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05/06/2019

Junho mês do coração

Beijar a Cruz

Subitamente,
Um aperto no coração diz-me:

Beija a Cruz!
Beija a Cruz!

Fico assim parado a pensar:
Que quer isto dizer?

Beijar a Cruz?
A que propósito? Porquê agora?

‘Ah! Não sabia que precisavas e um motivo e, muito menos que tinha que ser num tempo determinado.’

Por hábito – ou melhor, defeito - olhei em volta e, depois, como costume, olhei para dentro de mim e… tive a resposta…

Apressadamente peguei no Crucifixo e ‘comi-o’ de beijos.

Meu Senhor, meu Deus, meu Amor!

AMA, reflexão, 03.06.2019

Evangelho e comentário


TEMPO DE PÁSCOA



Evangelho: Jo 17, 11-19

11 Doravante já não estou no mundo, mas eles estão no mundo, e Eu vou para ti. Pai santo, Tu que a mim te deste, guarda-os em ti, para serem um só, como Nós somos! 12 Enquanto estava com eles, Eu guardava-os em ti, em ti que a mim te deste. Guardei-os e nenhum deles se perdeu, a não ser o homem da perdição, cumprindo-se desse modo a Escritura. 13 Mas agora vou para ti e, ainda no mundo, digo isto para que eles tenham em si a plenitude da minha alegria. 14 Entreguei-lhes a tua palavra, e o mundo odiou-os, porque eles não são do mundo, como também Eu não sou do mundo. 15 Não te peço que os retires do mundo, mas que os livres do Maligno. 16 De facto, eles não são do mundo, como também Eu não sou do mundo. 17 Faz que eles sejam teus inteiramente, por meio da Verdade; a Verdade é a tua palavra. 18 Assim como Tu m.e enviaste ao mundo, também Eu )os enviei ao mundo, 19 e por eles totalmente me entrego, para que também eles fiquem a ser teus inteiramente, por meio da Verdade.

Comentário:

Neste longo discurso de Jesus que ocupa todo o capítulo 17 do Evangelho escrito por São João, avulta, principalmente, o desejo intenso de Cristo pela unidade dos filhos de Deus – os discípulos de então e os cristãos de todos os tempos.

Se é bem verdade que “a união faz a força” conclui-se que Cristo aconselha veementemente a unidade entre os Seus irmãos, os homens, e, com Ele, com Deus Pai.

Este “feixe” uno e coeso resistirá a tudo mesmo às piores e mais elaboradas tentações e garantirá que o Reino de Deus não terá fim e sairá sempre vencedor.

O resultado desta unidade é a conquista da alegria plena e da felicidade eterna.

(AMA, comentário sobre, Jo 17, 11-19, 19.03.2019)

Pequena agenda do cristão

Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)






Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?









Não te apoquentes por verem as tuas faltas


Quanto mais me exaltarem, meu Jesus, humilha-me mais no meu coração, fazendo-me saber o que tenho sido e o que serei, se Tu me deixares. (Caminho, 591)

Não te esqueças de que és... o depósito do lixo. – Por isso, se porventura o Jardineiro – divino lança mão de ti, e te esfrega e te limpa... e te enche de magníficas flores..., nem o aroma nem a cor que embelezam a tua fealdade devem pôr-te orgulhoso.
– Humilha-te; não sabes que és o caixote do lixo? (Caminho, 592)

Quando te vires como és, há-de parecer-te natural que te desprezem. (Caminho, 593)

Não és humilde quando te humilhas, mas quando te humilham e o aceitas por Cristo. (Caminho, 594)

Não te apoquentes por verem as tuas faltas. A ofensa a Deus e a desedificação que podes ocasionar, isso é que te deve doer.

– De resto, que saibam como és e te desprezem. – Não tenhas pena de seres nada, porque assim Jesus tem que pôr tudo em ti. (Caminho, 596)

Leitura espiritual


CARTA ENCÍCLICA

HAURIETIS AQUAS

DO SUMO PONTÍFICE PAPA PIO XII
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS PATRIARCAS, PRIMAZES,
ARCEBISPOS E BISPOS E OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA

SOBRE O CULTO DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS


I

FUNDAMENTOS E PREFIGURAÇÕES
DO CULTO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
NO ANTIGO TESTAMENTO

3) O amor de Deus, motivo dominante do culto ao Santíssimo Coração de Jesus, no Antigo Testamento

