Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
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13/09/2019
Leitura espiritual
Amigos
de Deus
252
Além
disso, seria bom que pensásseis que ninguém escapa ao mimetismo.
Os
homens, até inconscientemente, movem-se num contínuo afã de se imitarem uns aos
outros.
E
nós, abandonaremos o convite para imitar Jesus?
Cada
indivíduo esforça-se por se identificar, pouco a pouco, com aquilo que o atrai,
com o modelo que escolheu para a sua própria maneira de ser.
De
acordo com o ideal que cada um forja para si mesmo, assim resulta o seu modo de
proceder.
O
nosso Mestre é Jesus Cristo: o Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Santíssima
Trindade.
Imitando
a Cristo, alcançamos a maravilhosa possibilidade de participar nessa corrente
de amor, que é o mistério de Deus Uno e Trino.
Se
em certas ocasiões não vos sentis com forças para seguir as pisadas de Jesus
Cristo, conversai, como entre amigos, com aqueles que o conheceram enquanto
permaneceu nesta nossa terra.
Em
primeiro lugar, com Maria, que o trouxe para nós.
Com
os Apóstolos. Vários gentios aproximaram-se de Filipe, que era de Betsaida da
Galileia, e fizeram-lhe este pedido, dizendo: desejamos ver Jesus.
Foi
Filipe e disse-o a André; André e Filipe disseram-no a Jesus.
Não
é verdade que isto nos anima?
Aqueles
estrangeiros não se atrevem a apresentar-se ao Mestre e procuram um bom
intercessor.
253
Pensas
que os teus pecados são muitos, que o Senhor não poderá ouvir-te?
Não
é assim, porque tem entranhas de misericórdia.
Se,
apesar desta maravilhosa verdade, dás conta da tua miséria, mostra-te como o
publicano: Senhor, aqui estou, tal como Tu vês!
E
observai o que nos conta S. Mateus, quando põem diante de Jesus um paralítico.
Aquele
doente não diz nada: só está ali, na presença de Deus.
E
Cristo, comovido por essa contrição, pela dor daquele que sabe que nada merece,
não tarda em reagir com a sua misericórdia habitual: Tem confiança, são-te
perdoados os teus pecados.
Eu
aconselho-te a que, na tua oração, intervenhas nas passagens do Evangelho, como
um personagem mais.
Primeiro,
imaginas a cena ou o mistério, que te servirá para te recolheres e meditares.
Depois,
aplicas o entendimento, para considerar aquele rasgo da vida do Mestre: o seu
Coração enternecido, a sua humildade, a sua pureza, o seu cumprimento da
Vontade do Pai.
Conta-lhe
então o que te costuma suceder nestes assuntos, o que se passa contigo, o que
te está a acontecer.
Mantém-te
atento, porque talvez Ele queira indicar-te alguma coisa: surgirão essas moções
interiores, o caíres em ti, as admoestações.
254
Para
orientar a oração, costumo - talvez isto possa ajudar algum de vós -
materializar até o que há de mais espiritual.
Nosso
Senhor utilizava este processo.
Gostava
de ensinar por parábolas, tiradas do ambiente que o rodeava: do pastor e das
ovelhas, da vide e dos sarmentos, de barcos e redes, da semente que o semeador
lança às mãos cheias...
Na
nossa alma caiu a Palavra de Deus.
Que
tipo de terra é a que lhe preparámos?
Abundam
as pedras?
Está
cheia de espinhos?
É
talvez um lugar demasiadamente calcado por pegadas meramente humanas,
mesquinhas, sem brio?
Senhor,
que a minha parcela seja terra boa, fértil, exposta generosamente à chuva e ao
sol; que a tua semente pegue; que produza espigas gradas, trigo bom.
Eu
sou a videira, vós os sarmentos.
Chegou
Setembro e as cepas estão carregadas de vergônteas longas, finas, flexíveis e
nodosas, abarrotadas de fruto, prontas já para a vindima.
Reparai
nesses sarmentos repletos, porque participam da seiva do tronco.
Só
assim aqueles minúsculos rebentos de alguns meses atrás puderam converter-se em
polpa doce e madura, que encherá de alegria a vista e o coração das pessoas.
No
solo ficam talvez algumas varas toscas, soltas, meias enterradas. Eram
sarmentos também, mas secos, estiolados.
São
o símbolo mais gráfico da esterilidade. Porque, sem mim, nada podeis fazer.
O
tesouro. Imaginai a alegria imensa do afortunado que o encontra. Acabaram os
apertos, as angústias.
Vende
tudo o que possui e compra aquele campo.
Todo
o seu coração pulsa aí: onde esconde a sua riqueza.
O
nosso tesouro é Cristo; não nos deve importar o facto de deitarmos pela borda
fora tudo o que for estorvo, para o poder seguir.
