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22/09/2019

Leitura espiritual


Amar a Igreja  

1
                  
Os textos da liturgia deste Domingo formam uma cadeia de invocações ao Senhor.

Dizemos-Lhe que é o nosso apoio, a nossa rocha, a nossa defesa.

A oração recolhe também esse motivo do intróito:

Tu nunca privas da tua luz aqueles que se estabelecem na solidez do teu amor

No gradual, continuamos a recorrer a Ele:

nos momentos de angústia invoquei-Te, Senhor... livra, ó Senhor, a minha alma dos lábios mentirosos e das línguas que enganam.

Senhor refugio-me em Ti.

É comovente esta insistência de Deus, nosso Pai, empenhado em recordar-nos que devemos apelar para a sua Misericórdia a todo o momento, aconteça o que acontecer, e também agora, nestes tempos em que vozes confusas sulcam a Igreja; são tempos de extravio porque muitas almas não encontram bons pastores, outros Cristos, que as guiem para o amor do Senhor, mas, pelo contrário, ladrões e salteadores, que vêm para roubar, matar e destruir.

Não temamos.

A Igreja, que é o Corpo de Cristo há-de ser indefectivelmente o caminho e o redil do Bom Pastor, o fundamento robusto e a via aberta para todos os homens.

Acabamos de ler o Santo Evangelho:

Vai até aos caminhos e os cercados e anima os que encontrares a quem venham, para que se encha a minha casa.

2
                  
Mas, o que é a Igreja?

Onde está a Igreja?

Muitos cristãos, aturdidos e desorientados, não recebem resposta segura a estas perguntas, e chegam talvez a pensar que os ensinamentos que o Magistério formulou através dos séculos - e que os bons Catecismos propunham com toda a precisão e simplicidade - foram superados e hão-de ser substituídos por outros novos.

Uma série de factos e de dificuldades parece ter convergido, para ensombrar o rosto límpido da Igreja.

Alguns afirmam: a Igreja está aqui, no empenho de acomodar-nos ao que chamam tempos modernos.

Outros gritam: a Igreja não é mais do que a ânsia de solidariedade dos homens; devemos modificá-la de acordo com as circunstâncias actuais.

Enganam-se.

A Igreja, hoje, é a mesma que Cristo fundou, e não pode ser outra. Os Apóstolos e os seus sucessores são vigários de Deus para o governo da Igreja, fundamentada na fé e nos Sacramentos da fé.

E assim como não lhes é lícito estabelecer outra Igreja, não podem também transmitir outra nem instituir outros sacramentos, porque pelos Sacramentos que jorraram do peito de Cristo pendente da Cruz é que foi construída a Igreja.

A Igreja há-de ser reconhecida por aquelas quatro notas indicadas na confissão de fé de um dos primeiros Concílios e que nós rezamos no Credo da Missa: uma única Igreja, Santa, Católica e Apostólica.

Essas são as propriedades essenciais da Igreja, que derivam da sua natureza, tal como Cristo a quis.

E, por serem essenciais, são também notas, sinais que a distinguem de qualquer outro tipo de união humana, embora nelas se ouça também pronunciar o nome de Cristo.

Há pouco mais de um século, o Papa Pio IX resumiu brevemente este ensinamento tradicional: a verdadeira Igreja de Cristo constituiu-se e reconhece-se, por autoridade divina, pelas quatro notas que no Símbolo afirmamos deverem crer-se; e cada uma dessas notas, de tal modo está unida às restantes, que não pode ser separada das outras. Daí que aquela que verdadeiramente se chama Católica, deva juntamente brilhar pela prerrogativa da unidade, da santidade e da sucessão apostólica.

É este, insisto, o ensinamento tradicional da Igreja, repetido novamente - embora nestes últimos anos alguns o esqueçam, levados por um falso ecumenismo - pelo Concílio Vaticano II:

esta é a única Igreja de Cristo - que no Símbolo professamos Una, Santa, Católica e Apostólica - a que o nosso Salvador, depois da ressurreição, entregou a Pedro para que a apascentasse, encarregando-o a ele e aos outros Apóstolos de a difundirem e de a governarem e que erigiu para sempre como coluna e fundamento da verdade.

SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ

(cont)

Temas para reflectir e meditar


Vontade de Deus


Tudo quanto acontece está previsto por Deus e ordenado à salvação do homem e à sua plena realização na glória; se o que acontece é bom, Deus quere-o; se é mau, não o quer, permite-o, porque respeita a liberdade do homem e a ordem da natureza, mas tem na Sua mão o poder de tirar bem e proveito para a alma inclusive do mal.


(Federico Suarez, Después, nr. 208, trad ama)



Pequena agenda do cristão

DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?

