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04/06/2019

O meu Coração


Resultado de imagem para coração de jesusMês de Junho e do Sagrado Coração de Jesus


Desde muito criança fui testemunha da devoção ao Sagrado Coração de Jesus na minha família.
Já tive ocasião d me referir a este assunto descrevendo memórias de factos e acontecimentos que marcaram toda a minha juventude.
Confesso que me fazia um pouco de impressão ver aquela imagem de Jesus com o Coração fora do peito, muitas vezes cercado de espinhos e sangrando.
Parecia-me uma crueldade singular sem muito sentido.

Como pode um coração estar fora do peito e sobreviver?

Ainda mais sendo como é estabelecido o coração a sendo Amor estar cercado de espinhos?

Que espinhos são esses?

A criança que ainda tento ser hoje, mas que, por miséria minha, não consigo, compreende que esse Coração pode ser o meu?
Sim, trago o coração fora do peito, não para ser ferido por espinhos mas para ser oferecido a quem dele precisar para sobreviver.
Claro, tem cicatrizes e marcas bem visíveis das ofensas e males praticados, algumas, talvez, ainda gotejando um pouco do sangue que desperdicei em tantas aventuras, mas… é o meu coração e, de facto, trago-o fora do peito, nas minhas mãos em atitude de oferta de doação completa.

Não me importo muito com este coração e com as suas mazelas e golpes mas disfarçados, porque, mesmo assim, ofereço-To todo tal qual é e, tenho a certeza, recebê-lo-ás e como és Generoso em extremo hás-de convertê-lo num Coração digno do Teu Amor.
E, como to ofereço todo, ficarei extremamente rico porque receberei um Coração Novo, ardente e vivo, palpitando por Ti, Meu Senhor e meu Deus.

E, assim, poderás dá-lo a outros a quem possa servir.

AMA, reflexão, 03.06.2019

Evangelho e comentário


TEMPO DE PÁSCOA



Evangelho: Jo 17, 1-11

1 Assim falou Jesus. Depois, levantando os olhos ao céu, exclamou: «Pai, chegou a hora! Manifesta a glória do teu Filho, de modo que o Filho manifeste a tua glória, 2 segundo o poder que lhe deste sobre toda a Humanidade, a fim de que dê a vida eterna a todos os que lhe entregaste. 3 Esta é a vida eterna: que te conheçam a ti, único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem Tu enviaste. 4 Eu manifestei a tua glória na Terra, levando a cabo a obra que me deste a realizar. 5 E agora Tu, ó Pai, manifesta a minha glória junto de ti, aquela glória que Eu tinha junto de ti, antes de o mundo existir. 6 Dei-te a conhecer aos homens que, do meio do mundo, me deste. Eles eram teus e Tu mos entregaste e têm guardado a tua palavra. 7 Agora ficaram a saber que tudo quanto me deste vem de ti, 8 pois as palavras que me transmitiste Eu lhas tenho transmitido. Eles receberam-nas e reconheceram verdadeiramente que Eu vim de ti, e creram que Tu me enviaste. 9 É por eles que Eu rogo. Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me confiaste, porque são teus. 10 Tudo o que é meu é teu e o que é teu é meu; e neles se manifesta a minha glória.11 Doravante já não estou no mundo, mas eles estão no mundo, e Eu vou para ti. Pai santo, Tu que a mim te deste, guarda-os em ti, para serem um só, como Nós somos!

Comentário:

As palavras para comentar este trecho do discurso de Jesus pecam por exíguas e mal conseguem exprimir quanto nos vai na alma.



Poderíamos dizer que é um discurso poderoso, final, definitivo - e sem dúvida que é - mas podemos adivinhar perfeitamente o estado de alma do Senhor quando o pronunciou.


Desta forma estas palavras soam-nos como um testamento cuidadosamente elaborado onde a principal preocupação é a felicidade futura dos herdeiros e o amor entranhado que lhes tem.