E
a barca, sem esse lastro inútil, navegará directamente para o porto seguro do
Amor de Deus.
255
Há
mil maneiras de rezar, digo-vos de novo.
Os
filhos de Deus não precisam de um método, quadriculado e artificial, para se
dirigirem ao seu Pai.
O
amor é inventivo, industrioso; se amamos, saberemos descobrir caminhos
pessoais, íntimos, que nos levam a este diálogo contínuo com o Senhor.
Queira
Deus que tudo o que acabamos de contemplar hoje, não passe pela nossa alma como
uma tormenta de verão: quatro gotas, sol e de novo a seca.
Esta
água de Deus tem de remansar-se, chegar às raízes e dar fruto de virtudes.
Assim
irão passando os nossos anos - dias de trabalho e de oração - na presença do
Pai.
Se
fraquejarmos, recorreremos ao amor de Santa Maria, Mestra de oração; e a S.
José, Pai e Senhor nosso, a quem tanto veneramos, que é quem mais intimamente
privou neste mundo com a Mãe de Deus e - depois de Santa Maria - com o seu
Filho Divino. E eles apresentarão a nossa debilidade a Jesus, para que Ele a
converta em fortaleza.
256
A
vocação cristã, que é um chamamento pessoal do Senhor, leva cada um de nós a
identificar-se com Ele.
Não
devemos esquecer-nos, porém, de que Ele veio à Terra para redimir o mundo
inteiro, porque quer que os homens se salvem.
Não
há uma só alma que não interesse a Cristo. Cada uma lhe custou o preço do seu
Sangue.
Ao
considerar estas verdades, vem-me à memória a conversa dos Apóstolos com o
Mestre momentos antes do milagre da multiplicação dos pães.
Uma
grande multidão acompanhara Jesus.
Nosso
Senhor ergue os olhos e pergunta a Filipe: Onde
compraremos pão para dar de comer a toda esta gente?
Fazendo
um cálculo rápido, Filipe responde: Duzentos
dinheiros de pão não bastam para cada um receber um pequeno bocado.
Como
não dispõem de tanto dinheiro, lançam mão de uma solução caseira.
Diz-lhe
um dos seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro: Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixes, mas que
é isto para tanta gente.
257
O fermento e a massa
Nós
queremos seguir o Senhor e desejamos difundir a sua Palavra. Humanamente
falando, é lógico que também perguntemos a nós mesmos: mas que somos nós para
tanta gente?
Em
comparação com o número de habitantes da Terra, ainda que nos contemos por
milhões, somos poucos.
Por
isso, temos de considerar-nos como uma pequena levedura, preparada e disposta a
fazer o bem à humanidade inteira, recordando as palavras do Apóstolo: Um pouco de levedura fermenta toda a massa,
transforma-a.
Precisamos,
portanto, de aprender a ser esse fermento, essa levedura, para modificar e
transformar as multidões.
Por
si mesmo é o fermento melhor do que a massa?
Não.
Mas
é o meio necessário para que a massa se transforme, tornando-se alimento
comestível e são.
Pensai
mesmo que seja a traços largos, na eficácia do fermento, que serve para
fabricar o pão, alimento básico, simples, ao alcance de todos.
A
preparação da fornada, em muitos sítios, é uma verdadeira cerimónia, e dali sai
um produto estupendo, saboroso que se come "com os olhos"...
Talvez
já a tenhais presenciado.
Escolhem
farinha boa; se é possível, da melhor.
Trabalham
a massa na masseira, para a misturar bem com o fermento, em longo e paciente
labor.
Depois
um tempo de repouso, imprescindível para que a levedura cumpra a sua missão,
inchando a massa.
Entretanto
arde o lume no forno, animado pela lenha que se consome...
E
aquela massa, metida no calor do lume, torna-se o pão fresco, esponjoso, de
grande qualidade.
Resultado
impossível de conseguir, se não fosse pela levedura - em pouca quantidade - que
se diluiu, que desapareceu no meio dos outros elementos, num trabalho
eficiente, mas que não se vê...
258
Se
meditarmos com sentido espiritual no texto de S. Paulo, compreenderemos que
temos de trabalhar em serviço de todas as almas. O contrário seria egoísmo.
Se
olharmos para a nossa vida com humildade, veremos claramente que o Senhor nos
concedeu talentos e qualidades, além da graça da fé.
Nenhum
de nós é um ser repetido.
O
Nosso Pai criou-nos um a um, repartindo entre os seus filhos diverso número de
bens.
Pois
temos de pôr esses talentos, essas qualidades, ao serviço de todos; temos de
utilizar esses dons de Deus como instrumentos para ajudar os homens a
descobrirem Cristo.
