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22/11/2019

Amor verdadeiro é sair de si mesmo


A alegria cristã não é fisiológica: o seu fundamento é sobrenatural, e está por cima da doença e da contradição. Alegria não é alvoroço de guizos ou de baile popular. A verdadeira alegria é algo mais íntimo: algo que nos faz estar serenos, transbordantes de gozo, mesmo que, às vezes, o rosto permaneça grave. (Forja, 520)

Há quem viva amargurado todo o dia. Tudo lhe causa desassossego. Dorme com uma obsessão física: a de que essa única evasão possível lhe vai durar pouco. Acorda com a impressão hostil e descorçoada de que já tem outra jornada pela frente...
Muitos esqueceram-se de que o Senhor nos colocou neste mundo de passagem para a felicidade eterna; e não pensam que só podem alcançá-la os que caminharem na Terra com a alegria dos filhos de Deus. (Sulco, 305)

Amor verdadeiro é sair de si mesmo, entregar-se. O amor traz consigo a alegria, mas é uma alegria que tem as suas raízes em forma de cruz. Enquanto estivermos na terra e não tivermos chegado à plenitude da vida futura, não pode haver amor verdadeiro sem a experiência do sacrifício, da dor. Uma dor de que se gosta, amável, fonte de íntimo gozo, mas dor real, porque significa vencer o nosso egoísmo e tomar o amor como regra de todas e cada uma das nossas acções (Cristo que passa, 43).


THALITA KUM 16


THALITA KUM 16

(Cfr. Lc 8, 49-56)

Jesus disse a Pedro:

«O que atares na terra ficará atado nos céus, e o que desatares na terra ficará desatado nos céus[1]

É outra comparação utilizada por Jesus para manifestar a Sua vontade de conferir a Simão um poder universal e completo, garantido e autenticado pela aprovação celestial.

Não se trata só do poder de enunciar afirmações doutrinais ou dar directrizes gerais de acção: segundo Jesus, é o poder de atar e desatar, ou seja, de tomar todas as medidas necessárias para a vida e o desenvolvimento da Igreja.

A contraposição atar-desatar serve para mostrar a totalidade do poder.

Ora bem, é necessário acrescentar em seguida que a finalidade deste poder consiste em abrir o acesso ao reino, não em fechá-lo: “abrir”, isto é tornar possível a entrada no reino dos Céus, e não pôr obstáculos, que equivaleriam a “fechar”» [2]

Como não aceitar inteiramente como guia e chefe o que foi escolhido para esse lugar?


(AMA, reflexões sobre o Evangelho, 2006)



[1] Mt 16,19.
[2] são joão paulo ii, Audiência Geral, 25.11.1992

Evangelho e comentário


TEMPO COMUM



Evangelho: Lc 19, 45-48

Naquele tempo, Jesus entrou no templo e começou a expulsar os vendedores, dizendo-lhes: «Está escrito: ‘A minha casa é casa de oração’; e vós fizestes dela ‘um covil de ladrões’». Jesus ensinava todos os dias no templo. Os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os chefes do povo procuravam dar Lhe a morte, mas não encontravam o modo de o fazer, porque todo o povo ficava maravilhado quando O ouvia.

Comentário:

De repente, perante os nossos olhos – talvez atónitos – a figura de Jesus como que Se transforma e Aquele Homem afável e comunicativo assume uma postura de intransigente repúdio pelo espectáculo da casa de Deus convertida em zona de comércio de toda a espécie.

De facto, Jesus defende a Sua casa, como qualquer um de nós defenderia a sua se a mesma fosse alvo de profanação ou abuso por parte de outros.

O Templo – e este é o ensinamento que Jesus quer sublinhar – é casa de oração, de encontro com Deus e só esse é o fim para que existe.

(AMA, comentário sobre Lc 19, 45-48, 24.11.2017)

Leitura espiritual


CARTAS DE SÃO PAULO

2 Cor 3

Ministério do Espírito, não da letra –

1 Vamos começar de novo a recomendar-nos a nós mesmos? Ou temos necessidade, como alguns, de cartas de recomendação para vós ou da vossa parte? 2 A nossa carta sois vós, uma carta escrita nos nossos corações, conhecida e lida por todos os homens. 3 É evidente que sois uma carta de Cristo, confiada ao nosso ministério, escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo; não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos corações. 4 Tal confiança, porém, nós a temos diante de Deus, por meio de Cristo. 5 Não é que sejamos capazes de conceber alguma coisa como de nós mesmos; é de Deus que provém a nossa capacidade. 6 É Ele que nos torna aptos para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, enquanto o Espírito dá a vida.

Glória da nova Aliança –

7 Ora se o ministério da morte, gravado com letras em pedra, foi de tal glória que os filhos de Israel não podiam fixar o rosto de Moisés, por causa do esplendor que nele havia, aliás passageiro, 8 quanto mais glorioso não será o ministério do Espírito? 9 Na verdade, se o ministério da condenação foi glorioso, muito mais rico de glória será o ministério da justiça. 10 Mesmo até o que, sob tal aspecto, foi glorioso, deixou de o ser por causa da glória eminentemente superior. 11 Se, com efeito, foi glorioso o que era transitório, muito mais glorioso é o que permanece. 12 Na posse de uma tal esperança, procedemos com total desassombro. 13 E não fazemos como Moisés, que punha um véu sobre o seu rosto para que os filhos de Israel não vissem o fim do que era transitório. 14 Mas o entendimento deles foi obscurecido, e ainda hoje, quando lêem o Antigo Testamento, esse mesmo véu continua a não ser removido, pois é só em Cristo que deve ser levantado. 15 Sim, até hoje, todas as vezes que lêem Moisés, um véu cobre-lhes o coração. 16 Mas, quando se converterem ao Senhor, o véu será tirado. 17 Ora, o Senhor é o Espírito e onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade. 18 E nós todos que, com o rosto descoberto, reflectimos a glória do Senhor, somos transfigurados na sua própria imagem, de glória em glória, pelo Senhor que é Espírito.

Pequena agenda do cristão

Sexta-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?