Evangelho e comentário


TEMPO COMUM


Evangelho: Lc 16, 10-13

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quem é fiel nas coisas pequenas também é fiel nas grandes; e quem é injusto nas coisas pequenas também é injusto nas grandes. Se não fostes fiéis no que se refere ao vil dinheiro, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não fostes fiéis no bem alheio, quem vos entregará o que é vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque, ou não gosta de um deles e estima o outro, ou se dedica a um e despreza o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro».

Comentário:

Já o dissemos várias vezes e repetimos:

Não se é muito ou pouco fiel. Ou se é ou não!

Fidelidade é uma virtude do carácter estável e do bom critério não sofre oscilações consoante as consideradas "conveniências".

A fidelidade gera a confiança e, esta é fundamental para a convivência em sociedade.

Confiamos em Deus exactamente porque Ele é fiel e cumpre sempre o que promete independentemente do nosso merecimento que sempre ficará muito aquém.

Atrevo-me a afirmar que sem fidelidade as outras virtudes não são possíveisou, pelo menos, não se desenvolvem em plenitude.

(AMA comentário sobre Lc 16, 10-13, 05.11.2016)


Devemos também contar com quedas e derrotas


Se fores fiel, poderás chamar-te vencedor. Na tua vida, mesmo que percas alguns combates, não conhecerás derrotas. Não existem fracassos – convence-te –, se actuares com rectidão de intenção e com desejo de cumprir a Vontade de Deus. Nesse caso, com êxito ou sem ele, triunfarás sempre, porque terás feito o trabalho com Amor. (Forja, 199)

Somos criaturas e estamos repletos de defeitos. Eu diria até que tem de os haver sempre, pois são a sombra que faz com que se destaquem mais, por contraste, na nossa alma, a graça de Deus e o esforço por correspondermos ao favor divino. E esse claro-escuro tornar-nos-á humanos, humildes, compreensivos, generosos.

Não nos enganemos: na nossa vida, se contamos com brio e com vitórias, devemos também contar com quedas e derrotas. Essa foi sempre a peregrinação terrena do cristão, incluindo a daqueles que veneramos nos altares. Recordais-vos de Pedro, de Agostinho, de Francisco? Nunca me agradaram as biografias dos santos em que, com ingenuidade, mas também com falta de doutrina, nos apresentam as façanhas desses homens, como se estivessem confirmados na graça desde o seio materno. Não. As verdadeiras biografias dos heróis cristãos são como as nossas vidas: lutavam e ganhavam, lutavam e perdiam. E então, contritos, voltavam à luta.

Não nos cause estranheza o facto de sermos derrotados com relativa frequência, habitualmente ou até talvez sempre, em matérias de pouca importância, que nos ferem como se tivessem muita. Se há amor de Deus, se há humildade, se há perseverança e tenacidade na nossa milícia, essas derrotas não terão demasiada importância, porque virão as vitórias a seu tempo, que serão glórias aos olhos de Deus. Não existem os fracassos, se agimos com rectidão de intenção e queremos cumprir a vontade de saber vencer-se todos os dias”

Não é espírito de penitência fazer uns dias grandes mortificações e abandoná-las noutros. Espírito de penitência significa saber vencer-se todos os dias, oferecendo coisas – grandes e pequenas – por amor e sem espectáculo. (Forja, 784)

Mas ronda à nossa volta um potente inimigo, que se opõe ao nosso desejo de encarnar dum modo acabado a doutrina de Cristo: o orgulho que cresce quando não procuramos descobrir, depois dos fracassos e das derrotas, a mão benfeitora e misericordiosa do Senhor. Então a alma enche-se de penumbra – de triste obscuridade – crendo-se perdida. E a imaginação inventa obstáculos que não são reais, que desapareceriam se os encarássemos com um pouco de humildade. Com o orgulho e a imaginação, a alma mete-se por vezes em tortuosos calvários; mas nesses calvários não está Cristo, porque onde está o Senhor goza-se de paz e de alegria, mesmo que a alma esteja em carne viva e rodeada de trevas.

Outro inimigo hipócrita da nossa santificação: pensar que esta batalha interior tem de dirigir-se contra obstáculos extraordinários, contra dragões que respiram fogo. É outra manifestação de orgulho. Queremos lutar, mas estrondosamente, com clamores de trombetas e tremular de estandartes.

Temos de nos convencer de que o maior inimigo da pedra não é o picão ou o machado, nem o golpe de qualquer outro instrumento, por mais contundente que seja: é essa água miúda, que se mete, gota a gota, entre as gretas da fraga, até arruinar a sua estrutura. (Cristo que passa, 77)