(AMA, comentário sobre Jo 17, 1-11, 19.06.2015)

Temas para reflectir e meditar

Coerência 


Coerência é o que se pode denominar “fidelidade operativa”. Concretiza-se em actos, em realidades de entrega, generosidade, espírito de sacrifício, esquecimento próprio e superação de caprichos, comodidades e egoísmos.




(javier abad gomézFidelidade, Quadrante, 1989, pg. 36)


Pequena agenda do cristão


TeRÇa-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?





Sereno no meio das preocupações


Se, por teres o olhar fixo em Deus, souberes manter-te sereno no meio das preocupações; se aprenderes a esquecer as ninharias, os rancores e as invejas; pouparás muitas energias, que te fazem falta para trabalhar com eficácia, em serviço dos homens. (Sulco, 856)

Luta contra as asperezas do teu carácter, contra os teus egoísmos, contra o teu comodismo, contra as tuas antipatias... Além de que temos de ser corredentores, o prémio que receberás (pensa bem nisso!) estará em relação directíssima com a sementeira que tiveres feito. (Sulco, 863)

Tarefa do cristão: afogar o mal em abundância de bem. Nada de fazer campanhas negativas, nem de ser anti-nada. Pelo contrário: viver de afirmação, cheios de optimismo, com juventude, alegria e paz; olhar para todos com compreensão: os que seguem Cristo e os que O abandonam ou não O conhecem.

Compreensão, porém, não significa abstencionismo, nem indiferença, mas actividade. (Sulco, 864)

Paradoxo: desde que me decidi a seguir o conselho do salmo – "Lança sobre o Senhor as tuas preocupações, e Ele te sustentará", cada dia tenho menos preocupações na cabeça... E ao mesmo tempo, com o devido trabalho, resolve-se tudo com mais clareza! (Sulco, 873)

Leitura espiritual


CARTA ENCÍCLICA

HAURIETIS AQUAS

DO SUMO PONTÍFICE PAPA PIO XII
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS PATRIARCAS, PRIMAZES,
ARCEBISPOS E BISPOS E OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA

SOBRE O CULTO DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS


I
FUNDAMENTOS E PREFIGURAÇÕES
DO CULTO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
NO ANTIGO TESTAMENTO

3) O amor de Deus, motivo dominante do culto ao Santíssimo Coração de Jesus, no Antigo Testamento

13. Coisa indubitável é que nos livros sagrados nunca se faz menção certa de um culto de especial veneração e amor tributado ao Coração físico do Verbo encarnado pela sua prerrogativa de símbolo da sua inflamadíssima caridade.
Mas este facto, que cumpre reconhecer abertamente, não nos deve admirar, nem de modo algum fazer-nos duvidar de que a caridade divina para connosco – razão principal deste culto – é exaltada tanto pelo Antigo como pelo Novo Testamento com imagens sumamente comovedoras.
E, por se encontrarem nos livros santos que prediziam a vinda do Filho de Deus feito homem, podem essas imagens considerar-se como um presságio daquilo que havia de ser o símbolo e índice mais nobre do amor divino, a saber:

O Coração Sacratíssimo e Adorável do Redentor divino.

14. Pelo que se refere ao nosso propósito, não julgamos necessário aduzir muitos textos do Antigo Testamento nos quais estão contidas as primeiras verdades reveladas por Deus, mas cremos bastará recordar o pacto estabelecido entre Deus e o povo eleito, pacto sancionado com vítimas pacíficas – e cujas leis fundamentais, esculpidas em duas tábuas, Moisés promulgou [1] e os profetas interpretaram -, esse pacto não se baseava somente nos vínculos do supremo domínio de Deus e na devida obediência da parte do homem, mas consolidava-se e vivificava-se com os mais nobres motivos do amor.
Porque também para o povo de Israel a razão suprema de obedecer a Deus, devia ser não tanto o temor das divinas vinganças suscitado nos ânimos pelos trovões e relâmpagos procedentes do ardente cume do Sinai, mas, antes, o amor devido a Deus:

"Escuta, Israel: O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças. E estas palavras que hoje te ordeno estarão sobre o teu coração" [2].

