDÊNCIA

(AMA, 2020)

PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO

SeGUNDa-Feira

PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça "boa cara" que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?