17. Com todo esse amor, terníssimo, indulgente e longânime mesmo quando se indigna pelas repetidas infidelidades do povo de Israel, Deus nunca chega a repudiá-lo definitivamente; mostra-se, sim, veemente e sublime; mas, contudo, em substância isso não passa do prelúdio daquela inflamadíssima caridade que o Redentor prometido havia de mostrar a todos com o seu amantíssimo coração, e que ia ser o modelo do nosso amor e a pedra angular da nova aliança.
Porque, em verdade, só aquele que é o Unigénito do Pai e o Verbo feito carne "cheio de graça e de verdade"[1], tendo descido até aos homens oprimidos de inúmeros pecados e misérias, podia fazer brotar da Sua natureza humana, unida hipostaticamente à Sua Pessoa Divina, "um manancial de água viva" que regasse copiosamente a terra árida da humanidade, transformando-a em florido e fértil jardim.
E essa obra admirável que o amor misericordioso e eterno de Deus devia realizar, de certo modo já parece prenunciá-la o profeta Jeremias com estas palavras:

"Amei-te com amor eterno; por isso atrai-te a mim cheio de misericórdia... Eis vêm dias, afirma o Senhor, em que pactuarei com a casa de Israel e com a casa de Judá uma aliança nova: este será o pacto que eu concertarei com a casa de Israel depois daqueles dias, declara o Senhor: Porei minha lei no interior dele e escrevê-la-ei no seu coração, e serei o seu Deus e eles serão o Meu povo...; porque perdoarei a sua culpa e não mais Me lembrarei dos seus pecados" [2].



II

LEGITIMIDADE DO CULTO AO SANTÍSSIMO CORAÇÃO DE JESUS
SEGUNDO A DOUTRINA
DO NOVO TESTAMENTO E DA TRADIÇÃO


1) O amor de Deus no mistério da encarnação redentora segundo o Evangelho

18. Mas somente pelo Evangelho chegamos a conhecer com perfeita clareza que a nova aliança estipulada entre Deus e a humanidade – aliança da qual a pactuada por Moisés entre o povo e Deus foi somente uma prefiguração simbólica, e o vaticínio de Jeremias mera predição – é aquela que o Verbo encarnado estabeleceu e levou à prática merecendo-nos a graça divina.

Esta aliança é incomparavelmente mais nobre e mais sólida, porque, a diferença da precedente, não foi sancionada com sangue de cabritos e novilhos, mas com o sangue sacrossanto daquele que esses animais pacíficos e privados de razão, prefiguravam:

"O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" [3].

Porque a aliança cristã, ainda mais do que a antiga, manifesta-se claramente como um pacto, não inspirado em sentimentos de servidão, não fundado no temor, mas apoiado na amizade que deve reinar nas relações entre pai e filhos, sendo alimentada e consolidada por uma mais generosa distribuição da graça divina e da verdade, conforme a sentença do evangelho de João:

"Da sua plenitude todos nós participamos, e recebemos uma graça por outra graça. Porque a lei foi dada por Moisés, mas a graça foi trazida por Jesus Cristo" [4].

19. Introduzidos, por essas palavras do "discípulo amado que durante a ceia reclinara a cabeça sobre o peito de Jesus" [5], no próprio mistério da infinita caridade do Verbo encarnado, é coisa digna, justa, recta e salutar que nos detenhamos um pouco, veneráveis irmãos, na contemplação de tão suave mistério, a fim de, iluminados pela luz que sobre ele projectam as páginas do Evangelho, podermos também nós experimentar o feliz cumprimento do voto que o Apóstolo formulava escrevendo aos fiéis de Éfeso:

"Habite Cristo, pela fé, nos vossos corações, vós que estais arraigados e cimentados em caridade, para que possais compreender com todos os santos qual é a largura e comprimento, a altura e profundidade deste mistério, e conhecer também o amor de Cristo a nós, o qual sobrepuja todo conhecimento, para que sejais plenamente cumulados de todos os dons de Deus"[6] .

PIO PP. XII.


(Revisão da versão portuguesa por AMA)

Notas:


[1] Jo 1, 14
[2] Jr 31, 3.31. 33-4
[3] cf. Jo 1, 29; Hb 9, 18-28; 10, 1-17
[4] Jo 1, 16-17
[5] Jo 21, 20
[6] Ef 3, 17-19