15. Não nos deve, pois, causar estranheza que Moisés e os profetas, aos quais o Doutor angélico chama com razão os "maiorais" do povo eleito,[3] compreendendo bem que o fundamento de toda a lei se baseava neste mandamento do amor, descrevessem as todas relações existentes entre Deus e a sua nação, recorrendo a semelhanças tiradas do amor recíproco entre pai e filhos, ou do amor dos esposos, em vez de representá-las com imagens severas inspiradas no supremo domínio de Deus ou na nossa devida servidão cheia de temor.

Assim, por exemplo, no seu celebérrimo cântico pela libertação do seu povo da servidão do Egipto, ao querer exprimir como essa libertação era devida à intervenção omnipotente de Deus, o próprio Moisés recorre a estas comovedoras expressões e imagens:

"Assim como a águia provoca os seus filhotes a alçarem o voo e acima deles revoluteia, assim também (Deus) estendeu as suas asas e acolheu (Israel) e carregou-o nos seus ombros" [4].

Talvez, porém, entre os profetas, nenhum exprima e descubra melhor, tão clara e ardentemente, quanto Oséias, o amor constante de Deus para com seu povo.
Com efeito, nos escritos deste profeta, que entre os profetas menores sobressai pela profundeza de conceitos e pela concisão da linguagem, Deus é descrito amando o seu povo escolhido com um amor justo e cheio de santa solicitude, qual é o amor de um pai cheio de misericórdia e de amor, ou de um esposo ferido na sua honra.
É um amor que, longe de decair e de cessar à vista de monstruosas infidelidades e pérfidas traições, castiga-os, sim, como eles merecem, mas não para os repudiar e os abandonar a si mesmos, mas só com o fim de limpar, de purificar a esposa afastada e infiel e os filhos ingratos, para tornar a uni-los novamente consigo uma vez renovados e confirmados os vínculos de amor:

"Quando Israel era criança amei-o; e do Egipto chamei o meu filho... Ensinei Efraim a andar, tomei-o nos meus braços, mas eles não reconheceram que eu cuidava deles. Com vínculos humanos atraí-los-ei, com laços de amor... Sanar-lhes-ei as rebeldias, amá-los-ei generosamente, pois minha ira não se afastou deles. Serei como o orvalho para Israel, ele florescerá como o lírio e lançará suas raízes qual o Líbano" [5].

16. Expressões semelhantes tem o profeta Isaías quando apresenta o próprio Deus e o povo escolhido como que dialogando entre si com estas palavras:
"Mas Sião disse: O Senhor abandonou-me e esqueceu-se de mim. Pode, acaso, uma mulher esquecer o seu pequenino de sorte que não se apiede do filho de suas entranhas? Ainda que esta se esquecesse, eu não me esquecerei de ti" [6].

Nem menos comovedoras são as palavras com que, servindo-se do simbolismo do amor conjugal, o autor do Cântico dos cânticos descreve com vivas cores os laços de amor mútuo que unem entre si, Deus e a nação predilecta:

"Como lírio entre os espinhos, assim é minha amada entre as donzelas...
Eu sou de meu amado e meu amado é meu: o que se apascenta entre os lírios...
Põe-me como selo sobre teu coração, como selo sobre teu braço, pois forte como a morte é o amor, duros como o inferno os ciúmes:

Os seus ardores são ardores de fogo e de chamas" [7].


PIO PP. XII.


(Revisão da versão portuguesa por AMA)

Notas:


[1] cf. Ex 34, 27-28
[2] Dt 6, 4-6
[3] Summa Theol., I-II, q. 2, a. 7; ed. Leon. t. 8,1895, p. 34.
[4] Dt 32, 11
[5] Os 11, 1.3-4; 14, 5-6
[6] Is 49, 14-15
[7] Ct 2, 2; 6, 2; 8, 6