Não
vejais este afã como um acrescentamento, como uma espécie de enfeite que se junta
à nossa condição de cristãos.
Se
a levedura não fermenta, apodrece.
Pode
desaparecer dando vida à massa, mas também pode desaparecer porque se perde em
homenagem à ineficácia e ao egoísmo.
Não
prestamos um favor a Deus Nosso Senhor quando o damos a conhecer aos outros: por pregar o Evangelho não tenho de que me
gloriar, pois me é imposta essa obrigação, por mandato de Jesus Cristo; e ai de
mim se eu não evangelizar!
(cont)
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Contenção; alguma privação; ser humilde.
Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.
Lembrar-me:
Filiação divina.
Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
Evangelho e comentário
São
João Crisóstomo – Doutor da Igreja
Evangelho: Lc 6, 39-42
Naquele tempo, Jesus falou aos seus
discípulos, dizendo: «Digo-vos a vós que Me escutais: Amai os vossos inimigos,
fazei bem aos que vos odeiam. Abençoai os que vos amaldiçoam, orai por aqueles
que vos injuriam. A quem te bater numa face, apresenta-lhe também a outra; e a
quem te levar a capa, deixa-lhe também a túnica. Dá a todo aquele que te pedir
e ao que levar o que é teu, não o reclames. Como quereis que os outros vos
façam, fazei-lho vós também. Se amais aqueles que vos amam, que agradecimento
mereceis? Também os pecadores amam aqueles que os amam. Se fazeis bem aos que
vos fazem bem, que agradecimento mereceis? Também os pecadores fazem o mesmo. E
se emprestais àqueles de quem esperais receber, que agradecimento mereceis?
Também os pecadores emprestam aos pecadores, a fim de receberem outro tanto.
Vós, porém, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem nada esperar
em troca. Então será grande a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo,
que é bom até para os ingratos e os maus. Sede misericordiosos, como o vosso
Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados. Não condeneis e não
sereis condenados. Perdoai e sereis perdoados. Dai e dar-se-vos-á:
deitar-vos-ão no regaço uma boa medida, calcada, sacudida, a transbordar. A
medida que usardes com os outros será usada também convosco».
Comentário:
Continua
a catequese sobre o comportamento a ter com o próximo.
Parece
ser um conjunto de regras algo difícil de cumprir já que se trata de amar sem
peso nem medida os outros.
A
recompensa é “fabulosa” «deitar-vos-ão no
regaço uma boa medida, calcada, sacudida, a transbordar».
O
Senhor nunca Se fica por menos mas, de qualquer forma avisa:
«A medida que usardes com os outros será
usada também convosco»
Atenção,
pois, será bem avisado quem proceder com o próximo como indica o Segundo
Mandamento, que a própria Lei refere tão importante como o Primeiro.
(AMA,
comentário sobre Lc 6, 39-42, 25.06.2019)
Temas para reflectir e meditar
Neste
corrupio da vida mal nos sobra tempo para reflectir. Isto, tenho eu ouvido
muitas vezes a pessoas bem-intencionadas mas com uma desordem interior que se
manifesta desta forma: não ter tempo!
A
afirmação pretende também servir de desculpa para uma omissão de palavra ou
acto.
Penso
que na verdade ninguém tem uma noção exacta do tempo, o que é, concretamente.
Tem
evidentemente pelo menos uma dimensão, mas que não é nem certa nem constante.
Tempo
é existência passada, presente ou futura.
Maça-me
falar deste tema. E acho uma perda de tempo.
AMA,
24.04.2018
Fazendo com amor as pequenas coisas
De longe
– além, no horizonte – parece que o céu se une à terra. Não te esqueças de que,
na realidade, onde a Terra e o Céu se unem é no teu coração de filho de Deus. (Sulco, 309)
Esta doutrina da Sagrada Escritura, que
se encontra, como sabeis, no próprio cerne do espírito do Opus Dei, há-de levar-vos
a realizar o vosso trabalho com perfeição, a amar a Deus e os homens fazendo
com amor as pequenas coisas da vossa jornada habitual, descobrindo esse quê
divino que está encerrado nos pormenores. Que bem se enquadram aqui aqueles
versos do poeta de Castela: Devagar, e boa letra;/que fazer as coisas bem/
importa mais que fazê-las
Asseguro-vos, meus filhos, que, quando
um cristão realiza com amor a mais intranscendente das acções diárias, ela
transborda da transcendência de Deus. Por isso vos tenho repetido, com
insistente martelar, que a vocação cristã consiste em fazer poesia heróica da
prosa de cada dia. Na linha do horizonte, meus filhos, parecem unir-se o céu e
a terra. Mas não; onde se juntam deveras é nos vossos corações, quando viveis
santamente a vida de cada dia... (Temas Actuais do Cristianismo, 116)